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"Cuba: Bloqueio e escassez de combustíveis"

  • Foto do escritor: NOVACULTURA.info
    NOVACULTURA.info
  • há 4 horas
  • 4 min de leitura
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“Imagino um país muito próspero, no qual possamos nos desenvolver e em que todos os jovens aspirem a realizar seu projeto de vida”, afirma sem hesitar quando lhe perguntam como seria uma Cuba sem bloqueio. Depois interrompe o fio da conversa e exemplifica por que essa política cruel, extraterritorial e de asfixia econômica “afeta principalmente o povo”.

 

Dayana Beyra Fernández, diretora da unidade empresarial de base da Empresa de Engenharia e Projetos do Petróleo, está sentada em um modesto escritório. Atrás dela há um busto de mesa de Martí, duas bandeiras cubanas, um retrato de Fidel e outro do Che. E diz: “até que a gente não viva na própria pele a realidade do bloqueio imposto pelos Estados Unidos, não conhece bem a dimensão real que essa política desumana alcança”, porque “que maneira mais cruel de agredir um povo!”.

 

A primeira vez que Dayana esteve na descarga de um navio de gás liquefeito de petróleo (GLP), não se pôde enviar o gás pelas tubulações desde o cais da refinaria Ñico López até a empresa mista que o recebe e envasa em botijões, porque esses dutos atravessavam os terrenos da antiga Esso Standard, nacionalizada pelo Governo Revolucionário e que os EUA consideram em litígio.

 

Apesar de essa reivindicação ser ilegítima, se a empresa aceitasse descarregar o gás utilizando essas linhas, poderia se expor a sanções da Casa Branca.

 

Mas o gás precisava ser descarregado, e então “foi necessário investir em uma linha exclusiva e cara para o GLP, que não passasse por aquele terreno, a fim de que a empresa aceitasse operar o navio”.

 

Foi nesse momento que ela viu pela primeira vez que “o bloqueio é uma coisa muito séria”, porque “as empresas estrangeiras têm medo de que lhes imponham alguma sanção”.

 

Anos depois, quando trabalhava como tecnóloga de processo na planta de Craqueamento Catalítico — a única do tipo em Cuba, que fornecia a maior parte do gás liquefeito necessário para Havana e parte do Ocidente do país —, foi testemunha de outra proibição: “Os brasileiros que nos vendiam o catalisador encerraram o contrato repentinamente, porque uma empresa norte-americana havia comprado 50% das ações da fábrica”.

 

Ela recorda que foi preciso “correr” para buscar um catalisador semelhante — um catalisador seletivo que permitisse obter combustíveis como gasolina e GLP a partir de um produto de menor valor.

 

E o esforço, para não causar uma lacuna produtiva na planta, foi imenso.

 

Apagões, transporte, combustível… qualidade de vida. Dayana não hesita em falar de tudo o que fere o cubano.

 

Aproveita e diz que todos os dias se depara com casos em que técnicos estrangeiros chegam ao país para colocar em funcionamento tecnologias necessárias nas termoelétricas, mas se retiram “assim que pisam no aeroporto cubano”, pressionados pelas restrições impostas do exterior.

 

Além disso, comenta, “há negação de créditos ou de acesso a peças de reposição, mesmo quando temos o dinheiro, porque elas contêm componentes norte-americanos. Por isso tem sido muito complicado manter as termoelétricas funcionando.”

 

Também menciona que tem colegas que foram sancionados diretamente por terem a ousadia de dirigir empresas de Comércio Exterior encarregadas de transportar combustíveis para Cuba. “E, ainda assim, eles, com muita valentia, continuam buscando alternativas e trabalhando para a empresa estatal cubana.”

 

Esse cerco, que exacerba as limitações financeiras, pode ser ilustrado com um exemplo simples: as transações econômicas que têm sido devolvidas aos bancos da Ilha, como se o dinheiro cubano não tivesse valor.

 

“Qual é o meio que vamos utilizar para fazer o dinheiro chegar ao fornecedor?”, pergunta Dayana, e sabe que essa é uma das incógnitas de qualquer cubano.

 

A vida, prossegue ela, torna-se muito mais cara quando precisamos realizar múltiplas conversões cambiais para adquirir algum produto necessário, “e isso poderia ser resolvido comprando diretamente de um fornecedor”.

 

Dayana, que também é deputada à Assembleia Nacional do Poder Popular pelo município capitalino de Regla, conserva a mesma tenacidade de sempre — a mesma que demonstra toda vez que defende Cuba e o setor petrolífero.

 

Para ela, a União Cuba Petróleo (Cupet) vive driblando o bloqueio, porque, se não fosse assim, “não seria possível trazer combustível para a nação. Torna-se extremamente difícil. Por isso, devemos continuar reunindo pessoas e países que apoiem a causa justa do fim dessa política hostil dos EUA”.

 

– E se, com essas dificuldades que enfrentamos, com esse cerco econômico e financeiro, conseguimos sobreviver, como seríamos sem bloqueio?

 

– Eu acredito que poderíamos ter o país próspero que devemos ao povo. Uma Cuba sem bloqueio seria a que desejamos: com condições de vida superiores, com os programas da Revolução em seu melhor momento, com meninos e meninas mais felizes…

 

A perseguição às operações de transporte de combustível para Cuba — incluindo empresas de navegação, seguradoras, resseguradoras, bancos, pessoas e governos — reduziu a carteira de fornecedores estrangeiros; e os que permanecem aumentaram consideravelmente os preços, em função do chamado “Risco País”.

 

NAS TERMOELÉTRICAS

 

Desde 10 de janeiro de 2024, a central termoelétrica (CTE) Ernesto Guevara não recebe peças de reposição para suas bombas porque a empresa italiana fornecedora, C.R. Technology Systems, foi adquirida pela Trillium Flow Technologies, que realiza as compras a partir dos EUA. A falta de autorização da OFAC para os permissos legais fez com que o contrato não fosse concluído.

 

As CTE Ernesto Guevara, 10 de Octubre e Máximo Gómez utilizam atuadores eletro-hidráulicos Voith em suas turbinas modernizadas. Os fornecedores habituais, como Real Control e Energo Control, informaram que, devido à Lei Helms-Burton, não podem vender esse equipamento a Cuba.

 

A empresa Taichi HD Cuba foi contatada para o fornecimento de um novo sistema de excitação AVR tipo VCS-6000 para a CTE Carlos Manuel de Céspedes, e respondeu que a Mitsubishi Generator Corp. seria a empresa adequada para gerir o assunto. No entanto, declarou não poder apresentar uma cotação devido às rigorosas sanções dos EUA — e que isso não pode ser modificado.

 

Do Granma

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