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"Sobre o trabalho de massas"



O presente documento traduzido pelo NOVACULTURA.info, “Sobre o trabalho de massas”, foi escrito pelo Partido Comunista das Filipinas (PCF) no ano de 1995, como parte do amplo movimento político que ficou conhecido como Segundo Movimento de Retificação. Como sabem os leitores de nossa página, o PCF é uma das importantes organizações do movimento comunista internacional, um partido maoísta que encabeça uma guerra popular prolongada contra o Estado reacionário filipino desde 1969. Em meados dos anos 1980, a despeito do avanço da luta revolucionária nas Filipinas, o Partido caiu em uma série de erros oportunistas de esquerda e de direita. Havia inúmeras noções e posições políticas equivocadas, como o gorbachevismo, trotskismo, parlamentarismo, “teoria do capitalismo dependente”, “insurreicionismo urbano”, que impediram que o avanço da luta prosseguisse, e mergulharam o movimento revolucionário em uma profunda crise, que somente seria resolvida após anos da condução do Segundo Movimento de Retificação. Para aqueles interessados, as Edições Nova Cultura chegaram a editar livros específicos sobre este período do movimento revolucionário filipino.


O documento se divide da seguinte forma:



Desde há alguns anos, particularmente desde 2018, desenvolve-se entre os círculos socialistas brasileiros um intenso debate a respeito do problema de se “retomar o trabalho de base”, de ir às massas, etc. Pensamos que nossa iniciativa de traduzir e publicar o presente documento possa ajuda neste debate que persiste até os tempos atuais.



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Prefácio

Em nosso trabalho de massas, mobilizamos, politizamos e organizamos as massas de operários, camponeses, semiproletários e setores particulares da pequena burguesia para a revolução popular democrático-nacional. Também nos atemos a grupos sociais distintos, como mulheres, jovens, pescadores e minorias nacionais que formam os povos indígenas e nacionalidades minoritárias.


O trabalho de massas é muito importante para a direção vitoriosa do Partido sobre a revolução. A base da força revolucionária do Partido e do movimento revolucionário é construída por meio de tal trabalho. O trabalho essencial é conduzido por meio de três tarefas principais: formação do Partido, condução da luta armada e formação da frente única nacional. A liderança efetiva de um partido proletário pode ser medida por meio da eficácia de seu trabalho de massas.

Nosso presente estudo sobre o trabalho de massas é produto do desenvolvimento da prática revolucionária ao longo dos anos. Neste estudo, estão incorporados a sistematização do Comitê Central, no documento “Nossas tarefas urgentes”, e a sistematização do X Plenário do Comitê Central do Partido.


Este capítulo é dividido em cinco partes:


A) Linha e orientação do trabalho de massas

B) Propaganda e trabalho educativo

C) Organizando as massas

D) Mobilizando das massas

E) Consolidação e expansão


A) Linha e orientação do trabalho de massas


1. Quais são os principais objetivos do trabalho de massas?


Nosso trabalho de massas possui três objetivos principais. O primeiro é formar, consolidar e ampliar a unidade revolucionária e a força do povo por meio do estabelecimento dos órgãos do poder político democrático de acordo com a linha de classista da frente única nas áreas rurais, comitês populares nas cidades, e organizações de massas e movimentos de massas no campo e nas cidades.


O segunda é estabelecer e consolidar as bases mais amplas e profundas entre as massas para a guerra popular prolongada. A guerra popular não pode avançar firmemente sem o forte apoio das amplas massas populares.


O terceiro é estabelecer a base mais ampla e profunda para a construção do Partido entre as camadas populares.


A implementação do trabalho de massas pelo Partido está de acordo com o cumprimento de sua tarefa central de tomar o poder político. No curso desse trabalho, são construídas as bases mais amplas da frente única, do exército popular e da luta armada, e da formação do Partido entre as massas.


2. O que é a linha de massas?


A linha de massas é o princípio marxista-Leninista básico que orienta o trabalho de massas e outras tarefas do Partido no decorrer da revolução. Está baseada e se conforma em sua integralidade de acordo com a visão de mundo materialista histórica sobre a sociedade e a revolução.


O ensinamento fundamental da linha de massas é termos total confiança e crédito nas massas. Enfatiza que a revolução deve depender das massas populares e da mobilização da maioria. Ela se opõe à dependência sobre um punhado de líderes, gênios, heróis ou salvadores. Defende a visão de que as massas, e apenas as massas fazem a história.


Em todos os momentos e lugares, o Partido deve garantir que todos os camaradas em qualquer posição de responsabilidade estejam firmemente ligados às massas. Cada camarada deve ser ensinado a amar o povo e a ouvir a voz das massas; unir-se a elas onde quer que estejam, misturar-se com elas, em vez de pairar sobre elas; a despertá-las, ou mais, elevar sua consciência política a partir de seu nível; a ajudá-las a se organizar; e ajudá-las a iniciar todas as lutas importantes que podem ser levadas a cabo em um determinado momento e lugar.

O comandismo e o reboquismo seguem sentidos contrários às aspirações das massas. Certamente nos afastaremos das massas se as forçarmos a fazer coisas que vão contra sua vontade, ou se não quisermos avançar sempre que elas exijam que o façamos. Esses erros trazem certos erros e danos.


O comandismo não é uma questão de um estilo de simplesmente dar ordens às massas. Mesmo se falarmos de forma educada, tornamo-nos comandistas sempre que ultrapassamos o nível de consciência política das massas e vamos contra sua vontade; isso apenas mostra a mal da impetuosidade. Os comandistas não se dão ao trabalho de ensinar e incentivar as massas. Ao invés disso, estabelecem tarefas que excedem a capacidade e preparação das massas alternando meios diretivos e coercitivos para levar a cabo o trabalho.


O reboquismo também está errado em qualquer tipo de trabalho, pois caminha a reboque do nível de consciência política das massas e vai contra a necessidade de fornecer direção às massas; isso apenas mostra o mal do imobilismo. Ocorre frequentemente de as massas nos superarem e estarem ansiosas para a ação, mas os reboquistas não conseguem liderar nestas situações. Como resultado da falta de análise, eles definem políticas e tarefas que estão aquém da capacidade e preparo das massas, bem como daquilo que as condições exigem. Eles são incapazes de liderar porque muitas vezes duvidam e hesitam. Eles expressam apenas as opiniões de certos elementos atrasados das massas, e confundem tais opiniões com as opiniões das massas.


Para evitar o comandismo e o reboquismo, os camaradas devem se misturar às massas e investigar. Na prática da linha de massas, a linha política correta é a chave, pois expressa as aspirações e interesses objetivos das massas.


Na prática da linha de massas nas condições concretas da sociedade filipina, a firme adesão à linha geral da revolução democrático-popular é fundamental. É necessário politizar, organizar e mobilizar as amplas massas populares para fazer avançar o movimento revolucionário antifascista, antifeudal e anti-imperialista. É preciso fazê-los compreender a linha do Partido e colocar em prática, em suas ações, as políticas e lutas que o Partido inicia de acordo com esta linha. A linha política é o padrão básico que decide se erramos ou não em nosso trabalho.

Ambas as linhas oportunistas de “esquerda” e direita desejam subjetivamente a vitória rápida e decisiva da revolução para além do nível real de força das forças revolucionárias. A correlação de forças é erroneamente considerada, excedendo a análise das condições reais, do preparo das massas e do movimento revolucionário.


A linha oportunista de “esquerda”, ao lançar greves populares de confronto (welgang bayan), com as ações putchistas partisan de colocar fogo em transportes públicos, bombardeio de edifícios de capitalistas estrangeiros e governamentais para incitar a insurreição urbana, coloca o movimento revolucionário de massas na cidade em um estado de isolamento político, senão em uma posição passiva. O movimento de massas urbano perde seu caráter legal e defensivo e se separa das massas espontâneas. O engano do excesso de expectativas é rapidamente sucedido pela frustração e desânimo.


A linha oportunista de direita de levar a cabo insurreições camponesas fora de hora para se pular diretamente para uma insurreição urbana foi precipitada como putchismo e reformismo no movimento camponês. O movimento camponês foi mergulhado em uma forma de luta principalmente legal e aberta. A luta armada foi depreciada para uma posição secundária e apenas de apoio ao movimento de massas principalmente legal. As vitórias de duas décadas de luta agrária perderão o sentido e os latifundiários serão exaltados.


Como resultado do oportunismo de “esquerda” e direita, graves desorientação e recuos se desenvolveram na condução de nosso trabalho de massas no campo e nas cidades. Muitos lugares foram abandonados e numerosas organizações de massas, órgãos do poder político e unidades do Partido foram dissolvidos. Formas de exploração feudais e semifeudais ainda mais retrógradas e opressoras voltaram, junto à criminalidade. O desenvolvimento do trabalho de massas nas cidades perdeu vigor como resultado de campanhas e ações de massas que tendiam a desgastar o povo, junto a ações partisans putchistas destinadas a incitar a insurreição.


Para recuperar forças, é necessário repudiar cabalmente a linha oportunista de “esquerda” do aventureirismo militar e da insurreição urbana, assim como o outro erro oportunista de direita de capitulacionismo, parlamentarismo e reformismo.


3. Como aplicamos a linha revolucionária classista no trabalho de massas?


A linha revolucionária classista distingue os verdadeiros amigos da revolução dos verdadeiros inimigos. Apoia-se nas classes e forças mais básicas enquanto convence e se une às forças médias para isolar os inimigos obstinados. Este princípio está de acordo com a linha das massas e a linha política do Partido.


De acordo com a linha revolucionária classista, enfatizamos, em nosso trabalho de massas como um todo, as massas trabalhadoras. A linha da revolução democrático-popular, por outro lado, estabelece que a principal preocupação do Partido é com o trabalho em massas no campo, particularmente entre as camadas dos camponeses pobres, trabalhadores assalariados rurais e camponeses médios de estrato inferior.


Em cada local, é necessário conhecer a composição de classe da população; determinar as classes revolucionárias e progressistas, as forças médias e os reacionários; e com base nisso, tentar um trabalho de massas que dê ênfase às forças de massas mais básicas e numerosas em qualquer escopo considerado.


Para fortalecer ainda mais o movimento das massas trabalhadoras, é necessário fazer avançar o movimento das mulheres e dos jovens. Nas cidades, é preciso dar atenção particular ao trabalho nas camadas jovens estudantes, professores e funcionários públicos, que são os setores mais concentrados e mais ativos da pequena burguesia.


4. Por que a investigação social e a análise de classes são importantes no trabalho de massas?


A investigação social significa a investigação das condições da sociedade. A análise de classes é o meio correto de investigar a sociedade.


Na investigação social Marxista, as classes que compõem a sociedade são diferenciadas e estudadas em suas relações na economia, na política e na cultura. O objetivo de nosso estudo e análise é a condição do povo, de forma geral, e das massas com as quais trabalhamos, em particular, porque elas são a fonte de nossos dados e informações concretas - sua condição é o objeto particular de nosso estudo e análise. Aqui, aplicamos o princípio “análise concreta das condições concretas”.


Por meio da investigação social e da análise de classes, podemos compreender os contornos de classe concretos da sociedade, a condição das classes e suas relações reais umas com as outras. Assim, podemos definir a orientação correta para nosso trabalho de massas. Também somos capazes de determinar as formas e meios adequados de propaganda, organização e mobilização das massas. Sem investigação social e análise de classes corretas, completas e abrangentes, o trabalho de massas não será eficaz. A direção correta e vigorosa, assim como a tática do movimento de massas, também não será assegurada.


Mao Tsé-Tung disse certa vez que “quem não investiga não tem direito à palavra”. Vamos implementar e desenvolver nosso trabalho de massas de acordo com este princípio.


Por meio da investigação social e da análise de classes, somos capazes de determinar quem são aqueles em quem devemos nos apoiar e mobilizar, quem são aqueles que devemos atrair para nosso lado, e quem devemos isolar e tornar os alvos do movimento de massas. Principalmente nos níveis básicos, é necessário esclarecer essas questões e ter uma identificação viva com as classes a que pertencem os indivíduos, famílias e grupos. É preciso que aprendamos a diferenciar as classes no cotidiano e não apenas nos livros.


A investigação social e a análise de classes esclarecem os problemas principais e secundárias, os problemas imediatos e de longo prazo que o movimento de massas enfrentará. O esclarecimento dessas questões faz parte da orientação do movimento de massas em um determinado local e garante sua direção correta. No campo, por exemplo, as formas de exploração feudal e semifeudal variam de lugar para lugar, e sua intensidade, da mesma forma, variam de lugar para lugar. É preciso entender isso para liderar o movimento camponês de maneira eficaz.


Para que nosso trabalho de propaganda, organização e mobilização de massas seja eficaz e vigoroso, seu conteúdo, forma e meios devem se adequar às condições das massas, especialmente a seus interesses objetivos e nível de experiência e consciência. O conhecimento da condição das massas só pode ser obtido por meio da investigação social e da análise de classes.


No entanto, uma investigação social abrangente e profunda não pode ser feita em apenas um dia. É um processo contínuo e demorado. Assim, definimos o nível de investigação social de acordo com o nível do movimento de massa e a necessidade de despertar, organizar e mobilizar as massas em cada estágio.


Por exemplo, há uma profundidade e abrangência de investigação social que é necessária para a etapa de confisco e distribuição de terras dos latifundiários. Há uma grande diferença entre esta e a profundidade e amplitude da investigação social necessária para começar o trabalho de massas nas aldeias. Nas cidades, também variam as informações necessárias para os vários níveis de desenvolvimento do movimento de massas.


Em cada estágio, é necessário acumular conhecimento das condições concretas para planejar e realizar as tarefas imediatas do movimento de massas enquanto a investigação social continua a se ampliar e aprofundar.


5. Qual é a chave do trabalho de massas nas áreas rurais?


A luta de classes antifeudal — quer dizer, revolução agrária — é a chave do trabalho de massas no campo. Devemos entender isso com firmeza e defender os camponeses pobres, os trabalhadores assalariados rurais e os camponeses médios de estrato inferior enquanto forças revolucionárias mais básicas e robustas das aldeias.


No entanto, a luta antifeudal não irá longe se não estiver firmemente ligada à luta antifascista e anti-imperialista. Portanto, é necessário dar às forças antifeudais básicas a visão política mais abrangente. Além disso, devemos mobilizar ativamente todas as diferentes forças positivas do campo para a revolução.


A força das massas camponesas e trabalhadores rurais se formará a partir do avanço da luta antifeudal. Ela estabelece a base para conquistar as forças intermediárias no campo e esmagar efetivamente o poder político-econômico da classe latifundiária. Assim, a luta antifeudal é decisiva na formação do poder político democrático no campo e no estabelecimento da base revolucionária.


Onde quer que haja massas de operários, pescadores e povos indígenas, é necessário estabelecer e desenvolver suas organizações sempre que houver base para enfrentar seus problemas. Em qualquer situação, devem fazer parte da formação dos órgãos do poder político e da frente única que estão sendo construídos no campo.


Para lançar e avançar a luta antifeudal, devemos estabelecer e desenvolver continuamente as organizações de camponeses, mulheres, jovens e ativistas culturais nos bairros, até que surjam organizações de massas e órgãos de poder político democrático de pleno direito.


O trabalho de massa e a luta antifeudal estão firmemente ligados à luta armada, que é a principal forma de luta revolucionária.


O avanço da luta armada é decisivo para o avanço da luta antifeudal em um âmbito cada vez mais amplo e a um nível cada vez mais alto. Enquanto isso, o objetivo principal do trabalho de massas e do movimento antifeudal no campo é a formação e o fortalecimento da base de massas da guerra popular.


O programa mínimo de revolução agrária (com certos casos específicos de confisco e censura, ou punição de fazendeiros despóticos e grileiros) é o que ainda deve ser executado como a linha geral da luta antifeudal. Ela consiste na redução do arrendamento, na eliminação da agiotagem, no aumento dos salários dos trabalhadores rurais, no aumento dos preços da produção, no aumento da produção agrícola e outras melhorias nas condições de vida, o estabelecimento de cooperativas simples e trabalho cooperativo, etc.


A elevação prematura para o programa máximo (confisco e distribuição gratuita de terras) levará toda a classe latifundiária a se unir e concentrar suas forças contra o movimento revolucionário. Isso frustrará nossa linha antifeudal na frente única para tirar vantagem das divisões entre os nobres esclarecidos e os fazendeiros despóticos. Isso requer um nível mais alto de capacidade, prontidão, profundidade e amplitude da base de massas, do Partido e do exército popular.


Combateremos o reformismo e o economicismo que estão sendo propagados pelos traidores oportunistas, pelas organizações e ONGs burocráticas que eles lideram em práticas como incitar as massas para o confisco de terras, ataques e queima de armazéns e outras propriedades, greves rurais, etc., para as tais “macro e micro intervenção” e “reclamação feita, reclamação aceita.”


Eles atropelam o fluxo persistente do trabalho de massas, destroem a unidade das massas e desmantelam as organizações de massas e as células do Partido nas áreas em que esses projetos são lançados. Oponhamo-nos ativamente e lutemos ideológica e politicamente contra esses oportunistas traidores, revisionistas, democratas populistas e social-democratas, e não permitamos que eles entrem nos nossos territórios. Expulsemos imediatamente aqueles que entraram por várias razões e iniciaram esses projetos quando quer que seus trabalhos contínuos se tornem um claro obstáculo ao nosso trabalho de massas.


Atualmente, o trabalho de massas no campo está diretamente relacionado à recuperação, expansão e consolidação das bases e zonas guerrilheiras, ao lançamento de ofensivas táticas bem-sucedidas do exército popular e à preparação para o levante antifeudal no campo.


6. Que movimento de massas desenvolvemos nas cidades?


O movimento de massas que desenvolvemos nas cidades é o amplo movimento democrático principalmente antifascista e anti-imperialista. Apoia o movimento no campo, que é principalmente antifeudal, e apoia a luta armada.


Nas cidades, as massas de operários e outros pobres, e da mesma forma, a pequena burguesia (especialmente os estudantes e os professores), são politizadas, organizadas e mobilizadas para as lutas antifascistas e anti-imperialistas, e para apoiar a luta antifeudal no campo e a luta armada.


O proletariado e o semiproletariado são as forças revolucionárias mais básicas e robustas nas cidades. Portanto, devemos dar-lhes nossa atenção principal.


No ato de organização e mobilização do proletariado e semiproletariado, mobilizamos a base da força revolucionária nas cidades. Devemos também conquistar e mobilizar as camadas inferiores da pequena burguesia urbana, especialmente os estudantes, os professores e os trabalhadores qualificados, a fim de atrair toda a pequena burguesia urbana e a burguesia nacional para o lado da revolução.


Para iniciar e avançar o movimento de massas nas cidades, é necessário formar e desenvolver em larga escala os sindicatos dos trabalhadores e as organizações nas comunidades, escolas e outros. É necessário avançar as lutas dos operários, semiproletários, estudantes e professores, e outras classes e setores progressistas, passo a passo, contra o fascismo, o imperialismo, o feudalismo e o capitalismo burocrático. O movimento grevista dos trabalhadores, que golpeia os capitalistas monopolistas estrangeiros e a grande burguesia local, é uma característica proeminente do movimento revolucionário de massas nas cidades. Devemos também nos esforçar para formar associações e sindicatos entre os funcionários e empregados do governo em nível nacional e local, em instituições e corporações, a fim de destruí-las e paralisá-las por dentro. Da mesma forma, devemos dar a devida ênfase à formação de sindicatos de operários e empregados nas fábricas e empresas da burguesia nacional e da pequena burguesia de camada superior, de acordo com a linha de classe da frente única. Dessa forma, podemos atingir a nitidez e a amplitude do trabalho e da luta nas cidades.


É necessário difundir entre os movimentos de massas das cidades o apelo à luta antifeudal no campo e à luta armada como tarefas principais de todo o movimento revolucionário. Cada vez mais revolucionários nas cidades estão sendo incentivados a participar diretamente na luta antifeudal no campo e na luta armada, e a estender várias formas de apoio a eles. Todo o trabalho de massas do Partido deve estar vinculado conscientemente à luta armada, direta ou indiretamente.


O movimento de massas revolucionário nas cidades é um movimento de massas militante e aberto que tem como coluna vertebral um movimento clandestino extenso e intenso. Neste movimento aberto, usamos as próprias leis do Estado reacionário para nos relacionarmos com as grandes massas. O movimento secreto se forma entre elas, enquanto as organizações legais são transformadas, ou enquanto novas organizações militantes, mas legais, vão se constituindo, para avançar passo a passo a linha nacional democrática. Empregamos uma combinação de meios legais e ilegais para fazer avançar o movimento revolucionário nas cidades. O Partido é a força central, guiando e nutrindo o movimento em cada passo, e cuidando para que os passos subsequentes sejam dados quando as condições estiverem maduras.


Devemos renunciar ao insurrecionismo e agarrar-nos firmemente à orientação correta para a luta urbana: é principalmente legal e defensiva, e apoia a luta armada e o movimento antifeudal no campo. O sucesso do movimento e da luta nas cidades é medido pelo número crescente de pessoas que participam das ações de massas, pelo número crescente de pessoas que se juntam às organizações de massas revolucionárias, pelo agravamento da crise política de reação, e pelo apoio crescente ao movimento de massas nas áreas rurais.


A noção de que podemos acelerar a explosão de um levante urbano por meios militares artificiais e de agentes provocadores, e por meio de uma greve e confrontos gerais que excedem nossas capacidades, junto a políticas populistas e a uma ênfase excessiva em coalizões táticas, em um esforço para atrair pessoas comuns para uma posição insurrecional, está errada.


7. Por que o trabalho de massas é importante para a formação do Partido?


O trabalho de massas e o movimento de massas revolucionárias estabelecem as condições para ampliar e fortalecer o Partido entre as massas.


A maior fonte de membros do Partido são os indivíduos mais avançados que são produzidos e fortalecidos no movimento revolucionário de massas nas cidades e no campo. As raízes do Partido se aprofundam enquanto o movimento revolucionário se desenvolve nas fábricas, bairros, comunidades e escolas. Os quadros e membros do Partido devem estar conscientes da tarefa de recrutar novos membros e de estabelecer as unidades básicas do Partido entre as fileiras das grandes massas.


O Partido é apenas um instrumento que participa, mas não domina, o processo dialético da revolução contínua. Não se põe fora da revolução, com um conhecimento prévio de suas leis. Apenas as massas fazem a História, e é com elas que o Partido Comunista deve aprender. Só integrando-se a elas o Partido pode liderar a revolução.


A ampliação e o fortalecimento da organização do Partido entre as massas garantem que suas ações revolucionárias persistam e avancem na direção correta. A liderança geral do partido no movimento de massas torna-se mais firme e robusta. A linha e a política do Partido ganham vida mais concreta nas lutas e ações das massas. A consolidação do Partido resulta na expansão e no avanço do movimento de massas, e a consolidação do movimento de massas resulta no crescimento e desenvolvimento do Partido.


O Partido é composto dos elementos mais avançados da classe que detém a teoria revolucionária avançada, o conhecimento das leis da luta de classes, e a experiência no movimento revolucionário. Portanto, tem a capacidade de orientar todas as organizações da classe operária e demais setores do povo.


B) Propaganda e trabalho educativo


1. Por que a propaganda é tão importante para o nosso trabalho de massas?


O trabalho de propaganda é importante, pois por meio da propaganda, podemos chegar às grandes massas — organizadas e desorganizadas — para expressar, esclarecer e animar as análises, objetivos e tarefas revolucionárias em cada época, etapa e lugar. Desta forma, o Partido consegue unificar o pensamento, os sentimentos e as ações das massas.


O trabalho de propaganda não está limitado a alguns especialistas, é conduzido por todas as unidades e membros do Partido em todas as oportunidades em que são capazes de se misturar com as massas. Fazer propaganda é importante para aproximar o Partido das massas e para que as massas possam desempenhar bem o seu papel na revolução.


Para que o conteúdo da nossa propaganda seja correto, é necessário que todos compreendam a linha, o programa e as políticas do Partido, pois estes nortearão nossa análise dos fatos. Para que nossa propaganda seja adequada, é necessário estar próximo às massas. Poderemos extrair delas as informações que proporcionarão atualidade, abrangência e relevância para nossas análises. O conteúdo e o estilo da propaganda devem se adequar apenas ao nível e às tarefas atuais das massas com as quais estamos colaborando.


É somente associando-se e integrando-se às massas que as unidades do Partido e do exército são capazes de fornecer estudos e análises abrangentes e oportunas sobre as condições das massas e dos lugares em que operamos. Só assim podemos dar um conteúdo correto à nossa propaganda, e garantir que nossa propaganda veicule e reflita as condições, aspirações e ideais das massas. Também só assim podemos assegurar que os apelos, as políticas e o programa de ação que propagamos são corretos e têm uma base sólida.


Nosso trabalho de propaganda tem três objetivos inter-relacionados: primeiro, expor os inimigos da revolução e se opor a suas manobras antipopulares; segundo, esclarecer a linha, as políticas do programa e os meios de ação revolucionária; e, terceiro, analisar e ilustrar a vida e a luta das massas.


Expomos às massas as causas básicas de seus problemas e lhes mostramos quem são seus verdadeiros inimigos. Com base na investigação social, identificamos os principais representantes dos problemas básicos de cada classe, setor, local e época. Analisamos e nos opomos a toda manobra do inimigo para afirmar seu domínio reacionário e para suprimir ou inviabilizar o avanço da revolução. Também repudiamos o reformismo, o terrorismo e outras ideias e manobras contrarrevolucionárias.


É também função da propaganda popularizar os apelos do Partido para que as massas os compreendam, se unifiquem em torno deles e os realizem em suas próprias ações. Expomos com base nos chamados, e ensinamos os meios para realizá-los.


Nossa propaganda ilustra a vida e a luta das massas a fim de elevar suas qualidades revolucionárias e compartilhar suas experiências, para que as massas formem uma unidade profunda e desenvolvam a confiança em suas próprias forças.


2. Quais são os meios e formas da propaganda revolucionária?


Os meios básicos da propaganda revolucionária são determinados pela linha de massas e pela relação das análises e apelos gerais e particulares.


A partir das massas, sistematizamos as informações e acontecimentos concretos, particulares e novos, que analisamos e trazemos de volta para as massas de uma forma sintetizada a fim de serem úteis para a luta prática. Além das informações derivadas da investigação social, também é importante derivar dados de pesquisas e leituras.


A propaganda relaciona os objetivos, tarefas e direção gerais com os objetivos, tarefas e meios particulares. A linha e apelo gerais podem ser enfatizados, mas são particularizadas de acordo com as massas às quais nos dirigimos. A análise e os apelos particulares podem ser enfatizados, mas estão relacionadas à linha e às tarefas gerais.


É necessário levar a cabo o trabalho de propaganda secreto e aberto. Na propaganda clandestina, podemos conduzir a discussão mais ampla e profunda e expressar as chamadas mais avançadas. Conforme as condições permitam, damos-lhe uma forma aberta. Na propaganda aberta, é necessário que sejamos criativos no esforço de equilibrar as limitações legais com nossa tarefa de atingir o maior número de pessoas com a linha revolucionária.


Existem muitas formas de propaganda que podem ser utilizadas e desenvolvidas. Publicações em massa, panfletos, reuniões de massa, discussões em grupo, pinturas de murais, pôsteres, quadrinhos, reuniões em casa, peças de teatro, produções de música e poesia, dança, transmissão, vídeo, filmes e muitos outros meios. Devemos também criar e utilizar espaços dentro dos meios de comunicação de massa controlados pelo inimigo, como jornais, revistas, estações de rádio e televisão.


Além de correta e adequada, nossa propaganda também deve ser eficaz. A propaganda eficaz é viva, clara e nítida, porque está enraizada na vida das massas, e usa sua linguagem. A combinação de várias formas também alcançará grande eficácia, assim como o tratamento regular, frequente e rápido de questões que surgem no curso do trabalho de massas.


Todos os revolucionários devem usar cada oportunidades para fazer propaganda entre as massas, a fim de esclarecer os objetivos, planos, políticas e as tarefas da revolução e das massas. Não devemos permitir que nenhum revolucionário se separe das massas. Todos devem participar do movimento prático, organizar as massas, liderar sua luta, participar da produção e estar com as massas na alegria e na tristeza. Não fazer isso é uma forma de liberalismo.


3. Por que o trabalho educativo é importante para o nosso trabalho de massas?


Basicamente, o objetivo da propaganda e do trabalho educacional são o mesmo: elevar o nível de consciência revolucionária das massas para que participem ativa e sinceramente do movimento revolucionário.


A educação é o estudo formal, concentrado e sistemático da revolução pelas massas organizadas. O trabalho educacional coloca sua participação na luta revolucionária em uma sólida base teórica. A educação também desenvolve a capacidade e habilidade das massas para que possam realizar seu trabalho e tarefas revolucionários com mais eficácia.


O fornecimento de educação não pode ser separado do estabelecimento e consolidação de organizações de massas. Se as massas são capazes de estudar sistemática e regularmente, cria-se entre elas a perspectiva ideológica e política que norteará todas as suas ações e seu desenvolvimento a longo prazo na revolução. Sua capacidade e habilidade para realizar e concluir trabalhos revolucionários mais numerosos e complexos continuarão a se desenvolver e se expandir.


Também é necessário propagar entre as massas os resultados da sistematização do trabalho do movimento revolucionário, especialmente as lições positivas e negativas, os pontos fortes e fracos, os sucessos e os retrocessos. As massas devem estudar detalhadamente as lições de sua própria experiência revolucionária para persistir no caminho correto e corrigir os erros decorrentes das linhas oportunistas de “esquerda” e direita. Isso servirá como um guia e uma base firme para o fortalecimento e desenvolvimento do movimento revolucionário de massas. O conteúdo da educação de massas é mais bem compreendido por elas quando está vinculado à própria experiência revolucionária.


4. Quais são os tipos de educação de massas que oferecemos?


Os principais tipos de educação de massas que oferecemos são o estudo dos cursos especiais e o estudo do curso geral.


Os cursos especiais de massas esclarecem a história, o caráter e a solução revolucionária para os principais problemas das classes ou setores particulares que organizamos e mobilizamos.


O curso especial de massas para o movimento camponês discute o problema do feudalismo e da revolução agrária. O curso especial de massas para o movimento operário discute o movimento sindical e o movimento grevista. O curso de massa especial para o movimento das mulheres discute seus problemas e sua libertação. E o curso especial de massas para o movimento de juventude discute os problemas da juventude e a orientação correta de seu movimento. Outros cursos de massas especiais também podem ser delineados com base na necessidade, por exemplo, para o movimento dos pescadores ou para as forças intermediárias.


Por outro lado, o curso de massas geral estuda a história das Filipinas, os três problemas básicos do país na atualidade, os princípios básicos e a tarefa da revolução popular nacional-democrática.


Depois dos cursos de massas especiais e gerais, é necessário que as massas comecem imediatamente o estudo dos princípios Marxista-Leninistas. Por exemplo, podemos discutir a atitude básica de um revolucionário proletário em relação a servir ao povo, à crítica e autocrítica, às tarefas e ao sacrifício, os princípios básicos do centralismo democrático, direção coletiva e linha de massas; investigação social e análise de classes; e certos princípios do materialismo histórico e dialético.


Os cursos de massas, e especialmente o estudo introdutório do Marxismo-Leninismo, preparam os indivíduos avançados para se tornarem candidatos-membros do Partido.


Junto a isso, as massas recebem educação para desenvolverem a capacidade e habilidade em liderar organizações de massas, trabalho de propaganda, desenvolvimento de produção, saúde e medicina, cultura, alfabetização, suplementos de subsistência, treinamento introdutório de defesa, segurança e outros.


É importante para o nosso trabalho de educação de massas ter um programa para desenvolver sistematicamente a consciência e a capacidade das massas, dos ativistas de massas e daqueles que serão recrutados como membros do Partido. Devemos garantir que reservemos algum tempo para realizar esses planos de educação. Este é um trabalho revolucionário essencial, tarefa que não devemos negligenciar.


C) Organizando as massas


1. Quais são os dois princípios mais importantes que devemos lembrar ao organizar as massas?


O primeiro é se apoiar e confiar nas massas. Este é o princípio básico, a linha de massas, que esclarece o estilo correto de organizar as massas.


É necessário permitir que as massas aprendam a agir com base em sua própria iniciativa e disposição para assumir tarefas. O que os quadros do Partido devem fazer é guiar as massas e não assumir todo o trabalho. É necessário basear-se e confiar nas massas para permitir o surgimento do maior número de pessoas prontas para as várias tarefas da revolução. Devemos sempre lembrar que quando as massas compreenderem e aceitarem os objetivos da revolução, e a formarem suas próprias forças, elas se tornarão criativas e persistentes em suas próprias ações, e líderes e ativistas surgirão de suas próprias fileiras. Não vamos presumir que apenas algumas pessoas podem liderar. Combatamos o comandismo e o reboquismo na organização das massas.


O segundo princípio é a sólida organização das massas para a luta revolucionária. O que isso significa é o estabelecimento de organizações amplas, robustas e estreitamente unidas com uma liderança unificada, vigorosa e enraizada na massa de membros.


Não é suficiente ter apenas influência entre as massas para fazer a revolução avançar de forma constante. É necessário organizar as massas de maneira sólida, a fim de unificá-las com firmeza e prepará-las para a luta total contra seus inimigos de classe. Se as massas não forem organizadas de maneira sólida, sua luta avançará apenas até certo ponto e persistirá apenas em certas condições. Nosso objetivo é que as massas se tornem um forte bastião da revolução.


A liderança das organizações de massas deve ser composta pelos líderes mais confiáveis, vibrantes e respeitados, ou seja, aqueles que vêm das classes e camadas básicas, que têm um excelente histórico de humanidade, em quem se pode confiar e em quem tenha uma preocupação genuína com os outros seres humanos. É necessário unificá-los por meio do estudo coletivo da linha e das políticas corretas, e educá-los na direção coletiva das organizações de massas. A liderança sempre permanecerá robusta enquanto os líderes anteriores que não se desenvolvem, são atrasados ou estão podres, são substituídos por novos indivíduos avançados entre os membros. Essa liderança deve estar firmemente ligada à massa dos membros, deve consultá-los sobre problemas importantes e tomadas de decisão, e deve contar com a vontade e ação unificada dos membros principalmente para realizar suas tarefas. Organizações sólidas só podem ser formadas em meio a lutas de massas.


2. Quais são os passos preliminares para organizar as massas?


O primeiro passo para organizar as massas nos bairros, fábricas, comunidades, escolas ou escritórios é localizar contatos seguros.


Contatos preliminares podem ser produtos do trabalho de massas em outros lugares, de parentes, amigos ou conhecidos, ou aqueles de outros camaradas, ou da família de um camarada.


Os contatos preliminares podem ser transformados em grupos de coordenação, a fim de realizar as tarefas coletivamente.


Tanto quanto possível, os contatos preliminares devem vir da classe ou setor ao qual estamos dando ênfase principal. Devem ser honestos, ter um excelente histórico de humanidade, conhecer muitas pessoas e [ter] disposição para cumprir tarefas. Em uma aldeia, é necessário se esforçar para achar contatos entre camponeses ou trabalhadores assalariados rurais explorador. Se não houver nenhum, os contatos preliminares também podem vir das forças intermediárias. Porém, na primeira oportunidade, devemos permitir que se desenvolvam os contatos que venham das classes básicas. Antes de dar-lhes trabalho, é necessário conduzir uma investigação detalhada dos contatos preliminares, especialmente daqueles que não vêm das forças básicas da revolução.


É tarefa dos contatos preliminares nos conectar com outras pessoas da classe ou setor que gostaríamos de mobilizar. Eles podem ajudar na investigação social, análise de classes e propaganda preliminares entre as massas. É também tarefa sua fornecer informações sobre os movimentos do inimigo, bem como sobre os elementos não-confiáveis do local. No campo, é também sua tarefa salvaguardar a segurança dos companheiros tanto dentro como fora da aldeia.


Não devemos divulgar para os contatos preliminares o plano geral para a área e o progresso da organização de massas. Embora alguns ou todos eles possam se tornar parte de organizações que serão formadas no estágio seguinte, não é ainda uma certeza, e sua participação será baseada em suas ações futuras.


3. Por que devemos estabelecer grupos e comitês organizadores? Quando os formamos?


Devemos estabelecer os grupos e comitês organizadores passo a passo para selecionar e treinar os líderes de massas, para formar a coluna vertebral e a base das organizações de massas, e para iniciar as ações e lutas que as massas são capazes de levar a cabo.


Montamos os grupos e comitês nas várias classes e setores que queremos organizar. Nas aldeias, formamos os grupos e comitês organizadores dos camponeses, mulheres, jovens, ativistas culturais, e onde quer que haja possibilidade, de pescadores e operários. Nas cidades, formamos os grupos organizadores e organizadores dos operários nas fábricas, nas comunidades urbanas pobres, grupos e comitês organizadores nas escolas.


Formamos os grupos organizadores com base na divisão da classe e setor, e na divisão das várias partes do território. Nas áreas rurais, formamos os grupos organizadores das várias classes e setores nos sítios e nas várias partes da aldeia. Na fábrica, nós os formamos em cada departamento ou seção; nas comunidades, em todas as ruas ou segmentos importantes; e nas escolas, em cada faculdade ou parte importante dela.


Ao organizar as massas, devemos seguir estritamente a linha revolucionária classista. Em uma aldeia agrícola típica, aqueles que possam ingressar no grupo organizador dos camponeses devem vir das fileiras dos camponeses pobres, trabalhadores rurais e camponeses médios de estrato inferior. Em uma aldeia pesqueira, aqueles que podem ingressar no grupo organizador devem provir das fileiras dos pescadores pobres e médios, dos trabalhadores da pesca e das fileiras dos camponeses explorados e trabalhadores rurais, se houver. Ao estabelecer os grupos organizadores da juventude no campo, podemos permitir aqueles que vêm das camadas superiores do campesinato, mas a ênfase permanece nos que vêm das fileiras da juventude camponesa explorada. Nas comunidades dos pobres urbanos, devemos contar principalmente com os operários e semiproletários e, secundariamente, com os jovens estudantes. Nas escolas, os grupos organizadores devem ser formados por alunos, professores e funcionários de nível inferior das escolas.


Os grupos organizadores começam a formar a força organizada do povo nas partes mais importantes do local que estamos organizando. Eles nos ligam às grandes massas. Eles propagam entre as massas os objetivos do movimento revolucionário através da propaganda e do estudo. Eles lideram as ações preliminares das massas. Sua principal tarefa é despertar e unificar as classes oprimidas e exploradas, recrutar novos membros e iniciar a transformação das organizações legais, ou a formação de novas organizações em seu âmbito.


Formamos os comitês organizadores nos setores que já têm grupos organizadores permanentes nas várias partes importantes de um determinado escopo, e onde já surgiram indivíduos avançados capazes de liderar organizações de massa.


Nas fábricas, comunidades e escolas nas cidades, podemos primeiro formar o comitê organizador e, posteriormente, formar os grupos organizadores, se formos capazes de reunir os ativistas de massas que se mostraram confiáveis em outros locais.


Os comitês organizadores liderarão os grupos organizadores, mobilizá-los-ão com base nas tarefas definidas e continuarão a desenvolvê-los. Sob a liderança do comitê, o trabalho de aprofundamento da investigação social continuará; a transformação de organizações abertas ou a criação de novas continuarão; o mesmo acontecerá com o fortalecimento das ações e lutas de massas; e o mesmo acontecerá com o estudo da linha política e dos princípios Marxista-Leninistas.


No campo, os comitês organizadores formarão as comissões de organização, educação, economia, saúde e defesa. No início, os comitês e grupos organizadores de camponeses se mobilizarão como ligas de camponeses pobres, trabalhadores assalariados rurais e camponeses médios de estrato inferior. Uma vez que tenham se desenvolvido, indivíduos avançados de outros níveis de camponeses médios serão lentamente trazidos para os grupos organizadores. O principal critério para aceitá-los é seu apoio à luta antifeudal.


Os comitês e grupos organizadores são organizações secretas. Eles devem se sobressair em táticas clandestinas e meios de mobilização, ao mesmo tempo em que lideram e participam de organizações abertas e mobilizações de massas.


4. Como emergem nas aldeias as organizações de massas, comitês revolucionários, e unidades das milícias populares plenamente desenvolvidos?


Organizações de massas plenamente desenvolvidas são estabelecidas na aldeia se já houver comitês e grupos organizadores fortes e robustos; se a influência e liderança dos comitês e grupos organizadores já está difundida e enraizada entre as massas; e se já existem líderes comprovadamente capazes de liderar, confiáveis e que têm um conhecimento suficiente da linha e da política do Partido e da revolução, especialmente no que diz respeito à luta antifeudal e à luta armada.


A organização de massas completamente desenvolvida será formada por meio da listagem de membros e da eleição de sua liderança. Quando as condições o exigirem, podemos abrir mão desse procedimento, desde que possamos assegurar a participação e a aprovação das massas na formação da organização e na sua liderança. Uma vez formadas as organizações de massas plenamente desenvolvidas das classes e setores revolucionários, uma vez já existem células do Partido capazes de liderar o movimento revolucionário na aldeia, e já haja unidades locais do Novo Exército Popular (NEP) que cobrem o âmbito da localidade e da milícia popular local, podemos agora formar o comitê revolucionário. Este será o órgão local do poder político democrático sob a liderança do Partido. Este será formado pela união de representantes do Partido, das massas básicas, do exército popular e dos aliados.


Mesmo ao nível de comitê organizador da aldeia, devemos já começar a fornecer treinamento político-militar para homens e mulheres que estão prontos e são capazes de conduzir o trabalho militar e formar unidades da milícia popular. Em cada sítio ou povoado típico, podemos formar um esquadrão ou um esquadrão parcial da milícia popular armada, com armas produzidas localmente ou a partir de armas fornecidas.


É tarefa da milícia popular prover a paz e ordem revolucionárias, bem como segurança às forças revolucionárias da aldeia. A milícia popular também executa tarefas que lhes são atribuídas pelo Partido ou por um comando superior do exército popular a respeito dos planos e operações militares das forças integrais e regulares do exército popular. Embora tenham tarefas militares, os membros da milícia popular ainda tarefas rotineiras do dia a dia. Eles constituem o núcleo da força armada do povo da aldeia, junto aos grupos de defesa das organizações de massas.


Como aplicadores das leis e da justiça revolucionárias, o NEP, a milícia popular e as unidades de defesa devem estudar os direitos democráticos básicos do povo e dos indivíduos; e devem compreender os princípios e métodos corretos no desempenho de suas tarefas apropriadas em casos civis e criminais.


5. Como se formam as unidades básicas do Partido entre as massas?


Mesmo ao nível dos grupos e comitês organizadores, já devemos começar a fornecer educação Marxista-Leninista para os indivíduos avançados. Já é possível dizer quem está entusiasmado em aceitar a linha ideológica do Partido. Continuamos a analisar as ações e a participação das pessoas ativas e de quem mais mostra honestidade, entusiasmo e habilidade na organização. Asseguramos que os ativistas de massas recebam educação política sistemática como preparação para o estudo do curso básico do Partido. Após certo período, com base no seu histórico de ações e participação no estudo, podemos recrutar os mais avançados entre eles e constituir uma unidade básica do Partido.


No nível básico, formar-se-ão células do Partido e, da mesma forma, grupos do Partido nas organizações de massas. As células e grupos garantem a liderança do Partido no movimento de massas e estabelecem o laço mais forte entre o Partido e as massas. As células e grupos do Partido continuam a temperar-se e a se fortalecer por meio da continuidade do estudo da linha e das políticas do Partido, liderando o movimento de massas e recrutando novos membros. Nas fábricas, dissolvemos os grupos e comitês organizadores uma vez que tenhamos constituído células e grupos do Partido no sindicato, e em que partes importantes da empresa e todos os ativistas já entraram no sindicato.


Dissolvemos também os grupos e comitês organizadores da comunidade e da escola nas cidades, uma vez que tenhamos instalado a célula e os grupos do Partido nas organizações de massa e em outras partes importantes de um determinado âmbito. Em grandes escolas, as organizações do Partido podem ser desenvolvidas até que sejam formados comitês de seção e células partidárias. No desenvolvimento do trabalho nas comunidades, células partidárias podem ser constituídas com base nos quarteirões.


6. Como surgem os ativistas de massas?


Os ativistas de massas são indivíduos nas fileiras das massas que são ativos no trabalho revolucionário e no avanço do movimento de massas. Numerosos ativistas de massas surgirão se as massas com as quais nos vinculamos e mobilizamos forem incentivadas a tomar iniciativas, auxiliadas na elevação de sua consciência política, receberem orientação concreta, forem ajudadas a sistematizar sua própria experiência, e se forem apoiadas na resolução de seus problemas pessoais.


Um objetivo importante do trabalho de massas é o surgimento e a formação de numerosos ativistas no campo e nas cidades. Para realizar as várias e duras tarefas da revolução, precisamos aprender como combinar alguns quadros experientes com numerosos ativistas de massas. Esta é uma expressão concreta da confiança e apoio nas massas. Mesmo na fase de contatos preliminares e formação de grupos de coordenação, já começam o surgimento e a formação de militantes de massas. Ainda nesta fase, já selecionamos quem tem iniciativa, bom histórico de humanidade, se relaciona bem com os outros, é responsável, disciplinado e dedicado. Treinamos e lhes fornecemos estudos preliminares para que possam realizar as tarefas que enfrentam. Continuamos a aumentar a sua capacidade proporcionando estudos continuamente, avaliando e sistematizando seu trabalho, e ajudando-os nos seus problemas com o trabalho, nos seus estudos ou problemas pessoais. Nós os testamos em compromissos mais importantes e elevamos suas tarefas e responsabilidades no trabalho ou na organização.


À medida que nosso trabalho de massas e atividades revolucionárias desenvolvem-se e se tornam mais complexos, a necessidade de mais líderes / ativistas de massas que possam se responsabilizar por diferentes linhas de trabalho torna-se mais imponente. Precisamos de um programa para o surgimento de ativistas de massas que possa garantir que sempre haverá aqueles que possam atender continuamente às diferentes linhas de trabalho. Este programa inclui os critérios de seleção, programas de educação e treinamento e assistência em problemas de trabalho, bem como problemas pessoais. Devemos garantir que os ativistas de massas tenham habilidade e prontidão suficientes, porque não basta ter apenas boas intenções no movimento prático.


7. Por que é necessária a combinação de formas legais e ilegais de organização?


No campo ou nas cidades, o Partido ilegal e as organizações de massas secretas ou ilegais constituem a coluna vertebral do movimento de massas. Encontramos concentrados aqui — e onde podemos desenvolver ao máximo — os líderes e indivíduos mais ativos e básicos do movimento de massas. O Partido ilegal é a força principal, o núcleo que guia passo a passo o avanço do movimento de massas revolucionário. Sem um movimento secreto amplo e robusto, o movimento de massas não será capaz de persistir na direção correta, especialmente em face do ataque inimigo ou dificuldade.


No campo, embora as organizações ilegais possam liderar diretamente as grandes massas, ainda é necessário formar as organizações abertas e legais. Como as organizações clandestinas devem ser secretas aos olhos do inimigo e de pessoas em quem não se pode confiar, também é necessário ter organizações abertas. As organizações abertas servem como o canal de nossas mobilizações legais, um abrigo para nossas organizações secretas, um meio de alcançar e nos conectar com outras classes e setores que podemos aproximar, e uma ferramenta para que as massas aproveitem todas as possibilidades, a fim de promover suas próprias ações revolucionárias. Na formação das organizações de massas abertas e legais no campo, devemos sempre ter em mente a vinculação de suas ações com as tarefas da luta armada e da revolução agrária. As organizações legais não devem ser jamais o canal para as reivindicações ilegais antifeudais. Devemos estar atentos para não permitir que o ilegal e o secreto arrastem o legal.


Nas cidades, a necessidade de estabelecer organizações de massas abertas e legais é mais aguda. Essas formações abertas e legais servem de canal para alcançar, mobilizar e para o Partido liderar as grandes massas nas cidades.


D) Mobilizando as massas


1. O que são ações e campanhas de massas?


Uma ação de massas é qualquer mobilização coletiva e planejada das massas para um objetivo específico. A ação de massas mais importante é a luta de massas ou o confronto coletivo planejado das massas contra seus inimigos. Exemplos de tais ações e lutas de massa são as greves, os confrontos das massas camponesas contra os latifundiários para reduzir pela redução do arrendamento, o apoio organizado das massas para as operações militares do exército popular, protestos coletivos contra seus abusadores, trabalho coletivo na lavoura e outros.


Campanhas de massas são várias ações de massas planejadas, organizadas e persistentes, abrangentes, para atingir um objetivo definido. Existem diferentes tipos de campanhas de massas de acordo com o objetivo: existem campanhas de massas políticas, militares, organizacionais, de educação, economia e campanhas de saúde.


Qualquer que seja a campanha de massas iniciada, precisamos garantir que seu conteúdo e direção estejam de acordo com a linha e orientação esclarecidas na primeira parte deste estudo sobre o trabalho de massas.


No campo, inicialmente, devemos impulsionar as campanhas de massas de caráter antifeudal e que impulsionam a luta armada. Nas cidades, o que devemos lançar em primeiro lugar são as campanhas de massas que afirmam os direitos democráticos das massas básicas contra o fascismo e o capitalismo burocrático, que avançam a luta da classe operária contra os imperialistas estrangeiros e os grandes burgueses compradores, e que apoiam o movimento antifeudal no campo e a luta armada.


Existem campanhas de massas que têm um caráter de luta por reformas. Reconhecemos a importância dessas campanhas de massas na formação da unidade das massas. No entanto, essas campanhas devem ser lançadas de forma a evidenciar a iniciativa revolucionária das massas e aproximá-las do apoio e da participação na luta armada revolucionária.


Da mesma forma, é importante mobilizar as massas para contribuir com suas diferentes habilidades técnicas e materiais para a revolução, como logística e finanças, know-how técnico de subsistência, cultura, habilidades pessoais, comunicações e transporte, saúde e outras questões.


As mobilizações de massas — as ações, lutas e campanhas das quais as massas participam — são importantes. Na realidade, o avanço do movimento revolucionário de massas está centrado na mobilização. Os esforços para levantar e organizar as massas têm o objetivo de prepará-las para o lançamento e o avanço das mobilizações de massas. Ao fazer com que as massas participem dessas ações, nós as desenvolvemos e elas são capazes de alcançar o seguinte:


a. Recebem experiência política e sua consciência política é elevada em confrontos contra seus inimigos;

b. sua unidade é temperada, desenvolvem-se sua força e capacidade de resolver problemas; e,

c. alcançam um desenvolvimento concreto em suas condições políticas, econômicas e culturais.


2. O que deve ser feito antes de iniciar ações e campanhas de massas?


a. Investigar bem o problema que queremos abordar ou resolver. Compreender suas nuances e as forças envolvidas e, em relação a isso, ter clareza sobre seus objetivos, traçar um plano concreto, definir os meios adequados de mobilização e luta e preparar a organização. Assegure-se de que os três princípios que orientam nossas ações sejam seguidos: um, há um fundamento justo; dois, temos a vantagem; e três, agir com autocontenção.

b. Assegurar que haja preparo suficiente para a participação do maior número. As massas devem entender e concordar com a necessidade da ação ou luta planejadas. Para que qualquer ação ou luta sejam bem-sucedidas, o pensamento das massas deve ser preparado e sua determinação formada.

c. Preparar a organização das massas. É difícil ter sucesso se a organização for fraca ou desarticulada. Quer o plano seja bem-sucedido ou sofra um retrocesso, a organização das massas deve estar preparada para perseverar na unidade e ação coletivas. Preparar-se para retaliação do inimigo.

d. Formar e preparar o grupo que lidera e dita o ritmo. Este grupo lidera a propaganda entre as massas sobre os objetivos e os meios de mobilização ou luta. Eles assumem a liderança na unificação das massas, preparando-as e obtendo o apoio das forças intermediárias. Eles observam o curso real da mobilização ou luta e tomam as medidas necessárias para resolver os problemas que surgem. Eles irão liderar o avanço da mobilização até que ela tenha sucesso, ou vão liderar a retirada organizada se não tiver sucesso.


3. Quais são as tarefas depois de cada ação e luta de massas?


Depois de qualquer ação ou luta de massas, seja ela bem-sucedida ou fracassada, se os resultados são positivos ou negativos, é necessário sistematizar as experiências junto às massas — analisar as experiências das massas e tirar lições delas para o Partido — e depois, propagar as experiências sistematizadas entre as massas. Desta forma, o significado de sua experiência torna-se claro para o Partido e as massas. Eles são capazes de compreender suas lições, de elevar sua consciência política e desenvolver sua capacidade de fazer avançar o movimento revolucionário.


Os líderes de massas são testados nessas ações e lutas de massas, e se destacam aqueles que os entusiasmados e avançados entre as massas. Depois das ações e lutas de massas, devemos ajudar os dirigentes a sistematizar sua experiência e analisar seu desempenho nas tarefas. Devemos também prestar atenção às forças recém-emergentes que estão entusiasmadas e avançadas na execução das ações. Devemos incentivá-las a tomar mais iniciativas e a participar mais no trabalho. Se necessário, aqueles na liderança que se mostraram indignos de confiança ou incapazes devem ser substituídos por aqueles que são mais desenvolvidos.


4. Por que precisamos de uma combinação de formas legais e ilegais de mobilização e luta?


No campo e nas cidades, é necessária a combinação efetiva de formas legais e ilegais de mobilização e lutas de massas. O movimento revolucionário de massas é capaz de avançar mais rápida, vigorosamente e de forma mais abrangente na utilização de todas as formas apropriadas às condições.


No atual estágio de defensiva estratégica da guerra popular, quando as forças revolucionárias estão ganhando forças passo a passo, o exército popular ainda não é grande e forte. Os fronts de combate são apenas pequenas bases e zonas de guerrilha nas quais as grandes e fortes forças inimigas ainda podem se aventurar. Assim, enquanto avançamos na forma armada de nossa luta, é necessário revigorar as formas abertas e legais de mobilização e luta, a fim de fazer avançar o movimento revolucionário de massas da maneira mais rápida.


Nas cidades, a principal forma de luta é aberta e legal, em reconhecimento à concentração e força do inimigo aqui. Para fazer avançar o movimento revolucionário de massas nas cidades, é necessário avançar nas lutas de massas abertas e militantes.


As mobilizações e lutas legais devem servir à luta ilegal. Ou seja, devem estar de acordo e servir à tarefa central de tomada do poder político e, em particular, ao avanço da luta armada.


Do outro lado do uso correto e bem-sucedido de uma combinação de formas de luta armada e legal, houve também desvios e desorientações provocadas pelas linhas oportunistas de “esquerda” e direita, que resultaram em danos e retrocessos.


As formas de luta armada, legal ou desarmada são todas formas de luta política. Costuma-se dizer corretamente que a guerra é uma continuação da política por outros meios. O Novo Exército Popular e a guerra popular têm um caráter político revolucionário e são as armas políticas do povo.


Em relação à luta armada, as formas legais de luta são secundárias porque, por si mesmas ou se consideradas principais, não são capazes de tomar o poder político para o proletariado e para o povo. A revolução social necessita da vitória total da luta armada. No entanto, as formas legais de luta são importantes e indispensáveis para o avanço da revolução armada. Cada forma tem suas características únicas e cada uma tem sua função a cumprir. As formas legais são defensivas em face da esmagadora maioria das forças policiais e militares do inimigo, mas têm como objetivo conquistar o maior número de pessoas para lutar contra o inimigo.


O Partido deve coordenar o armado e o desarmado, o legal e o ilegal, o secreto e o aberto, forças e formas de luta nas cidades e no campo. O avanço de todas as forças e formas de luta deve se tornar o produto dessa coordenação. Devemos repudiar a mentira oportunista de direita de que o Partido negligenciou a luta legal ao lançar a luta armada revolucionária. Os oportunistas de direita gostariam que o Partido interrompesse ou diminuísse a ênfase na principal forma de luta revolucionária. A verdade é que o Partido continua a ser a força motriz do movimento legal democrático. Para tornar mais eficaz o movimento democrático legal nas cidades, o Partido precisa diminuir a proporção de quadros confinados a cargos, instituições e coalizões, e designar e desenvolver mais quadros nas fábricas, comunidades urbanas pobres e escolas. Em vez de parar ou diminuir a ênfase na luta armada, o Partido precisa corrigir o fluxo reverso de quadros do campo para as cidades e começar a enviar mais quadros e ativistas de massas para o campo.


As lutas legais já assumiram formas concretas. As mais importantes são os esforços de educação, organização e mobilizações de massas que sempre são realizadas de acordo com o programa democrático nacional. Isso pode ser percebido dramaticamente em greves, manifestações, marchas e outras formas de ações de massas coordenadas de questões de classe, setoriais e multissetoriais.


As negociações de paz preliminares entre o regime de Ramos e a Frente Democrática Nacional das Filipinas (NDFP) são mais uma forma de luta legal. Por meio dessas negociações, uma força ilegal como a NDFP pode propagar por meios legais sua linha nacional-democrática como uma linha para uma paz justa e duradoura, e para obter o reconhecimento internacional de seu status de beligerância. No entanto, devemos estar alertas para o perigo de enviar sinais errados às forças revolucionárias, de que é fácil falar com o inimigo e de criar ilusões entre o povo. As forças revolucionárias devem estar sempre prontas para interromper as negociações de paz preliminares ou bilaterais, quando servem apenas para enfraquecer, ao invés de fortalecer as forças revolucionárias.


As organizações progressistas devem dar a mais alta prioridade à sua própria educação política, ao fortalecimento de sua organização e às campanhas de massas. Elas podem propagar a linha nacional-democrática em qualquer campo legal. No entanto, este programa não deve ser exclusivo ou principalmente dedicado a qualquer disputa eleitoral burguesa; à influência de qualquer instituição ou ramo do governo reacionário; ou mesmo ao quadro das negociações de paz entre a NDFP e o governo reacionário; ou mesmo tudo isso. Todos os quadros revolucionários do movimento democrático legal devem compreender a correta relação e coordenação entre as formas de luta armada e legal, bem como entre as várias formas de luta legal.


Os oportunistas de direita exageram a importância de todas as formas legais de luta, ou então, selecionam uma delas, exageram sua importância e colocam a luta legal em um patamar mais elevado do que a luta armada. Uma forma de distinguir revolucionários de reformistas é como eles consideram a importância da luta armada e como correlacionam as formas armada e legal de luta.


O reformismo é exposto sempre que nega a necessidade da revolução armada nas Filipinas de hoje. Por outro lado, o oportunismo de “esquerda” nega a necessidade e importância do movimento democrático legal, e se confina à luta armada até chegar ao ponto em que não pode mais ver a correta relação e coordenação da luta armada e do movimento legal democrático.


Quem não reconhece ou não compreende a grande importância dos órgãos do poder político e das organizações de massas estabelecidas no campo no decorrer da guerra popular pode se desiludir com a demora da revolução armada. Essas pessoas costumam demonstrar a noção pequeno-burguesa de que o sucesso da revolução armada só pode ser medido por quanto poder político já alcançamos nas cidades. Evidentemente, a etapa final da revolução armada é a tomada das cidades. No entanto, podemos ser levados para mais longe de atingir esse objetivo se quisermos chafurdar no oportunismo de “esquerda” ou se quisermos permitir que o oportunismo de direita obstrua a revolução armada.


E) Consolidação e expansão


1. O que se entende por consolidação


Consolidação significa a mobilização e o desenvolvimento da consciência e organização das massas em cada etapa.


No campo, isso significa a formação de bases e zonas guerrilheiras; o estabelecimento de organizações básicas de massas e órgãos do poder político; a formação de unidades do Partido e do NEP; o lançamento de campanhas de massas antifeudais; a convocação de cursos de educação de massa, etc.


Nas cidades, a consolidação significa o avanço do movimento democrático dos operários, pobres urbanos e camadas inferiores da pequena burguesia (especialmente os alunos e professores) nas fábricas, comunidades e escolas; a formação de sindicatos de trabalhadores e organizações de massas nas comunidades e escolas; o estabelecimento de células e grupos do Partido; a formação de alianças com base nos princípios da frente única; a formação de organizações secretas de massas; e a convocação de cursos de educação em massa, etc.


As campanhas contínuas de educação de massa são uma importante ferramenta de consolidação a fim de elevar o nível de consciência, capacidade e experiência das massas. Essas campanhas de educação sempre os preparam para enfrentar novos problemas que são resultados do aumento do nível de luta ou um recuo para o nível anterior.


2. O que se entende por expansão?


Expansão significa adicionar mais lugares ou grupos ao escopo do trabalho de massas. Significa abrir novos lugares, setores e grupos que possamos alcançar e mobilizar. No campo, abrimos aldeias e localidades, e nelas começamos o trabalho de massas. Nas cidades, aumentamos as fábricas, comunidades e escolas que podemos alcançar e começamos o trabalho de massas nelas.


Acima de tudo, nos expandimos por meio da formação de grupos coordenadores e organizadores do povo nos lugares em que estamos iniciando o trabalho de massas.


3. Qual é a relação entre consolidação e expansão?


Conduzimos a expansão com base na consolidação, e consolidamos enquanto conduzimos a expansão. Expansão com consolidação é a forma efetiva de enraizar o movimento revolucionário em larga escala. Mesmo que já estejamos nos mobilizando em novos lugares, devemos garantir o desenvolvimento contínuo das áreas de mobilização anteriores.


Por outro lado, devemos estar atentos também ao perigo de sermos arrastados para a consolidação e negligenciar a expansão. Gostaríamos que o movimento revolucionário se expandisse da forma mais ampla possível. É errado satisfazer-nos com um espaço limitado.


No campo, as unidades do exército popular precisam de extensão, profundidade e robustez suficientes para manobrar. Nas cidades, é necessário atingir continuamente as amplas massas e o povo para que participem da luta política, principalmente a luta antifascista e anti-imperialista. É necessário lançar a rede do movimento secreto na escala mais ampla possível.


Para combinar consolidação e expansão de forma correta, é necessário planejar toda a obra, levando em consideração as necessidades, metas e capacidades. Em cada período, devemos determinar a qual dos dois devemos dar atenção principal, sem negligenciar o outro. O princípio básico que devemos ter em mente é “expandir com base na consolidação e consolidar enquanto expande”.


Nosso guia geral para o trabalho de expansão e consolidação é o avanço onda após onda de acordo com a linha atual de travar uma guerra de guerrilhas extensa e intensiva baseada em uma base de massas cada vez mais ampla e profunda.


Devemos retificar e combater a linha oportunista de “esquerda” do aventureirismo militar e da insurreição urbana que retirou unidades voltadas para o trabalho de expansão e consolidação da base de massas e das zonas guerrilheiras. Da mesma forma, devemos retificar e combater a linha oportunista de direita de capitulacionismo, parlamentarismo e reformismo que entrega ao inimigo a direção de classe proletária da revolução popular nacional-democrática.


A retificação deve continuar a revigorar e aprimorar a qualidade do trabalho de massas e a formação da base de massas no campo. Há uma grande necessidade imediata de expandir os fronts guerrilheiros e recuperar os territórios perdidos, junto ao enfrentamento imediato dos problemas de consolidação, que são agora relegados a segundo plano. O que é preciso é agarrar e realizar uma organização sólida; assim como promover o equilíbrio correto de expansão e consolidação, a linha classista antifeudal, a educação contínua e o trabalho de propaganda, e o avanço de vários tipos de campanhas de massas.


Devemos aproveitar o fato de o inimigo se expandir sobre uma grande parte do campo, a fim de concentrar o grosso de suas forças e recursos no ataque a alguns alvos prioritários. Devemos aprender a ajustar, persistir e desenvolver nosso trabalho de massas, mesmo em situações e âmbitos em que o choque com o inimigo seja mais intenso. Não devemos abandonar ou simplesmente negligenciar as áreas povoadas, aquelas ao longo das linhas de transporte, comunicações e suprimentos, e aquelas importantes para as ligações e suporte do movimento nas cidades, apenas por causa da vigilância do inimigo. Devemos aprender a nos sobressair na combinação de acordo com as mudanças da situação militar e as particularidades dos lugares (isolados e montanhosos, baixos e planos, ou ao longo da cidade e da rodovia); de organização e luta secreta e aberta; formas ilegais, semilegais e legais; de formas tradicionais e não tradicionais; do mesmo modo, luta armada e não armada - para manter o máximo possível os vínculos, a direção e o desenvolvimento do movimento e da base de massas. Na organização das massas, devemos evitar a verticalização prematura e, em vez disso, enfatizar o fortalecimento em larga escala ao nível dos bairros e municípios.


O trabalho de recuperação é muito mais complicado e difícil do que o trabalho de expansão do passado. Para fazer avançar nosso trabalho e movimento de massas, devemos realizar vigilância e limpar os informantes plantados pelo inimigo em lugares que permaneceram por muito tempo ou sejam ainda controlados pelos militares. Se necessário, devemos contornar esses lugares “endurecidos” pelos militares e ir primeiro atrás desses lugares “mais suaves”.


Há também a bagagem remanescente de erros e falhas anteriores, e a destruição de elementos traidores e podres. O somatório de experiências, a crítica e a autocrítica, e o estudo com a participação das massas, são importantes para tirar as lições corretas das experiências, para colocar em perspectiva as experiências negativas, para colocar o pensamento ativo e militante sobre adversidade, e para despertar as massas para o ressurgimento da luta.


O trabalho de expansão e recuperação só pode ser feito com a orientação da linha e dos princípios do movimento de retificação. Reorientação e retreinamento são necessários, assim como um domínio firme da linha de massas, e manter uma organização sólida em maior importância. Precisamos de trabalho de educação e treinamento para alcançar um grande número de pessoas que foram recrutadas e posteriormente elevadas, mas cujos conhecimentos e experiência em muitos aspectos são terrivelmente escassos. Precisamos educá-los com os princípios e meios de investigação social, organização de massas, avanço passo a passo do movimento antifeudal e a formação das unidades básicas do Partido, e o lançamento do movimento antifeudal e outras lutas de massas.


Devemos apoiar a concentração total e diligente da força revolucionária do movimento nas cidades, a fim de elevar a espiral de interação do movimento armado no campo — para um fortalecimento contínuo, mas passo a passo da revolução e enfraquecimento da reação.


O trabalho de consolidação e organização sólida não deve ficar atrás da expansão e do trabalho. Seremos capazes de lançar vários tipos de luta legal se, de antemão, tivermos conduzido uma sólida organização das massas no nível básico. Por meio das organizações de massas, seremos capazes de mobilizar muitas pessoas e lançar todos os tipos de ações democráticas em seus locais de trabalho, comunidades, saguões, ruas e até mesmo nos quintais de gabinetes governamentais reacionários.


Precisamos lançar propaganda-agitação, campanhas de educação e lutas de massas das questões setoriais ou multissetoriais em relação ao agravamento da crise socioeconômica, contra as políticas, programas e esquemas antipovo e contrarrevolucionários do regime dominante e contra o imperialismo ianque. De vez em quando, devemos definir a nível nacional e regional os órgãos competentes, permitindo afrouxar grandes mobilizações, dependendo da situação sociopolítica prevalecente no país.








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