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"O espírito de Lenin"


Penso que cada convicção honesta deva ser tratada com justiça, ainda assim, clamo contra todos aqueles que apoiem o império de ouro. Estou ciente dos ânimos quando o estado perfeito de paz, irmandade e amor universal parece tão distantes que me volto à divisão, belicosidade e ao espetáculo da guerra. Eu sou como São Paulo quando diz: "porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus. Mas vejo nos meus membros, outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento". Eu tenho a plena certeza de que o amor fará tudo dar certo no final, mas eu não consigo deixar de simpatizar com os oprimidos que se sentem impelidos a usar a força para conquistar os direitos que lhes pertencem.

Esta é uma das razões pelas quais eu me voltei com tanto interesse para a grande experiência agora em curso na Rússia. Nenhuma revolução fora tão repentina explosão de contestação sob escombros, incitado por um bando de radicais, anarquistas e educadores. O povo joga-se à revolução apenas quando todos os demais sonhos se esvaíram na obscuridade da tristeza. Quando olhamos sob estas poderosas perturbações que parecem surgir tão repentinamente das conturbadas profundezas, nós descobrimos que elas foram alimentadas por uma pequena correnteza de descontentamento e opressão. Estas pequenas correntezas, que têm sua fonte na profunda miséria do povo, jorram todas juntas em uma derradeira contracorrente.

A Revolução Russa não começou com Lenin. Ela pairou por séculos nos sonhos de místicos e patriotas russos, mas quando o corpo de Lenin fora posto em seu simples estado no Kremlin, toda a Rússia tremeu e chorou. As bocas sedentas dos inimigos foram alimentadas com novas esperanças, mas o espírito de Lenin desceu sob a multidão em prantos, com línguas repartidas, como que de fogo, e as pessoas falavam umas com as outras e não tinham mais medo. "Não vamos segui-lo com os corações acovardados," eles diziam, "vamos sim, nos empenhar nas tarefas que ele nos deixou. Onde nossos olhos ofuscados viam apenas ruína, sua visão clara descobriu a estrada pela qual nós devemos conquistar nossa liberdade. A revolução, sim, e mesmo a desintegração, que simboliza a desordem, é na verdade parte da ordem inalterável de Deus; e a forma de nosso governo não deverá ser menos maravilhosa que fora a de nossa libertação. Se formos firmes, o mundo será rapidamente encorajado pelas nossas ações".

Os homens partem deste mundo deixando para trás os sulcos que araram na terra. Eu vejo o sulco em que Lenin deixou semeada a semente de uma nova vida para a humanidade. Semeou-a nos ventos da tempestade. Grandiosa safra para os séculos colherem.

Escrito por Helen Keller

Traduzido por Guilherme Nogueira

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