top of page

"O que faria o KKE no lugar do Syriza?"

  • Foto do escritor: NOVACULTURA.info
    NOVACULTURA.info
  • 4 de ago. de 2015
  • 5 min de leitura

Estamos frequentemente ouvindo a seguinte pergunta, bem-intencionada: “O que vocês fariam se estivessem no lugar do Syriza?” A pergunta é adequada. Mas devemos colocá-la na perspectiva correta.


Se nós, o Partido Comunista Grego, estivéssemos no “lugar” do Syriza, ou seja o lugar do gerenciamento da burguesia, o lugar de defender os interesses do capital em suas exigências pela restauração da lucratividade, procurando usar as vantagens conferidas sobre o capital ao ser membro da UE, da zona do euro, e mais geralmente das alianças euro-atlânticas e da OTAN; se estivéssemos no “lugar” de assumir um governo que é uma ferramenta do poder dos monopólios; se estivéssemos no “lugar” de negociar em nome do capitalismo grego, sentados nas mesas redondas da UE, da zona do euro, e de outros órgãos imperialistas…


Se estivéssemos nesse “lugar”, não faríamos nada diferente do que o Syriza já está fazendo. Não poderíamos ajudar, mas teríamos os mesmos dilemas: devemos continuar dentro do euro ou optar pela falência, controlada ou não controlada, e em um capitalismo grego baseado no Dracma? Iríamos pôr na balança o que é mais vantajoso para o interesse do nosso capitalismo e escolher de acordo com isso. E foi isso que o Syriza fez.


Mas se estivéssemos nesse “lugar”, não seríamos mais um Partido Comunista, o partido da classe operária e das massas populares; teríamos nos tornado um partido diferente, incapaz de lutar em seu nome. É isso que temos explicado desde 2012 quando os trabalhadores nos perguntavam, com boas intenções, sobre “entrar” em um governo de coalizão com o SYRIZA, o apoiá-lo, ou minimamente tolerá-lo em 5, 10 questões.


Nós explicamos, já naquela época, que todo governo da gestão da burguesia, quaisquer sejam suas intenções, declarações, e auto caracterizações, quaisquer sejam suas aspirações, é objetivamente forçado em um caminho especificamente antipopular, porque tal governo não é o produto de uma ruptura com o capital, seu poder, com os órgãos imperialistas, UE, etc.


Hoje, a ilusão e desilusão de que as coisas poderiam ser de outra forma desabam diante de nossos próprios olhos, não importam o quão variada e diversa seja a maneira que tentem acobertar a verdade com os trapos da caricatura de ruptura, como a “moeda nacional”, a “reconstrução da produção” capitalista, o “comprometimento honesto”; não importa o quanto tentem retocar a máscara e vendê-la, tentando encurralar os que estão irritados, ou decepcionados com a política do SYRIZA, de volta para a cerca com os donos de barcos, industriais farmacêuticos, os centros capitalistas dos Estados Unidos e Alemanha que apoiam o Grexit.


Mas voltemos para a pergunta anterior: O que teria acontecido se ocorresse uma mudança radical na correlação de forças, em proveito da classe operária e dos estratos populares mais pobres, se, no lugar de um governo gestor da Burguesia, um governo que é um mero instrumento do poder capitalista, tivéssemos um Governo verdadeiramente popular e dos trabalhadores, um instrumento do poder dos trabalhadores e massas populares, este o qual os comunistas obviamente desempenhariam um papel decisivo?


Tal poder governamental não estaria preso nas saídas sem fim de uma negociação antipovo com os órgãos imperialistas da UE, do BCE e do FMI. Nem sequer começariam o tipo de processo que temos vivido nos últimos cinco meses.


Antes de tudo, porque nem aprovaria o completo panorama antipovo e anti-operário institucional e legislativo, nem as leis relacionadas ou não ao memorando; nem aprovaria as medidas pró-capital, que protegem seus lucros, os privilégios ultrajantes das corporações. Aboliria todas essas medidas; subverteria tudo isto. Também não abraçaria comprometimento com a UE, BCE, FMI e com a OTAN, e nem as “obrigações” que derivam disso. Colocaria um fim à participação do país nesses grupos imperialistas. Se desvincularia de todos eles.


Não deixaria os setores da economia, as unidades de produção, o setor de serviços, energia, infraestrutura, e bancos, nas mãos de grupos empresariais, do capital monopolista. Realizaria uma série de medidas imediatas, destinadas a lançar o processo de socialização e organização da economia sob as bases do planejamento central científico. Iria, então, abrir o caminho para a utilização da capacidade produtiva do país, usando como critério não o lucro das corporações e do capital, nem a exploração capitalista, mas a satisfação das necessidades dos trabalhadores e do povo, de suas necessidades sociais mais amplas. Esse caminho iria nos permitir que saíssemos da crise sob os interesses dos trabalhadores e do povo, tornaria possível desenvolver, igual e proporcionalmente, os setores da economia que atualmente estão estagnados devido aos compromissos com a UE (Por exemplo, construção naval, açúcar, produção de carne).


Tal poder não reconheceria a dívida pública, e nem a obrigatoriedade de pagá-la. Declararia sua abolição unilateral.


Um poder e Governo como esse seria um produto da mais ampla mobilização operária e popular e de participação dos trabalhadores e massas populares no exercício do poder, através de novas instituições que surgiriam de suas lutas subversivas, substituindo as velhas instituições do sistema político burguês e da “democracia” dos monopólios.


Um poder e Governo como esse imediatamente assinaria acordos internacionais de benefício mútuo com outros Estados, para importação de remédios, comida, energia, precisamente porque não se comprometeria a participar em órgãos imperialista como a UE, OTAN, etc.


É esse o lugar pelo qual estamos lutando hoje.


A luta inteira dos comunistas se orienta nessa direção. Tem por objetivo mudar a correlação de forças em prol da classe trabalhadora e dos estratos mais pobres da população, a fim de alterar o caminho que o país vem seguindo; a fim de abandonar a via capitalista de desenvolvimento, seja sob o euro ou sob o dracma, junto com suas crises, a sua miséria, sua exploração, a sua vida sem direitos, a adaptação das necessidades dos trabalhadores e do povo aos limites sempre impostos pelos lucros das corporações, o seu compromisso em participar de sindicatos capitalistas e alianças imperialistas.


É esse o motivo que hoje o KKE chama todo o povo não apenas para resistir aos novos ataques antipopulares e anti-operário do capital; resistir ao governo Syriza -ANEL, e à UE; mas usar sua luta como trampolim para transformá-la em um passo adiante para o reagrupamento do movimento operário, o reforçamento da Aliança Popular; para fortalecer a orientação anticapitalista e antimonopolista do movimento, ao visar o inimigo real: os monopólios, o capital, empregadores, e seus governos, seus partidos, suas alianças internacionais da UE-EUA-OTAN. É essa a única forma de mudar a correlação de forças a partir dos interesses do povo- a fim do povo formar uma força determinada, forte e capaz de impedir a ofensiva antipopular de hoje, e derrotá-la amanhã, impondo a sia própria saída. Nesse processo, os trabalhadores serão capazes de alcançar sucessos e vitórias, grandes e pequenas. E é esse o critério que eles devem assumir na frente da urna, se e quando isso acontecer de novo: como seu voto vai ajudar a reforçar o esforço para mudar a correlação de forças, a fim de ajudar o povo a se levantar, organizado e determinado para colocar seu futuro em suas próprias mãos.



Texto publicado no periódico do Partido Comunista Grego, Rizospastis, em 19 de Julho de 2015

Tradução de Gabriel Duccini

Комментарии


NC10ANOS (Facebook) GIF.gif
GIF HISTÓRIA DAS 3 INTERNACIONAIS (stories).gif
  • TikTok
  • Instagram
  • Facebook
  • Twitter
  • Telegram
  • Whatsapp
capa34 miniatura.jpg
PROMOÇÃO-MENSAL-abr25.png
GIF Clube do Livro (1080 x 1080).gif
JORNAL-BANNER.png
WHATSAPP-CANAL.png
TELEGRAM-CANAL.png
bottom of page