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"Síria, a escalada incessante"

  • Foto do escritor: NOVACULTURA.info
    NOVACULTURA.info
  • 18 de set.
  • 5 min de leitura
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Ainda que se tente tirar a responsabilidade do ex-terrorista, as contínuas matanças perpetradas pelo governo do presidente Ahmed al-Sharaa, conhecido em seu tempo de emir da banda fundamentalista Hayat Tahrir al-Sham (Organização de Libertação do Levante) como Abu Mohamed al-Golani, contra as minorias religiosas alauítas, drusas, curdas e cristãs, continuam mantendo a Síria no foco da atenção internacional.

 

Desde que, em 8 de dezembro do ano passado, apoiado por Donald Trump e pelo genocida Benjamín Netanyahu, al-Sharaa/al-Golani tomou o poder na Síria, seus mujahidins, legalizados sob o nome de Administração de Operações Militares, já assassinaram mais de dez mil pessoas e, ao que parece, a escalada está longe de terminar.

 

Além das matanças de alauítas (comunidade à qual pertence à família al-Assad) na cidade de Latakia, de drusos em Sweida ou de cristãos em Damasco, Homs ou Hamá, também se sabe que os grupos parapoliciais de al-Golani assassinaram mais de três mil pessoas em áreas rurais, afastadas de qualquer foco informativo.

 

Segundo informes recentes, cerca de oito mil pessoas, entre as quais se incluem mulheres e crianças, morreram em ataques aéreos e bombardeios. Outras desapareceram depois de terem sido detidas arbitrariamente por forças de segurança e paramilitares que respondem ao regime terrorista de al-Golani.

 

Muitas dessas mortes foram atribuídas a khatibas do Daesh, que operam de maneira independente do governo, e também a ataques aéreos de Israel e Turquia, que de modo algum renunciarão às suas posições na Síria, apesar de que a desculpa pela qual invadiram o país — terminar com o governo de Bashar al-Assad — já se evaporou há nove meses.

 

Os planos para esta nação são outros, os mesmos da origem da invasão de 2011 (Primavera Árabe): desintegrá-la, parti-la entre seus vizinhos e, no que restar, deixar um governo pró-norte-americano, como o de al-Golani, ou, se possível, algo ainda pior. Mas, para eles — e primeiro para Washington —, deve-se assegurar que não reste nenhuma brasa que possa acender outro conflito.

 

Por isso, os assassinatos e execuções sistemáticas não pararam desde dezembro, e as cifras divulgadas podem ser ainda maiores, já que se sabe que milhares de pessoas foram detidas e permanecem nessa condição sem que tenham sido informadas dos motivos. Em muitos casos, sequer suas famílias foram contatadas; por isso, se estiverem vivas, seguem na condição de desaparecidas. Aplicando-se mais uma vez, e de forma rigorosa, o plano-mestre dos Estados Unidos de subjugar um Estado hostil.

 

As perseguições étnicas e religiosas continuam, e as operações se realizam contra as populações como uma verdadeira força de ocupação; moradores de diferentes localidades coincidem em afirmar que se executa o mesmo padrão operacional em cada oportunidade.

 

Seja em um bairro de alguma cidade importante ou em uma pequena aldeia rural, repete-se a mesma metodologia: as forças governamentais assaltam e saqueiam casas de minorias (xiitas, drusos, cristãos) determinadas, evitando, em geral, “incomodar” os sunitas adeptos ao regime e os curdos, cuja posição ainda parece indefinida, entre seguir apoiando al-Golani ou passar abertamente à oposição.

 

Desde a queda do presidente Bashar al-Assad, difundiu-se no país a sensação de que qualquer pessoa poderia cair sob a mira dos shabeehas, os agentes civis do regime, ser detida e desaparecer. Inclusive, se fosse sunita, mas não suficientemente comprometida segundo a interpretação dos ex-terroristas, razão pela qual a população evita se expressar publicamente, já que qualquer comentário poderia colocá-la fora da lei.

 

Sem necessidade de declarar-se um emirado, nem de impor a sharia como lei, sem agentes que meçam o comprimento da barba dos homens, nem obrigar as mulheres a utilizar a burca fora de casa, milhões de sírios começaram a ser considerados takfiris. Enquanto isso, a mukhabarat (polícia secreta) continua infiltrando todos os setores da sociedade.

 

As purgas na administração pública deixaram dezenas de milhares de pessoas sem trabalho pelo simples fato de pertencerem à comunidade alauíta, sob a desculpa de serem suspeitas de terem sido agentes da família al-Assad.

 

Enquanto isso, as marcas de quinze anos de guerra — que deixaram mais de meio milhão de mortos, catorze milhões de deslocados, metade deles fora do país, áreas onde os bombardeios e atentados reduziram a escombros bairros inteiros nas principais cidades, e uma economia devastada que não poderá recompor-se rapidamente para responder às necessidades urgentes dos sírios — gerarão grandes negócios para os mesmos oportunistas que hoje esfregam as mãos esperando que Netanyahu termine de exterminar Gaza.

 

Uma nova indústria

 

A anarquia fomentada pelo Ocidente na Síria não só facilitou a chegada dos terroristas ao poder, a fragmentação do país, a ruína econômica e a limpeza étnica das minorias, como também abriu uma grande possibilidade para os proxenetas, que, por meio das bandas subordinadas ao presidente al-Golani, lançaram-se à caça de milhares de meninas e jovens pertencentes às minorias perseguidas.

 

Segundo informes de diversas ONGs ocidentais, estima-se que já sejam mais de sete mil meninas e adolescentes alauítas, drusas e cristãs, a maioria sequestradas entre os 12 e 14 anos, para serem introduzidas em redes de prostituição com ramificações na Europa e nas monarquias do Golfo Pérsico.

 

Um modelo já conhecido dos anos em que o Daesh reinou em ampla faixa fronteiriça entre o Iraque e a Síria. Algumas das denunciantes apontam diretamente para o presidente al-Golani, que, em seus tempos de emir, manteve como escravas sexuais mulheres da comunidade yazidi.

 

As Nações Unidas acabam de informar que, durante as incursões dos shabeehas do presidente sírio contra a cidade drusa de Sweida, entre julho e agosto passados, mais de uma centena de mulheres e meninas dessa comunidade foram sequestradas, enquanto outras 80 seguem desaparecidas.

 

Durante os dias da invasão a Sweida, documentaram-se pelo menos três casos de mulheres drusas que foram violadas antes de serem executadas pelos mujahideens governamentais. Daqueles dias, quase oitocentas pessoas, incluindo mulheres de diversas idades, continuam desaparecidas.

 

Também se sabe que pelo menos quinhentas meninas cristãs foram sequestradas para serem mantidas como escravas sexuais pelas forças do regime.

 

As cifras mais alarmantes falam de que, desde o último dezembro, as mulheres e meninas sequestradas chegariam a quarenta mil.

 

Muitos desses sequestros, como tantas vezes denunciado e evidenciado — como no caso das mais de trezentas meninas sequestradas de uma escola em Chibok, norte da Nigéria, em 2014 —, terminam em casamentos e conversões forçadas.

 

Esses sequestros talvez sejam a nota mais sombria da nova realidade síria, que está muito longe de alcançar a normalidade vivida até março de 2011, quando começou a invasão da aliança entre a OTAN, o Departamento de Estado e os terroristas wahabitas fornecidos pela Arábia Saudita e o Qatar.

 

Apesar de a imprensa ocidental não estar noticiando novos ataques contra minorias na Síria, fontes locais afirmam que o regime do presidente al-Golani continua tolerando e incentivando seus homens a prosseguir com as perseguições e o assédio às comunidades visadas, particularmente no sul do país, onde a escalada dos ex-terroristas parece incessante.

 

Por Guadi Calvo, no Línea Internacional

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