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"A Filosofia da Arte de Karl Marx"


Karl Marx, o maior pensador e líder do movimento revolucionário da classe trabalhadora, nasceu em uma época em que o interesse havia começado a mover-se da arte e da literatura para a economia política e para a sociologia.


Nem sequer o Século XVIII, esta Idade Clássica da estética, podia permanecer limitado a abstrações como “o belo” e “o sublime”. Por trás de discussões puramente estéticas sobre o papel do gênio, o valor da arte ou a imitação da natureza, começavam a insinuar-se, com insistência cada vez maior, os problemas práticos do movimento democrático burguês.


A grande Revolução Francesa marcou uma transição neste sentido. O “período estético” do desenvolvimento do terceiro estado terminou no ponto em que os interesses da burguesia se separaram dos interesses da sociedade em seu conjunto. No curso do tempo, a atitude da burguesia em relação à arte chegou a ser abertamente prática: em todas partes os problemas da arte se limitavam a problemas de negócios e de política; a busca da liberdade estética ia de mãos dadas com a luta pelo laissez-faire e pelas tarifas protecionistas. Uma vez que a burguesia alcançou o domínio político, os problemas da história e da arte perderam toda significação pública para convertesse em propriedade de um estreito círculo acadêmico.


Foi nessa época que se iniciou o movimento revolucionário independente do proletariado. Para a classe trabalhadora não interessava o deslocamento do interesse social da poesia para a prosa; pelo contrário, quanto antes a revolução “bela” fosse sucedida por uma “feia” (como costumava dizer Marx), quanto antes se pudesse despojar os interesses materiais dos encantos superficiais de ilusões democráticas, mais perto se estaria do objetivo final do movimento proletário. Os fundadores do marxismo buscavam o segredo da exploração da classe trabalhadora na economia da sociedade burguesa e foi na conquista do poder político, na ditadura do proletariado, que acharam os meios de sua emancipação. Assim, a doutrina do papel histórico do proletariado como coveiro do capitalismo e criador da sociedade socialista passou a ser o traço característico da visão de Marx, o conteúdo básico do que era, com efeito, sua teoria econômica. O “período estético” terminou com Goethe e Hegel.


Quaisquer que fossem as opiniões dos fundadores do marxismo acerca da criação artística, não podiam ocupar-se dela tão extensamente como tradicionalmente tinham feito os filósofos do período anterior. Em certo sentido é sem dúvida lamentável que Marx e Engels não tenham deixado uma interpretação sistemática da cultura e da arte; sem embargo, isso só demonstra que os fundadores da solidariedade internacional da classe trabalhadora estavam plenamente à altura de sua tarefa histórica e concentravam todos seus pensamentos e seus esforços no problema fundamental da humanidade sofrida e lutadora. O problema revolucionário de Marx e Engels consistia em encontrar os meios para romper com a crítica puramente ideológica da ordem social e descobrir as causas cotidianas de todas as manifestações das atividades do homem.


Quanto aos problemas da arte e da cultura, a importância da teoria marxista seria imensa ainda que não soubéssemos nada sobre as opiniões estéticas dos fundadores do marxismo. Por sorte, entretanto, não é o caso: em suas obras e em sua correspondência há muitas observações e passagens inteiras que expressam suas ideias sobre diversos aspectos da arte e da cultura. Como aforismos, são profundos e significativos, mas, como todos os aforismos, admitem interpretações relativamente arbitrárias.


É nesse ponto que se inicia o trabalho do estudioso. Sua tarefa é vincular essas observações ao desenvolvimento geral do marxismo; as opiniões estéticas de Marx estavam intrinsecamente vinculadas a sua visão revolucionária de mundo; elas têm uma importância mais que meramente biográfica, ainda que por diversas razões nós só possuamos fragmentos de seus pensamentos sobre a arte. Com relação a isso, as fontes mais antigas correspondem ao período de seu desenvolvimento político que poderíamos chamar de período de democratismo revolucionário.



Excerto de “A Filosofia da Arte de Karl Marx”, de 1933, por Mikhail Lifschitz. Tradução feita com base no texto de Stella Mastrángelo, de 1981, e cotejada com a versão inglesa feita por Ralph B. Winn, de 1938.

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