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Capital financeiro banca destruição ambiental e violência contra camponeses e indígenas no Brasil



Há alguns anos, a destruição ambiental tem sido uma questão grave em nosso país.


O Brasil, sozinho, possui cerca de 12% das reservas de água doce do mundo e a segunda maior área florestal do planeta. Não é por coincidência que nosso país é conhecido como o “pulmão do mundo”.


As corporações imperialistas e as classes dominantes locais, contudo, fazem pouco caso com o grande potencial para o progresso que estes recursos têm, e abocanham-nos para a geração de superlucros monopolistas.



Florestas nativas têm sido devastadas para aumentar a especulação sobre o latifúndio improdutivo e para que grileiros e grandes corporações ganhem superlucros por meio do aumento do preço da terra, arrastando ainda mais terras para atividades econômicas predatórias como a produção de soja, criação extensiva de gado, mineração e extração de madeira. É evidente que esta destruição ambiental e grilagem massivas trazem consigo o aumento da violência reacionária contra as populações rurais: durante a segunda metade da década de 2010 (este número não leva em consideração o ano de 2020), foram executados 242 camponeses, assalariados rurais, indígenas ou quilombolas, organizados ou não nos movimentos de massas rurais, em comparação com 169 assassinatos na primeira metade da década. [1]


Durante os anos de 2016-2017, o então governo reacionário de Temer tentou aprovar uma lei colonial que permitia a indivíduos e empresas estrangeiras adquirir até 100 mil hectares de terras no Brasil e arrendar até outros 100 mil hectares: esta lei colonial atendia a interesses da classe latifundiária brasileira, pois permitia que ela contraísse ainda mais empréstimos junto a instituições financeiras estrangeiras por meio do fornecimento de grandes extensões de terras como garantia.


Após a crise econômica que se iniciou no ano de 2014, devido principalmente à queda dos preços dos produtos de exportação brasileiros no mercado mundial, foi necessário que a classe latifundiária e os agroindustriais expandissem as atividades de exportação (agricultura e mineração) como forma de compensar o colapso dos preços. Assim, expandiu-se a grilagem, a devastação ambiental e o massacre contra as populações rurais brasileiras.


Não são apenas os grileiros, latifundiários e agroindustriais locais quem ganham muito com esta situação. Por trás deles, encontram-se o poderoso capital financeiro e as empresas capitalistas estrangeiras. Como sabemos, a lei econômica fundamental do capitalismo monopolista, isto é, o imperialismo, não é mais a busca do lucro médio, mas do superlucro monopolista. Para isso, recorrem aos países semicoloniais como o Brasil: aqui, o preço da terra, matérias-primas e força de trabalho é baixo, o que acaba por elevar as taxas de lucro. Aqui, as grandes corporações capitalistas conseguem vender por preços de monopólio diversos meios de produção – como por exemplo, determinados tipos de agrotóxicos – que são banidos em seus países de origem. Alçam também superlucros por meio da comercialização e industrialização da produção agropecuária, bem como em diversos outros ramos, como logística.


Ademais, conforme já dissemos, estas empresas monopolistas são beneficiárias indiretas da destruição ambiental e da violência contra as populações rurais. Porém, mesmo indiretamente, são elas que realmente abocanham o filão.


Segundo um estudo desenvolvido pelo portal brasileiro De Olho Nos Ruralistas e pela instituição holandesa Profundo, entre janeiro de 2017 e junho de 2020, nove empresas ligadas à invasão ou pressão sobre terras indígenas na Amazônia receberam 63,2 bilhões de dólares em investimentos. Somente a estatal brasileira Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) investiu 8,5 bilhões de dólares, e o fundo de investimentos estrangeiro BlackRock investiu 8,2 bilhões de dólares. Somente a companhia JBS, grande responsável pelo desmatamento, recebeu 8,4 bilhões de dólares em investimentos do capital financeiro (um valor 15 vezes maior que o orçamento do Ministério do Ambiente de 2020). Grandes empresas mineradoras como Vale S.A. e Anglo American também estiveram entre as principais beneficiárias destes investimentos do capital financeiro. Estudemos mais alguns aspectos do problema.

Somente a companhia estadunidense ADM exportou, no ano de 2017, 7,6 milhões de toneladas da soja brasileira. É a terceira maior empresa exportadora do Brasil, atrás da também estadunidense Cargill e da holandesa Bunge. A corporação ADM tem avançado no controle logístico brasileiro, realizando um consórcio com a empresa francesa Louis Dreyfus Commodities e a empresa brasileira Amaggi para investir 12 bilhões de reais na construção da ferrovia Ferrogrão, que interligará por aproximadamente mil quilômetros o município de Sinop, localizado no estado do Mato Grosso, região Centro-Oeste do Brasil, até o porto de Miritituba, estado do Pará, região norte, facilitando a exportação de soja.


A corporação estadunidense Cargill controla, no Brasil, 22 fábricas, seis portos e 192 armazéns de logística, galgando no ano de 2016 uma receita de cerca de 33 bilhões de reais por meio de suas operações no Brasil. Recentemente, investiu 700 milhões de reais para a construção de um porto no município de Barcarena, estado do Pará, também para expandir a exportação de soja.


No ano de 2017, apenas seis empresas estrangeiras – Syngenta, Bayer, BASF, FMC, DuPont e Dow Chemical – faturaram mais de 5 bilhões de dólares por meio da venda de agrotóxicos e demais defensivos agrícolas no mercado brasileiro. [2]


Quem quer que reivindique no Brasil qualquer tipo de sustentabilidade ambiental não pode deixar de denunciar a atuação predatória do capital financeiro e dos latifundiários.


NOTAS


[1] Verificar as publicações “Conflitos no Campo”, publicada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), nos anos mencionados. Disponíveis no link: https://www.cptnacional.org.br/index.php/publicacoes-2/conflitos-no-campo-brasil


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