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Revista Nova Cultura

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POR UMA NOVA CULTURA

Há quase um século e meio, um grande teórico do Movimento Comunista Internacional, um dos fundadores de sua gloriosa doutrina, o filosofo alemão Friedrich Engels, reconhecia na grande luta da classe trabalhadora, ao lado das duas formas usualmente compreendidas (a política e a econômica), uma terceira, a luta teórica. E afirmava que “os dirigentes (da classe trabalhadora) deverão instruir-se cada vez mais em todas as questões teóricas, libertar-se cada vez mais da influência da fraseologia tradicional, própria da antiga concepção do mundo, e ter presente que o socialismo, desde que se tornou uma ciência, exige ser tratado como uma ciência, isto é, ser estudado”. Esse conceito fecundo trazia em si um potencial explosivo e inovador. Quando foram escritas essas palavras já havia transcorrido uma década desde a fundação da primeira Associação Internacional dos Trabalhadores, a primeira Internacional, e o proletariado já havia travado sua primeira grande batalha contra a influência da ideologia burguesa no seio do movimento internacional dos trabalhadores. Nos anos subsequentes novas lutas viriam a ser travadas no campo das ideias no interior da classe trabalhadora em todo o mundo. Sempre, em todas elas, os que se punham da forma mais consequente do lado da luta pela revolucionarização da sociedade inteira, pela superação da ordem capitalista e pela emancipação da humanidade da exploração do homem pelo homem, que só pode ser conquistada pela ordem comunista, aplicaram esse princípio, de luta revolucionária em três campos; o econômico, o político e o teórico. Para todos os homens de ação, que abdicaram-se ao máximo em nome da causa da libertação da sociedade inteira do jugo do capital, a teoria revolucionária, a luta pela formação de uma nova consciência de acordo com os interesses das classes progressistas, sempre esteve em primeiro plano. Dessa maneira, o comandante chefe da Grande Revolução Socialista Proletária de outubro de 1917 na Rússia, Vladimir Ilitch Lênin, afirmava que “só um partido guiado por uma teoria de vanguarda pode desempenhar o papel de combatente de vanguarda.”.

Da mesma maneira, pensamos nós – a União Reconstrução Comunista – que travamos a luta no Brasil, em solidariedade com os comunistas, trabalhadores e combatentes anti-imperialistas do mundo todo, pela reconstrução de um verdadeiro partido de vanguarda da classe mais avançada da sociedade brasileira, o proletariado. O partido Comunista, marxista-leninista e antirrevisionista. A teoria revolucionária tem seu lugar de vanguarda, inseparável da luta geral dos trabalhadores por sua emancipação. Sem um partido de vanguarda, guiado por uma teoria revolucionária de vanguarda, é impossível travar com êxito a luta emancipadora do povo brasileiro, pelas mudanças tão necessárias para a conquista de sua liberdade. Em resumo, sem o partido marxista-leninista, guiado por sua teoria de vanguarda marxista-leninista é impossível o triunfo da revolução brasileira. Pois só o Marxismo-leninismo vozeia todos os povos do mundo a seguirem juntos num combate libertador por um mundo novo. Só o Marxismo-leninismo une e solidifica no espírito dos combatentes mais avançados e abnegados dos povos o desejo inextinguível de lutar até o fim, até o socialismo ou a morte, pela libertação dos povos do mundo, sem nada esperar como recompensa, senão a imagem fulgurante do futuro iluminado da humanidade, cuja a história verdadeira sequer começou.

E sendo fiel a esse ensinamento, a esses princípios que trazemos ao público, nesse momento, nossa contribuição nesse terreno da luta revolucionária. A publicação da uma revista teórica virtual verdadeiramente marxista-leninista no Brasil. Com ela elevamos a luta da URC para a sua terceira forma, a da luta teórica. Complementando assim a luta que já estamos travam nas demais formas. A luta econômica e a luta política, o esforço de construir um verdadeiro Partido marxista-leninista no Brasil, do qual a URC é o embrião.    A Revista Nova Cultura, que agora vem à tona, tem por intuito estabelecer a coesão entre todos os militantes, colaboradores e simpatizantes da União Reconstrução Comunista em torno das infalíveis ideias do Marxismo-leninismo. Esta publicação deverá atender a demanda de expor o pensamento dos clássicos do Marxismo-leninismo. Compreendendo eles como Marx, Engels, Lênin, Stalin e Mao Tsé-Tung. Apresentar as ideias e contribuições, ao patrimônio teórico-prático do Marxismo-leninismo, atribuídas a destacados revolucionários, em sua prática de luta contra o capital, o imperialismo e o fascismo. Desenvolver e enriquecer o Marxismo-leninismo aplicando suas verdades universais à realidade brasileira e à prática concreta da revolução brasileira. Expor as mentiras da burguesia contra os revolucionários e os povos do mundo a uma crítica vibrante e disputar contra ela em seu projeto de impor ao mundo sua hegemonia no campo das ideias, frustrando seu objetivo de perpetuar o pensamento único e derrotando o predomínio da consensocracia no mundo intelectual dos países capitalistas. Estimular o estudo e a produção intelectual dos nossos camaradas, que são chamados, todos eles, a contribuir com suas produções autores a essa publicação.

Desenvolvendo o Marxismo em sua integridade orgânica com a prática revolucionária dos povos, o presidente Mao Tsé-Tung realizou inúmeras contribuições a essa teoria revolucionária. Ao desenvolver as ideias já expostas acima, e que tem por autores Engels e Lenin, ele apresentou ao mundo o conceito de Nova Cultura, cuja fundamentação está exposta em seu artigo Sobre a Democracia Nova. Nessa obra, escrita no período da Guerra de Resistência ao Japão, parte da grande revolução do povo chinês, e parte fundamental da luta dos povos do mundo contra o fascismo, o imperialismo, pela paz, a democracia e o socialismo, o presidente Mao discute os problemas da cultura no período em que a sociedade chinesa passava por profunda revolução democrática e anti-imperialista. Com base nos ensinamentos do Marxismo sobre a relação entre a consciência e o ser social, ele demonstra que “Toda cultura (como forma ideológica) é reflexo da política e economia duma dada sociedade, mas exerce, por seu turno, uma enorme influência e efeito sobre estas últimas.” e que “as formas culturais são antes de mais determinadas pelas formas políticas e econômicas e só então atuam, influenciam as formas políticas e econômicas.”. Sendo assim, prossegue o presidente Mao, a revolução chinesa, para ter sucesso, rompendo com a ordem estabelecida pelos elementos reacionários e a dominação imperialista, precisa realizar suas transformações em três campos, na política (Estado), na economia (formas de propriedade) e na cultura (ideologia). A Democracia Nova, a Nova Economia, e a Nova Cultura, eis os elementos da revolução chinesa. Com esse pensamento, o grande dirigente revolucionário chinês dera enorme contribuição ao desenvolvimento dum conceito fundamental para toda revolução proletário-socialista mundial, o conceito de revolução cultural. Nós, marxista-leninistas do Brasil, assim como os marxista-leninistas de todos os países do mundo, devemos estudar e desenvolver este conceito, pois ele corresponde a uma demanda imperiosa para fazer prosseguir a luta contra a dominação imperialista e o capital moribundo em todos os cantos do mundo.    Ora, nosso país, em sua história de colonialismo e latifúndio arcaico dos últimos 500 anos esteve tão dominado por sua correspondente mentalidade colonizada, em nossas escolas nem sequer se consideram como História aquilo que antecede a chegada do português e demais nacionalidades europeias ao nosso continente. Nos cursos de licenciatura é recente o esforço de fazer ressurgir a história dos povos originários do continente e só há pouco tempo se tornou obrigatório nas escolas o ensino da história dos povos da África, que também compõe nossa formação enquanto nação. Com o golpe militar de 1964 e as reformas neoliberais dos anos 1990, que ainda prosseguem, a desnacionalização da economia acentuou ainda mais a desnacionalização da cultura brasileira, que por intermédio da Televisão, transformada no principal meio de comunicação de massas e tendo como ícones figuras como Assis Chateaubriand e Roberto Marinho, introduz no público geral uma mentalidade de culto ao estrangeiro. Principalmente o culto ao americanismo. Não em seus aspectos progressistas e modernos, mas sim em seus aspectos decadentes - aqueles que sufocam as expressões nacionais, as expressões das massas populares e que impõem uma mentalidade de inferioridade congênita do povo brasileiro e superioridade congênita do elemento Ianque ao qual os povos devem se render e se prostrar à espera de, pela via do bom e infalível livre mercado – cuja santificação tornou-se parte dessa cultura televisivo-antinacional – possa-se fazer escoar um pouco da glória desses “povos superiores”, que compõe as nações imperialistas, para salvar das trevas da escuridão os povos que vivem nos pântanos do mundo colonial e semicolonial.

“Toda cultura (como forma ideológica) é reflexo da política e economia duma dada sociedade”, é o que nos ensina o marxismo-leninismo. A cultura nacional dominante no Brasil, como forma ideológica e como reflexo da política e da economia, é antinacional e arcaica. Correspondem às formas agrárias atrasadas que dominam o nosso campo e indústria desnacionalizada, assim como as instituições públicas submetidas ao controle de órgãos financeiros internacionais. Corresponde à mentalidade de colônia que quer nos impor as parcelas mais reacionárias da sociedade, a burguesia “cosmopolita” e os grandes proprietários de terras, cuja mentalidade ainda permanece nos oitocentos.  Como resposta, como forma de dar combate à ideologia dominante, às suas mentiras, as suas trapaças e ao seu reacionarismo extremo, que sem constrangimentos caminha para um novo processo de fascistização da sociedade, deve-se desenvolver uma ideologia nova na sociedade brasileira, uma cultura nova, que reflita a mentalidade e o poderio político das classes progressistas, principalmente os operários e a grande massa camponesa, forças protagonistas da grande revolução democrática, agrária e anti-imperialista, que é o conteúdo da revolução brasileira. Aquela ideologia e aquela cultura que acredita firmemente na capacidade criativa das massas, em seu vigor, que, tendo em conta as forças dessas, tentam livra-lhes da desinformação e do efeito corrosivo da ideologia e cultura reacionárias. Tendo isso em mente, acreditamos ser o nome Nova Cultura o mais adequado a uma publicação teórica que pretenda representar as ideias avanças das classes protagonistas das futuras e presentes lutas libertadoras do povo brasileiro. Uma publicação que represente a sua ideologia progressista, a sua forma avançada de agir e de pensar. Uma Nova Cultura, por uma Democracia Nova e uma Nova Sociedade.

Como uma revista teórica e revolucionária, a Nova Cultura buscará unir os princípios universais do Marxismo-leninismo a prática revolucionária dos milhões de homens do povo brasileiro, que luta por sua emancipação, pela transformação de sua realidade. Partimos dos princípios enunciados pelos grandes lutadores e pensadores dos povos do mundo, que são os clássicos do socialismo científico e, por isso mesmo, temos a firme convicção de que a luta dos povos é o único critério da verdade. É só por essa certeza que iniciamos esse trabalho. Estamos certos de que não existe divisão possível entre a teoria e a prática.

Nossa Revista buscará dar uma contribuição para o debate político e teórico do movimento comunista brasileiro, buscando a coerência e a aplicação correta do Marxismo-leninismo na análise da realidade do nosso país e do mundo, de modo que sejamos fieis ao método do materialismo dialético e assim dar a teoria o seu verdadeiro caráter no Marxismo: um guia para a ação. Sem transformar a ciência do proletariado em dogmas, buscaremos por outro lado combater as versões que buscam revisar o Marxismo, tirando dele o potencial revolucionário para dar lugar a ideias que a história já demonstrou a debilidade teórica e prática. Em suma, propomos uma revista teórica, sob a luz do Marxismo-leninismo, para intervirmos em debates importantes para o cenário político brasileiro e mundial.

Editorial da primeira edição da Revista Nova Cultura, de fevereiro de 2014

 

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