"Trabalhadores devem lutar pelo fim do capitalismo"

Recentemente, o semanário da Vanguarda Australiana Marxista-Leninista publicou um artigo no qual afirmava que “os sindicatos, como operam agora, são parte integrante do capitalismo. Eles estão ligados ao sistema capitalista. Como eles são atualmente, eles ajudam a perpetuar o capitalismo” e “a estrutura sindical, os órgãos sindicais centrais são um peso morto na iniciativa e na luta dos trabalhadores.”
Muitos sindicalistas honestos podem considerar difícil aceitar esta avaliação. Ainda assim, nós devemos nos esforçar em compreender a verdade essencial contida nesta avaliação e nos esforçar em testá-la sob a luz de nossa experiência no Sri-Lanka. Este é o mais vital assunto, que é particularmente importante para os membros da Federação Sindicalista do Sri-Lanka, tendo em vista a decisão tomada no seu 18º Congresso de politizar todos os seus membros. O problema com o qual estamos lidando é o papel dos sindicatos na sociedade capitalista.
Os sindicatos surgiram após o nascimento do capitalismo. Eles, naturalmente, surgiram primeiro na Inglaterra pois foi lá onde o capitalismo foi fundado. Os sindicatos foram uma tentativa dos trabalhadores em combater e reduzir a exploração forçada imposta à eles pelo capitalismo. A princípio, os trabalhadores não compreendiam, suficientemente, a real causa de sua miséria. Eles pensavam que eram as novas máquinas, e não o capitalismo, a causa de sua miséria. Entretanto, houve uma onda de tentativas de esmagar a nova maquinaria. Aqui, nós temos um exemplo de confundir os sintomas da doença.
Mas os trabalhadores entenderam, gradualmente, que somente através da associação eles poderiam lutar por um melhor valor pela sua força de trabalho. Eles aprenderam, por meio da pura experiência, que somente se eles, unidos, barganhassem com seus empregadores poderiam obter um melhor preço pela sua força de trabalho, a qual eles vendiam aos empregadores todos os dias.
Assim surgiram os sindicatos. A princípio, eles precisavam ser secretos pois os empregadores não os tolerariam. Por volta de um século, na Inglaterra, os sindicatos lidaram com uma severa repressão. Eles foram banidos por lei e alguns líderes até pagaram a pena máxima da forca, enquanto muitos outros foram presos.
Empregadores adotaram os sindicatos
Contudo, com o maior desenvolvimento do capitalismo, os empregadores gradualmente começaram a mudar sua atitude em relação aos sindicatos. Indubitavelmente, isso se deveu em parte à persistente luta dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, os mais perspicazes e astutos empregadores chegaram à conclusão de que eles poderiam converter a estrutura sindical como um apêndice e torná-lo parte integrante do capitalismo.
Isso aconteceu, em geral, na maioria dos países industrialmente avançados, como os EUA, Inglaterra, França, Itália, Austrália, etc. Nestes países, os trabalhadores constituem uma boa parcela da população. Os sindicatos são reconhecidos pelos trabalhadores e pelo Estado, apesar dos conflitos geridos agora e depois. Os trabalhadores pagam enormes montantes às subscrições sindicais. Com base na disponibilidade do vasto fundo sindical, surgiu uma burocracia sindical tão interessada na preservação do capitalismo quanto os próprios capitalistas. O motivo é simples. Eles se tornaram parte da estrutura capitalista. Se o capitalismo se vai, eles também irão com ele. A maioria dos funcionários dos sindicatos destes países recebiam salários que, em alguns casos, eram maiores que os do empregador com o qual eles se encontram na mesa de negociações.
No Sri-Lanka, este desenvolvimento não progrediu muito, exceto em um ou dois sindicatos, como o Sri-Lanka Workers Congress e o Sri-Lanka Mercantile Union- ambos os quais gozam da concessão de que as dívidas dos membros dos sindicatos sejam subtraídas da folha de pagamento e enviadas a eles pelos empregadores.
Há um outro aspecto do sindicalismo que merece séria consideração, Karl Marx disse há muito tempo: “Os sindicatos funcionam bem como centros de resistência contra a invasão do capital. Eles parcialmente falham de um uso imprudente de seu poder. Eles geralmente falham em limitarem-se a uma guerrilha contra os efeitos do sistema existente, em vez de, simultaneamente, tentar muda-lo, em vez de usar suas forças organizadas como uma alavanca para a emancipação final da classe trabalhadora, ou seja, a última abolição do sistema de salários.
Fraquezas do sindicalismo
Marx, aqui, pôs seu dedo corretamente no ponto fraco de todo o sindicalismo. O que todo trabalhador deve entender é que por meio da luta sindical nós não estamos lutando contra as causas, as quais são o capitalismo, mas somente contra os sintomas. Nós estamos lutando contra os efeitos do sistema como Marx aponta, e não contra o sistema em si. O capitalismo adoraria perpetuar esta situação. Este é o motivo do astuto capitalista apoiar sindicatos reformistas e entrar em todos os tipos de acordos com eles.
Quando nós lutamos por uma demanda como um aumento salarial de Re. 1/– por dia, nós estamos apenas lutando contra os efeitos do capitalismo. Não apenas isso. Nós estamos demandando isso pelos capitalistas. Em outras palavras, nós prevemos a continuação do sistema capitalista. O que as lutas sindicalistas realmente fazem é lutar para melhorar as condições da classe trabalhadora inserida na estrutura do sistema capitalista. Eles não desafiam o capitalismo em si. É por isso que eles degeneram ao puro e simples reformismo e, finalmente, reforçam o capitalismo.
Naturalmente, cada aumento salarial conquistado pelos trabalhadores é, imediatamente, compensado pelos empregadores por um trabalho mais intensivo, por uma supervisão rigorosa, etc. e por um aumento geral dos preços. Então, normalmente o trabalhador retorna ao seu ponto de partida.
O que todos os trabalhadores precisam compreender é que sua miséria é dívida da exploração conduzida pela classe capitalista. O sindicalismo simplesmente restringe sua luta à tentativa de reduzir sua exploração. Essa não é a luta pelo fim da exploração, pelo fim do sistema capitalista e pela sua substituição pelo socialismo. Esta é a limitação fatal das lutas sindicalistas.
Lutar pelo fim da exploração
Assim sendo, é claro, nós não nos opomos às lutas sindicais ou nos recusamos de participar delas. É absolutamente essencial organizar os trabalhadores e ajudá-los a lutar dia-a-dia por suas demandas. Pois é somente no curso destas lutas que o trabalhador aprende sobre o sistema de exploração capitalista e a necessidade de aboli-lo.
As lutas sindicais são necessárias para educar os trabalhadores. O que é errado é para neste estágio, limitando-nos sempre às lutas sindicais.
Nós devemos levar os trabalhadores adiante e, num certo estágio, transformar a luta econômica numa luta política pela tomada do poder pela classe trabalhadora e seus aliados. Se nós fizermos isso, poderíamos fazer o trabalho revolucionário. Caso contrário, nós mergulharemos no pântano (ou charco) do reformismo.
No Sri-Lanka, o sindicalismo reformista alcançou uma alta marca. Particularmente, depois de 1956, com o estabelecimento dos Tribunais do Trabalho e mais referências de disputa por arbitrariedade pela Corte Industrial, os trabalhadores foram alimentados de reformismo. Eles foram ensinados a depositar sua confiança não em si mesmos e em seu poder de ataque, mas em espertos advogados ou líderes sindicais capazes que podem debater seus casos antes dos Tribunais de Justiça e da Corte Industrial.