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Dias sangrentos para os movimentos populares brasileiros


Desde fins do ano de 2018, a União Reconstrução Comunista (URC) alerta seus amigos, companheiros e as massas trabalhadoras que nada mais temos a ganhar com o reformismo e as eleições farsantes, que o fascismo local está numa feroz ofensiva contra o povo trabalhador e suas organizações, e que apenas a luta revolucionária poderia construir uma autêntica autodefesa do povo não apenas para sua proteção física, como também para o prosseguimento da luta central deste mesmo povo para forjar seu partido de vanguarda, o Partido Comunista. Para nossa felicidade, não apenas a URC, como também outros grupos e indivíduos, defenderam posição semelhante.

Durante o mesmo período eleitoral do último ano, os grupos reformistas e oportunistas foram responsáveis, juntos aos fascistas, por espalhar um verdadeiro clima de terrorismo entre as bases dos movimentos de massas, sindicatos, coletivos, partidos e demais. Apresentaram o calhorda Jair Bolsonaro e sua trupe como sendo muito mais fortes do que realmente eram, e acabaram por causar um medo generalizado principalmente nos militantes de classe média e mais atrasados politicamente. Todavia, a despeito do banho de sangue que esperavam estar por vir a partir da eleição de Bolsonaro, a intensificação das medidas repressivas não geraram uma postura correspondente: ao contrário, todo o clima de terror espalhado tinha por objetivo não repensar os métodos de trabalho de acordo com as novas condições do fascismo, mas atar eleitoralmente as bases operárias, camponesas, estudantis etc. à candidatura do demagogo e aburguesado Fernando Haddad. Prova disto é que após alguns meses desde a eleição de Bolsonaro na data de 28 de outubro do ano passado, o “clima de terror” é substituído por oportunismos ainda piores [1]. Bolsonaro, este que era a última potência do mundo, um facínora que colocaria suas tropas de cachorros doidos na rua para espancar pessoas a esmo, é agora um “trapalhão”, um “despreparado”.

Longe de ser a última potência do mundo – ao contrário, todos os fatos mostram que a base social pessoal de Bolsonaro se assenta sobre bases extremamente frágeis e que, certamente, não durarão sequer até o final deste ano –, Bolsonaro e sua turma também estão longe de serem trapalhões. Ao contrário, têm um programa muito bem delineado de entrega de nosso país às aves de rapina dos Estados Unidos e Israel, de massacre e repressão contra nosso povo.

Suas supostas “trapalhadas”, “irreverências” e frases absurdas nada mais têm como objetivo desviar a atenção de nosso povo para o que realmente vêm ocorrendo no país. Neste quesito, Bolsonaro parece estar tendo certo sucesso. Nem mesmo a tal “esquerda”, tão “ilustrada” diante do “embrutecido” povo brasileiro que supostamente “votou em massa” em Bolsonaro, parece estar enxergando as coisas.

O grande fato é que o banho de sangue chegou e parece ter vindo para ficar, embora não se esteja falando nisso. A página NOVACULTURA.info e a URC já denunciaram em várias publicações e pronunciamentos sobre como o ano de 2017, por exemplo, fora o ano dos grandes massacres e chacinas contra militantes dos movimentos populares, principalmente contra aqueles envolvidos nas lutas nas áreas rurais. Apesar de certo arrefecimento das chacinas em comparação com os padrões de 2018, estas se mantiveram, ao passo que outros casos voltaram a ganhar contornos mais seletivos, como no caso da execução da vereadora Marielle Franco no estado do Rio de Janeiro. Ao que tudo indica, pelo menos até agora, o ano de 2019 parece estar retomando aquele padrão verificado em 2017 de assassinatos contra militantes dos movimentos populares, seletivos, serem acompanhados de matanças indiscriminadas.

No início deste ano, em Colniza, interior do estado do Mato Grosso, palco da chacina que vitimou onze moradores do assentamento Taquaruçu do Norte em 2017, um dirigente camponês que há muito recebia ameaças de morte fora finalmente executado por pistoleiros a serviço de madeireiras. Tratou-se, pois, de um crime anunciado.

Porém, o interior do Brasil foi palco, nos últimos dias, de crimes ainda piores e que receberam pouca atenção da grande imprensa, bem como por parte da imprensa dita de “esquerda”.

Os fatos em questão são os seguintes: de 22 de março a 4 de abril, embora pouco tenha sido divulgado, foram conduzidos quatro massacres (assassinatos de caráter político) contra lideranças e membros dos movimentos populares, que até então, pelo que se sabe, vitimaram ao menos dez pessoas. Pelo menos dez de nossos companheiros e trabalhadores em luta, em menos de duas semanas, tombaram sob as balas dos exploradores e opressores do povo brasileiro! É revoltante pensar que, quanto a isso, nada se fala! Nada se faz! Até mesmo notas e comunicados de solidariedade são escassos. Os reformistas e oportunistas, muitos dos quais com grande influência sobre os movimentos de massas, acabam-se em falar sobre as eleições farsantes do próximo ano, mas pouco ou nada se fala sobre o assassinato e massacre destes companheiros.

Vejamos: em 22 de março, um fazendeiro conhecido como “Fernandinho” encomendou, no município de Baião, interior do Pará, a execução de três ativistas do MAB – os companheiros Claudionor, Hilton e Dilma – na esteira da tentativa de grilar parte das terras do casal Claudionor e Dilma, no assentamento Salvador Allende, para construir uma pista de pouso para uma logística de tráfico de drogas. Dois dias depois, em 24 de março, o mesmo “Fernandinho” encomendou a execução de três trabalhadores rurais de sua fazenda (um casal de caseiro e um tratorista), também em Baião. É o que se sabe até então. Duas chacinas seguidas.

No dia 30 de março, em Lábrea, interior do Amazonas, num acampamento rural conhecido como Seringal São Domingos (ocupado desde o ano de 2016 por 140 famílias posseiras), grileiros e pistoleiros entraram na área atirando indiscriminadamente contra as famílias, ferindo vários camponeses e executando ao menos (pelo que até então se sabe, dado que o número pode ser inclusive maior) três moradores, um deles uma liderança do camponeses. Em razão do medo e do terror imposto pelos bandidos, os camponeses têm evitado fazer novas denúncias, temendo novos ataques. As famílias camponesas permanecem sob assistência da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Em 4 de abril, no interior do Pará, mais especificamente na aldeia Mocotó (localizada aproximadamente nas divisas entre os municípios de Altamira, Anapu e José Porfírio), pelas informações até então disponíveis, um grupo de bandoleiros armados pago por grileiros abriu fogo contra várias casas e conta-se que cerca de cinco pessoas foram atingidas. Um morador foi assassinado pelos bandoleiros. É provável que o massacre não tenha ido mais além pelo fato de os camponeses terem contra-atacado e executado, em autodefesa, o sargento da Polícia Militar Valdenison, que também participava do ataque contra os lavradores.

A questão é que os últimos dias foram sangrentos para os movimentos populares de nosso país, portanto.

Para nós, como militantes ou pessoas democráticas que se importam com o povo e o destino do país, o que devemos fazer? Preparar nossa solidariedade militante e combativa aos movimentos populares reprimidos e massacrados ou discutir mais uma farsa eleitoral? Denunciar o velho Estado reacionário e sua política vende-pátria de entregar territórios inteiros a latifundiários e grandes empresas, ou participar dele? Afrouxar-se e amedrontar-se diante do fascismo, colocando-o como a última potência deste mundo, ou combate-lo onde quer que se manifeste?

São estas questões da primeira importância. Trata-se de saber de que lado estamos, se do lado do povo ou dos ricos.

Esperamos que tais linhas venham a estimular companheiros e companheiras de valor a refletir sobre estas questões.

Nota

[1] Como no caso do PCdoB, que prosseguiu nas formas mais escancaradas de oportunismo ao apoiar Rodrigo Maia para a eleição à presidência da Câmara dos Deputados.

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