"80 Anos Já Bastam! Resistir às Guerras de Agressão e à Intimidação Nuclear do Imperialismo estadunidense"
- NOVACULTURA.info
- 7 de ago.
- 4 min de leitura

“Agora eu me tornei a morte, o destruidor de mundos”. Essas foram as palavras de J. Robert Oppenheimer, líder do Projeto Manhattan — financiado pelos EUA para desenvolver a bomba atômica — após sua primeira detonação em Los Alamos, Novo México, em 16 de julho de 1945. Em 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos incineraram Hiroshima com essa arma nuclear e, três dias depois, Nagasaki, matando mais de 200 mil pessoas, destruindo completamente as duas cidades e deixando um legado devastador de morte e destruição.
Por ocasião do 80º aniversário do bárbaro bombardeio de Hiroshima e Nagasaki pelos EUA, a Liga Internacional da Luta dos Povos se une ao povo japonês e a todos os povos amantes da paz para rememorar o ocorrido e condenar a contínua ameaça de proliferação nuclear por parte dos EUA e seus aliados imperialistas.
Não satisfeitos, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos utilizaram as Ilhas Marshall, no Pacífico Sul, como local para testar e desenvolver seu recém-comprovado arsenal nuclear. Após o desenvolvimento de seus próprios arsenais, Reino Unido, França, Rússia e os próprios EUA também realizaram testes na Polinésia Francesa, Kiribati, Atol Johnston, Austrália, Argélia, Cazaquistão, Ucrânia, Nova Zembla (Rússia) e outros locais, dizimando comunidades indígenas — inclusive nações inteiras do Pacífico — com efeitos profundos sobre a saúde humana, a ecologia e a segurança global, incluindo exposição à radiação, destruição ambiental e consequências de saúde a longo prazo.
Os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, 80 anos atrás, foram um exercício de força desnecessária e excessiva. A evidência histórica é clara: o Japão se renderia em breve, mesmo sem a utilização das bombas atômicas — como admitiram posteriormente diversas autoridades civis e militares dos EUA, incluindo os generais Dwight Eisenhower, Douglas MacArthur, Curtis LeMay e George Marshall, e o almirante William Leahy. O verdadeiro objetivo dos EUA ao bombardear Hiroshima e Nagasaki foi demonstrar sua superioridade militar como superpotência incontestável do pós-guerra, utilizando sua nova arma — as armas nucleares.
Os EUA têm constantemente intimidado e chantageado o mundo inteiro à submissão por meio de seu armamento nuclear. No entanto, a URSS frustrou os planos estadunidenses ao pôr fim ao monopólio dessas armas de destruição em massa em 1949, impedindo os EUA de usá-las novamente. Em 2025, nove países são reconhecidos como possuidores de armas nucleares: Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, China, Israel (não formalmente reconhecido), Índia, Paquistão e Coreia do Norte — com um total de aproximadamente 12.331 ogivas nucleares no mundo, sendo que EUA e Rússia detêm mais de 95% desse arsenal.
Apesar dos muitos tratados multilaterais aprovados para tentar conter o crescimento das armas nucleares — como o Tratado de Proibição Parcial de Testes de 1963, o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) de 1968, o Tratado de Proibição Completa de Testes de 1996, as diversas versões do Tratado de Redução de Armas Estratégicas (START) e o Tratado de Proibição de Armas Nucleares de 2021 — os EUA ou não os assinaram, ou encontraram brechas para contorná-los, ou simplesmente os ignoraram, mantendo sua agressão e ameaças provocativas de “prontidão nuclear” contra seus rivais. Os EUA também ameaçaram países rivais acusados — muitas vezes sem fundamento — de desenvolver armas nucleares, como Líbia, Iraque, Irã, entre outros.
Recentemente, sob o pretexto de “negociações nucleares”, os EUA e Israel atacaram o Irã — presumivelmente porque o Irã é o principal opositor à expansão genocida da entidade sionista e porque representa o maior obstáculo à dominação total dos EUA sobre a Ásia Ocidental. Os EUA não demonstram qualquer escrúpulo em aplicar dois pesos e duas medidas: impedem o Irã de desenvolver seu programa nuclear, mas não fazem o mesmo com outros países como Israel, desde que estes não se oponham à sua vontade imperialista. Os apelos contra o perigo de que novos Estados adquiram armas nucleares soam vazios se não forem dirigidos, antes de tudo, contra o arsenal nuclear liderado pelos EUA. Enquanto os EUA mantiverem seu arsenal nuclear, é justificável que outros Estados também mantenham o seu.
Assim, ao invés de pedir a abolição de todas as armas nucleares neste momento, conclamamos pela imediata retirada das armas nucleares dos EUA, para que a histórica ameaça nuclear imposta aos povos do mundo e a muitos Estados deixe de ser o principal fator da corrida armamentista. A ILPS conclama os povos a construírem amplas alianças e a travarem uma luta militante para pôr fim ao imperialismo estadunidense — o maior terrorista nuclear do mundo — como um passo necessário para destruir o sistema imperialista como um todo e, assim, eliminar a lógica que dá origem à ameaça existencial que as armas nucleares representam para a humanidade.
Só poderá haver uma paz justa, genuína e duradoura no mundo se o sistema e a estrutura imperialistas — que constroem guerras e armas de destruição em massa — forem expostos e destruídos. Isso só será possível com a construção de uma ampla frente unida internacional e anti-imperialista que respeite o direito das nações e povos à autodeterminação.
Ao recordar Hiroshima e Nagasaki e homenagear as milhares de vidas inocentes perdidas, as vítimas sobreviventes com seu sofrimento de longo prazo e suas memórias que desaparecem como testemunhas silenciosas do horror das bombas nucleares sob agressão imperialista, a ILPS conclama todos os povos do mundo a intensificarem sua luta contra o imperialismo estadunidense e sua política bárbara e terrorista de produzir, manter, usar e ameaçar usar armas nucleares e outras armas de destruição em massa. 80 anos já bastam.
Declaração da Liga Internacional da Luta dos Povos (ILPS) pelo 80º Aniversário dos Bombardeios dos EUA sobre Hiroshima e Nagasaki
Comentários