"A formação da República Democrática Alemã: reviravolta decisiva na história da Europa"

O povo alemão está em vésperas de viver dias históricos. Pela vontade das massas de milhões de alemães, foi proclamada a 7 de outubro, em Berlim, a República Democrática Alemã. Ao mesmo tempo o Conselho do Povo Alemão adotava uma decisão pondo em vigor a Constituição da República Democrática Alemã e estabelecendo na Capital da Alemanha, Berlim, um Governo Provisório. Assim, este ato histórico lança os fundamentos "de uma Alemanha unificada, democrática e pacífica..?" (J. Stalin).
No dia 11 de outubro, na sessão comum das duas câmaras do parlamento provisório — a Câmara do Povo e a Câmara dos "Laender"(1) — Wilhelm Pieck, Presidente do Partido Socialista unificado da Alemanha, foi eleito, por unanimidade, Presidente da República Democrática Alemã. A classe operária alemã e o povo alemão, em sua totalidade, conhecem Wilhelm Pieck como um grande militante do movimento operário, como um lutador incansável pela unidade da Alemanha, pela sua transformação em um Estado democrático e pacífico.
O governo provisório da República Democrática Alemã é constituído pelos representantes de todos os grandes partidos políticos do país. O Primeiro Ministro eleito do Governo Provisório é Otto Grotewohl, Vice-Presidente do Partido Socialista Unificado da Alemanha, e seus auxiliares são representantes dos três partidos políticos mais importantes — Walter Ulbricht (Partido Socialista Unificado da Alemanha), Herman Kastner (Partido Liberal Democrata) e Otto Nuschke (União Democrática Cristã). O governo compreende 14 Ministros, dos quais 6 são membros do Partido Socialista Unificado da Alemanha, 3 membros da União Democrática Cristã, 2 membros do Partido Liberal Democrata, 1 do Partido Democrático Camponês, 1 do Partido Nacional Democrata e 1 sem partido.
A composição do Governo Provisório da República Democrática demonstra que ele é justamente considerado como o governo de uma ampla coalizão democrática.
O Governo Provisório da República Democrática Alemã declarou, no seu programa político, que se manteria nas posições da Conferência de Potsdam e cumpriria com as obrigações decorrentes das decisões a que chegaram em comum as quatro potências, que se traçava como objetivo o restabelecimento da unidade da Alemanha e a sua transformação em Estado democrático e pacífico.
Em relação com a formação do Governo Provisório da República Democrática Alemã e levando em conta a legítima determinação dos meios democráticos alemães no sentido de tomar em suas mãos o restabelecimento da unidade da Alemanha e a sua transformação em um Estado democrático e pacífico, o Governo Soviético tomou a decisão de transferir as funções de governo, que até então pertenciam à administração militar soviética, ao Governo Provisório da República Democrática Alemã. Em lugar da administração militar soviética, uma comissão de controle soviética será criada em Berlim. Ela terá por tarefa exercer o controle da execução das decisões de Potsdam e das outras decisões comuns das quatro potências em relação à Alemanha.
O povo alemão e os meios democráticos do mundo inteiro saúdam essa decisão do Governo Soviético, vendo nela um novo testemunho brilhante da luta intransigente da União Soviética pela transformação da Alemanha em Estado democrático e pacífico, e uma manifestação de respeito para com o povo alemão e de fé nas suas crescente forças democráticas. O Governo da URSS procedeu a uma troca de missões diplomáticas com o Governo Provisório da República Democrática Alemã.
A formação da República Democrática Alemã é um acontecimento de grande alcance internacional. Na sua histórica mensagem ao Presidente da República Democrática Alemã. Wilhelm Pieck, e ao Primeiro Ministro do Governo da República Democrática Alemã, Otto Grotewohl, datada de 13 de outubro, o camarada Stalin fez uma apreciação profunda desse acontecimento, ao indicar que:
"A formação de uma República democrática e pacifica alemã constitui uma reviravolta na história da Europa. Está fora de dúvida que a existência de uma Alemanha pacífica e democrática, ao lado da existência de uma União Soviética pacífica, exclui a possibilidade de novas guerras na Europa, põe fim aos derramamentos de sangue na Europa e torna impossível a escravização dos países europeus pelos imperialistas mundiais".
Essa mensagem histórica do camarada Stalin foi acolhida com entusiasmo pela população de toda a Alemanha e reforçou a determinação do povo alemão de lutar por uma Alemanha unificada e democrática, pela causa da paz. Essa mensagem teve repercussão no mundo inteiro e revelou a todos os povos a importância considerável, para a causa da paz e da segurança mundial, dos acontecimentos que se desenrolam na Alemanha.
A formação da República Democrática Alemã demonstra que as massas populares alemãs que, já mais de uma vez, foram utilizadas pelas forças militaristas para a realização dos seus objetivos de agressão e de guerra, não querem mais marchar por esse caminho, não querem mais ser um joguete nas mãos das forças de destruição e de guerra. Significa que, de centro do militarismo e da agressão, a Alemanha se torna um fator importante da paz e da segurança internacional. A criação de uma Alemanha assim está de acordo com os vitais interesses de todos os povos pacíficos. Ao estabelecer os fundamentos de uma Alemanha unificada, democrática e pacífica, o povo alemão realiza ao mesmo tempo "uma grande obra para toda da Europa, ao garantir-lhe uma paz duradoura" (J. Stalin).
Importantes forças democráticas atingiram a maturidade na Alemanha, e essas forças não querem acomodar-se à política anglo-americana de divisão do país e de formação de um governo separado da Alemanha Ocidental, governo composto dos lacaios de ontem do regime hitlerista e hostil às decisões da Conferência de Potsdam relativas à democratização e à desmilitarização da Alemanha. A luta das forças patrióticas do povo alemão contra a divisão da Alemanha tomou o caráter de um vasto movimento popular pela unidade e pela paz.
A formação da República Democrática Alemã demonstra de maneira convincente que a política das potências ocidentais na Alemanha está condenada ao fracasso, uma vez que é contrária aos interesses do povo alemão. A criação da República Democrática Alemã constitui um golpe vigoroso vibrado contra os instigadores anglo-americanos de uma nova guerra. Eis por que todo o campo da reação mundial — desde os monopolistas americanos até os seus lacaios socialdemocratas alemães do tipo de Schumacher — intervém, na sua cólera impotente, contra a República Democrática Alemã e contra as forças progressistas do povo alemão.
A política das potências ocidentais em relação à Alemanha é uma política de restauração das forças reacionárias, fascistas, imbuídas do espírito de revanche, e de liquidação do Estado alemão independente. A política da URSS na questão alemã consiste na execução consequente e intransigente dos acordos quadripartites sobre a Alemanha, e na luta infatigável pela transformação da Alemanha em um Estado democrático e pacífico.
Em plena guerra os governos da URSS, dos Estados Unidos e da Inglaterra elaboraram os princípios fundamentais da política de pós-guerra em relação à Alemanha. A União Soviética, que representava o papel decisivo e que suportava o principal fardo na guerra contra a Alemanha hitlerista, teve uma influência determinante sobre o caráter de tais princípios e das tarefas de organização da Alemanha após o fim da guerra, tarefas que diziam respeito à transformação da Alemanha em um Estado unificado, independente, democrático e pacífico. Ora, os meios dirigentes dos Estados Unidos e da Inglaterra, tendo tomado o caminho de uma nova guerra contra a URSS e os países de democracia popular, violam abertamente esses princípios.
Sabe-se que, a partir do momento da agressão da Alemanha hitlerista contra a URSS, os meios reacionários dos Estados Unidos e da Inglaterra traçaram planos que nada tinham em comum com a causa da paz.
Aliás, o próprio fato da agressão hitlerista contra a URSS era obra sua, em grande parte. Como apontamos na nossa nota histórica "Os falsificadores da História", os bancos e os trustes americanos, agindo em contato com o governo dos Estados Unidos, ajudaram a reconstrução e o desenvolvimento do potencial industrial de guerra da Alemanha. A nota afirma:
"Foi esta chuva de ouro, de dólares americanos, que fecundou a indústria pesada da Alemanha hitlerista e, em particular, sua indústria de guerra".
Em 1938 a Inglaterra e a França desenvolveram esforços, ambas com tenacidade, no sentido de celebrar acordos com Hitler, com o objetivo de abrir caminho à agressão hitlerista contra a União Soviética.
Ao excitar a Alemanha contra a URSS, os meios imperialistas dos Estados Unidos e da Inglaterra esperavam enfraquecer os dois povos e depois conquistá-los e escravizá-los. Sabe-se que o senador Truman, hoje presidente dos Estados Unidos, declarava então:
"Se virmos a Alemanha conseguir vantagens, devemos ajudar a Rússia, mas se for a Rússia que obtiver êxitos, devemos ajudar a Alemanha, a fim de que se matem o mais possível"(2).
Com o objetivo de enfraquecer a URSS, os meios imperialistas dos Estados Unidos e da Inglaterra praticavam uma política tendente a prolongar o mais possível a guerra e a adiar o esmagamento do hitlerismo.
É inteiramente compreensível que não se podia esperar, da parte dos meios imperialistas anglo-americanos, uma atitude desinteressada e democrática relativamente à organização do mundo de após guerra e ao povo alemão, uma vez que, no outono de 1941 assim como em 1942 e 1943, realizaram, à revelia da União Soviética, conversações com os hitleristas com o objetivo de concluírem a paz.
Esses meios imperialistas esforçavam-se por manter na Alemanha os elementos reacionários e fascistas, sobre os quais pudessem apoiar-se na luta contra as forças democráticas do povo alemão, para transformação da Alemanha em colônia do imperialismo anglo-americano. Alguns dirigentes do campo imperialista, como, por exemplo, lord Vansittart, preconizaram abertamente planos de destruição total da nação alemã. Outros propuseram desmembrar a Alemanha em uma série de pequenos Estados, o que teria conduzido inevitavelmente à escravização do povo alemão pelo capital anglo-americano e à supressão do Estado alemão. Assim, em 1943, na Conferência de Teerã, os representantes dos Estados Unidos propuseram a divisão da Alemanha em cinco partes; essa proposta foi apoiada pelos representantes ingleses. Em outubro de 1944, Churchill e Eden apresentaram uma proposta preconizando a divisão da Alemanha em três Estados separados.
A União Soviética não podia aceitar os planos de supressão da Alemanha como Estado independente. No seu apelo ao povo datado de 9 de maio de 1945, o camarada Stalin declarou:
"A União Soviética celebra a vitória, embora não se proponha nem a desmembrar e nem a aniquilar a Alemanha".
A União Soviética não se guiava por sentimentos de vingança em relação ao povo alemão, por ocasião da elaboração dos princípios de organização da Alemanha de pós-guerra; os objetivos visados pelos imperialistas anglo-americanos são estranhas ao povo soviético. Ao fazer a guerra contra a Alemanha hitlerista, a União Soviética sabia que não se deve identificar o povo alemão com os imperialistas alemães. O camarada Stalin declarou no seu discurso de 23 de fevereiro de 1942:
"... seria ridículo identificar a camarilha de Hitler com o povo alemão, com o Estado alemão. A experiência histórica nos diz que os Hitler vêm e vão, enquanto que o povo alemão e o Estado alemão permanecem".(3)
A União Soviética não podia deixar, na elaboração dos princípios da política de pós-guerra em relação à Alemanha, de levar em conta os interesses vitais do povo alemão, a sua determinação de se libertar da opressão hitlerista e de tomar o caminho do desenvolvimento pacífico e democrático.
As decisões da Conferência de Yalta têm tido uma importância particular na determinação da política de pós-guerra das cinco potências em relação à Alemanha. Foi na Conferência de Yalta, realizada em fevereiro de 1945, que se tomaram as decisões relativas à política geral e aos planos de execução forçada das cláusulas de capitulação incondicional da Alemanha. Nessas decisões, indicava-se:
"O nosso objetivo irrevogável é o aniquilamento do militarismo alemão e do nazismo e a criação de garantias no sentido de que a Alemanha não esteja nunca em condições de violar a paz de todo o mundo".
As grandes potências declararam solenemente, então, que o aniquilamento do povo alemão não fazia parte dos seus objetivos; logo que a influência militarista e fascista fosse eliminada das instituições públicas e da vida cultural e econômica da Alemanha, o povo alemão poderia ocupar o lugar que lhe é devido na comunidade das nações. Assim, ao impor às grandes potências a obrigação de desmilitarizar e de democratizar a Alemanha, as decisões da Conferência de Potsdam abriam ao povo alemão a perspectiva da criação de uma Alemanha nova e pacífica. Do mesmo modo, as decisões de Yalta estavam não somente de acordo com os interesses dos povos europeus mas também com os interesses vitais do próprio povo alemão, ao garantir a transformação de sua vida na base de princípios democráticos e pacíficos.
Nas suas decisões comuns, tomadas posteriormente sobre a questão alemã, a URSS, os Estados Unidos, a Inglaterra e a França se inspiraram nas decisões da Conferência de Yalta. Sabe-se, por exemplo, que em maio de 1945 as quatro potências assinaram um "Acordo sobre o mecanismo de controle da Alemanha". À base desse acordo estabeleceu-se o princípio, adotado na Conferência de Yalta, relativamente à aplicação de uma política comum, coordenada, para as questões relativas à Alemanha em seu conjunto. Foi com esse objetivo que se instituirá em Berlim um organismo quadripartite — o Conselho de Controle.
Esse importante princípio da colaboração e da coordenação da atividade das 4 potências para solução da questão alemã serviu de base às históricas decisões de Potsdam. A Conferência de Potsdam proclamou todo um programa de ações comuns das grandes potências tendentes a colocar a Alemanha no caminho do desenvolvimento democrático e pacífico e a garantir, por isso mesmo, a salvaguarda de uma paz duradoura e sólida na Europa. Na Conferência de Potsdam adotaram-se decisões relativas aos princípios políticos e econômicos da conduta harmônica das potências ocupantes em relação à Alemanha vencida no decorrer do período do controle comum. Os objetivos da ocupação da Alemanha foram ali claramente formulados: desarmamento total e desmilitarização da Alemanha, supressão do partido fascista e proibição de qualquer atividade ou propaganda fascista e militarista; reconstrução da vida política alemã numa base democrática e pacífica a fim de que a Alemanha possa ser convidada posteriormente a cooperar na vida internacional.
Essas decisões, todavia, não foram postas em prática por culpa dos governos dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França. Os governos desses países seguiram o caminho da violação dos acordos quadripartites relativamente à Alemanha, o caminho da divisão da Alemanha.
Os EUA, a Inglaterra e a França Violam Sistematicamente as Decisões de Yalta e Potsdam
O caminho percorrido pelas potências ocidentais, de Potsdam a Bonn — constitui uma cadeia ininterrupta de violações das decisões quadripartites e uma política de divisão, de desmembramento da Alemanha e de sabotagem do tratado de paz com a Alemanha.
A partir de abril-julho de 1946, por ocasião da realização da Conferência de Paris do Conselho dos Ministros dos Negócios Estrangeiros, tornou-se evidente, no decorrer da discussão sobre a questão alemã que, embora as delegações da França, dos Estados Unidos e da Inglaterra se pronunciassem formalmente pela solução pacífica da questão alemã, criavam na prática dificuldades intransponíveis nesse sentido. Assim, na sessão de 10 de julho, o chefe da delegação francesa declarou abertamente que era inoportuna, então, a discussão do problema do estabelecimento de um governo central para toda a Alemanha. A despeito da decisão da Conferência de Potsdam em considerar a Alemanha como um todo único, o ministro do exterior dos Estados Unidos declarou na ocasião que o governo americano daria instruções à sua administração militar na Alemanha relativamente à fusão das zonas inglesa e americana. Inaugurou-se, assim, a cisão da Alemanha.
Na Conferência de Moscou do Conselho dos Ministros dos Negócios Estrangeiros, realizada em março-abril de 1947, celebraram-se acordos sobre um certo número de problemas.
Os governos dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França tomaram, porém, o caminho da solução em separado da questão alemã. Logo após a Conferência de Moscou, as potências ocidentais se encarregaram de aprofundar a cisão da Alemanha. Já em maio de 1947 o general americano Clay e o general inglês Robertson concluíam um acordo em separado sobre a criação de um conselho econômico alemão bizonal e dos outros organismos administrativos, dotados de poderes políticos.
O governo soviético chamou, por mais de uma vez, a atenção dos governos dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França sobre as consequências desagradáveis da política de divisão da Alemanha, levada à prática por esses últimos, e sobre a responsabilidade que assumem esses governos ao tomar o caminho da recusa em cumprir os compromissos firmados anteriormente em relação à Alemanha. Ora, ignorando as obrigações livremente assumidas, as potências ocidentais continuaram a aplicar na Alemanha uma política contrária aos acordos de Potsdam. Em 1947, por ocasião da Conferência de Londres do Conselho dos Ministros dos Negócios Estrangeiros, os governos da Inglaterra, dos Estados Unidos e da França não ocultaram a sua intenção de liquidar o Conselho dos Ministros dos Negócios Estrangeiros na qualidade de organismo das quatro potências. Declararam que tratariam a Alemanha de acordo com os seus próprios planos, sem passar pelo Conselho dos Ministros dos Negócios Estrangeiros. Os governos dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França recusaram, então, as propostas da União Soviética para a formação imediata de um governo democrático para o conjunto da Alemanha, a preparação sem tardança do tratado de paz, etc.
Os governos dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França entabularam entre si, à revelia do Conselho dos Ministros dos Negócios Estrangeiros, negociações em separado relativas à criação de um Estado da Alemanha Ocidental, ao estabelecimento de um regime especial no Ruhr, as fronteiras da Alemanha Ocidental e ao estatuto de ocupação para a Alemanha Ocidental. Ora, em virtude da declaração sobre a derrota da Alemanha e dos outros acordos, essas questões deveriam ser solucionadas em comum pelas quatro potências ocupantes da Alemanha.
Os atos das potências ocidentais revelam claramente que estas orientam a sua política no sentido da cisão da Alemanha, no sentido do prolongamento da ocupação da Alemanha. Caracterizando essa política separatista, Molotov teve oportunidade de declarar, na Conferência de Londres do Conselho dos Ministros dos Negócios Estrangeiros:
"... As delegações das potências ocidentais demonstraram que não desejavam de forma alguma o estabelecimento da unidade da Alemanha. Demonstraram que preferem aplicar a sua política em separado, que conduz à divisão definitiva da Alemanha."
Em janeiro de 1948 as autoridades anglo-americanas adotaram, na Conferência de Francfurt-Sobre-o-Meno, algumas decisões que deram aos organismos bizonais um caráter governamental. Os resultados da Conferência de Londres das três potências, com a participação dos países do Benelux [BElgië, NEderland e LUXembourg] e organizada na primeira metade de 1948, testemunham que os Estados Unidos, a Inglaterra e a França tomaram abertamente o caminho da violação não apenas do acordo sobre o mecanismo de controle da Alemanha, mas também do acordo de Potsdam sobre o Conselho dos Ministros dos Negócios Estrangeiros.
Os governos das três potências examinaram na Conferência de Londres, sem a participação da URSS, as questões que dizem respeito ao conjunto da Alemanha. Verifica-se, pois, que as decisões da Conferência de Londres constituíram o remate da política separatista das potências ocidentais. O coroamento dessa política foi a aplicação da reforma monetária em separado nas zonas ocidentais e a preparação da criação do Estaco ocidental alemão.
É por culpa das três potências que o Conselho de Controle, organismo aliado de coordenação, deixou de funcionar em Berlim. Em 18 de junho de 1948, as autoridades de ocupação americanas, inglesas ou francesas anunciaram a reforma monetária para as suas zonas: levantou-se, assim, dividindo a Alemanha em duas, uma muralha entre as zonas ocidental e a zona oriental. Tudo isso comprometia todas as decisões quadripartites relativas à Alemanha, decisões que garantiam a supressão de seu potencial de guerra, o desenvolvimento do país num sentido democrático e a execução, pela Alemanha, de todas as suas obrigações para com as potências aliadas.
As ações das potências ocidentais, tomadas em separado, conduziram a uma agravação extraordinária da situação política na Alemanha e na Europa. Na Alemanha Ocidental intensificaram-se as atividades dos elementos militaristas, fascistas e sedentos de vingança assim como as perseguições e a repressão às personalidades e organizações democráticas, ao mesmo tempo que cessaram as atividades dos organismos quadripartites.
Contudo, a política em separado dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França em relação à Alemanha, política que consiste em ignorar as decisões de Potsdam, conduziram esses governos a um impasse. Na primavera de 1949 foram obrigados a procurar uma saída a tal impasse e solicitaram a convocação do Conselho dos Ministros dos Negócios Estrangeiros das quatro potências para um exame das questões concernentes à Alemanha e Berlim. No decorrer da Conferência convocada então, as quatro potências celebraram um acordo comprometendo-se a desenvolver os seus esforços com o objetivo de restabelecer a unidade econômica e política da Alemanha. Contudo, as potencias ocidentais violaram esse acordo três meses depois.
A política anglo-americana de divisão da Alemanha teve como resultado pratico a formação, em 20 de setembro de 1949, do governo fantoche da Alemanha Ocidental, com sede em Bonn.
A fim de dissimular a essência imperialista dos seus planos, os governos dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França esforçaram-se por demonstrar que, com a formação do "Estado" da Alemanha Ocidental, outorgam ao povo alemão alguns direitos de povo soberano. Porém, os Estados Unidos, a Inglaterra e a França na realidade impuseram à população alemã um estatuto de ocupação e conservaram em seu poder o monopólio das funções essenciais da administração do Estado, afastando o povo alemão da participação das funções políticas. A "constituição" antidemocrática de Bonn, imposta à população da Alemanha Ocidental e elaborada sob a pressão das autoridades de ocupação das potências ocidentais, é um desprezível apêndice do estatuto de ocupação. Priva o povo alemão de seus direitos soberanos. O artigo 24 dessa "constituição" estipula abertamente que o "Estado" alemão do Oeste pode "transferir os seus direitos soberanos aos organismos internacionais" e "concordar com a limitação de seus direitos soberanos". A "Constituição de Bonn" faz do "Estado" fantoche da Alemanha Ocidental um instrumento dócil das autoridades de ocupação ocidentais, e serve aos interesses dos monopólios e dos junkers e aos planos agressivos das potências ocidentais.
A formação do Estado separado da Alemanha Ocidental constitui uma violação, pelos governos dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França, das decisões de Yalta e de Potsdam relativas à Alemanha. Essa medida, que nada tem a ver com as tarefas do estabelecimento da paz com a Alemanha, complica a solução do problema alemão na base do acordo de Potsdam e prolonga a ocupação da Alemanha por um período indeterminado, no interesse dos monopólios anglo-americanos, impedindo a instituição de uma paz sólida na Europa.
Hoje está claro a todos que os governos dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França não estão interessados na conclusão rápida do tratado de paz e na retirada das tropas de ocupação da Alemanha. A política dos meios dirigentes anglo-americanos consiste em fazer renascer as forças reacionárias e vingativas alemãs, em salvaguardar os interesses dos monopólios agressivos alemães que ainda ontem eram o sustentáculo da agressão hitlerista, em transformar de novo a Alemanha Ocidental em foro principal da criação de uma atmosfera de tensão e em base estratégica de uma futura agressão na Europa. Os imperialistas desejam continuar a ser senhores absolutos da Alemanha.
A atividade dos imperialistas anglo-americanos e franceses na Alemanha Ocidental já conduziu a que essa parte da Alemanha se encontre em face da catástrofe econômica. O domínio dos monopólios anglo-americanos na Alemanha Ocidental sufoca a economia alemã. As dívidas se elevam a 5 bilhões de dólares e continuam a aumentar, o que constitui um pesado fardo para a população da Alemanha Ocidental. Na Alemanha Ocidental as cidades estão em ruínas e a indústria de paz está a caminho da destruição. O desemprego aumenta diariamente: há 1.300.000 desempregados na Alemanha Ocidental. A produção agrícola é baixa e abandonada, a fome e a miséria aumentam; todos os indícios da crise econômica iminente se fazem sentir na Alemanha Ocidental.
A política dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França nos leva à convicção de que esses Estados não querem a transformação da Alemanha num Estado unificado, democrático e pacífico. Têm necessidade de uma Alemanha que seja um instrumento dócil na realização dos planos criminosos da agressão mundial e que não seja um concorrente perigoso nos mercados mundiais. Os imperialistas dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França têm medo de uma Alemanha pacífica e democrática, dado que a existência de uma tal Alemanha, ligada à existência da União Soviética, põe fim às efusões de sangue na Europa e torna impossível a escravização dos Estados europeus pelos imperialistas mundiais.
Na sua nota de 1 de outubro, o governo soviético chamou de novo a atenção dos governos dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França sobre a responsabilidade, extremamente séria, que assumem pela política que conduziu à formação do governo antipopular, separado, de Bonn. O governo soviético declarava:
"dado que o governo separado em questão foi formado em Bonn, criou-se hoje na Alemanha uma situação nova que empresta uma importância particularmente grande à realização das tarefas que visam o restabelecimento da unidade da Alemanha como Estado democrático e pacífico, e a garantia do cumprimento, pela Alemanha, das obrigações que lhe foram indicadas pelo acordo de Potsdam das quatro potências".
A Política Stalinista da Criação de uma Alemanha Pacífica e Democrática
A União Soviética sempre obedeceu, e continua a obedecer aos princípios dos acordos de Yalta e Potsdam, considerando-os como base fundamental para uma solução pacífica da questão alemã e da criação de uma paz sólida e durável. Na sua política a respeito da Alemanha, o governo soviético inspira-se nas célebres indicações do camarada Stalin. Mesmo na época em que os hitleristas uivavam afirmando que iam destruir a Rússia, o camarada Stalin, ao escarnecer dessa bazófia estúpida, declarou:
"...É impossível destruir a Alemanha, assim como é impossível destruir a Rússia. Mas pode-se e deve-se destruir o Estado hitlerista"(4).
O governo soviético segue inflexivelmente essas indicações do camarada Stalin. Todas as medidas tomadas pelas autoridades soviéticas de ocupação na Alemanha estão impregnadas da ideia stalinista de transformação da Alemanha em um Estado pacífico, democrático e independente.
De acordo com as decisões da Conferência de Potsdam, a União Soviética pôs em execução as tarefas da