Sobre o sangue derramado dos jovens palestinos e brasileiros
- NOVACULTURA.info
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Em meio aos ataques do Estado de Israel contra o povo palestino na Faixa de Gaza que acompanhamos desde o início do mês nas páginas dos jornais e nas telas da televisão, não podemos de deixar de perceber algumas semelhanças com o que o Estado brasileiro faz na repressão contra as periferias.
A justificativa de combater uma organização como o Hamas, apoiado pela mídia e pela ideologia burguesa, não é muito diferente do que constantemente vemos nas incursões das polícias em favelas alardeadas pela demagogia da classe política e transmitida pelos programas de TV policialescos que justificam sua necessidade para combater o tráfico de drogas e a criminalidade.
Tanto lá como aqui, a violência contra os povos é tratada como um dano colateral qualquer, que não seria evitável, quando não até mesmo celebrada como o combate do mal pelas mãos do bem civilizados. Seja a opressão e a morte dos palestinos no Oriente Médio ou a violência e o assassinato dos jovens pobres e negros nas periferias das grandes cidades brasileiras, são naturalizadas como algo inerente à manutenção da democracia burguesa.
Tal como nas favelas do Rio de Janeiro, por exemplo, os palestinos foram empurrados e confinados a viver na cidade de Gaza, que hoje tem uma das densidades populacionais mais altas do mundo: são em média 9 mil pessoas morando por quilômetro quadrado na cidade. Além disso, a principal cidade da região tem uma população extremamente jovem, com cerca de 60% dos moradores com menos de 25 anos, segundo o Gabinete Central de Estatísticas Palestino. Mais de 80% da população de Gaza vive na pobreza e o desemprego atinge grande parte da juventude.
Apesar de outro contexto, a situação não é mais animadora para os jovens brasileiros. Um levantamento de 2023 pela Fundação Abrinq apontou que quase 11 milhões de crianças e adolescentes no Brasil estão em situação de extrema pobreza. Pesquisas recentes também demonstram que o desemprego entre a população brasileira de 18 a 24 anos vem aumentando mais do que a média geral.
E é justamente na repressão sofrida que as duas realidades se aproximam. Somente no ano passado, 83% dos mortos no Brasil pela polícia eram negros e 52,9% tinham entre 12 e 24 anos.
Como é esperado, a indústria armamentista e as tecnologias da repressão são as mais rentáveis do mundo e engloba todos os governos, dos reacionários aos progressistas. Foi a partir do segundo governo Lula que houve uma aproximação comercial com Israel nesse setor a partir dos acordos de livre comércio do Merco- sul. Das operações de Garantia da Lei e da Ordem (LLO) realizadas em alguns estados brasileiros passando pela missão no Haiti feita pelo Exército brasileiro e a organização da Copa do Mundo e das Olímpiadas, todos passaram por investimentos brasileiros nas importações de armamentos e de tecnologias de vigilância.
A ocupação das favelas no Rio de Janeiro, como a do Complexo da Maré, mediante a falida política das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) é um exemplo da importação da política de repressão militar do Estado sionista, com a aplicação de checkpoints e revista constante de moradores e da violência extensiva contra a população local. E como vemos hoje, em 2023, a situação da segurança pública do Rio de Janeiro segue ainda pior.
Como vemos, seja na Palestina ou nas favelas brasileiras, o modo de agir do Estado burguês é o mesmo, a repressão como forma de combater os pobres e oprimidos e minar o potencial de revolta do povo. E a lógica por detrás é a mesma, sob o sangue dos jovens palestinos e brasileiros está o lucro dos grandes grupos capitalistas que dominam a indústria armamentista do imperialismo.

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