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Pfizer e a América Latina: crise e a morte como oportunidade de negócios



Após imensas pressões exercidas pelos grandes conglomerados farmacêuticos através da diplomacia dos EUA, Japão, Alemanha e outros países imperialistas, incluindo a utilização da diplomacia brasileira para bloquear o projeto indiano apresentado na OMC de quebrar as patentes das vacinas para utilizar toda a capacidade produtiva disponível e acelerar a imunização em todo o mundo, vivemos o pior cenário possível: “apenas 10 países administraram 75% de todas as vacinas contra a Covid-19. Enquanto isso, mais de 130 países não receberam uma única dose”, relata o secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, em 28/01.


Dentre os países de África e da América Latina, somente Cuba está desenvolvendo vacinas, quatro delas ao todo, com duas já na fase III dos testes clínicos. No Brasil, enquanto o gado pode contar que mais de 90% das vacinas veterinárias sejam fabricadas aqui mesmo, nos pouco mais de 30 laboratórios disponíveis, nós, humanos, só podemos contar com o Instituto Butantã e com a Fundação Oswaldo Cruz. O Instituto Butantã fornece hoje sete vacinas, das quais só a da gripe é fabricada inteiramente no Brasil. Já a Fiocruz fornece dez vacinas diferentes, mas só fabrica inteiramente quatro delas. Todas as demais dependem da importação do Insumo Farmacêutico Ativo, o IFA, ou da completa importação dos laboratórios estrangeiros.


Transformando a crise e a morte na América Latina em oportunidade de negócios, a Pfizer encabeça uma ofensiva agressiva contra os países incapazes de contar com o próprio parque industrial para imunizar sua população. Além do preço elevado, a farmacêutica faz exigências absurdas para fechar os contratos: o governo deve concordar em cobrir potenciais custos de processos civis abertos por culpa de atos de negligência, fraude ou malícia da farmacêutica, fornecendo ainda uma indenização para a companhia; deve fazer um depósito em conta nos EUA como garantia de pagamento; deve colocar ativos soberanos, como prédios de embaixada e bases militares, como garantia contra custos desses eventuais processos; deve concordar que qualquer processo contra a Pfizer seja julgado em uma corte nos EUA; deve contratar uma apólice de seguro internacional; deve reservar o direito para a Pfizer de modificar o cronograma de entregas das doses; entre outras cláusulas que estão escondidas sob a confidencialidade dos contratos


Essa estratégia da Pfizer aumenta absurdamente as margens de lucro e reduz os possíveis prejuízos futuros que podem surgir. Depois de receber milhões de dólares de investimento público, advindos principalmente da Europa, através da BioNTech, parceira da Pfizer no desenvolvimento da vacina, a companhia espera lucrar 15.000.000.000 (15 bilhões) de dólares em 2021 com a venda das vacinas. Na América Latina, a Pfizer já assinou contratos com o Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, México, Panamá, Peru, Uruguai e Brasil, e vêm travando negociações com outros 100 países ou entidades interessadas na compra das doses que estarão disponíveis no mercado por já não terem sido monopolizadas por aqueles dez países citados no início do texto, como os EUA, que reservam para si todas as doses produzidas em seu território. Todos os contratos serão sigilosos por, pelo menos, mais cinco anos.


Os abutres do capital financeiro, representados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) já se ofereceram para conceder garantias de crédito aos países latino-americanos se caso os instrumentos dos contratos das farmacêuticas precisem ser utilizados, destinando um bilhão de dólares para tal, em uma espécie de apólice de seguro que ajudaria a empurrar mais alguns governos desesperados para garantir algumas doses para a assinatura de contratos draconianos.


Fica claro que as vacinas são tratadas da mesma forma que qualquer commodity valiosa nas mãos dos países imperialistas, como instrumentos de dominação e pilhagem dos países subdesenvolvidos. Entre a cruz e a espada, somos sufocados pelo imperialismo e pelas elites brasileiras representadas no governo Bolsonaro, para quem as quase 280.000 pessoas mortas até agora são um preço pequeno a se pagar para manter a exploração do nosso trabalho e a subserviência irrestrita aos interesses monopolistas.




FONTES:














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