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"Entrevista de Pol Pot com Agência de Notícias do Vietnã"



Nota do Editor: no dia 20 de Julho de 1976, Pol Pot, Primeiro-Ministro da Kampuchea Democrática, concedeu uma entrevista para Tran Thanh Xuan, Vice Diretor Geral da Agência de Notícias do Vietnã, presidente da imprensa e da delegação de televisão Vietnamita em uma visita à Kampuchea. A entrevista foi dada em Phnom Penh na presença de Ieng Sary, Vice Primeiro Ministro no cargo de relações exteriores.


Aqui estão as perguntas e respostas.


Pergunta: Você poderia nos dar alguma ideia da situação geral na Kampuchea Democrática desde a liberação completa de seu país e como você o avalia?


Resposta: Como você sabe, nós tivemos muitos problemas grandes na Kampuchea depois da liberação. Primeiramente, teve o problema em proteger os ganhos revolucionários, mantendo a segurança através do país e, na questão da defesa nacional, prevenir os imperialistas dos EUA e seus lacaios de tomar de volta o poder e minar os ganhos revolucionários.


Em segundo lugar, tivemos que tomar passos urgentes para fornecer o povo com suas necessidades. Esses são os dois problemas pós-guerra que nós devemos nos esforçar ao máximo para resolver.


Sobre o primeiro problema, o imperialismo dos EUA e seus capangas tramaram um plano para conter a revolução Kampucheana em todos os modos após a liberação completa da Kampuchea. Nós capturamos documentos provando que eles planejaram deixar a revolução ter êxito para depois tomar o poder da revolução seis meses depois.


Eles planejaram o ataque a Phnom Penh e em outros lugares com força militar, para sabotar nossa economia e abastecimentos de comida para causar dificuldades para o povo, e os incitar a se levantar contra a revolução. Mas todos estes esquemas e planos dos imperialistas dos EUA e seus capangas se encontraram com repetidas falhas. Até agora, fomos capazes de preservar os ganhos revolucionários, e manter a ordem pública e segurança em todo o país.


Até agora, não houveram graves problemas de segurança e a situação se mantém bem calma ao longo do país. Este é ainda outra contrariedade para os imperialistas dos EUA e seus servos. Em outras palavras, seus esquemas e planos de sabotar nossa revolução e nosso país foram repelidas passo a passo e agora estão completamente esmagados. Em nossa visão a habilidade dos imperialistas dos EUA e seus lacaios de voltar e tomar o poder e destruir nossos ganhos revolucionários é agora muito menor que antes. De qualquer forma, nós devemos manter uma alta vigilância revolucionária.


O segundo problema é garantir o padrão de vida do povo após a liberação. Durante cinco anos de guerra, nossa economia nacional foi duramente danificada.


Os meios de produção, especialmente implementos agricultáveis e animais de tração, foram destruídos em grande número. Como também foram nossas fábricas. Essa situação pôs sérios problemas. Essa foi uma situação pós-guerra muito difícil. Além disso, tivemos que tomar conta de milhões de pessoas saindo de Phnom Penh e outras cidades recentemente liberadas para o campo. Nós tivemos que resolver esse problema a todo custo, e nós o resolvemos.


O tempo de seca estava chegando ao fim e o tempo chuvoso de 1975 estava próximo a chegar quando nós conseguimos a liberação completa de nosso país. Nós tivemos que superar inúmeros obstáculos para organizar a produção agrícola, especialmente para completar o cultivo de campos do terraço a tempo. O trabalho rural na Kampuchea não poderia se iniciar até o fim de maio e no início de junho e mesmo com a escassez em muitos campos, especialmente de ferramentas agrícolas, graças ao espírito do povo e do exército revolucionário, a vontade de superar todas as dificuldades, nós resolvemos este problema pelo final de 1975. Quando o tempo da colheita chegou nós obtivemos a quantidade de comida necessária que, ainda não sendo abundante, criou condições favoráveis para nós podermos começar o plano de 1976. Em 1976, a situação melhorou. Nós fizemos esforços especiais para produzir comida o suficiente para o povo. Até onde podemos ver, perspectivas brilhantes estavam diante de nós este ano.


Pergunta: Você poderia por favor nos contar sobre as conquistas obtidas pelo povo Kampucheano em vários campos desde a completa liberação? Onde você irá direcionar seus esforços futuros e quais são suas perspectivas?


Resposta: Nós fizemos progresso em todos os campos, mas esses são apenas passos iniciais e graduais. Até agora, não obtivemos conquistas muito grandes. O primeiro resultado, que também é nossa maior preocupação, é o movimento de amplas massas trabalhando para a reabilitação econômica após muitos anos de devastação causada pela guerra e pela reorganização pela reconstrução gradual do país. Em termos de conquistas materiais, como fábricas, produção de grãos, atividades culturais, etc., nossas performances tem sido modestas, mas estamos muito contentes com o desenvolvimento do movimento revolucionário das massas. Para nossas mentes, se nós podemos gerar um movimento de massa ativo, haverá perspectivas brilhantes para a reabilitação econômica e construção nacional estável. Como revolucionários, nós acreditamos firmemente no movimento revolucionário do povo.


Nós fizemos progresso prático nos seguintes aspectos:


Na agricultura: nas condições específicas de nosso país, nós consideramos a agricultura como a base de nossa economia e na agricultura damos atenção primordial ao problema de suprimento de comida para o povo, incluindo arroz, milho e outros cultivos. Procedendo desta posição, nós lançamos um movimento para o cultivo de arrozais, como também arroz de encosta com o objetivo de garantir suprimentos de comida para o povo e também trocar arroz por matéria bruta e outros produtos. É por isso que nós colocamos grande importância para o cultivo de arroz desde 1975. Ainda com maquinário em falta no momento, tivemos que cavar trincheiras e canais para irrigação.


Nós planejamos construir um sistema de trincheiras e canais para as planícies para assegurar água para aproximadamente um a meio milhão de hectares. Até agora, nós conquistamos um terço deste programa. Entretanto, mesmo com esse 30%, nós ainda não fomos capazes de assegurar água em todas as circunstâncias. Ao invés disso nós ainda tivemos que contar parcialmente com os canais de irrigação com estações de bombeamento. Se uma rede de limites eficientes de campos de arroz e canais de irrigação possam ser construídos, nós podemos reter muito da água das chuvas. No momento, nós estamos lançando uma ofensiva no cultivo de arroz. Qual será o resultado este ano, nós não ousamos dizer com certeza, mas nós fazemos o que podemos. Portanto, no domínio da agricultura, apesar de nós não ainda obtivemos resultados significantes em termos de figuras, nós já temos um movimento vigoroso. Nós ainda temos que superar muitos obstáculos.


Quanto a produção de borracha, nós estivemos nos esforçando para restaurar as plantações e produzir borracha para a exportação. Nos mercados estrangeiros, as pessoas não compram latéx bruto, apenas borracha de latéx já processado em crepe. Nos falta fábricas de processamento de borracha. Nós temos a força de trabalho necessária para cultivar árvores de borracha e coletar látex, mas tem que ter fábricas para fazer o crepe. Nos últimos cinco anos de guerra, todas as nossas fábricas de crepe foram destruídas pelo inimigo. Nos dias coloniais, nós tínhamos pouquíssimas fábricas de crepe. Látex líquido era exportado, mas para fazê-lo era necessário técnicas avançadas de transporte ambos em terra e ao mar. Nós ainda não dominamos essas técnicas.


É por isso que devemos construir fábricas de crepe. Até agora, nós restauramos um número de fábricas de produção de crepe e nós planejamos exportar 20,000 toneladas de crepe neste ano. Isso é possível porque nós já conquistamos mais da metade de nosso programa. Nossas fábricas de crepe estão combinando métodos semi-rudimentares e artesanais de produção.


Sobre os outros estabelecimentos industriais, nós apenas nos concentramos nos reparos e restauração e não construímos novas fábricas desde 1975. Até o momento quase todos estes estabelecimentos foram restaurados e a maioria deles já foram postos em operação. Sobre o velho regime, todas as fábricas dependiam de países estrangeiros para matéria bruta. Nós estamos nos esforçando para resolver a questão da matéria bruta para nossas fábricas passo a passo. Nós estamos primeiramente preocupados com estas fábricas provendo as necessidades do povo e à produção agrícola.


Nossa orientação neste campo é consolidar e aperfeiçoar essas fábricas, e nós não planejamos construir outras fábricas. Ao mesmo tempo, nós prestamos atenção ao artesanato e comércios que provem a vida diária do povo como a tecelagem de tecidos, toalhas, redes de mosquito, cobertores, e a produção de molho de soja e molho para peixes.


Na cultura: Nós estamos especialmente preocupados sobre a erradicação do analfabetismo. Sobre a educação secundária e superior, nós ainda não fomos capazes de fazer muito porque nossa principal preocupação no presente é assegurar que dentro de dois ou três anos todo nosso povo poderá ler, escrever e calcular. No passado, apesar que o antigo regime construiu muitos colégios e universidades, a população rural foi deixada analfabeta.


É por causa disso que nós tratamos a eliminação do analfabetismo como nossa tarefa mais importante. Hoje, em nosso país, as crianças vão à escola, adultos vão à escola, e pessoas idosas também vão à escola, e eles estudam por tempo integral dia e noite, e entre horários de trabalho também.


Nós também damos atenção às escolas técnicas. Em Phnom Penh como também em outras regiões, áreas e províncias, nós construímos escolas técnicas para treinar um contingente de técnicos. Por técnicas, nós queremos dizer técnicas aplicadas. Nós construímos oficinas para cada ramo onde estudantes aprendem enquanto fazem trabalho prático. É assim que aprendemos técnicas. Nós não podemos esperar até que os estudantes terminem a educação geral antes de enviá-los às escolas técnicas porque isso não serve às condições práticas de nosso país. Isso é porquê geralmente falando, a massa de nosso povo, nossos trabalhadores e camponeses, ainda tem um baixo padrão cultural. Em particular, a maioria de nossos camponeses são analfabetos. Portanto, nós pensamos que aprendendo técnicas e melhorando os padrões culturais gerais ao mesmo tempo, e combinando teoria e prática, pode promover o movimento passo a passo.


Nas questões sociais e de saúde: Nossa principal preocupação é a erradicação da malária. Até onde sabemos, mais de 80% de nossa força de trabalho foi afetada pela malária no passado. Constantemente durante os dias mais ocupados de trabalho rural, especialmente durante as colheitas, quando o vento soprava, muitas pessoas tremiam com a malária e mal podiam trabalhar. Nós construímos mais hospitais e dispensários, e treinamos um número considerável de trabalhadores médicos durante e após a guerra. No entanto, geralmente falando, os padrões deles continuam baixos. No momento, todas as nossas fazendas cooperativas já possuem seus próprios dispensários, mas seus conhecimentos médicos ainda são baixos e suprimentos médicos ainda são inadequados. Nós estivemos produzindo um bom número de medicamentos tradicionais, porém a eficiência deles ainda são baixas. Nós ainda iremos continuar a aumentar a qualidade de nossos medicamentos de acordo com as normas científicas. Nós não podemos importar ainda grandes quantidades de medicamentos. No entanto, nós fizemos algum progresso nos campos sociais e médicos comparado com o período pré-guerra como também comparado com 1975.


Em suma nós ainda não obtivemos algum resultado notável com exceção de um movimento revolucionário das massas. Através deste movimento nós obtivemos alguns resultados preliminares e fizemos algum progresso comparado com 1975. Mas as necessidades e demandas do povo permanecem numerosas e nos requer mais esforços.


Nós emergimos da guerra com virtualmente apenas nossas mãos intactas. É por isso que tivemos que fazer esforços consideráveis. Mas os resultados obtidos desde então são apenas passos iniciais. Nós cremos que a situação irá melhorar porque nós temos um ardente movimento revolucionário das massas. Nossa revolução conta com o povo, e nós acreditamos que tal movimento cresce entre o povo, o progresso é uma certeza.


Nosso curso de ação é nos esforçar em todos os campos, especialmente na agricultura, na produção de arroz e outros cultivos de alimentos essenciais. Nós iremos nos esforçar para resolver este problema o mais cedo possível.


Esse também é o caminho no qual irá fortalecer e desenvolver as forças revolucionárias das massas. Após ter obtido sucesso na educação ideológica e cultural e na organização, nós devemos também resolver os problemas do cotidiano do povo para como também impulsionar vigorosamente o movimento adiante.


Pergunta: Como você valoriza a fraternidade, amizade e solidariedade militante entre os povos da Kampuchea e do Vietnã?


Resposta: Nós consideramos que a amizade e solidariedade entre as revoluções Kampucheana e Vietnamita, entre a Kampuchea e o Vietnã, é tanto uma questão estratégica quanto um sentimento sagrado. Apenas quanto essa amizade e solidariedade é forte a revolução em ambos os países poderá se desenvolver de forma satisfatória. Não há alternativa. Procedendo destes princípios, nós temos a convicção que ambos os lados, e nós pessoalmente, devem esforçar para preservar essa solidariedade militante e esse companheirismo em armas, fortalecer e aumentar isso cada vez mais com o passar dos dias.


Quaisquer obstáculos e dificuldades podem surgir e nós iremos continuar firmes nessa posição. Por um longo tempo a revolução em nossos dois países foi conduzida na luta contra nossos inimigos em comum, e neste processo nós construímos uma compreensão mútua e um afeto revolucionário mútuo que se tornou cada vez mais firme.


Sobre a relação entre os líderes Vietnamitas e nós é marcada por sentimentos amigáveis e compreensão mútua. Portanto, a amizade e solidariedade entre as revoluções e povos de nossos dois países não é apenas hasteado por razões políticas, mas também é construído por sentimentos bem amigáveis. Experiências das décadas passadas mostram que graças á essa solidariedade que nós derrotamos os imperialistas e seus capangas, particularmente o imperialismo dos EUA. Portanto, pensamos que no futuro teremos que fortalecer e desenvolver ainda mais essa amizade e solidariedade. Devemos fazer uso total dessa experiência, não importa quais obstáculos surjam.


Nós tomamos essa oportunidade para reafirmar que nós estamos agradados com os sucessos conquistados pela Revolução Vietnamita e pelo povo Vietnamita sobre a liderança do Partido dos Trabalhadores do Vietnã, especialmente com o sucesso recente da reunificação completa do Vietnã. Isso não é só um evento histórico para o povo Vietnamita como também é um grande evento mundial.


Nessa ocasião, gostaríamos de estender, através de você, camarada delegado chefe e todos os outros membros da delegação, nosso mais caloroso respeito revolucionário aos líderes Vietnamitas e ao povo Vietnamita que são tanto nossos amigos como irmãos, e nós desejamos que o povo Vietnamita sucessos ainda maiores em suas nobres tarefas revolucionárias.


Nós também tomaremos essa oportunidade para expressar nossa gratidão ao Partido dos Trabalhadores do Vietnã e ao povo Vietnamita - que são nossos amigos e irmãos - e que nos deram apoio e assistência constantes.


Kampuchea, 1976

Entrevista de Pol Pot a Tran Thanh Xuan, Vice-Diretor Geral da Agência de Notícias do Vietnã


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