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"A guerra de Israel contra o Irã nunca foi apenas uma questão de armas nucleares"

  • Foto do escritor: NOVACULTURA.info
    NOVACULTURA.info
  • 17 de jun.
  • 4 min de leitura

 

“O regime iraniano nunca esteve tão fraco. Este é o momento de vocês, iranianos, se levantarem e fazerem sua voz ser ouvida. Nós os apoiamos”, afirmou Benjamin Netanyahu, em 13 de junho de 2025.

 

Desde a década de 1990, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu tem mantido firme seu objetivo estratégico: deter o programa nuclear iraniano. Em um momento em que até mesmo Washington se concentrava nos acordos de paz e nos assentamentos com os palestinos, Netanyahu já mirava o Irã.

 

Criticava o acordo de paz com os palestinos, mas destacava constantemente a “ameaça iraniana”. Em uma época em que esse tema não era prioridade nem global nem regional, Netanyahu era praticamente o único a advertir contra as ambições nucleares do Irã.

 

No início dos anos 2000, enquanto o então primeiro-ministro israelense Ariel Sharon se concentrava em esmagar a Segunda Intifada (Intifada de Al-Aqsa) e o que chamava de “terrorismo palestino”, Netanyahu alertava simultaneamente sobre as ambições nucleares do Irã. Sharon via o Irã como um problema internacional que deveria ser tratado globalmente, mas Netanyahu buscava o confronto unilateral.

 

Netanyahu sempre quis deixar sua marca na história judaica e ser lembrado como o líder que neutralizou a “ameaça nuclear iraniana”.

 

Planos frustrados e ambições renovadas

 

Em 2010, Netanyahu e o então ministro da Defesa, Ehud Barak, ordenaram que o exército israelense preparasse ataques contra instalações nucleares iranianas e assassinatos de cientistas iranianos. A operação foi interrompida apenas porque líderes-chave da segurança se opuseram: o chefe do Estado-Maior, Gabi Ashkenazi; o chefe do Shin Bet, Yuval Diskin; e o chefe do Mossad, Meir Dagan, advertiram que Israel não tinha capacidade militar para atacar o Irã sem o apoio dos Estados Unidos.

 

O governo Obama, alertado por Barak, recorreu à diplomacia e selou o Plano de Ação Conjunto Global (PAIC) com Teerã. Netanyahu ficou furioso. Mas o sonho de bombardear o Irã nunca desapareceu. Continuou com esse esforço no cenário internacional, inclusive usando a Assembleia Geral da ONU para mostrar a caricatura de uma bomba, advertindo que o Irã estava ultrapassando a linha vermelha no enriquecimento de urânio.

 

Durante o primeiro mandato de Donald Trump, Netanyahu conseguiu convencê-lo a retirar-se do acordo nuclear após revelar o “arquivo nuclear roubado” do Irã. Para manter o impulso político e militar, Netanyahu ordenou que o exército se preparasse para um ataque ao Irã sem ajuda externa, citando o lema que repete com frequência: “O destino do único Estado judeu do mundo não pode ser confiado a estranhos, nem mesmo aos nossos aliados”.

 

Tel Aviv intensificou então os assassinatos seletivos e os ciberataques. O assassinato, em 2020, de Mohsen Fakhrizadeh (que figurava na lista negra do Mossad desde 2009), o principal cientista nuclear do Irã, foi um recado: a guerra de Israel contra o Irã havia entrado em uma nova fase.

 

O confronto entre Israel e Irã nunca cessou. Netanyahu continua sendo o arquiteto desse conflito. Mesmo após tornar-se líder da oposição no Knesset sob o governo de Naftali Bennett e Yair Lapid, o ex-primeiro-ministro Bennett manteve a postura de Netanyahu, afirmando que “mil punhaladas” devem ser direcionadas à “cabeça do eixo”, ou seja, ao Irã. Assim, Netanyahu enraizou a questão iraniana na vida política diária de Israel; nenhum primeiro-ministro pode ignorá-la.

 

Da guerra encoberta ao confronto aberto

 

A Operação Inundação de Al-Aqsa, liderada pelo Hamas, agravou os temores israelenses. Tel Aviv respondeu com escaladas em múltiplas frentes: Gaza, Líbano, Síria, Iêmen e, de forma encoberta, Irã. O Estado ocupante aproveitou as mudanças regionais — o enfraquecimento das defesas aéreas sírias e a criação de um novo corredor através do Iraque — para se infiltrar mais profundamente no território iraniano.

 

Tel Aviv acredita que cometeu um erro estratégico ao não atacar o Irã em 2010; agora, as instalações nucleares iranianas estão mais fortificadas e suas defesas, mais sólidas. Alguns analistas israelenses argumentam que, se Teerã obtiver armas nucleares, ele e seus aliados se tornarão mais ousados, o que obrigaria Israel a agir para evitar uma ameaça existencial real.

 

A guerra atual é a culminação de décadas de obsessão de Netanyahu. A mídia israelense agora admite que a Operação Coragem do Leão tem como alvos cientistas, instalações nucleares, bases da Guarda Revolucionária Islâmica (CGRI) e pessoal militar iraniano. Mas a ambição é mais profunda.

 

O plano de mudança de regime

 

Como documentam os centros de estudos estratégicos e formuladores de políticas israelenses, o objetivo de longo prazo é uma mudança de regime: desmantelar a República Islâmica, instaurar um governo alinhado e desmontar o Eixo da Resistência. Alguns argumentam que, com o envelhecimento do Líder Supremo Ali Khamenei, o sistema está vulnerável.

 

Outros defendem medidas ainda mais radicais: um ataque de decapitação contra a liderança iraniana, combinado com ataques à infraestrutura petrolífera, para fomentar o descontentamento interno. Os riscos são enormes, mas Tel Aviv vê nisso uma oportunidade histórica.

 

Esta já não é uma guerra nas sombras. Pela primeira vez, Israel atacou aberta e profundamente o território iraniano, o que provocou uma retaliação direta. As potências ocidentais correram para defender o Estado ocupante, mas a trajetória está se desintegrando.

 

Israel aposta que pode absorver uma resposta iraniana, fraturar a República Islâmica e reescrever as equações de poder da Ásia Ocidental nas próximas décadas.

 

Mas o Irã não está isolado, e Netanyahu pode estar indo longe demais. Apesar de golpeado e sobrecarregado em múltiplas frentes, o Eixo da Resistência — de Hezbollah a Ansarallah e às facções iraquianas — está mobilizado. A região se prepara para um confronto mais amplo.

 

Netanyahu vê uma janela de oportunidade. Teerã não vê apenas uma — vê inúmeras linhas vermelhas cruzadas. O restante da Ásia Ocidental enxerga uma guerra que pode redesenhar o mapa.

 

Do Resumen Latinoamericano

 

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