"Tiananmen, 1989: da deriva revisionista ao motim contrarrevolucionário"
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Seis meses antes dos acontecimentos de Timisoara o mesmo se passou em Tiananmen. Os meios de comunicação do mundo “livre” demonstraram ao mundo sua fisionomia macabra no momento da entrada em cena do “ossuário dos 4.630 cadáveres horrivelmente mutilados” em Timisoara, já havia demonstrado seu compromisso político com a contrarrevolução, nos eventos da Praça Tiananmen em maio e junho de 1989. Na noite da intervenção do Exército Vermelho, imagens de televisão nos mostraram que tanques chineses reprimem as centenas de pacíficos estudantes na Praça Tiananmen. Em 5 de junho, a Anistia Internacional, máquina especializada em fabricar mentiras no que diz respeito à luta nacionalista e aos países socialistas, deu a cifra de no mínimo 1.300 mortos, com alguns estudantes esmagados por tanques sanguinários enquanto dormiam tranquilamente em suas tendas.
Domingo, 5 de junho, um trabalhador comunista em uma grande fábrica de automóveis gravou imagens em vídeo. “Esta noite revi essas imagens, por pelo menos vinte vezes. Cheguei à conclusão de que os comentários dos jornalistas eram falsos e que nas imagens não se via ninguém sendo esmagado pelos tanques”.
Mais tarde, a Anistia Internacional reconheceu que “se equivocou”. Porém, quantas pessoas, traumatizadas pela verdade sobre o comunismo chinês, “que pisoteia desapiedadamente seus estudantes pacifistas sob os passos de seus tanques”, transmitida por estes violentos defensores dos direitos humanos, sabiam desta mentira?
Um ano depois dos acontecimentos de Tiananmen dispomos de suficiente informação confiável para elaborar uma análise de classes objetiva. Porém, para entender os interesses políticos e econômicos protegidos pelo “movimento pela democracia”, de abril a junho de 1989 em Pequim, encontramos três fenômenos negativos que vão se desenvolvendo entre 1979 e o ano fatal de 1989.
A ascensão do capitalismo e do revisionismo na China. Economia: a volta dos patrões
Falemos primeiro da esfera econômica. Os dez anos de reforma de Deng Xiaoping contribuíram para um progresso material inegável. Porém, também, vão aumentando a influência do capitalismo e do imperialismo na China, aumentando a base das novas classes sociais que aspiravam a uma contrarrevolução. A liberalização e a abertura das forças do mercado impulsionaram forças s que se opõem ao socialismo que, cedo ou tarde, se lançariam a uma luta pelo poder. Sucedeu com o suposto “movimento pela democracia” na Praça Tiananmen.
A entrada do Imperialismo
De acordo com Beijing Information, a China havia firmado, no final de 1988, 16.325 ofertas de importação de capital estrangeiro em um total de 79,2 mil milhões de dólares. Deste montante, recebeu empréstimos de 33 milhões de dólares e 11,5 milhões de dólares em inversões diretas. Os maiores inversores são Hong Kong, com 8 milhões de dólares, Japão com 2 mil milhões e os Estados Unidos com 1,7 milhões.
Com as inversões estrangeiras, os ideais econômicos do imperialismo mundial entraram na China. Assim, em 12 de setembro de 1988, Zhao Zhiyang, deu boas vindas a Milton Friedman e elogiou suas ideias. Lee Iaccoca, o presidente de Chrysler, ministrou conferência sobre o espirito empresarial no Salão da Assembleia do Povo. Segundo a agência de notícias chinesa, a Comissão para a Reforma do Sistema Econômico celebrada no final de 1988: “No marco da reforma da China, não há nada que não esteja aberto à participação estrangeira, como o estudo da transformação do sistema econômico”. No curso desse ano, a Comissão escutou a opinião de 1.500 especialistas estrangeiros, e concluiu que podia “aprender muito do desenvolvimento econômico do Ocidente”. Para a China foram enviados os especialistas ocidentais, especialmente no campo das finanças, no âmbito da gestão empresarial, da formação de preços, da política de inversão e do controle da inflação. Seus pontos de vista “apontaram uma contribuição positiva tanto prática como teoricamente para a reforma”.
A influência ideológica do Ocidente
Durante os últimos dez anos, dezenas de milhares de estudantes chineses estudaram nos Estados Unidos. O Partido Comunista da China estendeu o culto aos logros tecnológicos dos EUA e a sociedade de consumo estadunidense. As consequências negativas não se fizeram esperar. Centenas de milhares de intelectuais começaram a escutar as rádios do imperialismo: A Voz da América e a BBC.
Um periódico ligado ao governo dos EUA, escreveu sobre as manifestações em Pequim: “os participantes do movimento estudantil comunicavam-se com seus colegas da América do Norte e Europa por telefone, fax e correio eletrônico. O número de chamadas telefônicas entre os EUA e a China triplicou no mês de maio”.
Li Shaomin, um aposentado guarda vermelho e um ex-aluno de Pequim, um médico da Universidade de Princeton nos EUA, agora trabalha para a AT & T. sua posição é muito representativa da de muitos chineses que estudaram no Ocidente.
“Muitos intelectuais chineses, incluindo eu, temos chegado a considerar Taiwan como um modelo para a reforma na China. (...) A propriedade privada e o livre mercado são os fundamentos da liberdade política. (...). As instituições capitalistas proporcionam a prosperidade e a liberdade, as instituições comunistas, a pobreza e o caos. (...) Com Taiwan como exemplo, a República Popular da China é mais propensa que outros países comunistas de refutar a doutrina marxista e realizar as reformas”.
É por isso que Milton Friedman disse: “Eu sou mais otimista com respeito a China que a URSS. Os chineses têm este grande recurso da China de fora. O êxito dos chineses em Hong Kong, Singapura, Taiwan, há criado na China uma inspiração que o exemplo da Polônia, Hungria ou Iugoslávia não pode dar a URSS”.
Segundo uma enquete, levada a cabo por Li Shaomin entre 607 estudantes chineses nos Estados Unidos, 90% se manifesta favorável a supressão das referências ao marxismo-leninismo e a liderança do Partido Comunista na Constituição e 86% disse que a China tem que se basear na experiência de Taiwan, e 60% estava a favor de uma economia liberal no estilo de Taiwan.
O desenvolvimento de uma burguesia na China
Uma política razoável para um desenvolvimento limitado de um setor capitalista na China saiu do controle, terminando em uma maré de selvagem capitalismo privado. Segundo as estatísticas oficiais, em 1988, 22% da inversão imobiliária foi realizada pelo setor privado em um valor de 100 mil milhões de yuans, um aumento de 25% em relação ao ano anterior. O valor da produção industrial no setor privado registrou um aumento de 46% neste mesmo ano, a produção das empresas rurais, no mais muito próximas de uma empresa privada, se incrementou em 35%.
A publicação Far Eastern Economie Review estimou que, em 1988, 37% da produção industrial haviam caído no controle de setores privados, um percentual que tenderia a passar de 50% em 1993. O Business Week, por sua parte, saudou, no momento em que os atos tinham lugar em Pequim, “o aparecimento de novas empresas prosperas na China. (...) As empresas privadas utilizam meios não autorizados para levantar dinheiro. (...) A nova China está asfixiando a China tradicional no domínio dos capitais”.
As forças por detrás do Movimento “Democrático”
O imperialismo e o capitalismo, muito presente na China no setor econômico, sustentaram o movimento supostamente democrático dos estudantes e dos “reformadores” do núcleo de Zhao Ziyang, com o fim de criar uma força política legal. Em maio de 1989, Business Week, escreveu: “muitos homens de negócio estrangeiros na China apoiam os reformistas na ideia de que um passo maior de liberdade na política só pode fortalecer em largo prazo, o comércio”.
O diário The Guardian assinalou: “é interessante observar que alguns apoios aos pontos de vista pró-democráticos vinha dos novos empresários ricos”. A Far Eastern Economie Review notava, sempre na mesma época de maio de 1989:
O mundo dos negócios de Hong Kong é favorável as solicitações dos estudantes para mais reformas e mais democracia. Os magnatas de Hong Kong, Li Kashing, Yk Pao y Stanley Ho expressaram publicamente seu apoio. A pressão para uma abertura política podia, segundo eles, ser muito positiva para o futuro do capitalismo na China”.
Política: a alavanca da Democracia Burguesa
O segundo fenômeno que marcou a evolução da China entre 1979 e 1989 se encontra no campo político, que viu o surgimento de uma nova força contrarrevolucionária.
No momento em que China apostou no desenvolvimento de um setor capitalista e na introdução de multinacionais, vimos surgir, no âmbito político, as primeiras forças antissocialistas. Em 1979, Pequim vê como no “muro da democracia” se plasmavam todos os tipos de tendências anticomunistas. Em 9 de março de 1979, um famoso mural anunciava “lutamos para que a China cumpra com os verdadeiros direitos humanos e a verdadeira democracia”, mostrando assim as bandeiras sob as quais os comunistas marchariam nas próximas décadas. Assim, os “direitos humanos” e a palavra “democracia” são utilizadas pelo imperialismo para ocultar a mercadoria ideológica que põe a venda. Os principais pontos do programa que lançou este periódico mural são os seguintes: “Em primeiro lugar, Apoiamos o estudo da cultura e da civilização inspirada pelo espírito de Cristo, nós propomos tomar o exemplo dos sistemas democráticos baseados nos ensinamentos do cristianismo”. Depois “reclamamos o abandono das noções antiquadas de Mao Tsé-Tung, para revisar os princípios do marxismo, que não estão de acordo com a realidade e a abolição da luta de classes. Em terceiro lugar, “pedimos que o Partido Comunista, que é ele do próprio de Mao Tsé-Tung, seja o Partido de todo povo”. E, por último, “chamamos o Partido Comunista Chinês e o Kuomintang a colaborarem novamente nas novas condições históricas”.
Wei Jing-Sheng, o pequeno Le Pen chinês
Wei Jing-Sheng é o homem que, entre 1978 e 1979, sustentou com maior força as concepções políticas do imperialismo. Conquistou certa fama na direita ocidental dizendo que a China necessitava de uma quinta modernização: a democracia. O que se esconde na palavra “democracia” é evidente quando uma pessoa se presta ao sacrifício de ler o programa de Wei. Essas são suas teses: (...) as democracias burguesas ocidentais permitem que os cidadãos possam expressar sua vontade através das eleições e decidir o futuro do país (...) Esta é a razão pela qual nenhum político burguês pode ignorar as opiniões das pessoas sobre qualquer tema. (...) A base sobre a qual se manteve os governos democráticos é o sistema da livre empresa. (...) No Ocidente, trabalhadores poderiam enviar delegados operários aos conselhos de administração, ocupando ali a metade dos postos. (...). Na rivalidade que opõe capital e trabalho, os trabalhadores estão, de fato, em melhores condições num sistema onde a maioria pode decidir a política. (...). Faço um chamado aos que pensam assim para se pôr atrás dessa bandeira de democracia. O socialismo marxista é, sem exceção, uma ditadura antidemocrática. (...). Temos que canalizar nossa ira contra esse sistema de justiça criminal que trata o povo desta forma tão escandalosa.
Os estudantes contra o Socialismo
Estas ideias contrarrevolucionárias, defendidas em 1979 por Wei e um pequeno círculo de amantes do imperialismo, encontraram um crescente eco entre os intelectuais nos anos posteriores. As causas são muitas. O Partido Comunista terminou praticamente com a educação marxista-leninista entre os estudantes. Deixou de lutar contra as concepções políticas do imperialismo. O liberalismo, a corrupção e o enriquecimento ilícito se estenderam entre algumas frações do partido.
Quando, entre 1985 e 1986, um movimento estudantil se desenvolveu nas grandes cidades chinesas, “as emissões de A Voz da América desempenharam um papel determinante”, como confirmaria um jornalista norte-americano expulso da China por atividades de espionagem. Por ocasião destas primeiras ações estudantis, o professor Fang Lizhi declarou que a China tinha que abandonar o marxismo, roupa velha e de segunda mão. Wag Ruowang reclamou uma “reavaliação completa do desastre criado por Mao Tsé-Tung”.
Lui Binyan denunciou “a ditadura feudal-fascista” do Partido Comunista e afirmou que o capitalismo era superior ao socialismo. Tais afirmações encontraram um grande eco na fração dos estudantes e intelectuais que tinham como modelo as elites dos países imperialistas e neocoloniais.
Durante os anos de 1987 e 1988, estes elementos, alimentados diariamente pelas emissões de A Voz da América, podiam difundir amplamente suas ideias nas universidades: o Partido não fazia ali nenhum trabalho político digno desse nome.
No ano de 1988, os núcleos contrarrevolucionários prepararam ações de massa para celebrar os três aniversários que deviam brilhar no ano seguinte: o 70º aniversário do Movimento Quatro de Maio, o 200º aniversário da Revolução Francesa e o 40º aniversário da Revolução Chinesa. Assim, em 6 de janeiro de 1989, Frang Lizhi escreveu uma carta a Deng Xiaoping na qual mencionava estas três comemorações e pedia que estes acontecimentos fossem celebrados com a libertação de Wei Jing-Sheng, indicando com claridade a plataforma política com a qual pensava atuar. Seguindo a Fang, 33 intelectuais repetiram em uma carta aberta a reivindicação de libertação de Wei. Entre os assinantes, Su Shaozhi, que foi um alto funcionário, até 1987, do Instituto de Marxismo-Leninismo e do Pensamento Mao Tsé-Tung. Em princípios de março de 1989, 42 personalidades dos meios científicos e acadêmicos, entre os quais se encontravam vários membros da Assembleia Popular, assinaram outra carta aberta que também exigia a libertação de Wei. Esta maré de cartas, orientada sobre Wei e suas ideias políticas, suscitam muitas discussões entre os estudantes. Assim foi como começou a preparação política do protesto de abril e maio de 1989.
O Partido as vésperas da ruptura
O terceiro fenômeno foi fundamental no surgimento do movimento de Pequim: a divisão interna do Partido Comunista da China e o crescimento de uma fação revisionista muito influente.
Hu e Zhao, o casal revisionista
Hu Yaobang, nomeado Secretário-geral do Partido em 1982, foi o representante mais destacado desta corrente. Em 1981, seu grupo denunciou “a teoria segundo a qual as classes e a luta de classes existem durante todo período socialista, existindo a burguesia no interior do Partido Comunista”.
Quatro anos mais tarde, Hu declarou: “tomamos a decisão de não utilizar a partir de agora a expressão elemento antipartido e antissocialista”. Hu assegurava, com estas teses, a tranquilidade aos elementos podres, aos burocratas, aos corrompidos e aos revisionistas. Em 1988, Hu foi substituído por um de seus cúmplices na fação revisionista, Zhao Zhiyang.
Para assinalar a virada ideológica, Beijing Information escrevia em 1988: “Khrushchev conheceu um ressurgimento de popularidade na China”; e “Stalin foi um ditador, em absoluto um revolucionário”. Houve um apogeu das traduções para o chinês da literatura antistalinista publicada esses últimos anos na URSS, entre as quais figuravam as memórias do professor de Stalin. Quando alguém começa a denegrir Stalin é necessário entender a verdadeira mensagem que querem passar. Assim, o professor Lu Congmig, da Escola do Partido que dependia do Comitê Central, aspirava que “a natureza de nossa época mude à medida que se passe da etapa imperialista à do capitalismo social”.
É o perigo da negação do imperialismo, tanto para o Terceiro Mundo como para a China! E prosseguia: “o capitalismo desenvolvido pode produzir elementos socialistas e passar ao socialismo de forma pacífica. (...). Tanto a economia socialista como a economia capitalista são economias de mercado socializadas. (...) O capitalismo contemporâneo é um bom modelo para o mercado socializado”.
Quando escutamos barbaridades como estas, compreendemos o furor de Mao Tsé-Tung que, em plena Revolução Cultural, criticava as “misturas dos revisionistas e contrarrevolucionários”.
O professor Lu Lanza depois de um panegírico do capitalismo: “vemos ali uma mudança da propriedade dos meios de produção, a propriedade social substitui a propriedade privada. Por outro lado, assistimos à participação dos operários na gestão da empresa. O macrocontrole do Estado sobre a economia é, de fato, o princípio da economia planificada. A nova repartição das rendas pelo governo e o desenvolvimento da seguridade social contribuem para debilitar as diferenças entre ricos e pobres”.
Este revisionista apresenta o capitalismo como uma sociedade que já realizou as promessas do socialismo; e depois predica para a China uma política capitalista como melhor forma de desenvolver o capitalismo. Que curioso parentesco ideológico entre Wei, sempre na prisão, e o professor Lu, que ensina aos quadros superiores do Partido!
A situação se torna mais grave quando a mesma orientação política é expressa por Zhao Zhiyang, que em 1988 afirma: “O Partido Comunista Chinês vai trabalhar conjuntamente com o Kuomintang da China para a reunificação em breve prazo. Os dois lados do estreito (isto é, China e Taiwan) tem muitíssimo em comum desde o ponto de vista político, econômico e cultural. Ambos desejam a cooperação, o desenvolvimento conjunto da economia nacional, melhorar o nível de vida e uma China próspera, poderosa e moderna”.
Esta concepção da convergência entre a China socialista e Taiwan, o reino das multinacionais e do capitalismo selvagem, mostra o correto da observação de Milton Friedman: os grandes capitalistas chineses de Taiwan, Hong Kong e Singapura empurram o continente até a restauração capitalista.
O enfrentamento no seio do Partido
Para compreender o enfrentamento político de maio e junho de 1989 na Praça de Tiananmen é necessário considerar que em janeiro de 1987 começou uma primeira luta importante no seio do Partido Comunista da China. O movimento estudantil de 1986, diretamente inspirado e dirigido por Fang Lizhi, atacou as bases do socialismo na China. Deng Xiaoping que, até esse momento, seguira firmemente ao revisionista Hu Yaobang, mudou então de opinião. Em 28 de setembro de 1986, declarou:
Em Hong Kong e em Taiwan, correntes de opinião procuram lutar contra os quatro princípios fundamentais (o marxismo-leninismo e o pensamento Mao Tsé-Tung, a via socialista, a ditadura popular e a direção do Partido Comunista) e predicam a via capitalista para dar a impressão de que assim lograremos a modernização do país. De fato, esta liberalização simplesmente nos levaria a via capitalista”.
Em 19 de janeiro de 1988, Po Yipo apresenta, ao birô político, um informe no qual critica o trabalho de Hu Yaobang.
Hu Yaobang animou a elementos ativos que advogavam pela liberalização burguesa e adotou uma posição condescendente e de proteção ante eles. Tudo isto levou diretamente a que nos reivindicassem a supressão dos quatro princípios fundamentais e a passagem para uma ocidentalização integral e por um sistema político e econômico capitalista”.
A queda de Hu Yaobang debilitou ao núcleo revisionista na direção do Partido. Contudo, Deng Xiaoping nomeou a outro representante da mesma corrente, Zhao Zhiyang como novo secretário-geral.
Porém, no transcurso da luta que leva a queda de Hu, as posições da esquerda do Partido recebem um eco crescente. Chen Yun declarou: “a fonte da liberalização burguesa se encontra no setor econômico. Uma economia planificada é socialista, uma economia de mercado é capitalista e promover uma economia de mercado é promover o capitalismo”.
Denunciando a via capitalista, Chen Yun critica também a corrupção que estava associada a ele: “Os dirigentes do Partido têm que dar exemplo ao povo. Devem estar à frente da luta pela eliminação da corrupção da classe capitalista e as negativas tendências que se originam da mesma. Muitas empresas são dirigidas por familiares próximos dos dirigentes. Isto é um problema muito grave”.
Em 1988, Zhao Zhiyang, o novo Secretário-geral, continua protegendo aos grupos revisionistas colocados por Hu Yaobang na direção de certas instituições do Partido, permitindo-lhes, inclusive, estender sua influência. Em 1986, o colaborador mais próximo de Zhao, Bao Tong, autorizou a criação, em Pequim, dos Fundos para a reforma e a abertura da China, financiado por Georges Soros, um importante homem de negócios estadunidense. O grupo de Zhao Zhiyang defendia o seguinte ponto de vista, expresso por intelectuais chineses residentes nos Estados Unidos: “acreditamos que uma mudança no sistema de propriedade do Estado não só é uma necessidade histórica, mas que é realizável na prática. Nosso projeto é este: organizar um programa global de privatização do sistema de propriedade estatal”.
Em novembro de 1988, Li Yining, professor da Universidade de Pequim e colaborador próximo de Zhao, reafirma: “o objetivo final é a criação de mercados bem geridos, de tipo capitalista, para bens, finanças, trabalho e viveres”.
Esta posição é confirmada por outro colaborador de Zhao, Chen Yi-zi: “Zhao estava convencido de que uma economia planificada de tipo stalinista não podia fazer avançar a China e que era necessária uma economia de mercado”.
É interessante notar um último ponto. No momento das manifestações estudantis, um jornal de Hong Kong escreveu: “Zhao solicitou a uma comissão preparar uma proposta de reforma política que incluísse ideias para multipartidarismo e uma imprensa independente”.
O multipartidarismo na China significa, antes de tudo, a legalização do Kuomintang, o partido fascista no poder em Taiwan. No relativo à imprensa “independente”, dependeria totalmente dos meios financeiros de Taiwan, de Hong Kong e dos Estados Unidos. Porém, com sua opção pelo multipartidarismo, Zhao é aclamado no Ocidente como um democrata. E, contudo, é precisamente o grupo de Zhao Zhiyang que reclama, no final de 1988 e início de 1989, um “novo autoritarismo” para levar adiante as reformas capitalistas. Reproduzimos o que Zhao disse a Deng Xiaoping em 6 de março: “um país subdesenvolvido que quer modernizar-se tem que passar por uma certa etapa em que precisa do impulso de um governo forte e autoritário”.
Está claro: para fazer voltar a democracia burguesa e a liberdade de mercado, faz falta um governo autoritário e capaz de vencer as resistências a restauração capitalista.
No final de dezembro de 1988, a luta entre os revisionistas e os marxista-leninistas alcançou um segundo auge. Uma pessoa próxima de Zhao Zhiyang reúne trezentos intelectuais em um seminário no qual os “reformadores” célebres do Partido, como Yan Jiaqi e Su Shaozhi, tomam a palavra para denunciar as campanhas passadas contra o liberalismo burguês. Os textos, uma impetuosa defesa do capitalismo, são publicados posteriormente no World Economic Herald de Shangai. Em seu editorial, o periódico precisa: “há que tomar valentemente o exemplo das formas democráticas modernas desenvolvidas no capitalismo ocidental”.
Esta agitação de direita por parte dos intelectuais reformadores do Partido influenciou diretamente os meios estudantis da capital. Chen Yun declarou nesse momento que “toda a frente ideológica está ocupada pela burguesia, não restou nada de proletário”.
Wang Zhen e Po Yipo insistem, por três vezes e na companhia de Deng Xiaoping, na necessidade de substituir Zhao Zhiyang do posto de Secretário-geral. Em março de 1989, Li Sien-nien vai à casa de Deng para insistir de novo na necessidade desta demissão, que poderia realizar-se na quarta seção plenária prevista para as próximas semanas. O movimento estudantil se põe em marcha em abril em meio a esta luta dentro do Partido Comunista.
O que realmente querem os estudantes de Pequim
Nossos meios de comunicação nos contaram que os estudantes de Pequim se manifestaram por reivindicações democráticas e contra a corrupção, e que de nenhuma maneira queriam derrubar o regime socialista. Como prova até cantavam a Internacional. Pode existir prova mais brilhante de que sob o socialismo a democracia é impossível? Uma camarilha de velhos burocratas, que se sentem superados, destroem com um banho de sangue um movimento inocente e ingênuo.
Toda a direita, desde o PSC (Partido Social-Cristão) até o Vlaams Blok (Vlaams Belang desde 2004), nos apresentam está versão. Os trotskistas realizaram uma atividade febril, após a repressão do movimento pró-imperialista, para conseguir que a esquerda belga defendesse os “estudantes”. Reclamaram apoio de centenas de progressistas a uma petição que dizia que os estudantes “exigiam, de fato, uma democracia no socialismo” que também declarava que “o pretexto de que a contrarrevolução estava levantando a cabeça é inaceitável”. Pelo contrário, nós afirmamos que, atuando desta forma, os trotskistas estavam comportando-se como verdadeiros agentes do imperialismo estadunidense e do fascismo de Taiwan. O leitor jugará se está acusação é fundamentada ou não.
Uma Revolução contra o Socialismo
Qual o caráter e a natureza do movimento de Pequim? Horas após a intervenção do Exército, em 4 de junho de 1989, Shaw Yuming, porta-voz do governo de Taiwan, declarou: (...) “ainda que algumas pessoas acreditem que este movimento estudantil representa só uma luta no seio do sistema e um movimento revolucionário dirigido contra o Partido Comunista, temos que sublinhar que, se se examinam bem as coisas, vemos que seu lema ‘democracia ou morte’ e o fato de erigir uma estátua da ‘deusa da liberdade’ sobre a Praça Tiananmen, comprova de maneira evidente que lutavam por uma democracia ao estilo ocidental”.
Duas semanas mais tarde, o porta-voz do governo de Taiwan informa a um jornalista japonês: “Senhor Yuan Mu, o porta-voz do governo de Pequim afirmou que os manifestantes buscavam derrubar o regime socialista (...) Dizia a verdade. Certas pessoas, como Fang Lizhi e outros intelectuais, são perfeitamente conscientes do que exigem. Porém, muitas pessoas pediam só algumas mudanças; não conheciam as implicações logicas do que reclamavam (...). Em uma revolução uns são chefes e outros seguidores. Os chefes sabem o que querem, porém, os seguidores têm só uma vaga ideia do que fazem. Muitas pessoas que estão na Praça Tiananmen pensavam que pediam apenas algumas mudanças, porém não sabiam que se tratava de uma revolução para sair do sistema”.
Em algo, o Partido Comunista da China e o partido fascista de Taiwan concordam. Uma questão importante: o movimento “democrático” de Pequim tem absolutamente um caráter contrarrevolucionário.
O programa de Fang Lizhi
Para julgar se está avaliação está correta, é importante analisar, com toda objetividade, o programa político preparado pelo núcleo da Praça Tiananmen.
O movimento, previsto originalmente para 4 de maio de 1989, foi preparado durante todo o ano de 1988. No início de 1989, Fang Lizhi, o pai espiritual indiscutível do movimento, visita as capitais ocidentais com o objetivo de receber apoio para o iminente movimento. No Libération de 17 de janeiro de 1989, Fang Lizhi publicou um artigo intitulado “A China necessita de democracia”, consigna repetida depois pelo movimento estudantil de Pequim. Denegrindo os 40 anos da construção socialista, Fang Lizhi declarou: “a lógica só leva a uma conclusão: as desilusões dos últimos 40 anos devem ser atribuídas ao sistema social (...). O socialismo, em seu modelo Lenin-Stalin-Mao, foi completamente desacreditado”. Partidário da introdução das leis do capitalismo na China, acrescenta: “pode uma economia livre ser compatível com o modelo especificamente ditatorial do governo chinês? Um olhar sobre a China de 1988 prova que a única resposta é não. A China difere de outros países porque seu sistema de ditadura não suporta uma economia totalmente livre. E isto porque a ditadura socialista está intimamente vinculada a um sistema de ‘propriedade coletiva’ e ideologia fundamental é antagônica aos direitos de propriedade requeridos por uma economia livre”.
Fang Lizhi continuava precisando que entendia a expressão “liberdade de imprensa” como a liberdade de expressão para a ascendente classe dos capitalistas chineses: “o editor de um jornal de Cantão escreveu recentemente que a função do seu jornal era escrever, não em nome do Partido, mas sim no da classe média emergente de Cantão.”
E para concluir seu artigo, Fang Lizhi precisou a tática que havia de seguir, inspirado amplamente pelas experiências polaca e húngara: “a democracia é algo mais do que um slogan: exerce uma pressão consubstancial a ela. O objetivo desta pressão é obrigar as autoridades, progressivamente através de meios não violentos, a aceitar mudanças na direção da democracia política e da economia livre”.
No momento em que o suposto movimento pela democracia foi lançado sobre Pequim, seus diferentes porta-vozes, quando negociavam as perspectivas e políticas da China, só repetiam essas orientações.
Esta declaração-programa de Fang Lizhi mostra todo seu alcance quando se examina, paralelamente, a política declarada por Taiwan. Recentemente, o primeiro-ministro de Taiwan, Lee Huan, manifestou, antes de seu governo, a linha de atuação. Segundo Lee Huan, Taiwan “só levou a cabo uma ofensiva política sobre o continente, porque uma ofensiva militar exigiria sacrifícios demasiado elevados e custaria demasiados danos.
E nos documentos do Kuomintang, as linhas diretrizes seguintes:
seguir ativamente o trabalho ideológico sobre o continente com o fim de combater a estratégia do Partido Comunista. Eliminar a ditadura marxista-leninista no continente. Destruir a ditadura de partido único do comunismo na China. Permitir a propriedade privada da terra e o desenvolvimento da empresa privada.
A Federação para a Democracia e o Kuomintang: coincidências
Três meses após a repressão do movimento, seus principais líderes se reencontram em Paris para criar a Federação para a Democracia na China. Elegem sua direção: Yan Jiaqi, principal dirigente dos intelectuais da Praça Tiananmen, Wuer Kaixi, próximo a Zhao Zhiyang e principal dirigente estudantil e Wan Runnan, um dos mais importantes capitalistas da República Popular.
O programa adotado pela Federação não se distingue em nada do perseguido pelo Kuomintang. A federação dos “democratas” denunciou que o Partido Comunista criou um sistema onde, o totalitarismo stalinista se une ao despotismo oriental”. Afirma que “a tolerância do povo chinês, no que diz respeito ao Partido Comunista, alcançou limites extremos”. Seus objetivos principais são formulados assim: “desenvolver a economia de iniciativa privada e acabar com a ditadura de partido único”.
Desde o momento em que o programa foi publicado, o paralelismo entre a política dos fascistas de Taiwan e os dirigentes de Tiananmen teriam que alarmar a todos progressistas e anti-imperialistas. Desde então, as posições destes dos grupos anticomunistas não fizeram outra coisa que senão coligar-se. Em primeiro lugar, tanto o Kuomintang como a Federação para a Democracia buscavam derrubar o Partido Comunista, apoiando-se nas forças da alta burguesia de Taiwan, dos Estados Unidos, de Hong Kong e de Singapura.
Ante um auditório em São Francisco, Shaw Yuming, diretor geral de informação do governo de Taiwan declarou: “o governo de Taiwan acompanhou de perto o movimento estudantil desde o primeiro momento e estudou diversas contra estratégias. Sem embargo, para não dar nenhum pretexto aos comunistas chineses para suprimir o movimento, devemos adotar uma atitude extremamente prudente. (...) Nossa esperança é utilizar o modelo de desenvolvimento de Taiwan como base para alcançar nosso objetivo: a reunificação da China baixo um sistema livre e democrático. (...) Os chineses do continente, de Taiwan, de Hong Kong, de Macau, dos EUA, do Canadá, da Europa e da região oriental da Ásia chegaram ao consenso, depois da matança de Tiananmen, de acabar com a tirania dos comunistas chineses”.
Esta orientação política de Taiwan é repetida praticamente palavra por palavra pelo porta-voz dos intelectuais do movimento de Pequim, Yan Jiaqi. Em 28 de julho de 1989, por ocasião da primeira sessão do Congresso dos Estudantes Chineses nos EUA, em Chicago, declarou: “as contribuições devem vir dos chineses do ultramar. Os comunistas chineses podem controlar o povo com tanques, porém não podem suprimir a empresa privada fora da China. A democracia depende da expansão. A formula de que Taiwan tivera um governo democrático baixo a direção da República da China não é bem-vinda. O importante não é que a China está dividida entre forças socialistas e capitalistas, mas sim que umas são ditatórias e outras democráticas. Para nós, qualquer um que apoie a ditadura é nosso inimigo e qualquer um que se oponha a ditadura é nosso amigo. O povo de Taiwan vê com esperança a bandeira democrática. Isto, penso, é a base fundamental para a reunificação de Taiwan e da China continental”.
A segunda coincidência: o Kuomintang e a Federação para a Democracia, os dois, denigrem a experiência socialista na China desde a libertação em 1949. A pergunta dos jornalistas: “você acredita que os chineses idealizam muito os primeiros anos do comunismo?”. Yan Jiaqi responde: “Não! O começo dos anos 50 é a época em que o Partido Comunista instala as bases do seu poder, que perseguia aos partidários do Kuomintang de Chiang Kai-shek, em que expropriava aos capitalistas a plena luz do dia, no campo, repartia a terra entre os camponeses expropriando os bens imóveis dos proprietários. Esta época em que o Partido Comunista começava sua primeira campanha contra os intelectuais e todas as pessoas que pensavam de forma diferente”.
Sua argumentação é retirada da tese dos fascistas do Kuomintang que pretendem que, desde a chegada ao poder, o Partido Comunista levou a cabo uma política “criminosa”. A terceira coincidência: todo o discurso do Kuomintang, como ocorre com a Federação para a Democracia, está orientada sobre uma base central: a empresa privada, o capitalismo selvagem. O secretário-geral da Federação para a Democracia na China é o milionário Wan Runnan, ex-diretor geral da sociedade de equipamentos eletrônicos Stone, uma das empresas privadas mais importantes da China. Tinha um benefício aproximado de 50 milhões de dólares anuais. Em fevereiro de 1990, Wan Runnan apresenta suas impressões a revista Boletim de Sinologia, editada em Hong Kong: “Wan Runnan acredita que a ditadura de partido único constitui um freio para o desenvolvimento econômico. Defende instauração, na economia, de um sistema de propriedade privada e, na política, sistema pluralista”.
Perante a City University de New York, Wan Rumman declarou: “uma solução simples para os problemas da China consiste em privatizar a propriedade, fazendo possível a emergência de uma classe média”.
Yan Jiaqi confirma esta opinião definindo que uma economia socialista é a base do totalitarismo, ideia central de Fang Lizhi. “Se a China não adotar um sistema de propriedade privada na economia, estará condenada ao totalitarismo e ao controle do pensamento”.
Seu “pacifismo” era uma mentira: aqui estão as provas
Hu Yaobang morreu em 15 de abril de 1989. O setor direitista dos estudantes de Pequim aproveitou isto para reivindicar que a tendência de Hu, cuja orientação liberal pró-imperialista é bem conhecida, tivesse a direção absoluta do Partido e que os últimos representantes da linha marxista-leninista fossem eliminados. O primeiro requisito desta direita é a restauração dos méritos de Hu Yaobang, criticado em 1987, e a reabilitação política de todos os seus partidários excluídos do Partido, cuja figura principal é Fang Lizhi, o célebre adorador do imperialismo americano e do regime de Taiwan. Em 24 de abril, este núcleo de estudantes anuncia a formação de um comitê preparatório da Federação Nacional dos Estudantes e sua ruidosa defesa do Solidariedade indica a intenção de construir um centro político legal capaz de reunir todas as forças anticomunistas.
Como resposta, o Birô Político do Partido Comunista denunciou em 26 de abril “uma conspiração organizada” e “uma agitação que intenta acabar com a direção do Partido Comunista e com o regime socialista”.
Em 2 de maio, o grupo estudantil envia uma petição ao Partido em que afirma responder a oferta de diálogo feita pelo governo. Quando se estuda isto cuidadosamente, se comprova que este grupo não busca de nenhuma maneira o diálogo, senão o enfrentamento e que seu fim último é a derrubada do Partido Comunista. No primeiro ponto, demandam “a igualdade absoluta” entre as duas partes, os estudantes e as autoridades nacionais, com a presença dos mais altos responsáveis do Partido e do Estado. Os estudantes devem ser representados pela Federação Autônoma dos Estudantes, o que implica o reconhecimento oficial das organizações antissocialistas. O grupo demanda também que o encontro seja retransmitido integralmente pela televisão, facilitando assim a implantação da organização anticomunista no conjunto do país.
Compreendendo perfeitamente o sentido político da tática, uma revista do governo norte-americano declara: “se esta petição fosse conceito, os estudantes obteriam a legalização da primeira organização política completamente independente da história da República Popular e a negação dos quatro princípios fundamentais de Deng Xiaoping”.
As peregrinações à Taiwan
Recentemente, a Federação para a Democracia na China, através de seu presidente Jan Jiaqi, deu a conhecer uma estratégia em quatro fases: a) primeira fase: a queda de Li Peng. b) segunda fase: revisão do juízo sobre a natureza do movimento de Pequim. c) terceira fase: volta dos dissidentes e reforma da constituição na direção de um sistema pluripartidário como o da Polônia, Hungria e União Soviética. d) quarta fase: estabelecimento de um sistema federal e eleições multipartidárias, com a participação do Partido Comunista, o Kuomintang e a Aliança Democrática.
Quando menos, nesta lista de intenções, o objetivo estava claro: a volta do velho partido fascista e a chegada de um novo partido criado nos Estados Unidos por agentes chineses da CIA.
Quando, meses depois da repressão do movimento a favor do imperialismo de Pequim, afirmamos que ele foi dirigido por contrarrevolucionários e que pretendiam estabelecer o regime de Taiwan na China, os trotskistas se fizeram de indignados. Mandel teve o atrevimento de escrever: “a vitória dos estudantes havia reforçado a base do socialismo na China. Seu esmagamento por uma camarilha de despostas militares foi um duro golpe ao socialismo”.
Agora vimos todos os protagonistas do suposto movimento democrático ser desmascarados e mostrar abertamente como são agentes de Taiwan e dos EUA. Vemos de quem foi advogado Mandel.
Yan Jiaqi, o pensador do movimento “democrático”, foi a Taiwan em 8 de maio de 1990, para declarar isto: “para a democratização da China continental, a experiência de Taiwan tem um grande valor como referência”.
O segundo herói da Praça Tiananmen era Wuer Kaixi. Em 29 de janeiro solicitou uma entrevista com John Chang, o diretor do departamento de negócios chineses do Kuomintang, quer dizer, o chefe dos serviços secretos de Taiwan na República Popular. Nosso democrata declarou aos fascistas: “a comunicação entre os chineses anticomunistas é o primeiro passo em face da unidade”.
Su Hsiao-Kang, o célebre escritor, chegou a Taiwan no início de janeiro acompanhado por outros quatro escritores, militantes da Praça Tiananmen. Ali denunciou: “o totalitarismo de tipo stalinista imposto por Mao Tsé-Tung”. Segundo a imprensa de Taiwan, “criticou a Taiwan pela pouca contundência de seu apoio ao movimento democrático do continente”. Sempre segundo a imprensa do Kuomintang: “Su afirmou que certos membros da Federação para a Democracia na China pensavam que a ação sangrenta e a guerra civil eram inevitáveis no combate pela democracia.
Yueh Wu, dirigente do Sindicato Operário de Pequim, muito bem considerado por nossos trotskistas, chegou em 16 de janeiro a Taiwan, convidado pela Liga Anticomunista Mundial!
Em janeiro, todos os dirigentes da Federação, liderados pelo secretário-geral Wan Runnan, assim como cinquenta estudantes e escritores do movimento de Tiananmen, foram convidados a Taiwan. Um quadro do Kuomintang declarou: “hoje é um segredo público que todos os grupos importantes do movimento democrático recebem a maior parte de seus fundos de ajuda de Taiwan”.
Estas informações podem provocar calafrios em todos os que acreditaram, em um momento ou outro, que os estudantes de Tiananmen eram moços ingênuos, politicamente virgens. Agora, as provas são contundentes: para toda a direção do movimento, a “liberdade” é a liberdade da empresa capitalista e da exploração, a “democracia” e o multipartidarismo são a volta do partido fascista do Kuomintang e de seus esquadrões da morte a China. A grande campanha anticomunista que a Anistia Internacional lançou em maio de 1990 tem por lema: “no ano passado, a primavera florescia na China cheia de Esperanças”. Uma expressão claramente política que repetia a versão difundida pelos estrategistas do imperialismo: o movimento pela democracia era uma primavera cheia de esperanças. Agora bem, se a Anistia Internacional quer fazer política (e a faz com grande refinamento), não pode impedir um debate aberto em suas fileiras sobre a análise deste movimento. E uma análise objetiva leva a uma conclusão indiscutível: este movimento apontava para o restabelecimento da dominação neocolonial sobre a China e o renascimento da dominação fascista do Kuomintang. E está é a orientação que defende a Anistia Internacional-Belga sobre o pretexto de “não fazer política”.
Zhao Zhiyang se une a contrarrevolução
Um feito importante se produziu em 4 de maio, com o discurso de Zhao Zhiyang, em seu retorno de Pyongyang. Ante os membros do Banco Asiático de Desenvolvimento, Zhao apresenta uma avaliação positiva do movimento estudantil e reprova os que consideravam que este movimento estava dirigido por forças antissocialistas.
Uma revista do governo estadunidense fez, pouco depois, a seguinte análise da intervenção de Zhao:
“Apesar da enorme dimensão das manifestações, ainda não constituem uma rebelião popular. Estas manifestações só foram possíveis no momento em que os manifestantes viram que tinham a simpatia de uma fração do Partido e do aparato governamental, que via nos manifestantes uma ajuda ao seu combate contra os conservadores. Este processo começou depois do discurso de 4 de maio de Zhao”.
Muitos membros do Partido Comunista são desorientados pelas apreciações sobre o movimento estudantil que veem da direção do Partido. Zhao dá instruções a todos os meios de comunicação para que apoiem o crescente movimento. Graças aos meios de comunicação, o movimento estudantil se transforma em movimento popular. Depois da declaração da lei marcial, em 20 de maio, até o dia 25 de maio, a imprensa, a rádio e a televisão chamam a população a opor-se a entrada do Exército em Pequim. E, neste momento, de confusão política geral, quando as forças autenticamente de esquerda, que criticavam as reformas de Deng Xiaoping a partir dos princípios de Mao Tsé-Tung e Zhou En-lai, se comprometeram com o movimento. Desde esse momento, os manifestantes perseguiram fins totalmente opostos, uns querendo o regresso aos princípios socialistas dos anos de Mao e outros impulsionando as reformas até a introdução da economia de mercado. Estes últimos tiveram a direção política do movimento em todo o momento.
A direita ao assalto do poder
Em 17 de maio, Yan Jiaqi, um dos principais dirigentes do movimento e colaborador próximo de Zhao, publicou o Manifesto de 17 de maio. Em apoio a Zhao Zhiyang contra o “imperador” Deng Xiaoping e contra “o governo controlado por um ditador absolutista”. Yan escreve: “abaixo o editorial de 26 de abril! Abaixo a ditadura! Viva o espírito de oposição à tirania!” Seu manifesto é publicado no dia seguinte pela imprensa de Taiwan.
Desde este dia, fala abertamente da eliminação da esquerda marxista do governo. Podemos ler em uma declaração da direção do movimento de Tiananmen, em 21 de maio: nós não somos a “classe de pessoas que buscam um compromisso com um governo que trata este movimento patriótico de modo errado”. Se o governo não desaparecer, então “os distúrbios nunca terão fim”.
No mesmo 21 de maio, Yan Jiaqi reclama em uma declaração a derrubada do premier Li Peng, do presidente da República Yang Shangkung e da autoridade superior militar, Deng Xiaoping. Yan reclama sua expulsão do Partido e de sua corrente em acusação diante do tribunal.
Porém, no final de maio de 1989, a grande maioria do Comitê Central do Partido, liderada por Deng Xiaoping e Li Peng se une contra a fração pró-capitalista de Zhao Zhiyang.
Em 1º de junho, o quartel general dos estudantes em Tiananmen demanda o fim da lei marcial e a retirada das tropas. Anunciando as violên-cias que preparam, afirmam: “se estas reivindicações não forem aceitas os estudantes estarão dispostos a sacrificar suas vidas”.
Claramente o movimento perde o dinamismo. Contudo, o núcleo duro não pensa em ceder de nenhuma maneira. Pelo contrário, preparam ações desesperadas. Os estudantes decidem continuar ocupando a Praça Tiananmen até a seção do Congresso dos deputados de 20 de junho. Um novo auge de protestos sempre é possível em Pequim. Alguns distúrbios já se manifestavam nas províncias. Uma revista do governo norte-americano que comprova a decadência do movimento escreve: “por causa do financiamento procedente do setor privado chinês e dos simpatizantes de fora e do reforço proporcionado por novos manifestantes que chegam a capital, é difícil que o movimento se dissolva por si mesmo”.
Depois de uma campanha de informação de duas semanas, durante a qual as autoridades não aplicaram a lei marcial, decidiram desocupar a Praça por meio do Exército e das forças de ordem. Em 2 de junho, enviaram soldados desarmados para fazer com que os estudantes marchassem. Não é de nenhum modo uma “provocação”, como disse a imprensa anticomunista. O envio de soldados sem armas corresponde perfeitamente com a fase de decadência do movimento e a vontade do Partido de acabar com as desordens sem violências, política praticada há seis semanas e absolutamente impensável em qualquer país imperialista. Neste 2 de junho, os soldados desarmados são atacados, golpeados e feitos prisioneiros por estudantes e elementos desclassificados.
Preparação sistemática da violência
Se é indiscutível que a maioria dos estudantes não queriam a violência, é também evidente que a direção do movimento, desde o princípio e de forma sistemática, preparou os ânimos para o enfrentamento e a violência. Em 21 de abril de 1989 se faz, na universidade de Pequim, um chamamento à greve. “Queremos fazer progredir a democracia pela sinceridade do nosso sacrifício, pouco importa a repressão, escalaremos montanhas de lâminas cortantes, nós submergiremos em oceanos de fogo!”, é uma linguagem que chama ao sangue.
Outro dazibao de 23 de abril segue textualmente a propaganda de Taiwan: “a democracia e a liberdade é o fim de nossa greve. A luta é inevitável, temos de aceitá-la sem temor. Haverá vítimas, porém o sacrifício vale a pena. Podemos aceitar a dor de haver nascido na escravidão? Nascemos livres, eles querem fazer-nos escravos”.
É uma tática posta em prática desde há muito tempo pela CIA para a luta nos países socialistas: evitar por tanto tempo quanto seja possível o enfrentamento direto com os órgãos da ditadura do proletariado; ganhar vasta influência entre as massas vacilantes proclamando sua vontade pacifista; preparar psicologicamente o enfrentamento inevitável para, finalmente, destacar que as autoridades puseram em marcha a agressão e que os manifestantes têm o direito à legítima defesa.
Em 13 de maio, os dirigentes decidem dramatizar a luta iniciando uma greve de fome de 3 mil estudantes. Preparando o enfrentamento, falam, cada vez mais, a frequentemente da morte. Na petição da greve de fome, os estudantes da universidade de Pequim falam do momento crucial, de vida ou morte, que decidirá a sobrevivência ou o naufrágio da nação. “A morte não é nosso fim. Porém se a morte de uma pessoa pode melhorar a vida de muitos outros, se pode conseguir uma nação prospera e poderosa, então não temos o direito de atuar vilmente”. Um professor chinês explica a um jornalista do Libération a tática do movimento.
A direção do Partido comunista deve, primeiro, reconhecer a associação de estudantes e a legitimidade do nosso movimento. Porém estas são só nossas primeiras demandas. Devem abandonar a praça. E se utilizam a violência, passará na China como na França de 1789, a tomada da Bastilha.
Em 22 de maio, a estudantada da Praça Tiananmen eleva ainda mais a temperatura. “Li Peng e Yang Shangkun deram um golpe de Estado contrarrevolucionário. Destituíram o Secretário-geral Zhao Ziyang. Todo o povo deve esmagar este golpe de Estado e rechaçar o governo de Li Peng”. Esmagar um golpe de Estado contrarrevolucionário: é possível fazer isto com gentileza e pacifismo?
Na terça-feira, 30 de maio, uma bandeira tremula sobre a Praça Tia-nanmen: “o 1789 da China”, abertamente apelando a uma revolução para derrotar o regime. Wang declara a um jornalista do Libération: “a história prova que não se pode conquistar a liberdade sem o recurso da violência. É lamentável, porém o sangue deve fluir. Na China não chegou ainda o momento. A violência nos afastará das massas. Primeiro temos que despertar o povo e ganhar seu apoio para a causa da democracia”.
Às 21 horas do dia 3 de junho, antes da intervenção das forças da ordem, quando Chai Ling pede aos estudantes da praça que levantem a mão e jurem:
“Pelo progresso do nosso país até a democracia, pela prosperidade do nosso país e para impedir que um milhão de chineses morram na guerra, juro proteger a Praça Tiananmen e a República com a vida. Nossas cabeças podem ser cortadas e podem derramar nosso sangue, porém a praça do povo não se pode perder. Estamos prontos para brigar até o fim até o último de nós”. Os pacifistas: “Sabemos que deve correr o sangue!”
Encontramos uma discussão extremamente significativa e reveladora do “caráter pacífico” do movimento, na revista Problems of Communism, publicada pela Agência de informação do governo norte-americano. Comprova, indiscutivelmente, duas coisas. Primeiro: a opção não violenta do movimento de Pequim era uma simples tática, uma manobra inteligente para recolher um apoio tão grande quanto fosse possível para as atividades e as teses anticomunistas. Em segundo lugar: há uma divisão de papéis. Enquanto as vozes “oficiais” declamavam a não violência, elementos “especializados” estavam preparados para a violência. Isto é o que diz a revista do governo norte-americano a propósito da “ação sem violência” destes dirigentes estudantes tão inocentes:
Considerações de tipo prática aconselharam uma aproximação não violenta. O regime comunista, todavia, controla forças militares e policiais impressionantes. O exército e as forças da polícia se mantiveram firmemente do lado do regime. Seria ilusão para o movimento democrático reunir-se nas montanhas como fez Mao nos anos 30. Os democratas dizem que se a violência tem um papel no futuro da China, terá que vir do interior do exército chinês. O presidente da Primavera da China, Hu Ping, disse no IV Congresso da organização em Los Angeles: “Nossa organização não tem a força de dar um golpe militar”. Wan Runnan, da Federação Democrática afirmou: “Nosso princípio da ação sem violência não significa que o sangue não correrá. Há uma divisão de papéis. Nosso papel é organizar atividades agradáveis, racionais e não violentas. Contudo, outros cumpriram outros papéis. A ação sem violência e o apoio ao socialismo oferecem melhores possibilidades para construir uma grande coalizão contra o regime e para atrair ao máximo de apoio oficial e não oficial no estrangeiro. Um dirigente da Primavera da China declarava no momento dos debates do IV Congresso: ‘só a bandeira dos métodos pacíficos pode reunir uma audiência ampla e plural. Se alguém aqui me pedisse dinheiro para fuzis, daria certamente os fuzis para a caça de aves”.
Os amotinados atacaram primeiro
Quando o exército e a polícia quiseram reestabelecer a ordem, após duas semanas de trabalhos explicativos, os primeiros feridos, os primeiros mortos também, caíram do lado do exército.
O jornal Libération descreveu os acontecimentos da sexta-feira, 2 de junho, nesses termos: “as massas se lançaram sobre os militares, a imensa maioria muito novos e sem armas. Milhares de soldados foram feitos prisioneiros. Seus oficiais os ordenavam que não resistissem”.
No sábado, 3 de junho, às 15 horas, o jornalista do Libération anotou que manifestantes atearam fogo em veículos militares. E continua: “armas, recolhidas de um dos veículos, apresentam-se. Pequim tinha já, esta tarde, um ar de motim”.
“Sem violência não podemos conquistar mudanças. Devemos nos preparar para isso. Não tememos a violência”, grita um operário. Esta violência já está no ar. No sábado, às cinco da tarde, no Palácio do Povo, jovens patrulham com pedras e largos cacetes recolhidos das mãos dos policiais. “Estamos preparados para o sacrifício”, clama um orador improvisado. “Se cai um de nós, serão um milhão os que se levantam”. As massas gritam: abaixo o regime fascista! Cada vez mais gente fala de “responder a violência do Estado”. Lemos em Le Soir: “ao redor de quilômetros, tanto no Oeste como no Leste da Praça Tiananmen, a Avenida Chang’na não é mais que uma sucessão de barricadas”.
O jornal direitista The Far Eastern Economic Review escreve: “Na tarde de 3 de junho, uma nova intervenção de soldados a pé e desarmados foi parada diante do Hotel de Pequim, porém desta vez, alguns soldados são golpeados brutalmente por bandos de jovens criminais que apareceram pela primeira vez na Praça Tiananmen com barras de ferro e cassetetes. Durante vários incidentes, vários soldados perdem a vida, golpeados por mãos e pedras. Em Chong Wen Men, o corpo de um soldado foi queimado. Em outro incidente, manifestantes mutilaram o corpo de outro soldado”.
Um cidadão belga em Pequim declara no telefone: “primeiro enviaram os tanques do 38º Exército contra os ocupantes de Tiananmen. Trataram para que não houvesse violência. Não conseguiram, houve mortos em suas fileiras”.
Quem são estes grupos de assassinos? Johan Galtung examinou os vídeos da violência e escreveu: “se movem rápido e muito, lançam coquetes molotov, sabendo exatamente como destruir um veículo, até um tanque. Aparentemente, têm uns trinta anos”.
Podemos razoavelmente pensar em agentes vindos de Taiwan, base mundial de esquadrões da morte, agentes que podem atuar desde há muito tempo graças à passividade e à frouxidão do governo, e tem papel importante nesta violência. Taiwan tem interesses em que o movimento termine violentamente e tem os meios para realizar as provocações necessárias para este fim.
Empurrados deliberadamente para a morte?
Até um jornal tão anticomunista como o Libération, se viu obrigado a sugerir a hipótese segundo a qual os dirigentes do movimento estudantil provocaram deliberadamente o fim violento de um movimento que sabiam perdido. O Libération cita um dirigente ligado ao Ocidente, Lao Um: “duas semanas antes da matança, sabíamos que tudo estava perdido e Wang Jun Tao fez preparar documentação falsa para assegurar a fuga dos intelectuais e de alguns estudantes que dirigem o movimento, entre os que estavam eu”. E Libération formula a pergunta necessária:
Por que Wang Jun Tao se opôs a evacuação de Tiananmen, enquanto as informações comunicadas aos ativistas pelo jornalista Dai Qing, alguns dias antes, falavam de uma iminente e indiscriminadas intervenção militar? Alguns dirigentes do movimento consideravam que um mártir serviria melhor a causa? “Toda a estratégia do movimento se baseou na busca de um mártir”, dizia recentemente um dos líderes da rede democrática.
O Exército tinha a obrigação de acabar com o motim
Em 4 de junho, era urgente para o exército intervir para encerrar aquelas provocações assassinas e aquela ocupação da Praça Tiananmen.
Desde o 1º de junho, A Voz da América informava sistematicamente que unidades do exército estavam a ponto de enfrentar-se entre elas, que os soldados se negavam a impor a lei marcial, que o governo não contava com nenhum apoio. Em outras palavras, a emissora de rádio da CIA incitava abertamente a insurreição.
O exército não podia eclipsar-se ante a violência e os assassinatos, tampouco podia permitir que os anticomunistas continuassem ocupando o coração da capital. Isto seria considerado por todas as forças antissocialistas como uma expressão da impotência do exército ante as forças da contrarrevolução, como um indicador da paralisia e da debilidade do governo e, que logo, podia ser derrubado.
A intervenção do exército para pôr fim ao motim anticomunista se fazia necessário, porém, constituía, ao mesmo tempo, a prova do fracasso de certa política. A orientação pró-capitalista, ou, pró-imperialista de Hu Ya-obang e de Zhao Zhiyang provocam um descontentamento justificado na população, criando uma grande confusão política. Não compreendendo o alcance do programa do núcleo duro de Tiananmen, uma parte da população de Pequim se opõe a intervenção do exército.
Para combater a violência justificada com que o país socialista se defende contra o imperialismo, os piores fascistas juram pelo humanismo e o humanitarismo. Isto demostra que quando uma força política começa a falar de humanismo é necessário fazer sempre uma análise de classe. O porta-voz do governo fascista de Taiwan, sobre as ingerências norte-americanas na República Popular da China, comentam: “os EUA provaram que eram dignos de ser os dirigentes do mundo livre ao manter bem altos os princípios do humanismo e dos direitos humanos”.
Agora, nos primeiros meses de 1990, em El Salvador, grupos fascistas enviados por Taiwan, bombardeiam cegamente os bairros populares da capital, massacrando a população. Em visita à Taiwan, em 21 de fevereiro deste ano, o presidente salvadorenho, Christiani, declarou: “juntos marchamos pelo caminho da liberdade e da democracia”.
No momento da agressão contra Panamá, um Estado independente, os EUA mataram, segundo Eduardo Galeano, 7 mil pessoas. Todos os crimes inqualificáveis do imperialismo, sistematicamente são apagados da memória de nossos povos, enquanto que a repressão justificada dirigida contra a sublevação imperialista, em Pequim, é recordada pela BBC, diariamente, semana após semana há mais de um ano, como o maior crime contra a humanidade. Não podemos estar do lado dos povos de El Salvador, da Guatemala, de Granada, do Panamá, da Argentina, das Filipinas, povos aterrori-zados pelos Estados Unidos e por Taiwan, e não estar do lado do governo socialista chinês que combate as tentativas de reconquista da China por parte de Taiwan e dos Estados Unidos.
A China em uma encruzilhada
Como pensar o futuro deste imenso país que é a China Popular, um ano depois da repressão do motim contrarrevolucionário de Pequim?
Hoje, existe o risco de que a agitação contrarrevolucionária se levante novamente e sempre existe o perigo de que a linha revisionista e pró-capitalista se fortaleça com a direção do Partido Comunista da China. Se dessa maneira a direita pode minar o interior do Partido para depois arrematá-lo, a China se submergirá em um caos catastrófico que, em alguns anos, custará a vida de milhões de pessoas.
A China poderá evitar este cataclismo se a correção, a retificação e a revolucionarização do Partido Comunista continuar até o fim. Só o socialismo pode salvar a China e só o Partido Comunista pode dirigir a construção socialista. A história recente, tanto a da Europa do Leste, como a da China, nos diz que nos países socialistas existem dois tipos de luta de classes. Uma luta contra os reacionários, os elementos inimigos do socialismo e os agentes do imperialismo. E outra que tem lugar no interior do Partido para a conservação das suas tradições revolucionárias. Está luta pela revolucionarização constante do Partido, está luta contra as tendências face a degeneração é, sem dúvida, a mais complexa, porém também a mais cruel.
Nós estamos em desacordo com os que fazem da luta pela “democracia” a questão essencial. O exemplo de Tiananmen demostra claramente que a palavra “democracia”, supostamente acima das classes, é utilizada para propagar o livre desenvolvimento de toda classe de organizações antissocialistas e pró-imperialistas. Assim, a “democracia” é a palavra de ordem em Taiwan e significa, nestes casos, o direito do partido fascista Kuomintang de regressar à China. Defendemos a democracia socialista, quer dizer, a participação ativa e constante das massas populares na edificação do socialismo, em sua defensa e no aperfeiçoamento de seu sistema político e econômico. O desenvolvimento da democracia socialista está condicionado pela revolucionarização do Partido. Um elevado grau de democracia socialista depende do trabalho exemplar dos comunistas, dos seus laços com as massas, do seu estilo de vida simples e da dura luta, do seu espirito de sacrifício, da sua fidelidade, não em palavras, mas em feitos, ao marxismo-leninismo e da sua capacidade de centralizar todas as ideias progressistas das massas.
Porém o Partido cometeu erros...
Objetam-nos, em certas ocasiões, que o Partido Comunista da China cometeu erros e falhas. Isto é evidente. Contudo, quais são as conclusões que se retiram destas considerações? Situar-se no campo da contrarrevolução e do revisionismo é a cura para a enfermidade do socialismo? Todas as correntes demagógicas acentuaram sempre os erros e as debilidades do Partido, para impulsionar as concepções antissocialistas e contrarrevolucionárias.
Os que apoiaram os heróis da Praça Tiananmen puderam agora constatar que apoiaram uma direção ferozmente antissocialista e pró-Taiwan. Os que apoiaram ao moderado, ao reformador, ao homem que das provas da sua flexibilidade e da sua vontade de diálogo, Zhao Zhiyang, veem hoje que apoiaram uma linha política de privatizações e livre mercado. Lutar contra os erros e as debilidades do Partido de um ponto de vista revolucionário e lutar pela depuração do Partido dos elementos burgueses, oportunistas, burocráticos e podres, é lutar pela conservação dos princípios marxista-leninistas e por seu desenvolvimento.
Gerontocracia positiva e negativa
Os eventos na China mostraram-nos, mais uma vez, que sob o socialismo, a luta de classes no partido é extremamente complexa. É necessário adotar uma atitude de estudo, de pesquisa e de análise para encontrar verdadeiros interesses de classe que estão por detrás de algumas proposições tentadoras. Queremos desenvolver esta ideia, a partir do exemplo de demagogia da imprensa burguesa contra a gerontocracia, os antigos despóticos, os velhos corrompidos e conservadores opostos à juventude democrática e desinteressada. Primeiro, na China, entre a velha guarda do partido, alguns são de direita, de esquerda e de centro. Vamos começar direito. Em um documento do Partido Comunista da China, em 1984, podemos ler:
Há um pequeno número de antigos membros e funcionários do Partido que não é capaz de respeitar os princípios do Partido. Quando encontram uma tendência doentia, seguem-na. No momento que se comprometeu a discutir a abertura para o mundo exterior, algumas pessoas do governo e do Partido foram atraídas como abelhas pelo mel.
Na luta no seio do Partido, estes velhos defendiam as posições de Hu Yaobang e de Zhao Zhiyang e nem o imperialismo de Taiwan se inquietou por sua idade, já que lutavam pela causa boa, a mesma que destes bons velhinhos: o papa de Roma, Ronald Reagan e Willy Brandt.
Pelo contrário, Deng Xiaoping era, para os olhos do Ocidente, o protótipo do velho tirânico e retrógrado. E, porém, quando Deng apoiou a política revisionista de Hu Yaobang e de Zhao Zhiyang, o Ocidente não o poupou por isso. Deng defendeu a política nefasta de Zhao Zhiyang até abril de 1989. E até o momento do começo do movimento estudantil, a imprensa do Kuomintang manteve a esperança de que Deng se posicionasse ao lado da reforma e da democracia. Uma revista de Taiwan escreveu: “o lugar de Deng na história depende desta decisão”.
Durante dez anos, o velho Deng manteve uma posição centrista, ainda se inclinando mais à direita.
Outros velhos, como Chen Yun e Li Sien, criticaram há muitos anos vários aspectos da política de Deng Xiaoping. Chen Yun foi o que mais fortemente combateu a orientação para o livre mercado e o abandono da planificação. Também é – e vale a pena assinalar, já que Chen Yun representa, aos olhos do imperialismo, aos conservadores e corrompidos – quem com mais constância criticou todos os casos de corrupção no seio do Partido.
Resumindo, a luta de classes afeta tanto aos velhos como aos jovens, a população e ao Partido. Portanto, é preciso analisar o fundo e a coerência das diferentes correntes políticas.
A direita pró-imperialista foi derrotada na China
Qual a conclusão que podemos tirar dos meses da confrontação política em Pequim? A luta de classes que se desenvolve na primavera de 1989 acabou em uma importante derrota para a direita pró-capitalista do Partido Comunista da China. Com Zhao Zhiyang, foram depurados toda uma série de intelectuais de direita e de extrema-direita, como Yan Jiaqi.
No conjunto, a atual direção se situa mais à esquerda. As seguintes são algumas indicações, primeiro no campo político e ideológico.
Há uma nova consciência do perigo de subversão e de infiltração, organizadas a grande escala na China pelo imperialismo e por Taiwan. O Partido Comunista retoma a concepção de Mao segundo a qual a luta de classes continua sob o socialismo, assim como que persiste o perigo de uma restauração capitalista. Dentro do Partido Comunista da China, a política revisionista de Gorbachev é duramente criticada e igualmente sua atitude de capitulação frente ao imperialismo. O Partido põe em primeiro plano o trabalho político e ideológico como princípio diretivo. A necessidade dos intelectuais de fundir-se com os camponeses e operários é reafirmada. Alguns redescobriram as obras de Mao Tsé-Tung, em uma tentativa de compreender as características da luta de classes.
No campo econômico encontramos acentos novos
A planificação socialista recupera seu papel, importantes fundos são destinados à agricultura, o desenvolvimento da empresa privada foi freado, a campanha contra a corrupção e as desigualdades se fortaleceu.
A importância de se informar
Entretanto, a luta é complexa e seu desenvolvimento incerto. É importante seguir os debates e analisar os pontos de vista diferentes que se manifestam no seio do Partido Comunista da China. Queremos sublinhar a importância de obter informação de primeira mão sobre as posições dos comunistas chineses. É preciso dizer que o desprezo de numerosos progressistas ocidentais à experiência socialista de milhões de pessoas é simplesmente escandaloso. Os que nem sequer dão ao esforço de ler os documentos do Partido Comunista da China, mantêm fixas, com absoluta arrogância, suas críticas e suas receitas infalíveis para salvar o socialismo chinês. A mais elementar honradez intelectual nos obriga a seguir com atenção e interesse as publicações chinesas. Ali encontramos tanto análises pertinentes, como teses discutíveis e, também, pontos de vista revisionistas. Informar-se objetivamente sobre a política do Partido comunista é instrutivo em si mesmo. Nem estamos obrigados a emitir um juízo sobre todas as medidas e todas as teses, nem devemos mudar nossas opiniões demasiado rápido e de forma categórica.
O futuro da China é incerto
A partir de 1986, certos especialistas estadunidenses consideravam que a China chegava a um ponto no qual não havia mais retorno e no qual a restauração do capitalismo era inevitável. As descoletivizações no campo, o desenvolvimento da empresa privada, a autonomia das empresas, o nascimento de uma classe tecnocrata influenciada pelo modelo ocidental, as zonas especiais, o investimento estrangeiro, tudo isto, diziam, constituía uma base sólida para o capitalismo. Certos revolucionários consideravam que Deng Xiaoping concluirá a restauração do capitalismo na China. Porém, a mudança na orientação política após junho de 1989, demonstraram a prematuridade destas conclusões. Poderá o Partido Comunista Chinês continuar durante muito tempo seus esforços de retificação e aprofundar suas críticas sobre os erros cometidos?
Os especialistas em China lançam várias hipóteses sobre o futuro. Alguns acreditam que os revisionistas no Partido utilizaram um discurso “mais à esquerda” aguardando o surto de graves problemas econômicos e sociais para voltar ao poder.
Outros consideram que a retificação política e ideológica atual será superficial, que o burocratismo, a corrupção e o parasitismo continuarão difundindo-se e que o processo de putrefação prosseguirá, como está se sucede desde 1978. Os acontecimentos de junho de 1989 tão só seriam uma pausa na marcha rumo ao capitalismo.
A terceira escola pensa que Deng Xiaoping virará de novo à direita para apoiar outra tendência na linha da de Hu Yaobang e Zhao Zhiyang. Recordando que, em fevereiro de 1989, Deng ainda afirmava que o Partido não cometia erros importantes desde 1978. Está escola pensa que Deng regressará a uma linha de reformas de tipo capitalista. As três hipóteses falam de uma vitória final das tendências revisionistas na China. Outros especialistas preveem um surto na China sob a pressão de terríveis problemas econômicos, sociais e demográficos, pelo crescimento dos particularismos provinciais e pela ação das forças contrarrevolucionárias e pró-Taiwan. A China conheceria então uma nova era de guerras civis vorazes cuja saída é imprevisível. Finalmente, podemos considerar que a direção atual do Partido conseguirá fazer uma síntese entre os princípios políticos corretos que Mao elaborou no momento da Grande Revolução Cultural Proletária e a política mais flexível posta em prática desde então. Assim, a China poderia encontra um novo dinamismo tanto no domínio político como no econômico.
Uma confirmação de certas teses de Mao Tsé-Tung
Durante a Revolução Cultural, Mao não utilizou os métodos adequados para resolver o problema da degeneração capitalista, ainda que tenha abordado corretamente um problema crucial. A evolução política dos últimos dez anos confirmou amplamente algumas de suas análises. Mao Tsé-Tung disse: “Se nos afastarmos das massas, se não nos esforçarmos em resolver seus problemas, os camponeses levantarão suas foices, os operários sairão às ruas para manifestar-se, os estudantes provocarão distúrbios. Hoje, existe gente que crê que com a conquista do poder do Estado se pode descansar em paz e até agir como um tirano. Se se encontram com as massas que lhes recebem a pedradas ou a golpes de foice consideram que não merecem isso, mas sim aplausos. Não podemos deixarmo-nos contaminar por esse estilo de trabalho burocrático, que forma uma casta aristocrática apartada das massas. No passado, levamos a luta ao campo, às fábricas e aos meios culturais, empreendemos o movimento educativo socialista, sem chegar por isto a resolver o problema; porque não encontrávamos a forma de mobilizar as massas em todos os campos, a partir da base, para que denunciassem nosso lado negativo. A sociedade socialista abarca um período bastante largo no qual continua existindo as classes, as contradições de classe e a luta de classes, ao mesmo tempo em que a luta entre a via socialista e a via capitalista e o perigo de uma restauração do capitalismo. É necessário compreender que esta luta será longa e complexa, redobrar a vigilância e buscar a educação socialista. Tem-se de resolver corretamente os problemas relativos as contradições de classe, distinguir as contradições entre nós e o inimigo, e as contradições no seio do povo, para depois buscar uma solução justa. Se não for assim, um país socialista como o nosso passará a ser o contrário, mudará de natureza e começará a restauração capitalista”.
No XI Congresso do Partido Comunista Chinês, Hua Kuofeng explicou um princípio essencial, avançado por Mao: “Afirmando que a burguesia existe no Partido Comunista, o presidente Mao queria dizer que existem membros que apostam na via capitalista. Enquanto o poder do Partido e do Estado está nas mãos do núcleo que segue a via marxista-leninista, os seguidores da via capitalista serão muito poucos e serão expulsos um após o outro. Impedindo assim a formação de uma burguesia. Só quando os pró-capitalistas se apoderarem do poder do Partido e do Estado – como na URSS – será possível a formação de uma burguesia monopolista e a conversão do Partido em uma organização burguesa”.
O imperialismo em crise lança uma ofensiva planetária para reconquistar tanto os países nacionalistas do Terceiro Mundo, como os países socialistas, acentuando a exploração dos operários da metrópole. Um internacionalista estará sempre do lado dos operários e dos trabalhadores em luta no seu próprio país. Defenderá sempre os movimentos que, no Terceiro Mundo, combatem ao imperialismo e à reação. Apoiará sempre os países socialistas, nos êxitos e nas dificuldades, e aprenderá com suas vitorias e suas derrotas. No clima atual, triunfalista da direita e do anticomunismo, é importante tomar conhecimento das experiências e dos pontos de vista dos países que preservaram a via socialista. Não temos que nos deixar intimidar pela arrogância estúpida da direita, senão devemos atrevermo-nos a defender o socialismo, atrever-se a defender a China, Cuba, a Albânia ou a República Popular Democrática da Coreia. Resumindo, os povos, unindo seus esforços, conseguirão enterrar o imperialismo e a causa do socialismo triunfará.
EPÍLOGO
Os ecologistas e a ofensiva do Imperialismo Americano
No primeiro aniversário do “movimento democrático” de Pequim, aconteceu na Câmara um debate sobre este acontecimento, em 29 de junho de 1990. Este debate nos ensina, mais uma vez, até que ponto a lavagem cerebral diária dos meios “livres” influem sobre os meios que se consideram progressistas. Em sua intervenção, em nome do grupo ecologista Agalev-Ecolo, Xavier Winkel, conhecido por suas posturas progressistas, defende a linha seguida pela direita norte-americana. Vendo a maré de mentiras e intoxicações da imprensa “livre”, é compreensível que militantes ecologistas honrados se deixaram enganar pelas vozes das multinacionais. Buscamos debate franco, apoiado por fatos indiscutíveis, por documentos e provas. Estamos seguros da nossa causa. A arrogância do imperialismo não nos impressiona, ao contrário, estamos seguros de que as pessoas que mantém o espírito lúcido, que não padecem da histeria antissocialista, se verão obrigadas a refletir seriamente sobre a correção de nossa postura, depois de escutar nossas provas e nossos argumentos. Xavier Winkel repete uma tese central do imperialismo estadunidense e europeu, quando reclama “uma continuação das reformas (na China) que tornaram possível a chegada das pessoas aos Estados democráticos”.
No seio do poder norte-americano, bem unido em sua política anticomunista e de dominação mundial, se dividem duas tendências táticas: a fração dominante, representada por Bush e Nixon, quer manter as relações com a China com o objetivo de proteger, apoiar e animar as forças pró-capitalistas no seio do Partido Comunista da China. Outra fração predica um anticomunismo mais aberto e uma tática mais agressiva para, no prazo mais breve possível, dobrar a China socialista e criar as condições propicias para uma contrarrevolução vitoriosa de tipo polonês, romeno ou húngaro. Xavier Winkel defende o programa desta última fração do imperialismo norte-americano. “O que não aceito, disse, é que representantes do governo belga se reúnam com responsáveis chineses. A China necessita manifestamente do apoio de outros países e as sanções são eficazes. Bélgica e os doze devem manter as sanções políticas”.
Em resposta, Eyskens respondeu que a Bélgica “continua mantendo uma atitude firme e decidida”. Xavier Winkel respondeu: “estou contente com a resposta do ministro”. Isto demonstra como gente que se crê progressista, está, às vezes, completamente intoxicada pela propaganda imperialista. O Exército Popular teve que intervir em Pequim para acabar com um motim violento que pretendia derrubar o socialismo; houve trezentos mortos. Winkel pensa que todo encontro com dirigentes chineses é censurável com o sucedido e que faz falta sanções políticas e s contra este país do Terceiro Mundo que conta com bilhões de habitantes. Provavelmente Xavier “esqueceu” que o exército norte-americano acaba de cometer uma agressão militar injustificada contra o Panamá, em que foram massacradas entre 5 mil e 7 mil pessoas. O Ecolo-Agalev exigiu que a Bélgica acabasse com todos os contatos com o governo norte-americano e que aplicasse sanções políticas contra os Estados Unidos? Entretanto, estas medidas estariam justificadas já que a causa do imperialismo norte-americano é indefensível. Mas o Ecolo-Agalev prefere não fazer nada contra o imperialismo norte-americano e continuar repetindo cegamente a agitação antissocialista que o conjunto das forças imperialistas manejam há muitos anos contra as decisões justificadas da China.
Por Ludo Martens, publicado em Etudes Marxistes, nº 12, 1º de setembro de 1991.
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