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As Drogas nas fileiras militantes



A questão aqui é de militância e convicção política; convicção das demandas que as tarefas históricas exigem que sejam realizadas para a conquista da vitoriosa revolução; da destruição de uma ordem social que chafurda o povo trabalhador em vale de lágrimas e todo o tipo de constrangimento e humilhação. Tratar da questão do consumo de drogas nada tem de moralismo quando se tem a consciência de seu significado no contexto geral do movimento histórico. Pretendo aqui me comunicar de modo informal.


Todas as revoluções democráticas e proletárias do século XX trataram de combater o consumo e os vícios em drogas no seio de suas respectivas sociedades. Não adianta negar ou fingir que não se está vendo: isso é negar fato histórico, rejeitar a perspectiva histórica. Os bolcheviques na Rússia Czarista tiveram de combater os vícios pelo consumo de álcool no interior da classe operária para mobilizar e disciplina-la sob a nova concepção de mundo que a eleva de sua condição objetificada para sujeito de sua própria história. Os comunistas chineses liderados por Mao Tse-tung e seu pensamento, tiveram de lidar com o profundo vício em ópio no interior das massas – consumo este que fora introduzido pelo imperialismo inglês após a derrota chinesa na incursão imperialista e criminosa chamada de “Guerra do Ópio” (1839-1842). O grande dirigente chinês Zhu De só pôde ter condições de se tornar um grande dirigente do povo por ter sido estimulado por seus camaradas de Partido a abandonar completamente o consumo de ópio.[1]


O problema do consumo de drogas não é uma particularidade nacional ou inédita na história da luta dos povos.


Com o consumo de drogas aprofunda-se a indisciplina, problemas de saúde mental e física, problemas ideológicos, etc., que derivam da ideologia das classes dominantes. O tráfico de drogas e os grandes criminosos por trás desta encontram correspondência numa produção cultural importada – música, filmes –, estrangeira, oriunda dos Estados Unidos, que difunde em seu conteúdo ideias liberais de que o consumo de drogas seria algo “interessante”, “moderno”, “transgressor”, “natural” e que por tais fatores é algo “normal” e que o povo e a juventude “são assim mesmo”. Para a ideologia dominante exploradora, antipovo e antipátria, o povo é “coisa”, é um eterno objeto a ter sua força e sua energia vital drenada. E tal produção cultural atua cotidianamente como instrumento de trabalho ideológico no seio das massas exploradas, individualizando seus problemas e oferecendo uma resposta conservadora escapista, visando justamente o constrangimento da consciência e ação revolucionárias organizadas em fileiras de um Partido combativo e independente de massas. Essas produções culturais nos enfiam o individualismo goela abaixo.


Escrevia um dos 21 presos políticos da célula nova iorquina do Partido dos Panteras Negras, em 1969:


“A miséria do nosso sofrimento, a nossa sensação de impotência e o desespero criado dentro de nossas mentes criam uma pré-disposição para o uso de qualquer substância que produza ilusões eufóricas. Estamos inclinados a usar qualquer coisa que nos permita sofrer pacificamente. Desenvolvemos um complexo de escapismo. Este complexo escapista é autodestrutivo.”


Adiante, complementa incluindo o problema do alcoolismo:


“O alcoolismo é, também, autodestrutivo e escapista. Também é outra fonte de enormes lucros para os capitalistas. O surpreendente elevado número de bares e lojas de bebidas nas comunidades negras testemunha este trágico fato. A indústria capitalista de bebidas pode prosperar só com os negócios que faz nos guetos negros.”[2]


A ideologia dominante aborda os fenômenos sociais como coisas “naturais”, biologicamente constituídas no próprio ser humano e que por isso não há o que fazer – “meus amigos usam drogas... É que eles são assim mesmo”. Mas a ideologia do proletariado não tolera isso. Formula plano de ação a partir da identificação das contradições sociais existentes e de modo abnegado luta por sua realização abrindo mão de qualquer tipo de prazer individual, inclusive abrindo mão de sua própria vida que, como sabemos, são incontáveis os exemplos de quadros revolucionários que o fizeram. A ideologia do proletariado, o marxismo, expõe a contradição e a enfrenta; encobertar as contradições é modus operandi correspondente ao liberalismo e deve ser destruído por completo das fileiras da revolução.


Uma organização política revolucionária que possui quadros consumidores de drogas, é como um organismo vivo, porém enfermo, cujas células vão paulatinamente sendo mortas por um vírus.


As discussões sobre os problemas ideológicos de Partido devem ser cotidiana e sistematicamente abordados, debatidos e solucionados. Nenhum problema ideológico deve ser subestimado, inclusive o problema do consumo de drogas. Sim, há de se vigiar, de ser persistente e abnegado – em outras palavras, deve-se “ficar em cima”, ser “chato” mesmo, mas sem perder o respeito e a camaradagem. Se a revolução nacional democrática no Brasil continuar sendo tratada como algo distante, continuará sendo distante. Sua realização depende do que a organização revolucionária está fazendo agora para construir seu justo caminho.


Escrito por I.G.D


NOTAS

[1] Leia novamente este parágrafo.

[2] Do documento “Capitalismo + drogas = genocídio”, que está em “Todo Poder ao Povo!”, coletânea de artigos e discursos do Partido dos Panteras Negras.

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