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Che: "Notas para o estudo da ideologia da Revolução Cubana"

Foto do escritor: NOVACULTURA.infoNOVACULTURA.info

“Essa é uma Revolução singular que alguns acreditaram não se ajustar a uma das premissas dos mais ortodoxos do movimento revolucionário expressada por Lenin em “sem teoria revolucionária não há movimento revolucionário”. Seria conveniente dizer que a teoria revolucionária, como expressão de uma verdade social, está acima de qualquer enunciado. Isto é, a Revolução pode ser feita se interpretada corretamente a realidade histórica e se utilizadas corretamente as forças que nela intervêm, ainda que não se conheça a teoria.


É claro que o conhecimento adequado dessa realidade simplifica a tarefa e impede de se cair em perigosos erros, sempre que essa teoria enunciada corresponda a verdade. Além disso, falando concretamente dessa Revolução, deve enfatizar que seus atores principais não eram exatamente teóricos, mas também não eram ignorantes dos grandes fenômenos sociais e dos enunciados das leis que os regem. Isso fez com que, sobre a base de alguns conhecimentos teóricos e profundo conhecimento da realidade, se pudesse ir criando uma teoria revolucionário.


O que expusemos anteriormente deve se considerar uma introdução à explicação desse curioso fenômeno que deixa todo o mundo intrigado: a Revolução Cubana. O como e o porquê um grupo de homens, destruídos por um exército enormemente superior no que diz respeito à técnica e em equipamentos, conseguiu ir sobrevivendo primeiro, para fortalecer-se em seguida, ficando mais forte que o inimigo nas zonas de batalha mais tarde, emigrando até novas zonas de combate em momento posterior, para derrotar esse inimigo finalmente em batalhas campais, ainda com tropas muito inferiores em número, é algo digno de estudo na História do mundo contemporâneo.


Naturalmente, nós que com frequência não mostramos a devida preocupação com a teoría, não viemos hoje expor, como donos dela, a verdade da Revolução Cubana; simplesmente tratamos de lançar as bases para que se possa interpretar essa verdade. Na realidade, deve se separar na Revolução Cubana duas etapas absolutamente diferentes: a da ação armada até o primeiro de janeiro de 1959 e a transformação política, econômica e social dali em diante.


Ainda essas duas etapas mereçam subdivisões sucessivas, não a consideraremos do ponto de vista da exposição histórica, mas do ponto de vista da avaliação do pensamento revolucionário de seus dirigentes através do contato com o povo.


Incidentalmente, devemos introduzir uma postura geral frente a um dos mais controvertidos termos do mundo atual: o marxismo.


Nossa posição quando se pergunta se somos marxistas ou não, é a que teria um físico a que se perguntasse se é “newtoniano”, ou a um biólogo se é “pasteuriano”.


Há verdades tão evidentes, tão incorporadas ao conhecimento dos povos que é inútil discuti-las. Se deve ser “marxista” com a mesma naturalidade com que se é “newtoniano” na física ou “pasteuriano” na biologia, considerando que se novos acontecimentos determinam novos conceitos, não se retirará a parte de verdade daqueles outros que passaram. Tal é o caso, por exemplo, da relatividade “einsteniana”, ou da teoria do quantum de Planck sobre os descobrimentos de Newton. Sem dúvida, isso não retira em absolutamente nada a grandeza do sábio inglês. Graças a newton é que a física pôde avançar até alcançar os novos conceitos do espaço. O sábio inglês é a escalada necessária para isso.


À Marx, como pensador, como investigador das doutrinas sociais e do sistema capitalista em que vivia, pode-se, evidentemente, objetar-se certas imprecisões.



Nós, latino-americanos, podemos, por exemplo, não estar de acordo com sua interpretação de Bolívar, ou com a análise que fizeram ele e Engels dos mexicanos, por considerarem certas teorias sobre raças ou nacionalidades que são inadmissíveis hoje. Mas os grandes homens descobridores de verdades luminosas vivem, apesar de suas pequenas faltas. Estas servem somente para nos demonstrar que são humanos, isto é, seres que podem incorrer em erros, ainda com a clara consciência da altura alcançada por esses gigantes do pensamento. Por isso reconhecemos as verdades essenciais do marxismo como incorporadas ao acervo cultural e científico dos povos, e as tomamos com a naturalidade de algo que já não necessita de discussão.


Os avanços na ciência social e política, como em outros campos, pertencem a um longo processo histórico cujos elos se encadeiam, se somam, se aglutinam e se aperfeiçoam constantemente. No início dos povos, havia uma matemática chinesa, árabe ou hindú; hoje a matemática não tem fronteiras. Dentro de sua história cabe um Pitágoras grego, um Galileo italiano, um Newton inglês, um Gauss alemão, um Lovachevki russo, um Einstein, etc.


Assim como no campo das ciências sociais e políticas, desde Demócrito até Marx, uma larga série de pensadores foram agregando suas investigações originais e acumulando um corpo de experiências e doutrinas.


O mérito de Marx é que produz na história do pensamento social uma mudança qualitativa. Interpreta a história, compreende sua dinâmica, prevê o futuro, mas, além de prevê-lo, onde acabaria sua obrigação científica, expressa um conceito revolucionário: Não somente há de se interpretar a natureza, é preciso transformá-la. O homem deixa de ser escravo e instrumento do meio e se converte em arquiteto de seu próprio destino. Nesse momento, Marx começa a colocar-se numa tal situação, que passa a constar na lista de todos que tem um interesse especial em manter o velho, como antes aconteceu a Demócrito cuja obra foi queimada pelo próprio Platão e seus discípulos ideólogos da aristocracia escravista ateniense.


A partir do Marx revolucionário se estabelece um grupo político com ideias concretas que, apoiando-se nos gigantes Marx e Engels, desenvolvendo-se através de etapas sucessivas com personalidades como Lênin, Stalin, Mao Tsé-tung e os novos governantes soviéticos e chineses, estabelece um corpo de doutrina, digamos, exemplos a seguir.


A Revolução Cubana toma Marx onde este deixou a ciência para empunhar seu fuzil revolucionário; e ali o toma, não por espírito de revisão, de lutar contra o que segue Marx, de reviver o Marx “puro”, mas simplesmente porquê até ali Marx o cientista colocado fora da história, estudava e previa.


Depois, Marx revolucionário dentro da história lutaria. Nós revolucionários práticos, iniciando nossas lutas simplesmente cumpríamos leis previstas por Marx o cientista, e, por esse caminho de rebeldia, ao lutar contra a velha estrutura do poder, ao nos apoiar no povo para destruir essa estrutura, e ao ter como base de nossa luta a felicidade desse povo, estamos simplesmente nos ajustando as previsões do cientista Marx.


Isto é, e é bom pontuar mais uma vez, as leis do Marxismo estão presentes nos acontecimentos da Revolução Cubana independentemente de seus líderes professem ou conheçam cabalmente de um ponto de vista teórico, essas leis.


Para melhor compreensão do movimento revolucionário cubano até o Primeiro de Janeiro, haveria de dividi-lo nas seguintes etapas: embarque de Granma; do desembarque do Granma até depois da vitória de la Plata e Arroyo del Infierno; desde essas datas até el Uvero e a constituição da Segunda coluna Guerrilheira; até a Constituição da Terceira e da Quarta, e invasão e estabelecimento da segunda frente; a Greve de Abril e seu fracasso; o rechaço da grande ofensiva; a invasão de Las Villas.


Cada um desses pequenos momentos históricos da Guerrilha vai demarcando distintos conceitos sociais e distintas apreciações da realidade Cubana que foram contornando o pensamento dos líderes militares da Revolução, os que com o tempo reafirmaram também sua condição de líderes políticos.


Antes do desembarque do Granma predominava uma mentalidade que até certo ponto poderia se chamar de subjetivista; confiança cega em uma rápida explosão popular, entusiasmo e fé em poder liquidar o poderio batistiano com um rápido levantamento combinado com greves revolucionárias espontâneas e subsequente caída do ditador. O movimento era o herdeiro direto do Partido Ortodoxo, e seu lema era “vergonha contra o dinheiro”. Isto é, honradez administrativa como ideia principal do novo Governo cubano.


Sem dúvida, Fidel Castro havia registrado em “A história me absolverá” as bases que foram quase integralmente cumpridas pela Revolução, mas que também foram superadas por ela, alcançando um maior aprofundamento no terreno econômico, o que trouxe paralelamente um aprofundamento no terreno político, nacional e internacional.


Depois do desembarque veio a derrota, a destruição quase total das forças, seu reagrupamento e integração como guerrilha. Já em pequeno número de sobreviventes e, além disso, sobreviventes com ânimo de luta, se caracteriza por compreender a falsidade do esquema imaginado pelos levantamentos espontâneos na Ilha, e pelo entendimento de que a luta terá que ser longa e deverá contar com uma grande participação camponesa. Aqui se iniciam também os primeiros ingressos dos camponeses na guerrilha e acontecem dois encontros, de menor importância quanto ao número de combatentes, mas de grande importância psicológica, pois apagou a suscetibilidade do grupo central dessa guerrilha, constituído por elementos vindos da cidade, em relação aos camponeses. Esses, por sua vez, desconfiavam do grupo, e, sobretudo, temiam as bárbaras represálias do governo. Foram demonstradas nessa etapa duas coisas, ambas muito importantes para fatores interrelacionados: aos camponeses, que as bestialidades do exército e toda a perseguição não seriam suficientes para acabar com a guerrilha, mas que seria capaz de acabar com suas casas, suas colheitas e suas famílias, razão pela qual seria boa solução se refugiar no seio daquela, onde teriam suas vidas protegidas; por outro lado, aprenderam os guerrilheiros a necessidade cada vez maior de ganhar as massas camponesas, para o que, obviamente, devia se oferecer algo que eles quisessem com todas suas forças; e não há nada que um camponês queira mais do que a terra.

Prossegue logo uma etapa nômade, na qual o Exército Rebelde vai conquistando zonas de influência. Não podia, entretanto, permanecer muito tempo nelas pelo perigo inimigo, tampouco consegue fazer isso, apenas pode pensar. Em diversos combates se estabelece uma espécie de frente não bem delimitada entre as duas partes.


Em 28 de maio de 1957, se estabelece um marco ao atacar, em Uvero, a uma guarnição bem armada, muito bem atrincheirada e com possibilidades de receber esforços rapidamente; ao lado do mar e com aeroporto. A vitória das forças rebeldes nesse combate, um dos mais sangrentos que se realizaram, pois 30% das forças que entraram no combate saíram mortas ou feridas, fez mudar totalmente o panorama. Já havia um território onde o Exército Rebelde travava combates em campo aberto, onde o inimigo não recebia notícias desse exército, e onde podia em rápidos golpes descer às planícies e atacar postos do adversário.


Pouco depois se produz já a primeira divisão e estabelecimento de duas colunas combatentes. A segunda leva, por razões de mascaramento bastante infantis, o nome de 4ª coluna. Imediatamente as duas dão mostras de atividades, e, em 26 de julho, se ataca a Estrada de Palma, e cinco dias depois, Bueycito, localizado a trinta quilômetros desse lugar. Agora as manifestações de força são mais impactantes, são esperados com pé firmes os repressores, que são detidos em várias tentativas de subir a Serra. São estabelecidas frentes de luta com amplas zonas de terra de ninguém, vulneráveis por incursões punitivas dos dois bandos, mas mantendo aproximadamente as mesmas frentes.


Sem dúvida, a guerrilha engrossa suas forças com substancial aporte dos camponeses dessa zona e com alguns membros do Movimento nas cidades, tornando-se mais combativa, aumentando seu espírito de luta. Partem, em fevereiro de 1958, depois de suportar algumas ofensivas que são rechaçadas, as colunas de Almeida, a 3, a ocupar seu lugar perto de Santiago e a de Raúl Castro, que recebe o número 6 e o nome de nosso herói Frank País, morto poucos meses antes. Raúl realiza a façanha de cruzar a Estrada Central nos primeiros dias de março desse ano, penetrando nas montanhas de Mayarí e criando a Segunda Frente Oriental Frank País.


Os êxitos crescentes de nossas forças rebeldes iam se infiltrando em meio a censura e o povo ia rapidamente alcançando o clímax de sua atividade revolucionária. Foi nesse momento em que se defendeu, desde Havana, a luta em todo o território nacional mediante uma greve geral revolucionária que deveria destruir a força do inimigo atacando simultaneamente em todos os pontos.


A função do Exército Rebelde seria, nesse caso, a de um catalizador ou, talvez, a de uma “espinha irritativa” para desencadear o movimento. Nesses dias, nossas guerrilhas aumentaram sua atividade, e começou a surgir sua lenda heroica: Camilo Cienfuegos, que lutava pela primeira vez nas montanhas orientais, com um sentido organizativo e respondendo a uma direção central.


A greve revolucionária, sem dúvida, não estava planejada adequadamente, pois desconhecia a importância da unidade dos trabalhadores e não buscou que os trabalhadores, no exercício de sua atividade revolucionária, escolhessem o momento correto. Se pretendeu executar uma ação rápida clandestina, chamando a greve por uma rádio, ignorando que o segredo do dia e da hora era conhecido pelos agentes da infiltrados, mas não pelo povo. O movimento grevista fracassou, sendo assassinados sem misericórdia um bom e seleto número de patriotas revolucionários.


Como dado curioso, que deve ser anotado alguma vez na História dessa Revolução, Jules Dubois, o correspondente dos monopólios norte-americanos, conhecia de antemão o dia em que se desencadearia a greve.


Nesse momento se produz uma das mudanças qualitativas mais importantes do desenvolvimento da guerra, ao adquirir-se a certeza de que o triunfo seria conseguido somente pelo aumento das forças guerrilheiras, até derrotar o exército inimigo em batalhas campais.


Aí já se haviam estabelecido amplas relações com o campesinato; o Exército Rebelde já havia ditado seus códigos civis e penais, fazia julgamentos, repartia alimentos e cobrava impostos nas zonas administradas. As zonas aldeãs recebem também a influência do Exército Rebelde, mas se preparam grandes ofensivas tendentes a liquidar de uma vez o foco. Dessa forma, começa em 25 de maio uma ofensiva que, em dois meses de luta, resulta em um saldo de mil baixas para o exército invasor, totalmente desmoralizado, e um aumento de 600 armas de nossa capacidade combatente.


Fica demonstrado que o exército não pode nos derrotar. Definitivamente, não há força em Cuba capaz de dobrar os cumes da Serra Maestra e de todas as montanhas da Segunda Frente Oriental Frank Pais. Os caminhos se tornam intransitáveis no Oriente para as tropas da tirania. Derrotada a defensiva, se encarrega a Camilo Cienfuegos, com a coluna número 2; e o autor dessas linhas, com a coluna número 8. Ciro Redondo, cruza a província de Camaguey, estabelece-se em Las Villas e corta as comunicações do inimigo. Camilo deveria logo seguir seu avanço para repetir a façanha do herói cujo nome leva sua coluna, Antonio Maceo: a invasão total do Ocidente pelo Oriente.


A guerra mostra nesse momento uma nova característica: a correlação de forças se volta para a Revolução. Duas pequenas colunas de oitenta e cento e quarenta homens cruzam durante um mês e meio os campos de Camaguey, constantemente cercados ou atacados por um exército que mobiliza milhares de soldados, chegando a Las Villas e iniciam a tarefa de cortar a ilha em dois.


As vezes parece estranho, outras vezes incompreensível, e, em outras, incrível que duas colunas tão pequenas, sem comunicações, sem mobilidade, sem as mais elementares armas modernas, possam enfrentar exércitos bem adestrados e super armados. O fundamental é a característica de cada grupo. Quanto mais incômodo está, quanto mais acostumado aos rigores da natureza, mais o guerrilheiro se sente em casa, maior seu moral e seu sentido de segurança. Ao mesmo tempo, em qualquer circunstância brinca com sua vida, a tira na sorte como em uma moeda qualquer e, em linhas gerais, do resultado final do combate, pouco importa que o guerrilheiro-indivíduo saia vivo ou não.


O soldado inimigo, no exemplo do cubano que tratamos, é sócio menor do ditador, o homem que recebe a última das migalhas que lhe deixou o penúltimo dos aproveitadores, de uma longa cadeia que começa em Wall Street e termina nele. Seus soldos e benefícios valem alguns sofrimentos e alguns perigos, mas nunca valem sua vida. Se o preço de mantê-los deve ser pago com sua vida, melhor deixá-los, isto é, retirar-se frente ao perigo guerrilheiro. Desses dois conceitos e de essas duas morais surge a diferença que faria a crise de 31 de dezembro de 1958.


Cada vez mais se estabelece claramente a superioridade do Exército Rebelde e, além disso, se demonstra, com a chegada a Las Villas de nossas colunas, a maior popularidade do Movimento 26 de Júlio sobre todos os outros: O Diretório Revolucionário, a Segunda Frente de Las Villas, o Partido Socialista Popular e algumas pequenas guerrilhas da Organização Autêntica. Isso se devia em maior medida à personalidade magnética de seu líder, Fidel Castro, mas também era resultado da maior justeza da linha revolucionária.


Aqui acaba a insurreição, mas os homens que chegam à Havana depois de dois anos de árdua luta nas serras e campos do Oriente, nos campos de Camaguey e nas montanhas, nos campos e cidades de Las Villas, não são ideologicamente os mesmos que chegaram às praias Las Coloradas, ou que se incorporaram no primeiro momento de luta. Sua desconfiança em relação ao camponês se converte em afeto e respeito pelas virtudes do mesmo; seu desconhecimento total da vida nos campos foi se convertendo em um conhecimento absoluto da necessidade de nossos camponeses; seus flertes com a estatística e com a teoria foram anulados pelo férreo cimento que é a prática.


Com a Reforma Agrária como bandeira, cuja execução começa na Serra Maestra, chegam esses homens a enfrentar o imperialismo, sabem que a Reforma Agrária é a base sobre a qual vai se edificar a nova Cuba; sabem também que a Reforma Agrária dará terra a todos os despossuídos, mas despossuirá aos injustos possuidores; e sabem que os maiores dos injustos possuidores são também influentes homens no Departamento de Estado ou no Governo dos Estados Unidos da América. Apesar disso, aprenderam a vencer as dificuldades com valor e audácia e, sobretudo, com o apoio do povo. E viram o futuro de libertação que nos aguardava do outro lado dos sofrimentos. As etapas que vão marcando o desenvolvimento dessa revolução até o momento atual são aplicações táticas de um fim estratégico, efetuada à medida que a prática ia nos ensinando nosso caminho justo.


Para chegar a essa ideia final de nossas metas, se caminhou muito e se transformou bastante. Paralelos às sucessivas mudanças qualitativas ocorridas nas frentes de batalha, ocorrem as mudanças de composição social da nossa guerrilha e também das transformações ideológicas de seus chefes. Porque cada um desses processos, dessas mudanças, constitui efetivamente uma mudança de qualidade na composição, na força, na maturidade revolucionária de nosso exército. O camponês vai fornecendo seu vigor, sua capacidade de sofrimento, seu conhecimento do terreno, seu amor pela terra, sua fome de reforma agrária. O intelectual, de qualquer tipo, põe seu pequeno grão de areia começando a estabelecer um esboço da teoria. O trabalhador dá seu sentido de organização, sua tendência inata de reunião e unificação. Nisso está o exemplo de que as forças rebeldes que já haviam demonstrado ser muito mais do que uma “espinha irritativa” e cuja lição já havia alardeado e levantado as massas até que tivessem perdido o medo do carrasco. Nunca existiu antes, como existe agora, o conceito de interação. Pudemos sentir como essa interação ia amadurecendo, nos ensinando a eficácia da insurreição armada, a força que tem o homem quando, para defender-se de outros homens, tem uma arma nas mãos e uma decisão de triunfo nas pupilas; e os camponeses, mostrando as artimanhas da Serra, a força que é necessária para viver e triunfar nela, e a dose de perseverança, de capacidade de sacrifício que é necessário ter em conta para poder levar adiante o destino de um povo.


Por isso, quando banhados em suor camponês, com um horizonte de montanhas e nuvens, sob o sol ardente da Ilha, entraram em Havana o chefe rebelde e seu cortejo, uma nova “escadaria do jardim de inverno subia a história com os pés do povo”.”

por Ernesto Che Guevara, publicado em Verde Olivo em 12 de fevereiro de 1962.


Traduzido pelo blog Fuzil contra Fuzil

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