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"Um inimigo implacável do Colonialismo e do Imperialismo"


Publicamos mais adiante o texto do discurso fúnebre do Comitê Central da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) pronunciado por ocasião das cerimônias realizadas em Dar-es-Salaam, quando do funeral do Presidente Eduardo Chivambo Mondlane. Esse discurso foi proferido pelo Presidente Samora Machel na presença dos Presidentes e Vice-Presidentes da República Unida da Tanzânia, dos representantes da TANU e do Afro-Shirazi, dos Ministros da República Unida da Tanzânia, dos Ministros dos Estrangeiros dos Estados Africanos do Leste e do Centro, dos representantes do Comitê de Libertação Africana, dos membros do Corpo Diplomático acreditado em Dar-es-Salaam, dos dirigentes dos Movimentos de Libertação Africanos, dos membros do Comitê Central e militantes da FRELIMO e de muitas centenas de pessoas. Esse discurso constitui uma lição da nossa História. Para ele chamamos a atenção de todas as Moçambicanas e de todos Moçambicanos.



Sua Excelência o Presidente da República Unida da Tanzânia,

Suas Excelências o l." e 2.º Vice-Presidentes da República Unida da Tanzânia.

Suas Excelências Representantes da TANU e da Afro-Sbirazi, e os ministros da República Unida da Tanzânia,

Suas Excelências Ministros Estrangeiros dos Estados Africanos do Leste e do Centro, reunidos em Dar-es-Salaam.

Distintos Representantes do Comitê de Libertação Africana,

Distintos Membros do Corpo Diplomático,

Camaradas dos Movimentos de Libertação Africanos,

Camaradas do Comitê Central, e militantes da FRELIMO.

Queridos amigos.


Em nome da Frente da Libertação de Moçambique (FRELIMO) e do Povo armado de Moçambique, a todos desejamos expressar os nossos sinceros agradecimentos por aqui estarem conosco nesta hora de pesar e prestar as últimas homenagens ao nosso querido Presidente.


Os nossos agradecimentos vão particularmente para a TANU, para a Afro-Shirazi e para o Governo do Povo da Tanzânia, pelos seus esforços em arcarem a responsabilidade de dar um enterro de herói com todas as honras militares ao nosso Grande Presidente Eduardo Chivambo Mondlane.


O Dr. Eduardo Chivambo Mondlane, nasceu para ser um valente combatente e combateu. Lutou pela sua educação, lutou pela educação dos seus compatriotas. Lutou pela libertação e pela dignidade do seu país. Ele nasceu de uma família de combatentes pela liberdade. Os seus antepassados pertenceram aos valentes guerreiros de Gungunhana que corajosamente lutaram contra a invasão portuguesa nos finais do século XIX. Ele recordava este fato com orgulho e à laia de explicação da sua vida revolucionária, gostava de relembrar as últimas palavras de sua mãe: "Estuda para que possas compreender o feitiço do Homem branco, e assim poderes lutar contra ele". Com as palavras de sua mãe bem presentes, levou a cabo a luta pela liberdade para o resto de sua vida.


Os seus poderes de organização eram inigualáveis. De grupos políticos amorfos existentes em 1962, ele conseguiu liderar uma frente unida, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). Enquanto assim fazia, o inimigo não cruzava os braços. Pelo contrário, logo após o nascimento da Frente, o inimigo começa a criar grupelhos políticos que lutam uns contra os outros, de forma a dispersar os esforços contra os colonialistas portugueses. Estes grupelhos morreram uns atrás dos outros, porque o Presidente Mondlane e os seus camaradas em armas os combateram com toda a sua energia e com toda a sua inteligência.


Na sua vida privada, fora do contexto político, Eduardo era reconhecido por todos nós como um bom camarada, bondoso e sempre pronto a servir ao próximo. Mas na luta pela libertação do seu país, ele não deu tréguas ao seu inimigo, nunca comprometendo o que acreditasse ser do interesse do seu país. Ele sabia dizer "não" com coragem ao seu inimigo.


Eduardo encontrou grandes dificuldades na organização das Forças Armadas para a Libertação Nacional, na direção e na liderança da Frente de Libertação de Moçambique, na definição correta da nossa política e na aceitação da mesma pelo mundo. E em tudo isto ele venceu. Os 7 anos da sua liderança da FRELIMO foram anos de progresso contínuo. O fato é que já em setembro de 1964, Eduardo seguia à frente do seu povo oprimido na luta armada.


Pela 1ª vez na história do nosso país, os filhos de Moçambique lutavam como um povo unido, como uma nação. Em vez de uma resistência isolada, Moçambique desencadeava uma luta nacional. Esta nossa unidade a ele devemos em grande parte.


Eduardo era acima de tudo um homem corajoso, um homem decidido, um homem sabedor, um homem de iniciativa, um homem trabalhador, um homem meticuloso. Possuído de uma personalidade fortíssima, perante ele os imperialistas tremiam, os seus inimigos sentiam-se diminuídos e os homens de pouca fé apagavam-se e tornavam-se inquietos. Com todas estas qualidades, Eduardo era decididamente um implacável inimigo do imperialismo e do colonialismo, e assim os imperialistas, os colonialistas e os seus agentes, apostaram-se em eliminá-lo do campo de batalha. Eles sabiam que com um homem de tão grandes qualidades, o seu império terminaria em Moçambique e que isto se tornaria um exemplo para o resto da África em luta.


Sob a sua correta liderança, nós infligimos ao inimigo derrota sobre derrota, não só nos campos de batalha, mas também no campo político, diplomático e educacional. O inimigo receava em todos os campos. Em 1966, este compenetrou-se de que era incapaz de liquidar as unidades da guerrilha. E então muda de tática. O assassinato dos membros mais representativos da FRELIMO no estrangeiro, era agora seu alvo, sendo o último o nosso querido Presidente.


E assim eles dispararam.


O assassinato bárbaro de Eduardo é uma perda irreparável para a Frente de Libertação de Moçambique, para os movimentos de libertação africanos e para a África como um todo. Será por nós recordado como um corajoso combatente pela independência, como um valente e determinado nacionalista, como um verdadeiro filho de África, como um combatente pela liberdade e dignidade de África.


Mas para nós da FRELIMO e para o povo moçambicano, Eduardo não está morto e testemunho do seu trabalho e coragem, a linha de ação por ele definida, os esforços e a devoção por ele postos à causa da libertação, e à causa sagrada pela qual deu a sua vida conosco, ficarão como uma inesgotável fonte de inspiração, mas também como uma força para uma ação mais determinada contra os colonialistas portugueses.


Gostaríamos hoje de aproveitar esta oportunidade para dizer a todos os nossos inimigos em termos bem claros que este seu novo estratagema também não resultará. O Povo moçambicano vencerá todos os obstáculos até que o inimigo seja expulso e completamente subjugado.


O assassinato político não amedrontará ninguém. A única salvação para o inimigo é a sua fuga do nosso querido país. Redobraremos os nossos esforços na luta contra o inimigo para o expulsar da nossa Pátria. Assim apoiaremos a causa pela qual o nosso chefe deu a sua vida, assim respeitaremos a sua memória.

Eduardo, a tua morte não foi em vão. Continuaremos a lutar até que o colonialismo e o imperialismo sejam expulsos da nossa Pátria.

Foi esta a mensagem por ti dada no dia em que iniciaste a luta.


É esta a promessa que aqui te fazemos nesta hora de pesar.


INDEPENDÊNCIA OU MORTE! VENCEREMOS!


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