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"2017 registra maior número de assassinatos no campo dos últimos 14 anos"


Em 2017, cerca de 71 pessoas foram assassinadas em conflitos no campo. Dez a mais do que em 2016 e o maior registrado desde 2003, quando se computaram 73 vítimas. Números assustadores e crescentes do cenário de violência vivido por povos do campo em luta por direito a terra no país. Essas são informações do relatório anual Conflitos no Campo Brasil, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) lançado dia 4 de junho na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em Brasília. Aumenta de modo assustador os números do campo relacionados à violência. Tentativas de assassinatos subiram 63% e ameaças de morte 13% em relação ao ano anterior. O número total de conflitos em 2017 foi de 1.431, menor que em 2016, quando ocorreram 1.536. Em 2017, o número corresponde a um assassinato a cada 20 conflitos, enquanto em 2016, correspondia um assassinato a cada 25 conflitos. O índice do ano passado é maior do que em 2003, quando os 73 assassinatos ocorreram num total de 1.639 conflitos. As tentativas de assassinato passaram de 74 para 120 – um crescimento de 63% e um número que corresponde a uma tentativa a cada três dias. As ameaças de morte aumentaram de 200 para 226. O número de pessoas torturadas passou de 1 para 6. Grandes níveis de brutalidade estão presentes em todos os relatos dos acontecimentos. O lado mais macabro dos assassinatos em 2017 são os massacres, aconteceram cinco massacres com 31 vítimas. Dois destes massacres, Colniza (MT) com nove e dez em Pau D’arco (PA), só foram menores que o de Eldorado dos Carajás (PA), em 17 de abril de 1996, com 19 mortes. É considerado massacre quando são assassinadas três ou mais pessoas em um único conflito no mesmo dia. Em relação aos outros anos, em 1985 foram notificados 10 casos e seis em 1988 — desde então não se registrava, num único ano, mais do que dois massacres. "São dados que quantificam uma realidade concreta da qual trabalhadores do campo tem sofrido no nosso país. Eles partem da concretude da luta por terra!", afirma Polliane Barbosa, assentada e Dirigente Nacional do MST no Pará, durante o lançamento do relatório. Polliane afirma que há um aumento das opressões sobre todos trabalhadores brasileiros, sobretudo contra camponesas e camponeses que lutam por terra, água e liberdade, os bens comuns da humanidade. Rupturas e consequências cruéis Airton Pereira e José Batista Afonso, ambos integrantes da CPT, constatam que o assustador é identificar nos acontecimentos o “grau de brutalidade e crueldade que os acompanharam. Cadáveres degolados, carbonizados, ensanguentados, desfigurados. Exemplos que deverão ficar marcados para sempre na alma de homens, de mulheres, de jovens e crianças. Uma pedagogia do terror”. Um caso, que poderia ter sido mais um massacre em 2017, foi no dia 30 de abril de 2016, em Viana (MA). Indígenas Gamela foram atacados e 22 indígenas foram feridos. Dois tiveram as mãos decepadas. O ataque foi insuflado por políticos e ruralistas que não aceitam que os indígenas reivindiquem o território que lhes pertence e sobre o qual há um documento do tempo do império. A Polícia Militar que estava próxima do local da tragédia e não tomou nenhuma providência. Os gamela continuam tendo seu território e suas vidas ameaçadas. No Distrito de Taquaruçu do Norte, na área do assentamento Guariba, município de Colniza, no Mato Grosso (MT), nove posseiros foram assassinados por quatro pistoleiros, contratados por um empresário madeireiro. Os pistoleiros encapuzados chegaram à comunidade, invadiram barracos e mataram as nove pessoas com tiros de armas calibre 12 e golpes de facão. Algumas das vítimas foram mortas enquanto trabalhavam na terra. Outras foram torturadas, pois os corpos estavam amarrados. Dois foram degolados. Seus nomes: Aldo Aparecido Carlini, Edison Alves Antunes, Ezequias Santos de Oliveira, Fábio Rodrigues dos Santos, Francisco Chaves da Silva, Izau Brito dos Santos, Samuel Antônio da Cunha, Sebastião Ferreira de Souza e Valmir Rangeu do Nascimento. De acordo Carlos Walter, professor geógrafo da Universidade Federal de Goiás (UFG), as informações divulgadas escondem a triste realidade de insegurança da vida dos trabalhadores do campo. Carlos assessorou a pesquisa e ao analisar o período de 2015 a 2017, que ele caracteriza como período de ruptura política, e compará-lo a anteriores, fica registrada a média de homicídios de 60,6. Entre os anos de 2011 a 2014, durante o governo Dilma, a média foi de 33,7. A impunidade também marca os desafios contra a violência. Entre os 1.431 casos de conflitos no campo, que resultaram em 1.904 vítimas, apenas 113 (8%) foram julgados, com 31 mandantes e 94 executores condenados. A CPT afirma que o baixo número de processos com continuidade mostra que a “impunidade ainda é um dos pilares da violência no campo”. Dos números totais, 658 ocorreram na Região Norte, somente no Pará são 466.

Da Página do MST

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