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"Estados Unidos e o Katrina"

  • Foto do escritor: NOVACULTURA.info
    NOVACULTURA.info
  • 5 de set.
  • 3 min de leitura
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Há 20 anos, um desastre natural revelou o abandono oficial dos pobres; o crime de ignorar a ciência, que havia advertido sobre o que poderia acontecer, mostrou a incapacidade de um governo para responder a crises humanitárias em casa. Mas também, o heroísmo solidário de um povo e de como a salvação depende da cultura/arte.

 

O Furacão Katrina inundou 80% da cidade de New Orleans em 29 de agosto de 2005 e devastou a costa da região. Quase 1.400 pessoas pereceram e centenas de milhares mais foram deslocadas, algumas das quais não conseguiram ou não quiseram regressar desde então (a população dessa cidade era de 500 mil quando a tormenta chegou e hoje é de 384 mil). As imagens de famílias pedindo socorro dos telhados de suas casas, o Superdome convertido em um megacentro com milhares de refugiados, uma cidade sem luz nem água potável e com hospitais inabilitados, e uma resposta lenta, lentíssima do governo federal, com consequências incalculáveis, são memórias vivas. New Orleans era, e é, uma esquina de um terceiro mundo dentro da nação mais rica da história humana.

 

A Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA), uma vez autorizada a responder, mostrou-se limitada sob uma direção sem experiência prévia. As agências federais sobre clima e cientistas haviam advertido durante anos sobre exatamente esse tipo de desastre, oferecendo propostas para mitigar as consequências do impacto direto de um furacão. Ou seja, não foi surpresa. Foi crime por ignorância voluntária e ineptidão dos governos local, estadual e federal. “A negligência do governo nos matou. Nunca esqueceremos isso”, declarou a advogada de direitos civis Tracie Washington à agência AP durante os eventos de comemoração na semana passada.

 

A recuperação está longe de estar completa e o enfoque tem sido reconstruir para o turismo e para os investidores, que usaram a crise para expulsar famílias pobres, especular com terrenos e privatizar todas as escolas públicas, sem cumprir suas promessas de reconstrução de moradias populares e desenvolvimento para os mais afetados.

 

Justo nestes mesmos dias do 20º aniversário, o governo de Donald Trump procedeu com o desmantelamento da FEMA, assim como de agências que monitoram o clima e as doenças (NOAA, CDC). De fato, um grupo de 186 funcionários e ex-funcionários da FEMA divulgou na semana passada a Declaração de Katrina, na qual advertem que esses cortes terão severas consequências diante de desastres no futuro. Ou seja, tudo indica que o governo está convidando outro Katrina.

 

Vale recordar que o que primeiro salvou New Orleans durante a emergência foi a solidariedade das comunidades dentro e fora da cidade, essa extraordinária mistura de afro-estadunidenses, cajuns, indígenas e imigrantes vietnamitas, mexicanos e centro-americanos. Em um vilarejo cajun, onde ainda se fala francês, puseram-se a cozinhar “gumbo de furacão” – o prato emblemático dessa região – e alimentaram milhares de estrangeiros sem importar raças nem classes, nos arredores da cidade.

 

E neste berço da cultura estadunidense foram os músicos que lideraram a ressurreição de Nova Orleans [a série dramática Treme é obrigatória para quem deseja entender os Estados Unidos]. A música (e a melhor gastronomia) estadunidense tem suas raízes em Nova Orleans: desde o jazz de Louis Armstrong e dos irmãos Marsalis, assim como a música híbrida e única desse caldo de culturas presenteado ao mundo por Allen Toussaint, Irma Thomas, Trombone Shorty, John Boutte, Preservation Hall Jazz Band, Dr. John, Neville Brothers e Jon Batiste, entre incontáveis outros, insistiram – e ainda insistem – em resgatar sua cidade e o país com sua música.

 

Do Rebellion

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