"O Aguçamento da Concorrência das Potências Imperialistas nos Países da América Latina"
O aguçamento de todas as contradições próprias ao imperialismo representa a particularidade característica da atual situação nacional. O colapso do mercado mundial único, a retração da esfera de aplicação dos meios dos principais países capitalistas aos recursos mundiais, a militarização da economia desses países, a queda da capacidade, e o agravamento das condições de escoamento no mercado mundial do capitalismo, — tudo isso intensifica a concorrência entre os países imperialistas. Nos países da Europa Ocidental e do Oriente Próximo, do Sul e do Sudeste da Ásia, da América e da África, em toda parte em que domina o capital, verifica-se uma luta encarniçada entre as diferentes potências capitalistas pelos mercados de escoamento e pelas fontes de matérias-primas, pelas esferas de aplicação do capital e por territórios estrangeiros.
A América Latina é uma das regiões de aguda concorrência entre os monopólios. Os monopólios dos Estados Unidos, da Inglaterra, da França e, também, da Alemanha Ocidental e do Japão esforçam-se por fortalecer suas posições econômicas nessa vasta região que inclui toda a América do Sul e a América Central, o México e as numerosas ilhas que constituem as Antilhas. Ali, em 20 repúblicas, em uma superfície superior a 21 milhões de quilômetros quadrados, vivem mais de 150 milhões de pessoas. A América Latina dispõe de grandes recursos naturais: é rica em petróleo, minério de cobre e de ferro, prata, ouro, platina, estanho, salitre, manganês, volfrâmio, urânio, etc. Segundo os dados publicados na imprensa burguesa, as reservas de petróleo prospectadas nos países da América Latina constituem cerca de 18% de todas as reservas do mundo capitalista; as de minério de cobre, 40%; e as de minério de ferro, 21%. A agricultura e a indústria florestal fornecem produtos tão importantes como o algodão, o trigo, o açúcar, o café, a banana, o cacau, valiosas espécies de gado, e látex.
A indústria acha-se pouco desenvolvida na maioria dos países da América Latina. A agricultura — cuja produção é destinada, em quantidade considerável, à exportação — distingue-se pela especialização estreita e apresenta, com frequência, um caráter de monocultura.
O atraso econômico facilita a expansão desenfreada dos monopólios na América Latina e a exploração rapace de seus recursos.
Para os monopólios das principais potências imperialistas e, em primeiro lugar, para os Estados Unidos, os países latino-americanos são não apenas uma fonte de obtenção de diferentes tipos de matérias-primas e de víveres, mas, também, considerável mercado de escoamento. Em 1952 as importações dos países latino-americanos representaram 9% de toda a importação mundial. Ao mesmo tempo, a América Latina, onde, em consequência da cruel opressão e da ausência de direitos para as massas trabalhadoras, a mão-de-obra é muito barata, representa um campo atraente para as inversões de capital. Nesses países a taxa de lucro é muito mais elevada do que nos Estados Unidos e nos demais países capitalistas. Em 1950 couberam à América Latina 18,7% de todas as inversões de capital privado e de capital oficial feitas pelos Estados Unidos no estrangeiro.
À América Latina reserva-se importante lugar no sistema de planos militares e estratégicos dos Estados Unidos e de seus aliados no agressivo Bloco do Atlântico. Em sua luta pela conquista do domínio mundial, os círculos imperialistas dos Estados Unidos procuram utilizar as matérias-primas estratégicas dos países latino-americanos, seus territórios e, principalmente, seus recursos humanos. O conjunto de todos esses fatores explica porque a América Latina é objeto de aguda concorrência entre os principais países capitalistas.
As contradições imperialistas na América Latina manifestam-se em condições tais que em muitos países latino-americanos se formou ou forma uma burguesia própria, que, por sua vez, deseja conseguir lucros resultantes da exploração e ruína das massas trabalhadoras. A caça ao lucro leva certas camadas da burguesia da Argentina, Brasil, México, Guatemala, Bolívia e outros países latino-americanos a se oporem à desenfreada expansão econômica das principais potências capitalistas. A intensificação do movimento de libertação nacional dos povos da América Latina tem também grande significação. Convencendo-se, por experiência própria, de que a expansão dos países imperialistas — particularmente os Estados Unidos — acarreta aos povos a miséria e a ruína, os trabalhadores desses países intensificam a luta contra o domínio dos monopólios estrangeiros. Isso dificulta a penetração do capital estrangeiro na América Latina e, ao mesmo tempo, complica ainda mais a concorrência das potências imperialistas nessa região.
No passado, no decurso de muitas décadas, a Inglaterra dominou a América Latina. A Inglaterra ocupava o primeiro lugar quanto as inversões de capital e representava papel decisivo no comercio exterior dessa região. Entretanto, já em fins do século passado o capital inglês começou a sentir, cada vez mais agudamente, a concorrência norte-americana. Já então o capital francês principiava a manifestar elevado interesse pela América Latina.
A primeira guerra mundial acarretou expressiva redistribuição de forças: em muitos países da América Latina a Inglaterra foi relegada para o segundo lugar — depois dos Estados Unidos — e a França começou a ocupar o terceiro lugar. Durante a década de 30 iniciou-se uma intensa expansão da Alemanha e do Japão. Os monopolistas alemães e japoneses conseguiram êxitos significativos em alguns países latino-americanos; enfrentavam a concorrência dos monopólios de outras potências capitalistas, inclusive os Estados Unidos. A segunda guerra mundial levou ao fortalecimento da situação dominante dos Estados Unidos nos países da América Latina. O imperialismo norte-americano aumentou bruscamente a exportação de capital para esses países e seu comércio com os mesmos; de fato colocou sob seu controle todos os aspectos de sua vida política e desenvolveu amplamente ali sua expansão ideológica.
A primeira e segunda guerras mundiais e também a guerra na Coréia tiveram como consequência o enfraquecimento das posições das potências europeias na América Latina e, em primeiro lugar, das posições da Inglaterra. O comércio inglês com os países da América Latina é tradicionalmente feito através da troca de mercadorias: a Inglaterra está interessada tanto no escoamento de suas mercadorias como na importação de matérias-primas e de víveres. Os períodos de guerra e a conjuntura de guerra prejudicam as relações comerciais da Inglaterra com a América Latina, criam dificuldades para a produção inglesa de equipamento industrial e de mercadorias de amplo consumo destinadas à exportação. Além disso, as guerras minaram o orçamento da Inglaterra, dificultaram a concessão de créditos a longo prazo e causaram a redução da exportação de capital.
A conjuntura do tempo de guerra teve e tem outras consequências para os Estados Unidos. Estes — como se sabe — não só não sofreram danos materiais como também ganharam muito com as guerras mundiais. A guerra e a corrida armamentista elevam a procura de matérias-primas estratégicas por parte do mercado mundial do capitalismo. Levando isso em conta, os Estados Unidos compraram e compram na América Latina imensas quantidades de matérias-primas e de víveres para ampliar sua produção militar ou para revender com lucros a outros países. Ao contrário, nos períodos entre as guerras os monopolistas dos Estados Unidos esforçam-se por utilizar os países da América Latina principalmente como mercado de escoamento para sua própria produção, realizam com eles um comércio unilateral, o que provoca nesses países a crise de dólares. Em consequência disso, seu comércio com os Estados Unidos se reduz, e começa a se animar seu comércio com a Europa.
A história de muitos anos demonstra que a luta de concorrência na América Latina não se acha, de forma alguma, isolada dos demais fenômenos que se verificam na arena internacional; pelo contrário: acha-se ligada aos mesmos da maneira mais estreita, deles depende e, por sua vez, exerce influência sobre os mesmos. Por exemplo: em consequência da nacionalização da indústria petrolífera no Irã, intensificou-se visivelmente a luta entre a Inglaterra e os Estados Unidos pelo petróleo latino-americano. A ressurreição do poderio militar e industrial da Alemanha Ocidental e do Japão, realizada com a cooperação dos Estados Unidos, também se reflete diretamente sobre a luta de concorrência entre os monopólios nos países da América Latina.
A Luta Pelos Mercados de Escoamento
As condições de uma brusca retração do mercado capitalista mundial e da redução crônica do comércio dos países capitalistas, assume particular agudeza na luta dos diferentes grupos financeiros das potências capitalistas pelos mercados de escoamento. Nesse sentido, os grupos monopolistas manifestam, especialmente, grande interesse em relação aos mercados de escoamento situados nos países atrasados e dependentes. Aplicando no comércio com esses países a política de imposições e medidas discriminatórias de toda espécie, as potências imperialistas conseguem imensos lucros.
No comércio com os países da América Latina os Estados Unidos estabelecem arbitrariamente os preços de suas mercadorias e, por meio da ameaça e da chantagem, conseguem baixas de preços das matérias-primas e dos víveres fornecidos pela América Latina. Valendo-se amplamente do aparelho governamental, a eles subordinado, os monopólios capitalistas dos Estados Unidos forçam suas exportações para a América Latina, defendendo ao mesmo tempo seu mercado interno com relação à importação de mercadorias latino-americanas por meio de barreiras superprotecionistas. Destroem relações comerciais multilaterais historicamente formadas, substituindo-as por relações unilaterais com os Estados Unidos. É claro que esse "comércio" e "cooperação" tem as mais penosas consequências para a economia dos países da América Latina.
Antes da segunda guerra mundial, a parte dos Estados Unidos nas importações da América Latina era igual a 34%, aumentando para 59% em fins da guerra. Durante os primeiros anos do pós-guerra, os monopólios dos Estados Unidos continuaram a aumentar a exportação de suas mercadorias para a América Latina. Em 1946, por exemplo, os Estados Unidos exportaram para ali quase cinco vezes mais mercadorias que a Inglaterra. Esse aumento da exportação dos Estados Unidos se tornou então possível porque durante os anos da guerra se formou uma reserva de divisas em dólares nos países da América Latina — reserva resultante dos fornecimentos de matérias-primas e de víveres aos Estados Unidos.
A seguir, porém, a situação modificou-se. Os monopólios dos Estados Unidos, comprando durante a guerra matérias-primas e viveres a preços reduzidos, aumentaram os preços de suas mercadorias imediatamente depois da guerra. Esse "comércio" forneceu imensos lucros aos monopolistas norte-americanos e, sem atender de forma alguma às necessidades dos países latino-americanos no pós-guerra, causou uma rápida redução de suas reservas em dólares. Um boletim do "National City Bank" informou que durante os primeiros três anos de após-guerra as reservas de dólares da Argentina se reduziram de 5,8 vezes; do Chile, de 2,2 vezes, etc.
Colocando suas mercadorias na América Latina a preços elevados, os monopólios dos Estados Unidos ao mesmo tempo defendiam seu mercado da penetração de alguns tipos de matérias-primas e de víveres procedentes da América Latina. Em consequência disso, esgotaram-se 3 reservas de divisas em dólares nos países da América Latina. Esses países começaram a procurar novas possibilidades de escoamento de suas mercadorias. As relações comerciais com a Inglaterra, que sempre necessita importar matérias-primas e víveres, começaram a se animar. Deve ter-se em vista que a redução dos fundos de divisas em dólares se fez acompanhar do aumento das reservas de libras esterlinas nos países da América Latina. Por exemplo: de 1945 a 1947, segundo os dados de um boletim do "National City Bank", as reservas de libras esterlinas da Argentina aumentaram, aproximadamente, 40%. Além disso, os círculos comerciais ingleses libertaram os ativos dos países latino-americanos "congelados" no Banco de Londres para ampliar consideravelmente o comércio com esses países.
A partir de 1947, a Inglaterra conseguiu celebrar com o Brasil, o Chile, o Uruguai e a Argentina acordos bilaterais de comércio à base das contas em libras. Durante 1947-1949, a parte da América Latina na exportação da Inglaterra aumentou continuadamente e, em 1949, atingiu ao nível de pré-guerra. Ao mesmo tempo, segundo dados da estatística burguesa, as exportações dos Estados Unidos para essa região diminuíram de 9 bilhões e 858 milhões de dólares em 1947 para 2 bilhões e 721 milhões em 1949. Entretanto, a animação do comercio da Inglaterra com os países latino-americanos foi de curta duração. Os Estados Unidos conseguiram — e desta vez por meio da conjuntura de guerra — enfraquecer novamente as posições comerciais da Inglaterra e privá-la das vantagens que temporariamente conquistara.
O governo inglês, ligado a todos os tipos de "obrigações atlânticas", enveredou pelo caminho das despesas militares desmedidas. A militarização da economia colocou a Inglaterra em dependência econômica ainda maior em relação aos Estados Unidos e enfraqueceu consideravelmente suas relações comerciais com os países da América Latina. A indústria inglesa já não podia fornecer à América Latina, como anteriormente, as mercadorias industriais que lhe eram necessárias. Além disso, a corrida armamentista e a guerra na Coréia aumentaram a procura de matérias-primas e víveres por parte do mercado mundial do capitalismo. Os Estados Unidos começaram de novo, como durante os anos da segunda guerra mundial, a comprar em grande quantidade matérias-primas estratégicas e víveres nos países da América Latina, com o objetivo de ampliar a produção militar dos Estados Unidos, de revender com lucro a outros países e de pressionar seus aliados. O aumento da exportação dos países latino-americanos para os Estados-Unidos minorou um tanto a crise de divisas em dólares nesses países e ampliou suas trocas comerciais com os Estados Unidos. Se durante o primeiro trimestre de 1950 — isto é: antes do começo da guerra na Coréia — a exportação latino-americana para os Estados Unidos foi de 725 milhões de dólares, já durante o primeiro trimestre de 1951 aumentou para l bilhão e 281milhões de dólares. O jornal "New York Times" informou que, nesse período, os países latino-americanos forneceram aos Estados Unidos 66% de suas importações de cobre, 83% das de petróleo, 53% das de chumbo, 95% das de café, 83% das de açúcar, etc.
A conjuntura de guerra, ligada à intervenção na Coréia, provocou uma brusca redução da produção nos setores da indústria dos países latino-americanos que produzem mercadorias destinadas ao mercado interno. Em consequência disso começou a aumentar o desemprego, a carestia da vida, e a situação das massas trabalhadoras piorou bruscamente.
Após o início da guerra na Coréia, os círculos governamentais dos Estados Unidos — a pretexto de uma imaginária ameaça militar ao Hemisfério Ocidental e da necessidade da "defesa" conjunta — impuseram a diversos países da América Latina acordos bilaterais. Esses acordos preveem a transferência aos Estados Unidos de uma série de importantes objetivos estratégicos nos países latino-americanos, a subordinação de seus exércitos a conselheiros e instrutores militares dos Estados-Unidos. O capital monopolista dos Estados Unidos reserva importante papel aos acordos militares bilaterais também para a realização de sua expansão comercial na América Latina. Os países latino-americanos que assinaram esses acordos são forçados a ceder aos Estados Unidos matérias-primas estratégicas e produtos semi-acabados em condições mais favoráveis às companhias norte-americanas; a não comerciar, sem o consentimento dos Estados Unidos, com os países do campo democrático, e a cumprir muitas outras obrigações escravizadoras ante o capital financeiro dos Estados Unidos. Caracterizando esses acordos, o jornal uruguaio "El Debate" disse que vibram
"um golpe mortal contra a liberdade de comércio e contra nossos interesses econômicos e também contra os interesses econômicos da Inglaterra".
As condições criadas pela guerra na Coréia permitiram aos monopólios dos Estados Unidos minar a animação das relações comerciais da Inglaterra com a América Latina — animação que se observava até 1950. A parte da Inglaterra no volume comercial da América Latina reduziu-se de 11,6% em 1949 para 7% em 1951. Em 1951 o volume físico da exportação inglesa para esses países foi 10% inferior ao de 1950.
O enfraquecimento das posições comerciais da Inglaterra nos países da América Latina contribuiu também para intensificar a expansão comercial das uniões monopolistas de outros países capitalistas, e, em particular, da França. À proporção que foram sendo liquidadas as consequências da ocupação fascista, os círculos comerciais da França começaram a conseguir a restauração de suas posições na América Latina, principalmente na Argentina, Brasil, Chile e Uruguai.
Durante os últimos anos, a França ocupou um lugar bem destacado no mercado argentino. Em 1951, a França vendeu à Argentina, somente de artefatos metálicos e de equipamento industrial, 18 bilhões de francos. Se considerarmos que toda a exportação da França para a Argentina em 1948 (em preços comparativos) era igual a um pouco mais de 6 bilhões de francos, torna-se então claro o aumento do intercâmbio comercial entre a França e a Argentina nos últimos anos.
Recentemente a França celebrou com o governo do Brasil um acordo comercial que prevê a troca, durante 1953, de mercadorias no montante de 130 milhões de dólares. O Brasil fornecerá à França uma quantidade de café no valor de 60 milhões de dólares: 40 milhões de dólares de algodão, e também fumo, celulose, lã, arroz, milho, chá e diferentes minerais úteis. Em troca de mercadorias de amplo consumo, a França fornecerá equipamento industrial, máquinas agrícolas, etc. As companhias comerciais francesas ampliaram seu comércio também com o Uruguai, o Chile e algumas outras repúblicas latino-americanas.
A Alemanha Ocidental e o Japão enveredam, durante os anos de pós-guerra, pelo caminho da expansão comercial. Os monopólios da Alemanha Ocidental, restaurados, têm igualmente em vista os mercados latino-americanos. Se em 1948 a exportação da Alemanha Ocidental para esses países foi avaliada em apenas 4 milhões de dólares, já em 1952 foi de 409 milhões de dólares, e, ao todo, foram apenas 10% inferior à exportação da Inglaterra.
Durante os últimos dois anos, a Alemanha Ocidental celebrou uma série de acordos comerciais com o Chile, a Argentina, o México e outros países. A missão comercial inglesa que visitou recentemente os países da América Latina ressaltou em seu relatório que
"os alemães concorrem conosco justamente no domínio do escoamento das mercadorias em cujo fornecimento nos especializamos. Vendem à América Latina mercadorias de toda espécie, desde as diferentes espécies de maquinaria até às mercadorias de amplo consumo".
Como observaram os membros dessa missão, as mercadorias alemãs são vendidas 10 a 15% mais barato do que as mercadorias inglesas.
O comércio da Alemanha Ocidental com o Brasil e a Argentina amplia-se de maneira particular. O "Observador Econômico e Financeiro" — revista dos círculos comerciais do Brasil — já em julho do ano passado escrevia:
"Durante o período de quatro anos que vai de 1948 a 1951, a troca de mercadorias aumentou em tal proporção, que a Alemanha ocupa, segundo os dados das atuais estatísticas, uma posição que muito lembra a participação que ocupava antes de 1940".
Os círculos comerciais da Alemanha Ocidental na Argentina não são menos ativos. Em 1951 as companhias da Alemanha Ocidental ocuparam o segundo lugar nas importações da Argentina, relegando à Inglaterra o terceiro lugar.
Os monopólios da Alemanha Ocidental florescem também porque podem fornecer os meios de produção necessários à América Latina — máquinas, equipamento elétrico — e podem conceder créditos a longo prazo, e porque se baseiam no apoio dos magnatas das finanças de Wall Street. A feroz exploração que atualmente existe na Alemanha Ocidental condiciona o baixo preço da mão-de-obra alemã. Isso, e também o financiamento das exportações alemãs pelo governo de Bonn, possibilita às companhias comerciais da Alemanha Ocidental colocarem suas mercadorias na América Latina a preços baixos — de dumping — e, assim," concorrerem com êxito com os monopólios dos demais países capitalistas.
A expansão econômica do capital nipônico intensifica-se na América Latina. Durante o primeiro semestre de 1950, as mercadorias japonesas para ali exportadas foram do valor de 12 milhões de dólares, e durante o primeiro semestre de 1951 já atingiam o valor de 50 milhões de dólares. Os monopolistas japoneses conseguiram celebrar proveitosos acordos comerciais com o Uruguai, a Argentina, o México, o Brasil, o Chile e outros países. Por exemplo: pelo acordo com o Brasil, o Japão receberá algodão e, em troca, já executa uma encomenda para a construção de 22 navios e fornecerá equipamento industrial. São esses justamente os artigos que caracterizam o comércio entre o Brasil e a Inglaterra. O jornal "Financial Times" escreveu que esse acordo é mais um passo no caminho do afastamento da Inglaterra como fornecedor do mercado brasileiro. Da mesma forma que os monopólios da Alemanha Ocidental, os monopólios japoneses contam, para sua expansão, com a assistência da oligarquia financeira da Alemanha Ocidental.
Os monopolistas americanos apoiam os magnatas da Alemanha Ocidental e do Japão contando, com sua aluda, expulsar dos mercados da América Latina a Inglaterra. Entretanto, a concorrência das mercadorias da Alemanha Ocidental já hoje atenta contra os interesses dos próprios monopólios dos Estados Unidos. Já em março do ano passado o jornal "New York Times" com temor confessava:
"... a indústria da Alemanha Ocidental, restaurada, tornou-se o concorrente mais perigoso dos Estados Unidos nos mercados dos países da América Latina".
Esse temor tem razão de ser. A Argentina, por exemplo, importa hoje duas vezes mais máquinas agrícolas da Alemanha Ocidental do que dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo em que durante os últimos anos a exportação de automóveis dos Estados Unidos se reduziu, a Alemanha Ocidental aumentou favoravelmente a exportação de automóveis para países latino-americanos.
A revista americana "Business Week" publicou em 14 de março de 1953 um artigo sob o título "A Batalha das Tintas". Nesse artigo, confessa-se francamente que a concorrência da Alemanha Ocidental no mercado das tintas obriga as companhias dos Estados Unidos a reduzir sua atividade. Em 1948 a Alemanha Ocidental exportou para a América Latina tintas no valor de 260 mil dólares, mas em 1951 essa exportação foi de 8 milhões e 700 mil dólares.
A pressão dos monopólios dos Estados Unidos e a intensificação da concorrência da Franca, da Alemanha Ocidental e do Japão levaram a um maior enfraquecimento das posições da Inglaterra nos países da América Latina. Os círculos financeiros e industriais da Inglaterra alarmam-se tanto mais porque a balança de pagamentos da Inglaterra piora de ano para ano. Nessas condições o capital monopolista inglês e o governo da Inglaterra, a ele subordinado, dedicam atenção cada vez maior à América Latina. No ano passado, Reeding — substituto parlamentar do ministro das relações exteriores da Inglaterra — viajou pela América Latina com o objetivo, conforme assinalou a imprensa, de
"procurar possibilidades de ampliar o comércio da Ingl