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As organizações comunistas na Rússia em meio aos protestos da “oposição liberal”



Nas últimas semanas, a imprensa burguesa internacional destacou a prisão do líder opositor russo, o liberal Alexei Navalny. O fato de a grande burguesia monopolista internacional ter dado amplo destaque aos protestos da oposição liberal ao governo de Putin, bem como à prisão de Navalny - apresentado como “vítima” da “ditadura” de Putin - é suficiente para esclarecer o real caráter desse movimento. Em agosto do ano passado, o nome de Navalny já havia sido bastante destacado devido a um envenenamento, quando este voltava para o território russo. Não demorou para que os monopólios e os próprios aliados de Navalny acusassem Putin e os serviços secretos da Rússia como responsáveis por tal ato. O episódio rendeu uma série de comentários e “condenações” por parte de lideranças dos países europeus, como Angela Markel, o que rapidamente evidenciou a tentativa de se montar uma campanha de condenação internacional contra a Rússia.


Vejamos, por outro lado, como as organizações comunistas da Rússia avaliam o líder Alexei Navalny e os protestos que se seguiram à sua prisão.


Em uma nota publicada no dia 27 de janeiro em seu site oficial, o Partido Comunista de Toda a União (Bolchevique) avaliou que o movimento liberal que apóia Navalny seria a “quinta coluna” apoiada e financiada pelos serviços secretos do Ocidente, em especial dos Estados Unidos. Denunciou que é plano do imperialismo organizar “revoluções coloridas”, mas que estas não tiveram sucesso na Rússia. Comparou o caráter desses protestos com as recentes manifestações que ocorreram no ano passado na Bielorrúsia. O Partido Comunista de Toda a União (Bolchevique) chama a atenção para o fato de que os Estados Unidos considera Navalny um “lutador” por uma “Rússia livre e uma economia de mercado”. A nota do Partido ainda evidencia as relações de Navalny com o líder liberal Garry Kasparov, que teria o indicado para estudar na Universidade de Yale em 2010.


O Partido Comunista de Toda a União (Bolchevique) afirma que a Rússia estaria se convertendo em um “centro de gravidade para os países que não querem viver sob o ditame dos Estados Unidos”, e o fato de a Rússia assumir abertamente os seus interesses estratégicos, junto a países próximos - do Oriente Médio, da América Latina e a China - desagradaria o imperialismo norte-americano. A nota do partido ainda recorda que o imperialismo ianque “não precisa de um novo competidor no mercado mundial”. Os liberais estariam usando o descontentamento dos cidadãos, em especial da juventude, bem como a crise econômica, o desemprego e o empobrecimento da população como forma de colocar adiante palavras de ordem populistas, que caso sejam bem-sucedidas, poderiam “destruir a Rússia enquanto Estado unificado, bem como o seu subsequente desaparecimento do mapa mundial”. Uma das principais palavras de ordem dos liberais russos é de que a Rússia necessita uma “Perestroika 2.0”, o que revela em grande medida o caráter reacionário de tal movimento.


O partido de Nina Andreeva ainda avalia que Navalny não goza de tanto apoio popular. As manifestações mais expressivas em favor do liberal russo aconteceram em Moscou e São Petersburgo, cidades que “como resultado das reformas burguesas, a proporção da classe trabalhadora entre a parte economicamente ativa da população diminuiu significativamente”; “a maioria das pessoas estão empregadas na esfera dos pequenos negócios e “muitas esferas de atividade existe uma predomínio da intelectualidade liberal”. Em muitas outras cidades, os protestos reuniam de 500 a 3000 pessoas, em sua maioria jovens, “insatisfeitos com a corrupção, o seu baixo nível de vida, e a incerteza sobre o futuro”, vítimas fáceis da demagogia liberal.


O Partido Comunista de Toda a União (Bolchevique) criticou as principais palavras de ordem das manifestações, que pedem por “Fora Putin” e “Por uma Rússia Livre”. Para o partido, Navalny obviamente "não busca restaurar a propriedade pública roubada do povo”. A nota também denuncia certos grupos e organizações supostamente de “esquerda” que estariam apoiando Navalny, dizendo que uma eventual vitória do líder liberal levaria ao estabelecimento de um regime mais “democrático”. O líder liberal, apesar de não fazer discursos abertamente direitistas, conta com notórios anticomunistas em seu círculo de apoiadores, tais como Leonid Volkov, figura conhecida por declarações e publicações de artigos anticomunistas e antissoviéticos. Navalny também conta com o apoio de vários grupos de extrema direita. A conclusão do Partido Comunista de Toda a União (Bolchevique) é que uma eventual chegada de Navalny ao poder representaria, não a instalação de um “abrandamento" do regime burguês, mas sim a utilização do terror fascista contra a esquerda e as organizações comunistas.

A nota do Partido Comunista de Toda a União (Bolchevique) termina dizendo que “os bolcheviques devem levar a cabo um trabalho de explicação entre a juventude”, aclarando que “somente o socialismo é capaz de garantir um padrão de vida normal, confiança no futuro, e um clima moral e psicológico saudável, mais ainda do que existiu na União Soviética”. Para isso, é necessário lutar não por uma “revolução colorida”, mas sim pela revolução socialista, que “irá transferir o poder das mãos da oligarquia burguesa para as mãos da classe operária e toda a massa trabalhadora”, “a mudança do regime social do capitalismo, sistema baseado na exploração e opressão do homem pelo homem, para o regime socialista, onde cada um recebe de acordo com o seu trabalho, não de acordo com o capital”.


O Partido Comunista dos Trabalhadores da Rússia (PCTR) fez uma declaração em 31 de janeiro, no artigo intitulado “Quem é Navalny?”. Segundo as posições colocadas por tal organização, ainda que Navalny tenha ganho a pecha de “oposição liberal”, ele pertence exatamente à mesma classe e ao mesmo grupo oligárquico que Putin. É certo que, após quase trinta anos da conclusão da restauração capitalista e do desmembramento da União Soviética, com as propriedades do povo sendo usurpadas aos bilhões, em um contexto de desemprego, miséria e falta de perspectivas, as demagogias anticorrupção ganharam em eco em certa parcela do povo. O PCTR, aliás, avalia que Putin e associados estariam realmente na linha de frente da corrupção. Porém, o que Navalny e outros membros da “burguesia liberal” e da “oposição liberal” estariam fazendo não seria a defesa da liberdade contra a exploração do homem pelo homem, mas sim slogans que aprofundam a pilhagem capitalista na Rússia - como o corte de impostos sobre o “big business”, aumento das privatizações com a redução da participação do Estado nas atividades econômicas, e um aumento dos laços econômicos e políticos com o Ocidente. Ademais, a tal “burguesia liberal” possui laços nos mesmos setores econômicos que Putin e associados: o rádio Ekho Moskvy, por exemplo, que é um dos centros de agitação pró-liberal e mais ardentemente antiPutin, pertence à Gazprom.


Em um momento no qual as contradições entre as potências capitalistas se intensificam, é de grande importância avaliarmos com mais atenção o desenvolvimento da situação política na Rússia.

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