"Chongryon: A luta dos coreanos no Japão"
No começo de 1956, a construção daquilo que as autoridades japonesas e o público em geral pensavam ser uma fábrica de baterias, em uma região agora conhecida como Oeste de Tóquio, e que na época era uma área de cultivo, estava quase completa. No entanto, quando a construção da “fábrica” terminou, em 10 de abril daquele ano um cartaz anunciava que ali era a nova casa da Universidade da Coreia, que anteriormente era uma série de barracos anexadas a Primeira Escola Secundária Coreana de Tóquio.
Este episódio é parte de uma muito mais longa e amplamente desconhecida luta anticolonial dos coreanos no Japão, uma luta com implicações e lições para todo o mundo. É uma luta que, assim como a luta dos coreanos de uma maneira mais ampla, têm sido sistematicamente isolada. Como tal, é uma luta que necessita de mais solidariedade internacional, particularmente de nossa parte nos Estados Unidos. É uma luta que pode dar esperança e inspiração para todas as pessoas que lutam contra o colonialismo e o imperialismo.
Além disso, é uma luta na qual a educação – uma das principais tarefas daqueles interessados na transformação revolucionária – é o motor.
Hoje existem cerca de 800.000 coreanos vivendo no Japão, como estrangeiros, ou “residentes permanentes especiais” com nacionalidade norte ou sul-coreana. O Japão é a sua terra nata, mas por causa da divisão da Coreia imposta pelos Estados Unidos, eles ainda não possuem sua pátria de volta.
No Japão eles sofrem discriminações políticas, econômicas e legais, e especialmente desde 2002, estão sofrendo ataques físicos nas mãos das autoridades japonesas e dos grupos de direita. A Chongryon, ou Associação Geral de Coreanos Residentes no Japão, é a organização – ou melhor, movimento – que luta pelos direitos dos coreanos no Japão, apoiando o seu modo de vida, mantendo sua cultura e língua diante do colonialismo contínuo, e trabalhando para a reunificação da pátria.
A origem dos coreanos no Japão: acumulação primitiva, trapaças e escravidão
Existem três principais formas de como os coreanos chegaram ao Japão na era moderna, o que em conjunto explicam como uma distinta – não totalmente homogênea – comunidade coreana começou a residir na pátria colonial. Elas também revelam as formas como o colonialismo japonês e o imperialismo norte-americano criaram a diáspora coreana de uma maneira mais ampla.
Acumulação primitiva
A conquista da Coreia pelo Japão foi um longo processo que encontrou uma feroz resistência. Começou em 1876, quando o Japão forçou que a Coreia abrisse os seus portos e começou a se expandir para as Ilha Ganghwa, no Mar Oeste da península. Através de uma série de procedimentos políticos e legais – cada um deles apoiados pela força ou ameaça de força – o Japão anexou a Coreia em 1905, e em 1910, formalmente submeteu a península ao seu domínio colonial.
A colonização da Coreia pelos japoneses, como todas as colonizações, foi brutal. O Japão violentamente reprimiu a sociedade, política e cultura coreanas, colocando na ilegalidade todo tipo de organização política, bem como a língua coreana. Os japoneses ainda forçaram os coreanos a adotarem nomes japoneses.
Com um crescente poder industrial, o Japão necessitava de colônias para conseguir matérias primas e mão de obra barata. Com a Europa envolvida na Primeira Guerra Mundial, a manufatura japonesa substituiu a manufatura europeia, o que levou a um boom nas exportações em 1910. Com a expansão da economia, os trabalhadores lutavam por uma maior participação nos lucros. Entre 1914 e 1919, a frequência e intensidade das greves cresceram e se intensificaram rapidamente. O capital japonês precisava quebrar o poder do trabalho organizado por meio da importação de mão de obra barata.
Ao mesmo tempo, o Japão estava em um processo de divisão das terras comuns na Coreia, através de um projeto de levantamento de terras a nível nacional. Eles acabaram redistribuindo a terra de camponeses para latifundiários via preços inflacionados e impostos, reavaliando valores, redesenhando limites e instituindo um sistema de registro. Este é um exemplo do que os marxistas chamam de acumulação “primitiva” ou “primária”, processo pela qual os capitalistas adquirem capital e produzem o proletariado, não através da criatividade e frugalidade, mas por meio do roubo e da violência. O levantamento de terras arruinou os pequenos camponeses, transferindo a terra para os japoneses e para um número muito reduzido de latifundiários coreanos colaboradores.
Na medida em que eram expulsos da terra, as companhias japonesas trabalhavam conjuntamente om a polícia colonial para recrutar trabalhadores para as fábricas japonesas. Prometiam aos trabalhadores o pagamento de altos salários e liberdade de viagem, mas ao chegarem se deparavam com o oposto. Muitos demandaram repatriação, mas as companhias raramente eram obrigadas a fazer isso.
Com o final da Primeira Guerra Mundial, a economia japonesa entrou em falência, começando com o crash da bolsa de valores, em março de 1920, a pior crise econômica até o momento. Embora a força de trabalho coreana fosse mais barata e mais contingente do que a japonês, eles foram os primeiros a serem despedidos. Pelas próximas décadas, aqueles que tinham sorte o suficiente para encontrar trabalho eram empregados como trabalhadores diários em projetos de urbanização de larga escala, trabalhando em empregos mais perigosos pelos salários mais baixos. Foram os coreanos que construíram muitas das barragens, estradas e projetos habitacionais que existem no Japão até os dias de hoje.
Escravidão sexual
A extensiva rede de escravidão sexual japonesa representa outro aspecto do movimento dos coreanos no Japão. Os militaristas japoneses enganaram e sequestraram centenas de milhares de mulheres para que servissem como escrava sexual dos soldados japoneses.
A prática não poderia ser mais brutal. As mulheres eram sistematicamente estupradas e espancadas dezenas de vezes por dia. Quando elas ficavam doentes, eram assassinadas ou deixadas para morrer sozinhas.
Enquanto as chamadas “mulheres de conforto” eram sequestradas das colônias japonesas, de Taiwan até as Filipinas, a maioria delas vinham da Coreia e Manchúria (uma grande porcentagem do povo na Manchúria durante essa época era de coreanos).
A prática continuou no sul da Coreia depois que o império japonês entrou em colapso, em 1945 e os Estados Unidos entrou no país. Em outras palavras, quando os Estados Unidos tomaram o controle da Coreia do Japão, eles também tomaram o controle dessas estações de estupro. Durante a guerra da Coreia, essas estações serviam as tropas da República da Coreia, bem como a das Nações Unidas.
A luta por justiça para essas mulheres continua e é parte importante do amplo movimento de paz e justiça dos coreanos. Da mesma forma, a repressão contra essa luta continua. O governo japonês recentemente promoveu uma campanha para que cidades ao redor do mundo removam as estátuas em memória as Mulheres de Conforto, de São Francisco à Manila. Eles até mesmo tentaram influenciar que editoras de livros escolares norte-americanos omitam qualquer menção a escravidão sexual japonesa. Embora todas, com exceção de algumas dúzias, tenham morrido, o seu espírito ainda impulsiona a luta dos coreanos adiante.
A agitação política reverberou ao longo das décadas, na medida que a depressão econômica se juntava com as demandas anticoloniais. Em primeiro de março de 1919, começa um massivo movimento de protesto pela independência dos coreanos.
Dois anotes antes, a Revolução Bolchevique deu uma nova forma a luta dos coreanos por libertação. Comunistas e anarquistas começaram a se reunir nas fronteiras da Rússia, China e Coreia. No começo da década de 20, uma série de sindicatos radicais coreanos foram estabelecidos no Japão. Em 1925, 12 desses sindicatos se fundiram no Roso (Federação Coreana do Trabalho no Japão), que no ano seguinte teria mais de 9.000 membros, e três anos depois mais de 30.000. Em resposta, os coreanos foram severamente reprimidos no Japão, com os seus movimentos policiados e altamente regulados.
Trabalho forçado
Apesar da ameaça que a população coreana organizada representava o Japão entre as duas guerras, a Guerra do Pacífico (Segunda Guerra Mundial) trouxe mais uma vez a necessidade de mão de obra adicional. Com as ambições do Japão imperial mobilizando largos segmentos da população japonesa adulta, o Japão trouxe mais de 1 milhão de trabalhadores coreanos para suprir a escassez de mão de obra.
Eles utilizaram a Lei de Mobilização Nacional – aprovada em 1938 para colocar o império em marcha para a Guerra – para recrutar a força trabalhadores coreanos e trazê-los para o Japão, onde serviriam como trabalhadores escravos. Em alguns casos eles eram sequestrados da Coreia, enquanto outros eram enganados que ao chegarem no Japão teriam um futuro brilhante. Uma vez lá, eles não tinham controle sobre suas condições de trabalho e vida.
Trabalhando em fábricas de munições, construção e mineração, eles também construíram tuneis subterrâneos secretos que serviam como base para armazenar aviões e bunkers para a força aérea. Coreanos, frequentemente crianças, construíram centenas de milhares de redes de tuneis com suas mãos e picaretas. Logo após a derrota do Japão em 1945, o governo ordenou que todos os documentos relacionados a esse projeto fossem queimados, então ninguém poderia saber quantos morreram na construção. Durante as últimas décadas, ativistas japoneses e coreanos vêm estudando essa questão. Acadêmicos descobriram que os tuneis eram usados para armazenar munições durante a guerra dos Estados Unidos contra a Coreia.
Muitos desses trabalhadores escravos morreram durante os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki. Eles nunca foram reconhecidos pela história japonesa.
Um tempolo budista da Chongryon, junto com grupos civis no Japão e de ambas Coreias, encontraram alguns restos mortais e atualmente lutam para trazê-los para o Parque da Paz da Zona Desmilitarizada da Coreia.
O colapso do império japonês na Coreia: derrota e libertação parcial
A rendição incondicional do Japão, em 15 de agosto de 1945, não se iguala diretamente a libertação da Coreia.
Desde 1931, guerrilhas nacionalistas e comunistas lutaram nas montanhas da Manchúria contra os japoneses. Kim Il Sung emergiu como um líder particularmente eficaz durante este período, tanto que os japoneses tinham destacamentos especiais encarregados de assassiná-lo. Enquanto as guerrilhas se espalhavam por toda a Manchúria e na parte norte da Coreia, os Estados Unidos se mobilizaram para que elas não tomassem toda a península.
Na noite anterior a rendição japonesa, dois oficiais subordinados dos Estados Unidos, Dean Rusk e Charles Bonesteel, pegaram um mapa geográfico da Coreia. Nenhum dos dois havia estado ou falavam uma palavra em coreano. Eles dividiram o país ao longo do paralelo 38, que estava aproximadamente no meio, mas permitia que os Estados Unidos mantivessem o controle da capital, Seul. Os Estados Unidos e a União Soviética tinham concordado em temporariamente o país ao meio, com o exército de cada um ocupando um respectivo território. A divisão duraria cinco anos, momento em que ambas as tropas, soviéticas e norte-americanas, partiriam.
Com a derrota japonesa, comitês populares surgiram espontaneamente por toda a península coreana. No Norte, estes formariam a base de um governo provisório, e a União Soviética apoiaria todas as decisões feitas pelo poder local. No Sul, ao contrário, os Estados Unidos estabeleceram uma ditadura militar, apoiando Syngman Rhee, que havia estudado em Princeton e Harvard e socializado com o establishment político norte-americano por décadas. A ditadura suprimiu violentamente os comitês populares e massacrou a esquerda.
Era evidente para qualquer observador que sem a ocupação militar norte-americana, os nacionalistas e comunistas venceriam na Coreia. Como tal, os Estados Unidos moveram para tornar a ocupação permanente, realizando eleições no Sul em 1948. A maior parte da população boicotou a eleição e a União Soviética e o governo provisório no Norte denunciaram o movimento.
Em resposta a esta construção artificial do Estado Sul-coreano, a República da Coreia, a República Popular Democrática da Coreia foi fundada no Norte em 9 de setembro de 1948.
Isso serviu para aumentar as incertezas e aguçar a luta. A Coreia havia sido um país unido por séculos e ninguém aceitava a divisão em dois estados como legítimo ou permanente. Havia um consenso geral de que se os Estados Unidos tivessem seguido adiante com o seu acordo inicial com a União Soviética, permitindo a realização de eleições em todo o país, Kim Il Sung haveria vencido sem esforços. Os Estados Unidos certamente sabiam disto, razão pela qual criaram o Estado sul-coreano.
Coreanos no Japão em uma década de incerteza
Com a derrota do Japão em 15 de agosto, 1945, havia entre 2 e 2,5 milhões de coreanos no Japão. Uma pesquisa do governo descobriu que 80% dos coreanos no Japão desejavam retornar para casa, mas eles não podiam por três razões. A primeira, o Quartel-General – o supervisor dos Estados Unidos comandado por Dougllas MacArthur – não os deixaria levar nenhuma propriedade com eles. Segundo, aqueles que fossem não seriam permitidos retornar e visitar os familiares que ficaram. Finalmente, porque os coreanos sofreram por décadas baixo a superexploração, a maioria não tinha nenhuma condição para se repatriar.
Os coreanos no Japão estavam em um estado de limbo. Eles, também, recusaram a aceitar que esta situação como legítima ou permanente. Mais ainda, por volta de 90% vinham da parte Sul da península. Alguns voltaram para casa para encontrar ocupação norte-americana, violência, caos, doenças e extrema insegurança econômica. De fato, comunistas da parte mais meridional do país – que estavam mais geograficamente próximos do Japão do que da RPDC – fugiram para o Japão para escapar da repressão militar da ditadura de Rhee na Coreia do Sul.
Por exemplo, 40.000 coreanos foram para o Japão depois que as autoridades sul-coreanas, apoiadas pela administração militar norte-americana, esmagaram o levante nacionalista e comunista na Ilha Jeju, em 1948-1949. A certa altura, cerca de 4/5 da população da ilha vivia em Osaka.
Em 15 de outubro de 1945, nacionalistas, comunistas e coreanos progressistas em geral formaram a Joryon, ou Federação dos Coreanos no Japão. A Joryon se inclinava cada vez mais para o governo provincial no Norte, e particularmente para a liderança de Kim Il-Sung, que possuía um alto prestígio não só entre coreanos, mas também entre radicais e intelectuais japoneses e todos os povos progressistas do mundo. A Joryon tinha assim uma aliança com o Partido Comunista Japonês (e de fato havia uma longa e complexa história de cooperação entre coreanos e revolucionários japoneses).
As escolas foram estabelecidas reivindicando a cultura coreana que o Japão havia se esforçado tanto para suprimir. Isto também foi visto como uma preparação para um eventual retorno para uma Coreia unida. Os japoneses iriam depois (e temporariamente) apoiar os esforços dos coreanos por repatriação para a RPDC, com o desejo de se livrarem da população que eles viam como “rebelde” e “etnicamente inferior.” Antes da repatriação terminar em 1984, mais de 90.000 coreanos haviam retornado para a RPDC. Muitos enviaram membros da família com a esperança de que em breve a Coreia seria reunificada. Como resultado, muitos coreanos no Japão atual possuem parentes na RPDC.
As escolas da Joryon representaram uma ameaça a ordem pós-guerra e muitas delas foram fechadas. Então, coincidindo com a formação da RPDC e da ROC, em 1948-49, o Quartel General invadiu e desmantelou violentamente a Joryon e suas escolas, matando vários estudantes neste processo.
A Mindan (União de Coreanos Residentes no Japão), uma organização pró-EUA e pró-japonesa rival, foi formada em 1946. Mindan era – e ainda é – leal à República da Coreia, e os membros da Mindan são cidadãos sul-coreanos. Eles não sofreram nenhuma repressão estatal, embora seus membros ainda sofram racismo e discriminação anti-coreana.
Chongryon: Lutando contra a discriminação, pela paz e pela reunificação
A Guerra dos Estados Unidos contra a Coreia, de junho de 1950 até julho de 1953, enraizou profundamente a divisão da península. Os coreanos no Japão tinham que, em certo sentido, escolher entre a RPDC e a ROC. A esmagadora maioria da população (cerca de 90%) apoiou a RPDC, vendo-a – em vez dos fantoches dos Estados Unidos da ROC – como a representante da nação coreana. Afinal, um governo popular dominava o Norte, apoiado pelo prestígio internacional de Kim Il Sung e outros grandes guerrilheiros.
Sob o domínio colonial japonês, os coreanos eram cidadãos japoneses. Mas em 1952 sua nacionalidade foi revogada. Perderam o direito ao voto, não podiam viajar e estavam excluídos de uma série de oportunidades de emprego. Eles estavam isolados. Além disso, muitos agora eram da segunda geração, o que quer dizer que eles tinham crescido e vivido a vida toda no Japão.
Não havia escolas japonesas onde qualquer coisa coreana fosse ensinada, ou mesmo onde os estudantes pudessem falar coreano. O racismo anticoreano era galopante em todas as escolas e sociedade japonesas.
Uma nova organização para progressistas, comunistas e nacionalistas estava sendo preparada desde a dissolução violenta da Joryon, mas somente no início de 1955 que uma nova organização surgiu: a Chongryon. Ela foi fundada oficialmente em 25 de maio daquele ano. A organização foi fundada especificamente para organizar ao redor da RPDC os coreanos no Japão, o que significava trabalhar para a reunificação pacífica e criação de suas próprias instituições culturais e institucionais no Japão.
A Chongryon olha para dentro de sua própria comunidade e também para sua terra natal. Ela tomou a posição de não interferência na política japonesa, aderindo as leis japonesas (assim cortando laços com o Partido Comunista Japonês).
Com um financiamento generoso vindo da RPDC – ainda mais significante dado ao fato de que a RPDC estava naquela época reconstruindo sua infraestrutura depois da devastação da guerra – a Chongryon iniciou a reconstrução de centenas de escolas, bem como de associações, equipes esportivas, instituições culturais e profissionais. Eles chegaram até estabelecer o seu próprio banco e uma companhia de seguros.
Foi neste cenário que os coreanos no Japão construíram a “fábrica de baterias”, ou melhor, a Universidade da Coreia – a única instituição de educação superior da Chongryon.
Educação Coreana no Japão atual e a luta contra a discriminação
As escolas da Chongryon são relativamente autônomas do controle japonês porque elas tecnicamente não são “escolas”. Em vez disso, sob a Lei de Educação Escolar do Japão, elas são consideras como “escolas diversas”. Isto significa que elas têm o seu próprio currículo e são auto-financiadas, principalmente através de doações e matrículas.
As escolas são amplamente populares dentro da comunidade da Chongryon, mas mesmo os coreanos no Japão que não são afiliados na Chongryon enviam os seus filhos para as escolas, para que eles aprendam sua própria língua, cultura e heranças, estudando em escolas livres do racismo anti-coreano. Isto é particularmente verdade para os casos do ensino fundamental e médio.
Atualmente a Chongryon conta com 10.000 estudantes nas escolas primárias e secundárias. Sua composição é variada: por volta de 45% possuem passaporte da RPDC, 55% passaporte da ROC, e o restante possui passaporte japonês. No entanto, isto não significa que 45% apoia a RPDC, 55% apoia a ROC, e 10% apoia o Japão. Ser um cidadão estrangeiro da RPDC acarreta uma série de fardos adicionais. Eles não podem viajar livremente for a do país, e não podem visitar a Coreia do Sul. Muitos obtêm o passaporte da ROC, mas ainda apoiam a RPDC. Isto permite que eles possam viajar tanto para o Norte, quanto para a Coreia do Sul, bem como para outros países, como os Estados Unidos e a Inglaterra. Ter um passaporte da ROC ou um passaporte japonês não é uma barreira a adesão formal ou informal à Chongryon.
A autonômia da Chongryon vem com um custo significante. Os empregadores discriminam aqueles que possuem diplomas das escolas da Chongryon. Além disso, as universidades japonesas não aceitam diplomas da Chongryon, portanto os estudantes devem pagar e passar em um exame de admissão adicional.
Em 2010, o governo japonês introduziu um programa de dispensa de matrícula para estrangeiros nacionais frequentarem as escolas no Japão. Estudantes em escolas chinesas e americanas, por exemplo, possuem sua educação completamente ou altamente subsidiadas pelo governo. As únicas escolas excluídas são as escolas da Chongryon. Isto durou de jure até 2013, quando o governo Abe tornou oficial o programa através da revisão de uma portaria do ministério. A razão oficial foi a de que o governo não pode verificar o currículo da Chongryon. Contudo, o governo não pediu para verificar o currículo de nenhuma outra escola estrangeira.
Governos locais, no entanto, algumas vezes fornecem subsídios para as escolas da Chongryon. A maioria, no entanto, segue as orientações do governo nacional e cortaram os subsídios.
As famílias também não são elegíveis para existir isenção de impostos pelas doações feitas às escolas da Chongyron, diferente do que ocorre para doações para todas as outras escolas estrangeiras.
Tal estrangulamento financeiro aperta o nó contra toda a Chongryon e, por extensão, contra toda a comunidade coreana no Japão. Com a comunidade da Chongryon excluída de tantos setores da economia japonesa, as famílias não conseguem fazer a diferença através das matriculas, o que significa os orçamentos operacionais e as matrículas diminuam.
Na Primeira Escola Coreana Secundária de Tóquio, onde a quarta e quinta geração de estudantes coreanos são ensinados por professores da terceira geração, o orçamento operacional é de 2 milhões de ienes por ano. Noventa por cento vem das mensalidades e não há financiamento do governo. As escolas secundárias japonesas da região recebem cinquenta por cento de seu financiamento do governo metropolitano de Tóquio. O governo nacional dá as famílias um voucher de 112 milhões de ienes por ano, o que cobre as mensalidades. As escolas coreanas são as únicas inelegíveis para o programa de voucher.
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