Lavradores pobres ocupam terras em GO e AL

As movimentações e a luta no campo contra o latifundio seguem o ritmo de ampliação por todo o país. Organizados pelo Movimento Popular Terra Livre, camponeses dos estados de Goiás e Alagoas realizaram, no último domingo (14), duas ações simultâneas de ocupação de terras improdutivas nas regiões rurais destes locais.
Em Alagoas, cerca de 50 famílias (250 pessoas) camponesas ocuparam a Fazenda Caípe, localizada no município de União dos Palmares, zona da mata do estado. A Fazenda Caípe é parte das terras da Usina Laginha, que já há muito entrou em falência e permanece com suas terras (que antes produziam cana de açúcar orientada para a exportação de açúcar) improdutivas e passíveis de serem desapropriadas para a reforma agrária. A Usina Laginha é apenas parte do gigantesco patrimônio do mais rico deputado do Brasil, João Lyra (PSD-AL), grande latifundiário despótico de Alagoas cujo poder político pessoal se assenta principalmente sobre a propriedade da terra. João Lyra, além de manter as terras da Usina Laginha improdutivas, possui dívidas bilionárias com fornecedores da usina e com pagamento de salários e direitos trabalhistas atrasados de seus antigos trabalhadores rurais no corte da cana. As dívidas de Lyra, que segundo o Tribunal de Justiça acumulam até agora mais de R$1,2 bilhão, são cinco vezes maiores que seu patrimônio declarado de R$240 milhões. Tais informações demonstram mostram o caráter extremamente parasitário e avesso ao desenvolvimento do mercado interno nacional que possui a produção latifundiária agroexportadora. A quebradeira das usinas de cana de açúcar na zona da mata alagoana tem levado ao desemprego dezenas de milhares de cortadores de cana, que permanecem vegetando sob extrema miséria e levados por esta a ocuparem como posseiros as terras improdutivas das antigas usinas de cana de açúcar, pressionando e lutando pela realização da reforma agrária na região.
No extremo sul do estado de Goiás, município de Aparecida do Rio Doce, 70 famílias (350 pessoas) camponesas ocuparam a Fazenda São João, localizada a cerca de 250 quilômetros da capital goiana. A fazenda, que possui 700 hectares, encontra-se atualmente sequestrada pelo Banco do Brasil, que pretende levá-la a leilão. Lideranças do movimento camponês cobram que as terras da fazenda sejam repassadas ao INCRA e destinadas ao assentamento das famílias.
A recente ação levada a cabo na Fazenda São João já é a sexta ocupação rural deste ano dos lavradores organizados pelo Movimento Popular Terra Livre no estado de Goiás. Ainda que com constantes intimidações por parte das forças latifundiárias, como no caso dos disparos realizados por pistoleiros contra um acampamento erguido pelo movimento camponês em Quirinópolis, extremo sul de Goiás, os agricultores permanecem resistindo bravamente e com a sólida perspectiva de se organizarem mais ocupações de terra e de se erguerem mais acampamentos rurais.
por Alexandre Rosendo