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Marx e a Educação

  • Foto do escritor: NOVACULTURA.info
    NOVACULTURA.info
  • 11 de jun.
  • 3 min de leitura

Observamos nas últimas três décadas aproximadamente, em todos os países capitalistas, a destruição dos serviços públicos e a sua privatização, total ou parcial, com a terceirização de determinados setores e a entrega de equipamentos públicos à exploração de empresas particulares. Observamos ainda uma tendência ao aumento da oferta do serviço de Educação por determinados grupos econômicos que, originalmente, não atuavam nessa área.

 

As consequências do que apontamos são arrocho salarial para os trabalhadores, aumento das jornadas de trabalho, intensificação da exploração; o que, por sua vez, trazem outras consequências, como é o caso do adoecimento profissional.

 

O serviço oferecido, por sua vez, busca diminuir o número de pessoas envolvidas diretamente no processo de ensino e aprendizagem, com a utilização da plataformização, sem preocupação alguma com a qualidade da Educação.

 

Será que Marx tem algo a dizer sobre tais tendências. Vejamos.

 

Estudando a questão da “mais-valia absoluta e relativa”, no capítulo XIV de “O Capital”, o camarada escreveu: “Por outro lado, porém, o conceito de trabalho produtivo se estreita. A produção capitalista não é apenas produção de mercadoria, é essencialmente produção de mais-valia. O trabalhador produz não para si, mas para o capital. Não basta, portanto, que produza em geral. Ele tem de produzir mais-valia. Apenas é produtivo o trabalhador que produz mais-valia para o capitalista ou serve à autovalorização do capital. Se for permitido escolher um exemplo fora da esfera da produção material, então um mestre-escola é um trabalhador produtivo se ele não apenas trabalha as cabeças das crianças, mas extenua a si mesmo para enriquecer o empresário. O fato de que este último tenha investido seu capital numa fábrica de ensinar, em vez de numa fábrica de salsichas, não altera nada na relação. (...)”

 

Essa passagem nos ajuda a entender as tendências em curso na sociedade capitalista, indicadas no início deste artigo. A burguesia busca lucrar com o serviço de Educação, de todas as formas possíveis. Seja usando prédios públicos, concedidos pelos governos a seu serviço, seja aproveitando-se da terceirização, que é uma forma de privatização, realizada pelos governos, seja oferecendo diretamente o serviço, como disse Marx em “fábricas de ensinar”. Neste último caso, a destruição do ensino público pelos governos joga um papel fundamental, pois as famílias que podem pagar, não colocariam suas crianças em escolas particulares, se o ensino público não enfrentasse tantos problemas.

 

A questão da Educação tem outros aspectos importantes, que estão fortemente vinculados aos processos em curso e ao debate em torno deles. Um desses aspectos é o ideológico.

 

Marx também trata dele, no capítulo XII de “O Capital”, citando, entre outros, Ferguson, na página 271, do volume I: “A ignorância é a mãe da indústria, como da superstição. A reflexão e a imaginação estão sujeitas ao erro; mas o hábito de movimentar o pé ou a mão não depende nem de uma nem da outra. As manufaturas prosperam portanto mais onde mais se dispensa o espírito, de modo que a oficina pode ser considerada como uma máquina cujas partes são seres humanos.”

 

Adam Smith também é citado por Marx, na mesma página indicada, segue a citação: “A inteligência da maior parte dos homens”, diz A. Smith, “desenvolve-se necessariamente a partir e por meio de suas ocupações diárias. Um homem que despende toda a sua vida na execução de algumas operações simples (...) não tem nenhuma oportunidade de exercitar sua inteligência. (...) Ele torna-se geralmente tão estúpido e ignorante quanto é possível a uma criatura humana.”

 

Os ideólogos burgueses sabem, como podemos ver, que o trabalho nas sociedades divididas em classes e, particularmente, na sociedade capitalista, embrutece os seres humanos, mas, sendo ideólogos burgueses, não podem propor nada que contrarie essa lógica sem pôr em perigo a própria estrutura da sociedade que defendem. Quer dizer, Educação para a classe trabalhadora, na sociedade burguesa, não pode significar mais do que adestramento para o trabalho, ou conformismo, caso um emprego lhe faltar. É isso que está por trás das mudanças em curso nesta área.

 

Os trabalhadores da Educação e os trabalhadores em geral ganharão muito se voltarem a pensar e a agir sobre tais importantes questões.

 

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