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Mao: "Contra as Atividades Capitulacionistas"

Foto do escritor: NOVACULTURA.infoNOVACULTURA.info


Até aqui, face ao agressor japonês, a primeira grande questão para a nação chinesa era saber se esta devia ou não bater-se. Entre o Incidente de 18 de setembro e o Incidente de Lucouquiao, desenrolou-se uma polémica muito viva a esse respeito. “Fazer a guerra é sobreviver, não fazer a guerra é perecer”, era a conclusão de todos os partidos e grupos patrióticos, bem como a de todos os patriotas do nosso país. “Fazer a guerra é perecer, não fazer a guerra é sobreviver”, era a conclusão de todos os capitulacionistas. O troar dos canhões da resistência antijaponesa em Lucouquiao resolveu, por algum tempo, essa polémica, proclamando a justeza da primeira conclusão e o erro da segunda. E por que é que a resolveu apenas por certo tempo e não definitivamente? A explicação está na política do imperialismo japonês, que procura levar a China a capitulação, bem como nas tentativas de compromisso por parte dos estrangeiros que defendem a capitulação e ainda na instabilidade de certos indivíduos que fazem parte da nossa frente de resistência ao Japão. Agora a questão levanta-se de novo, mas em termos um tanto diferentes, e está transformada numa “questão de paz ou guerra” Como resultado, iniciou-se na China uma polémica entre os que são pela guerra e os que são pela paz. As posições de ambos são ainda o mesmo. “Fazer a guerra é sobreviver, concluir a paz é perecer”, é a conclusão dos partidários da Guerra de Resistência. “Concluir a paz é sobreviver, fazer a guerra é perecer”, é a conclusão dos partidários da paz. O campo dos partidários da guerra, que compreende todos os partidos e grupos patrióticos e todos os patriotas do nosso país, representa a grande maioria da nação, enquanto que o campo dos partidários da paz, quer dizer, da capitulação, não abrange mais que uma minoria hesitante no interior da frente antijaponesa. Essa a razão por que o segundo campo se viu obrigado a recorrer a propaganda mentirosa, anticomunista em especial. São em torrente contínua as informações, relatórios, documentos e resoluções de caráter enganoso que eles fabricam, pretendendo, nomeadamente, que “o Partido Comunista fomenta desordens”, “o VIII Exército e o Novo IV Exército não fazem mais que deslocar-se sem combater e não obedecem ao comando”, “a região fronteiriça Xensi-Cansu-Ninsia arvorou-se em feudo independente e expande-se”, “o Partido Comunista conspira a queda do governo” e mesmo “a União Soviética maquina uma agressão contra a China”. Com isso eles tentam mascarar a realidade dos fatos e preparar a opinião pública para a realização do seu propósito que é a paz, quer dizer, a capitulação. Se os partidários da paz, isto é, os capitulacionistas, agem assim é porque o Partido Comunista é o promotor e o campeão da Frente Única Nacional Antijaponesa, e sem opor-se a este é-lhes impossível sabotar a cooperação entre o Kuomintang e o Partido Comunista, romper a Frente Única Nacional Antijaponesa e capitular. Aliás, eles têm uma esperança de que o imperialismo japonês passe a concessões. Pensam que o Japão está esgotado, vai mudar a sua política básica, evacuar de livre iniciativa o Centro, o Sul e mesmo o Norte da China, podendo então esta vencer sem necessidade de travar novos combates. E depositam por fim esperanças na pressão internacional. Muitos deles esperam que as grandes potências façam pressão sobre o Japão, para obrigá-lo a concessões e facilitar assim a conclusão da paz, e também sobre o governo chinês, de modo a poderem dizer aos partidários da guerra: “vejam, no atual clima internacional, não nos resta senão concluir a paz!”, “uma conferência internacional do Pacífico seria vantajosa para a China, não constituiria outro Munique, mas sim um passo em direção do renascimento da China!”. Esse o conjunto de opiniões, atitudes e manobras secretas dos partidários da paz, dos capitulacionistas chineses. E a peça não é representada exclusivamente por Uam Tsim-vei; é-o também, e isso é o mais grave, por muitos Tcham Tsim-vei e Li Tsim-vei dissimulados no seio da frente antijaponesa, que colaboram com Uam Tsim-vei, uns interpretando o Chuanghuam e outros caracterizando-se ora de vermelho ora de branco.


Nós, comunistas, declaramos publicamente que sempre estivemos, e estaremos, do lado dos partidários da guerra e opomo-nos resolutamente aos partidários da paz. Aquilo que pretendemos é, juntamente com todos os partidos, grupos patrióticos e a totalidade dos patriotas do país, reforçar a unidade, consolidar a Frente Única Nacional Antijaponesa, fortalecer a cooperação entre o Kuomintang e o Partido Comunista, aplicar os Três Princípios do Povo, levar até ao fim a Guerra de Resistência, combater até ao rio Ialu e recuperar todo o território perdido, nada mais. Condenamos resolutamente todos os Uam Tsim-vei declarados e escondidos que se empenham na criação dum clima anticomunista, provocam fricções entre o Kuomintang e o Partido Comunista e procuram, inclusivamente, fazer estoirar uma nova guerra civil entre os dois partidos. A tais indivíduos nós declaramos: a vossa conspiração para uma ruptura não é, no fundo, senão uma preparação para a capitulação, e a vossa política de capitulação e ruptura não é mais que uma manifestação do vosso plano geral de traição dos interesses da nação, para satisfação da cupidez dum punhado de indivíduos. O nosso povo tem olhos, saberá desmascarar as vossas conspirações. Rejeitamos categoricamente as afirmações absurdas segundo as quais uma conferência do Pacífico não seria um Munique do Oriente. A chamada conferência do Pacífico é exatamente o Munique do Oriente, que conta transformar a China noutra Checoslováquia. Condenamos firmemente o palavreado que pretende que o imperialismo japonês cairá em si e se disporá a concessões. Os imperialistas japoneses jamais abandonarão a sua política básica de subjugação da China. Os doces discursos japoneses após a queda de Vuhan — por exemplo, a afirmação de que renunciariam a sua política de “não reconhecer o Governo Nacional como interlocutor em negociações” e estariam dispostos, agora, a reconhecê-lo como tal, bem como a afirmação de que, sob certas condições, retirariam as suas tropas do Centro e do Sul da China — fazem exatamente parte da sua pérfida política que visa fazer com que o peixe morda a isca, para depois fritá-lo. Quem quiser morder a isca deve preparar-se para acabar na frigideira. E a mesma perfídia política adotam os capitulacionistas estrangeiros que incitam a China a capitular. Eles encorajam o Japão a prosseguir na agressão a China e ficam a “observar o combate dos tigres, do alto da montanha”, a espera do momento oportuno para organizarem a chamada conferência do Pacífico, onde pensam atuar como mediadores, a cata de algum proveito, a maneira do ladrão que rouba a ladrão. Depositar esperanças nesses conspiradores é cair igualmente em cheio na ratoeira.


A questão de saber se se deve ou não combater está hoje convertida numa questão de guerra ou paz, mas no fundo continua a ser a mesma questão, a primeira e a mais importante de todas, a questão fundamental. Dados os esforços redobrados da política japonesa de incitamento da China a capitulação, dado o redobrar de atividade dos capitulacionistas estrangeiros e sobretudo dadas as hesitações mais acentuadas de certos indivíduos no interior da frente antijaponesa, nestes últimos seis meses fez-se um grande alarido a volta da questão da paz e da guerra e a possibilidade de capitulação passou a ser, na conjuntura política presente, o perigo principal. A luta contra o comunismo, que significa o rompimento da cooperação entre o Kuomintang e o Partido Comunista e a ruptura da unidade na resistência, constitui o primeiro passo dos capitulacionistas em preparação da capitulação. Nessas circunstâncias, incumbe a todos os partidos e grupos patrióticos, bem como a todos os patriotas do país, o dever de seguir com olhos vigilantes a atividade dos capitulacionistas, compreender a particularidade essencial da situação atual, isto é, que a capitulação constitui o perigo principal e a luta contra o comunismo não é mais que a respetiva preparação, e opor-se com todas as forças a capitulação e a ruptura. É absolutamente inadmissível que um grupo de indivíduos faça oscilar e atraiçoe a guerra contra o imperialismo japonês, essa guerra em que a Nação está vertendo o seu próprio sangue já lá vão dois anos. É de todo inadmissível que um grupo de indivíduos sabote e rompa a Frente Única Nacional Antijaponesa criada pelos esforços da totalidade da nação.


Se prosseguirmos na guerra e mantivermos a unidade, a China sobreviverá.


Se aceitarmos a paz e tolerarmos a ruptura, a China perecerá.


O que há pois que admitir, o que há pois que rejeitar? Os compatriotas têm de apressar-se na escolha.


Nós, os comunistas, estamos decididos a continuar a guerra e a manter a unidade.


Todos os partidos e grupos patrióticos, todos os patriotas do país estão igualmente decididos a continuar a guerra e a manter a unidade.


Mesmo que os capitulacionistas que conspiram para a rendição e a ruptura consigam passar temporariamente para a mó de cima, eles não conseguirão mais do que acabar desmascarados e punidos pelo povo. A tarefa histórica que incumbe a nação chinesa é unir-se na resistência pela libertação. Os capitulacionistas desejam seguir o caminho oposto; sejam quais forem, porém, os seus êxitos, seja qual for o seu júbilo ao pensarem que a ninguém precisam de recear, jamais poderão furtar-se ao castigo do povo.


Opor-se a capitulação e a ruptura, eis a tarefa urgente que se impõe atualmente a todos os partidos e grupos patrióticos e a todos os patriotas do país.


Que o povo inteiro se una! Que persevere na resistência, mantenha a unidade e desfaça todas as conspirações tendentes a capitulação e a ruptura!



Mao Tsé-tung


30 de Junho de 1939