"Deportações nos EUA: um negócio lucrativo"
- NOVACULTURA.info
- 7 de ago.
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Um comentarista historicamente utilizado pela imprensa de Miami para atacar Cuba, Venezuela, Nicarágua e qualquer outro alvo da política dos EUA cedeu sua coluna — habitualmente subversiva — no El Nuevo Herald, para revelar os bastidores do caos migratório do presidente Donald Trump.
Não se trata de uma descoberta investigativa, mas como os submarinos nucleares do magnata, as revelações jornalísticas do reacionário Andrés Oppenheimer sobre o presente e o futuro imediato da caçada humana nos EUA confirmam o rumo fascistóide e racista de planos, orçamentos e ações que são anunciados ou vazados diariamente em um turbilhão de intimidações, mentiras, advertências, ataques, manipulações ou fake news geradas desde a Casa Branca.
Desde o próprio título se denuncia que, por trás da febre das deportações em massa — que mantém milhões de imigrantes em estado de alerta naquele país —, enriquece-se “o poderoso complexo industrial das prisões privadas”, um grupo que está satisfeito e continua enchendo suas contas bilionárias com o pânico e o sofrimento alheios.
Especialistas no tema consideram que as medidas impostas por Trump criam um sistema de detenções em massa que será muito difícil de desmantelar após a saída do magnata do poder. Afirma-se que as gigantescas empresas de prisões privadas — e seus fornecedores nas indústrias de transporte, saúde, controle eletrônico e alimentação — terão um interesse permanente em fazer lobby em Washington para que as deportações continuem, mesmo que isso prejudique a economia dos EUA ou gere uma crise humanitária.
Ainda que não sejam públicas as cifras exatas dos lucros dessa indústria racista, o que veio à tona é que ela terá o futuro garantido com os 170 bilhões de dólares destinados pela chamada Lei Grande e Bela de Trump, recentemente aprovada, para a captura e deportação ao longo dos próximos quatro anos.
Além disso, a lei prevê 45 bilhões para a construção de novos campos de concentração para imigrantes, aos quais se somarão os fundos que diferentes estados estão planejando para esses fins.
Isso significa que a indústria das prisões privadas, as corporações que lucram com as deportações em massa e os demais aproveitadores do atual caos migratório nos EUA terão à sua disposição orçamentos superiores aos designados ao FBI (11 bilhões) ou à CIA (15 bilhões), de acordo com o informado.
Segundo o centro de estudos Prison Policy Initiative, atualmente cerca de 4.000 empresas norte-americanas lucram com os encarceramentos em massa, e 70% dos imigrantes detidos estão em centros administrados por corporações privadas.
Outra evidência desse negócio cruel é que as ações das principais empresas de penitenciárias privadas dispararam durante o governo Trump. Prova disso são o GEO Group e a CoreCivic, que cresceram com as políticas migratórias do magnata mais de 61% e 41%, respectivamente, o que confirma que “o complexo industrial carcerário está em plena expansão”, enquanto cresce a economia do confinamento sob o amparo do neofascismo.
Não por acaso, o GEO Group, com sede na Flórida, tem contribuído há décadas para a carreira política do secretário de Estado Marco Rubio. Ao mesmo tempo, é uma corporação que gastou milhões em lobby no Congresso, em favor das causas mais conservadoras e reacionárias.
Em 2016, o GEO Group doou quase 190 mil dólares para sua candidatura presidencial, depois de ter recebido um contrato estatal de 110 milhões de dólares, coincidentemente no período em que Rubio presidia a Câmara.
A verdade preocupa cada vez mais, e a imprensa internacional — inclusive a aliada dos EUA — ecoa as denúncias ao insistir que a oligarquia da máquina de deportações de Trump enriquece às custas do sofrimento dos imigrantes, pois por trás de cada novo centro de detenção e de cada batida policial, há interesses econômicos poderosos que lucram com a dor das pessoas.
Do Granma
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