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“A resistência na Turquia, o DHKP-C”


O movimento comunista turco, representado pelo Partido Revolucionário de Libertação do Povo e sua Frente Popular (DHKC) estão lutando fazem 35 anos pela libertação dos povos turco, curdo, árabe, laze, circassiano, bósnio, georgiano, abjazo, grego, romi, armêniom sírio-caldeu, assírio, etc., os que coabitam na Turquia.

Pauta histórica breve

O DHKP-C é um movimento popular, fruto de um largo processo político-militar, interrompido pelos golpes de estados fascistas de 1971 e 1980. O movimento aparece em 1970, sob o nome de THKP-C (Partido Frente Revolucionária de Libertação da Turquia) e em 1978 toma o nome “Devrimci Sol”, Esquerda Revolucionária.

As circunstâncias do nascimento do THKP-C

A partir de 1946, o imperialismo estadunidense, sob a Doutrina Truman e o Plano Marshall, realizou uma reconquista neocolonial da Turquia e para isto utilizou as relações que havia estabelecido com a nova burguesia turca, a que se encontrava em estado embrionário e por esta razão era incapaz de impor seu poder político. Esta burguesia se aliou aos senhores do poder econômico imobiliário, aos comerciantes e aos usurários, com a finalidade de formar uma oligarquia.

Em 27 de maio de 1960, os oficiais anti-imperialistas, fiéis aos princípios de Kemal Atatürk, fundador nacionalista da República da Turquia, destituiu o governo da época e, apoiado pela classe trabalhadora, estudantes, intelectuais e a oposição democrática, executaram os dirigentes do Partido Democrático (que era submisso aos interesses ianques). O novo governo popular chamou em 1961 a votar por uma nova constituição, a mais democrática que a Turquia conheceu: são respeitados os direitos políticos e sindicais; os bancos e as grandes empresas são nacionalizadas; se concedeu autonomia para universidades; fora abolida a censura e por consequência disso, uma quantidade incalculável de trabalhos do pensamento marxista foram traduzidos, contribuindo à educação política da classe operária, da juventude e ao desenvolvimento de uma nova geração revolucionária.

Em 1961, nasce o Partido Operário da Turquia (TIP), que em 1965 funda, nas universidades, a Federação de Clubes de Reflexão (FKF). Daí se destaca o dirigente estudantil Mahir Cayan, que mais tarde seria uma liderança do THKP-C e que trabalhou também pela radicalização da luta popular, levando a cabo a fusão entre a classe operária e os estudantes.

Em julho de 1968, os jovens revolucionários expulsaram os fuzileiros navais da 6ª Frota Americana, esta que havia ancorado nas margens de Istambul, enquanto os serviços secretos incitavam organizações fascistas para agir contra o movimento anti-imperialista. Estas provocações ocorreram no dia 16 de fevereiro de 1969, no chamado “Domingo Sangrento”, onde dois trabalhadores foram mortos pelos fascistas.

Em 6 de julho de 1969, o reitor da Universidade Técnica do Oriente Médio, em Ankara, recebe o embaixador dos Estados Unidos Robert Commer, um agente da CIA conhecido como o “carniceiro do Vietnã”. Uma massiva manifestação de estudantes, encabeçada por Mahir Cayan, capota e incendia o automóvel de Commer, dando um impulso ao movimento revolucionário e anti-imperialista.

Em outubro de 1969, a juventude se distancia da direção reformista do TIP e convertem a FKF em uma nova organização que passa a ser chamada de Juventudes Revolucionárias (Dev Genç).

Em dezembro de 1970, a direção das Juventudes Revolucionárias funda um partido de caráter marxista-leninista, que chamava-se Partido de Libertação Popular da Turquia (THKP) e uma frente popular, que intitulava-se Frente de Libertação Popular da Turquia. Entretanto, em 12 de março de 1971, estes são surpreendidos por uma junta fascista que, apoiada pela CIA, toma o poder: uma verdadeira perseguição política é desencadeada, mas o THKP-C se manteve lutando de maneira inabalável.

Em 30 de março de 1972, a aldeia de Kizildere, situada na região do Mar Negro, onde encontrava-se Mahir Cayan, o exército turco cerca a direção do THKP-C. Mahir Cayan e nove combatentes revolucionários são rodeados, se negam a render-se e resistem heroicamente até o último cartucho de munição e caem em combate. Esta resistência marcou profundamente os povos da Turquia, que convertem Mahir Cayan, por sua heroicidade, em uma figura comparável à de Che Guevara.

O nascimento do Devrimci Sol (Esquerda Revolucionária)

Depois da derrota em Kizildere e a partir de 1973 a tocha da luta é retomada pelos ativos jovens revolucionários, que apesar da falta de experiência, proclamam-se “Frentistas”.

Paralelamente ao desenvolvimento da luta social, a oligarquia sustentava as milícias fascistas dos “Lobos Cinzentos”, que combatiam as greves, assassinavam estudantes e professores, e executaram um “pogrom” contra minorias nacionais tais como armênios, gregos, curdos e religiosos (alevi, cristãos). Entre 1974 e 1980, o terrorismo fascista é sustentando pelo Estado turco e o Departamento de Estado de Washington, que com o pretexto da luta contra o comunismo, ceifou a vida de mais de 5000 pessoas.

Em 1976, os “Frentistas” recriaram a organização lendária das Juventudes Revolucionárias (Dev Genc). No calor da luta do 20 de dezembro de 1978, os quadros políticos do Dev Genc criam o Devrimci Sol (Esquerda Revolucionária), uma organização político-militar disposta à franca luta antifascista.

O Devrimci Sol literalmente sacodiu o poder da oligarquia, dirigindo grandes greves operárias, libertando os bairros assediados pelos fascistas e pelo autoritarismo policial, castigando os carrascos; expropriou as áreas periféricas que pertenciam ao Estado ou ao setor privado para construir casas para os pobres; desviou caminhões das empresas monopolistas de alimentos para distribuir os produtos à população faminta e desenvolveu a guerrilha rural na região do Mar Negro e no Curdistão.

A 12 de setembro de 1980, a oligarquia lançou um novo chamado aos generais fascistas formados na Escola das Américas.

Como no Chile de 1973, os país é levado a um Estado apocalíptico, onde os tanques desfilam pelas ruas; o exército organiza operações nos bairros, lotando as prisões e todos os edifícios do Estado, tais como as escolas, estádios e salões de esportes são transformados em campos de concentração, onde se tortura e executa o povo; os cidadãos são abatidos nas ruas; se fecham os sindicatos; se proíbe a greve; persegue-se à imprensa e alimentam-se as fogueiras queimando livros.

Os dirigentes do Devrimci Sol são detidos e outros executados. Devido à extensão dos ataques e ao enfraquecimento do movimento revolucionário, a linha de frente é enviada para as prisões.

Depois de haver provado todas as opções militares, a oligarquia concluiu que o cativeiro e a eliminação física não bastavam para destruir os revolucionários. Em 1984, a junta fascista adota um programa de “despersonificação” elaborado pela CIA e que obrigava os presos revolucionários a capitular mediante o uso obrigatório de uniforme.

Os prisioneiros do Devrimci Sol declaram uma greve de fome até o final, chamada “Jejum até a Morte”. Depois de 75 dias de jejum, quatro prisioneiros perderam a vida, resultando no fim do uso do uniforme. Esta é a primeira vitória conquistada pelo movimento revolucionário contra a junta fascista.

De 1985 a 1990, o Devrimci Sol decreta uma retirada tática. Durante este período os prisioneiros do Devrimci Sol são levados em massa a comparecer ante os tribunais militares. O dirigente Dursun Karatas do Devrimci Sol converte o banco dos acusados em tribuna de acusação. Ele expõe ao público uma lista de “inimigos do povo” que é declarada “alvo da justiça popular”.

Depois de várias fugas e reativação da luta social, em março de 1990, o Devrimci Sol lança uma ofensiva e cada quadro político se converte em um dirigente militar e o movimento popular ascende.

O Devrimci Sol encurrala os membros da junta, os carrascos e os agentes do imperialismo. Em 1991, vários oficiais ianques são eliminados em represália pela guerra contra o Iraque. Esta fase ofensiva impõe um grande sacrifício e muitos dirigentes do Devrimci Sol são executados (1991 e 1992), mas o movimento consegue recuperar-se e se reestruturar.

O sonho da revolução continua com o DHKP-C

A 30 de março de 1994, os quadros do Devrimci Sol refundam o Partido Revolucionário de Libertação Popular (DHKP) e a Frente (DHKC).

O novo partido marxista-leninista clandestino (DHPK) garante a liderança política enquanto que o DHKC, passa a ser a frente popular que organiza a luta de massas sobre uma base anti-imperialista e antifascista.

A Frente (DHKC) se instala nas fábricas, nas oficinas, nas aldeias, nos bairros populares, nos sindicatos, nas universidades, nos liceus, nas associações profissionais, no meio jurídico, no mundo da cultura e na imigração turca e curda da Europa.

Os combatentes armados que também tomam parte da Frente Popular (DHKC) se organizam nas “Unidades de Propaganda Armada” (SPB), e são apoiados pela milícia ativa, tanto nas cidades como nas montanhas.

A força do DHKP-C tem inspirado um tal temor sobre o imperialismo, que desde há muitos anos este tem sido incluído na lista de organizações terroristas do Departamento de Estado dos Estados Unidos. Em fevereiro de 2002, o ex-chefe da CIA, Georges Tenet propôs ao Congresso Estadunidense, combater o DHKP-C para “destruí-lo” e a mesma sorte foi reservada também para organizações palestinas e às FARC-EP da Colômbia.

Depois dos atentados do 11 de setembro, o imperialismo estadunidense, que declarou uma guerra militar, econômica, política, cultural e psicológica aos povos, intensificou a pressão sobre seus aliados e convence a União Europeia a adotar sua própria “lista negra” e a 2 de maio de 2002, o DHKP-C é incorporado à “lista maldita” da UE.

O jejum da morte, uma resistência pela justiça, dignidade e socialismo

A 20 de outubro de 2000, os presos revolucionários iniciaram uma greve de fome contra a transferência às prisões de alta segurança, conhecidas como “Prisões de Tipo F”. Estas prisões são centros de tortura moderna importados dos Estados Unidos e da União Europeia, com objetivo de destruir o coletivo de prisioneiros. A 19 de dezembro, o exército governamental toma por assalto as vinte prisões onde se encontravam entrincheirados os grevistas de fome e assassinam 28 presos, deixando mais de mil feridos. Os detentos que sobreviveram ao ataque são transferidos para as “Prisões de Tipo F” e desde então os prisioneiros do DHKP-C mantém um “jejum de morte” que custou a vida de 120 revolucionários cativos. Apesar das mortes e da censura, o conjunto de prisioneiros revolucionários resiste com um entusiasmo de aço.

O DHKC e a luta dos povos contra o imperialismo

Junto aos “cativos livres” e aos combatentes do DHKC, há outras resistências contra a exploração humana: desde a valente Venezuela à heroica Cuba, desde a Colômbia ao Iraque, desde o Nepal até a Coreia e a Palestina, há uma mesma voz de luta: o sonho do libertador Simón Bolívar é o sonho de todos os povos. Fidel dissera: “Prefiro morrer do que me colocar de joelhos diante dos Estados Unidos”. Os herdeiros de Jose Martí, Simón Bolívar, Che, Salvador Allende, continuarão a luta contra as tropas de ocupação e não permitirão o imperialismo globalizar o mundo com sua dominação mediante o terror.

O DHKC se sente orgulhoso de assumir seu papel histórico na resistência contra o imperialismo e chama todas as forças progressistas a se unirem neste combate e saúda calorosamente à humanidade na luta pela paz, a justiça e a liberdade.

Comitê de Relações Internacionais do DHKP-C

Traduzido por I.G.D.

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