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"É a Rússia Imperialista?"

Foto do escritor: NOVACULTURA.infoNOVACULTURA.info


O que começou como uma pequena manifestação no final de 2013 na Praça Maidan (Praça da independência) em Kiev contra o governo do Presidente ucraniano Viktor Yanukovych agora escalou em uma crise, que na pior das hipóteses pode se desenvolver em uma guerra de grande escala entre a Rússia e o Império Mundial dos EUA-UE-OTAN- “o império” para encurtar. À medida em que mais fatos iam aparecendo, o caráter pró-imperialista, pro-Império desde o começo dos protestos se mostrava evidente. Além disso, agora é óbvio que o governo dos Estados Unidos tomou forte participação desde o início.


A cobertura unilateral da mídia dos EUA do "movimento pró-Maidan", como as forças pró-imperialistas na Ucrânia são chamadas; as atividades das ONGs financiadas pelos EUA; e o papel dos EUA na “Revolução Laranja” pró-imperialista de 2004 apontam na mesma direção. Ademais, com o desenvolvimento da crise, foi revelado na Internet que diplomatas dos EUA favoreceram o banqueiro neoliberal de direita Viktor Yatsenyuk, ou “Yats”, como os diplomatas carinhosamente o chamam. Sem nenhuma surpresa, logo após o golpe de Estado que derrubou Yanukovych, "Yats" foi nomeado primeiro-ministro do novo governo nomeado em Kiev. Mas existem mais coisas.


De acordo com a Wikipedia, em 18 de abril de 2014, Burisma Holdings, uma das principais empresas de petróleo e produção de gás natural na Ucrânia, anunciou a nomeação de Hunter Biden para seu conselho de administração. "Burisma detém licenças que cobrem as Bacias de Dnieper-Donetsk e bacias dos Cárpatos e Azov-Kuban e tem reservas consideráveis e capacidade de produção", a enciclopédia on-line declarou.


Hunter Biden, um advogado, é o filho do vice-presidente americano Joseph Biden. Segundo a Wikipedia, o currículo de Hunter Biden inclui várias conexões com o setor financeiro e do governo: "De 2001 a 2008, Biden foi um dos sócios fundadores da Oldaker, Biden, e Belair, LLP, uma firma de advocacia nacional com sede em Nova Iorque. Ele também serviu como um parceiro e membro do conselho da empresa de fusões e aquisições Eudora Global. Biden foi diretor executivo, presidente e mais tarde, do fundo de multimercado Paradigm Global Advisors. No MBNA, um grande banco dos EUA, Biden foi contratado como vice-presidente sênior".


Artigos posteriores da Wikipedia falam: Além de manter diretorias nos Conselhos da Coalizão US Global Leadership, The Truman National Secuirt e no “Center for National Policy”, ele possui cadeira no Conselho Consultivo para Presidente do Instituto Nacional por Democracia (NDI). O NDI é um projeto da National Endowment for Democracy (NED)". O NED é a organização que faz o que a CIA fez secretamente há 25 anos.


Viktor Yanukovych é um conciliador político burguês ucraniano que tentava se equilibrar entre o Império e a Rússia. Yanukovych havia derrotado os políticos abertamente pró-imperialistas associados com a chamada Revolução Laranja nas eleições de 2010. Yanukovych é bastante corrupto, mas isso é quase uma verdade universal de políticos capitalistas que operam nos antigos países socialistas da União Soviética e do Leste Europeu— e não apenas lá.


Os manifestantes anti-Yanukovych tentaram “retomar o espírito” da “Revolução Laranja”. Sob nenhum aspecto isso foi uma revolução, ao invés disso, foi um movimento apoiado pelo Imperialismo norte-americano. Seu objetivo era reverter uma eleição que havia sido vencida por Yanukovych contra seus oponentes laranjas pró-Império sobre o pretexto de que os resultados das eleições foram falsificados, uma afirmação um tanto questionável.


A Revolução Laranja foi parte de um conjunto de “revoluções coloridas” pro-Imperialismo—algumas com sucesso e outras não—que foram organizadas pelo Imperialismo e seus representantes locais, com o objetivo de substituir os governos que resistiam ao Imperialismo, de uma forma ou de outra. Outras “revoluções” do tipo foram a Revolução dos Cedros, no Líbano; o fracasso da Revolução Verde no Irã, que também tentou, sem sucesso, derrubar uma eleição presidencial; e a Revolução das Rosas na Geórgia.


Na Ucrânia, a Revolução Laranja foi inicialmente bem-sucedida. A clara vitória de Yanukovych na eleição de 2010, no entanto, indicou que o movimento carecia de amplo apoio popular entre o povo ucraniano. Durante seu governo, de 2004 a 2009, os líderes da Revolução Laranja glorificavam Stephan Bandera e outros "nacionalistas" ucranianos que haviam colaborado com a Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial.


As pequenas manifestações inicialmente centradas na Praça Maidan, mas de forma constante iam aumentando o tamanho. Muitos dos manifestantes eram oriundos da Ucrânia Ocidental(1), onde os sentimentos de direita e até abertamente fascistas são historicamente fortes. Os manifestantes se queixavam que o Presidente Yanukovych havia assinado um acordo com os russos, ao invés da União Europeia. A Rússia, que busca impedir a Ucrânia de cair na órbita do Império, ofereceu aos ucranianos um melhor negócio. Em contrapartida, a União Europeia exigiu medidas pesadas de austeridade neoliberais em troca de empréstimos para socorrer o governo ucraniano praticamente falido.


Lado a lado com os direitistas "moderados" que constituíam o grosso dos manifestantes, apareceu um número crescente de forças fascistas abertamente como o partido Svoboda, que tinha começado como um partido neonazista antes de tornar sua imagem um pouco mais pragmática, e o ainda mais extremista, Pravy Sektor (Setor Direita). Esse último usa símbolos nazistas e dificilmente esconde a sua admiração não apenas aos ucranianos que lutaram ao lado da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial, mas à própria Alemanha nazista.


Também não eram estes os únicos símbolos reacionários usados. Junto aos símbolos nazistas apareceu a bandeira da própria escravidão, bandeira dos rebeldes escravistas da Guerra de Secessão de 1861 a 1865 nos Estados Unidos. Quando alguns esquerdistas ucranianos, influenciados pelo “esquerdismo”(2) na Europa Ocidental, tentaram juntar-se aos manifestantes de extrema-direita no Maidan para expressar a sua solidariedade à luta contra Yanukovych—um enorme erro político, na minha opinião— eles eram expulsos pelos bate-pau do Pravy Sektor, que estavam se emergindo como os líderes do movimento ao menos nas ruas, se não nos corredores do poder. A massa de direita dos manifestantes não fazia nenhuma tentativa de detê-los. Na verdade, o Setor Direita é, aparentemente, muito admirado pelos "moderados" manifestantes de direita.


Em fevereiro, o Pravy Sektor liderou uma marcha até o Parlamento, o que forçou o presidente Yanukovych a fugir pela sua vida. Também ocuparam a sede do Partido Comunista da Ucrânia, em uma mobilização que lembra a infame marcha nazista sobre a casa de Karl Liebneckt—sede do Partido Comunista Alemão—em Berlin em 1933. Estes eventos foram ignorados ou mal mencionados nos meios de comunicação norte-americanos, que falsamente apresentavam o movimento EuroMaidan como um levante democrático contra o governo supostamente controlado pelos russos, e ditatorial de Victor Yanukovych.


Mais sobre a natureza reacionária do EuroMaidan

Já que eu não sou nenhum especialista sobre a Ucrânia, eu confio em observadores como Volodymyr Ishchenko, sociólogo Ucraniano anticapitalista e membro de um pequeno movimento influenciado pela “extrema esquerda” da Europa Ocidental. Como eles, Ishchenko foi bastante simpático ao movimento do EuroMaidan. Vamos ver o que ele tem a dizer sobre o caráter desse movimento e lembre-se, ele é simpático a ele.


Ischenko relata: "Os protestos do Maidan começaram mais como um protesto ideológico que foi, em certa medida, uma tentativa de alcançar o sonho europeu, vendo-o como uma espécie de utopia que resolveria muitos problemas ucranianos. E para outras pessoas, foi um protesto contra a Rússia. Acreditava-se que se Yanukovych não iria assinar o Acordo de Associação Europeu, ele iria se juntar à União Euroasiática com a Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão. Estes países foram descritos em tons bastante negativos como países pobres, autoritários que a Ucrânia não tinha que se orientar por eles.”.


Mesmo que não tivesse havido fascistas envolvidos, esta posição por si só é profundamente reacionária. Ela reflete uma atração pelos países exploradores do império mundial dos EUA-UE-OTAN, junto com a hostilidade para com os países pobres explorados como o Cazaquistão. Na minha cabeça, isso é razão suficiente para lutar contra tal movimento. Todas as proporções guardadas, isto é semelhante à mentalidade do "Tea Party". Por acaso os protestos