"Aos 52 anos de sua fundação, a Frente Polisario vive e se consolida no Saara Ocidental"
- NOVACULTURA.info
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No dia 10 de maio, a Frente Popular para a Libertação de Saguia el-Hamra e Rio de Oro, mais conhecida como Frente Polisario, nasceu como um movimento de libertação, cujo objetivo era a independência do antigo Saara Espanhol, sob domínio do Reino da Espanha. Foi fundada por jovens saarauís motivados, inspirados e impulsionados por todos os movimentos revolucionários mundiais da segunda metade do século XX, que buscavam a erradicação do flagelo criminoso do colonialismo, o qual, durante mais de um século, havia anulado os sentimentos identitários e a liberdade de muitos povos do mal chamado Terceiro Mundo.
Quando a Frente Polisario surgiu, em 1973, passou a integrar a onda de Movimentos de Libertação que se espalhavam pelo continente africano. Os mais conhecidos foram a FLN argelina, o MPLA angolano, a FRELIMO de Moçambique, a SWAPO da Namíbia, o ANC da África do Sul, entre outros.
No entanto, a Frente Polisario foi uma exceção em quase todos os aspectos que caracterizaram os movimentos de libertação. A Frente teve que enfrentar dois países vizinhos ao mesmo tempo, com exércitos regulares equipados, assessorados e apoiados militar e economicamente por todas as potências ocidentais e pelas monarquias feudais árabes. A Frente Polisario foi forçada a fundar um Estado no exílio e a administrar o funcionamento desse Estado a partir do zero.
A Frente Polisario teve que desenvolver, sem nenhum tipo de experiência e sem precedentes, um trabalho diplomático impecável, que conquistou o reconhecimento do Estado Saarauí por 84 países de todos os continentes.
O movimento de libertação saarauí, representado pela Frente Polisario, conseguiu, graças à vontade inquebrantável do povo saarauí e a uma organização férrea, sólida e firme, garantir que todos os saarauís que fugiram de sua terra pudessem usufruir dos serviços mais básicos, como educação, saúde e alimentação.
A Frente Polisario rapidamente formou um exército saaraui, o ELPS (Exército de Libertação Popular Saarauí), um exército combativo, aguerrido, com grande mobilidade e inovação na guerra de guerrilhas, que infligiu severas derrotas primeiro ao colonialismo espanhol e depois aos ocupantes marroquino e mauritano.
O espírito de luta dos combatentes saarauís, inferiores em número e equipamento, surpreendeu muitos especialistas e analistas militares da época. Os guerrilheiros saarauís tornaram-se referência na guerra de guerrilhas em terrenos abertos como o deserto.
A recente desclassificação de documentos secretos da época, da CIA, da KGB e de outras agências de segurança, revelou o assombro e a admiração que os combatentes saarauís provocaram em todos os especialistas militares que acompanharam a guerra no Saara. O exército saarauí chegou a eliminar mais de 2 mil soldados marroquinos na Batalha de Geltet Zemour e a derrubar 5 aviões em um único dia.
Os 52 anos de existência da Frente Polisario testemunham o sacrifício e a entrega do povo saarauí, que em condições extremas e precárias soube resistir a todas as oscilações da política mundial, da geopolítica e da realpolitik.
A aposta política da Frente Polisario, desde o primeiro dia, na formação e instrução das novas gerações, garantiu o envolvimento e o compromisso da juventude na longa e árdua luta do povo saarauí.
A formação de uma consciência nacional e o apego aos sentimentos de seus traços identitários exclusivos têm sido as armas fundamentais para garantir a continuidade, persistência e resiliência da luta do povo saarauí.
A experiência saarauí é tão singular que não tem paralelo nem precursor. É tão única e irrepetível que é impossível replicá-la ou reproduzi-la em qualquer outra circunstância. Cinquenta e dois anos de sacrifício e entrega em condições adversas e quase sem vacilar marcam a diferença e destacam a personalidade e o caráter dos saarauís — distinguidos pela paciência, resiliência e tenacidade.
Do Resumen Latinoamericano
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