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"O Pacto do Atlântico Norte, Pacto de Agressão"

Foto do escritor: NOVACULTURA.infoNOVACULTURA.info

14 de Janeiro, o Departamento de Estado norte-americano publicou uma longa declaração sob este título grandiloquente: “Estamos construindo a paz. A segurança coletiva no Atlântico Norte”.


Esse documento oficial expõe a posição dos Estados Unidos na chamada questão do “Pacto do Atlântico Norte”, a cujo respeito o governo dos Estados Unidos, de conformidade com o Canadá, vem desenvolvendo negociações, desde o verão passado, com os governos da Grã-Bretanha, da França, da Bélgica, da Holanda e do Luxemburgo.


No ano passado, sob o pretexto de defesa coletiva, os meios dirigentes dos cinco Estados da Europa ocidental, acima citados, concluíram uma aliança política e militar sob os auspícios dos Estados Unidos; este ano assistimos à execução de um plano anglo-americano de longo alcance, visando a criação de uma “União do Atlântico Norte” com a participação desses mesmos países europeus e do Canadá, sob a direção imediata dos Estados Unidos da América.


Em sua declaração de 20 de janeiro, o Presidente Truman afirmou que o Senado estaria em breve tratando de um projeto de Pacto do Atlântico Norte, pacto que, oficialmente, se inspirava no desejo de fortalecer a segurança no Norte do Atlântico.


I - A União Ocidental, Instrumento Europeu do Bloco Anglo-Americano de Agressão


Em março de 1948, a Grã-Bretanha, a França, a Bélgica, a Holanda e o Luxemburgo assinavam, em Bruxelas, um pacto de assistência mútua e de defesa coletiva, que serviu como ponto de partida para a criação do grupo distinto de certos Estados do oeste da Europa, pacto esse conhecido sob o nome de “União Ocidental”.


A integração na União Ocidental, de outros países europeus, dispostos a adaptar sua política aos objetivos desse grupo dirigido pela Grã-Bretanha, vem sendo igualmente encarada. Por outro lado, sabe-se que os fundadores da União Ocidental excluíram, desde o início, a possibilidade de uma participação, nessa união, de todos os países de democracia popular e da URSS, demonstrando, assim, que, de modo geral, a União Ocidental não íoi criada no interesse de uma paz duradoura na Europa, mas sim com outros objetivos, que nada têm que ver com a consolidação da paz e da segurança internacional.


Não é por acaso que os homens de Estado dos países componentes desse grupo, a começar pelo ministro da Grã-Bretanha, Bevin, viram-se obrigados a declarar abertamente que a criação da União Ocidental marcava uma transformação importante na política desses países. Aliás, era impossível dissimulá-lo por mais tempo, uma vez terminados os trabalhos levados a efeito nos bastidores com a finalidade de preparar o referido grupo. Não é difícil ver que a criação dessa União significa que os governos da Grã-Bretanha, da França e dos outros países que dela participam romperam definitivamente com a política desenvolvida pelos Estados democráticos que fizeram parte da coalizão anti-hitlerista durante a segunda guerra mundial e que tinham como objetivo o agrupamento das forças de todos os Estados pacíficos para acabar com a agressão hitlerista e o fascismo, e impedir o renascimento das forças de agressão depois de terminada a guerra.


A criação da União Ocidental assinala, antes de mais nada, uma completa modificação da política da Grã-Bretanha e da França quanto à questão alemã e mostra que os governos desses países renunciaram a aplicar uma política democrática e anti-agressiva para com a Alemanha, política que foi adotada nas conferências de Ialta e de Potsdam pelas potências da coalizão anti-hitlerista.


Durante a segunda guerra, mundial, as potências aliadas componentes da coalizão anti-hitlerista achavam-se unidas não só pela vontade de terminar vitoriosamente a guerra libertadora travada contra a Alemanha hitlerista e contra o fascismo, mas também pela vontade de impedir uma nova agressão por parte da Alemanha, que desencadeou duas guerras mundiais no decorrer das últimas décadas. Essas nobres aspirações tinham encontrado sua expressão nas decisões das conferências de Ialta e de Potsdam.


E os pactos de amizade e assistência mútua, pelo prazo de vinte anos, concluídos pela União Soviética com a Inglaterra, em 1942, e com a França em 1944, eram ainda a expressão dessa mesma política que se propunha a impedir o renascimento de uma Alemanha agressiva. É perfeitamente claro que a política que encontrou sua expressão em tais pactos e em outros semelhantes corresponde aos interesses tanto dos países signatários quanto de todos os povos pacíficos da Europa.


A União Soviética continua firme nessa política inteiramente conforme às decisões das conferências realizadas em Ialta e em Potsdam pelos chefes dos governos da URSS, dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, e às quais a França aderiu posteriormente, política cuja finalidade é a de assegurar uma paz duradoura na Europa e de impedir uma nova agressão por parte do Estado que foi o principal responsável pela deflagração de duas guerras mundiais.


A formação da União Ocidental significa que a Grã-Bretanha e a França renunciaram a aplicar a- política anti-agressiva adotada nas conferências de Ialta e de Potsdam, e que essas potências adotaram uma política nova, muito perigosa para os povos pacíficos, e a qual tem por fim assegurar seu domínio sobre os outros povos da Europa, indo até ao ponto de utilizar, com esse objetivo, o agressor de ontem, que, terminada a guerra, se achou na dependência de ambas. É só assim que se pode explicar que, se no texto do pacto de Bruxelas, há, entre outras, a menção do desejo de não se permitir a reincidência da política de agressão por parte da Alemanha, os governos da Grã-Bretanha e da França, de combinação com o governo dos Estados Unidos, se esforçam, entretanto, na hora atual, por associar e utilizar para seus objetivos a Alemanha Ocidental, onde, com o concurso principalmente das autoridades de ocupação anglo-americanas, estão sendo fortalecidos, cada vez mais, em todos os postos da administração, os velhos elementos pró-nazismo e militaristas da reação alemã. O fato de ter sido essa reviravolta da política dos Estados da Europa Ocidental apoiada e estimulada pelos meios dirigentes dos Estados Unidos aumenta consideravelmente o perigo resultante das transformações políticas surgidas nos países europeus acima mencionados. Esses países romperam com a política pacífica e enveredaram pelo caminho da preparação de uma nova agressão na Europa.


Ao contrário de todos os pactos de assistência mútua concluídos pela União Soviética com os outros Estados europeus, inclusive com a Inglaterra e a França, e que têm por objetivo impedir a possibilidade de uma nova agressão por parte da Alemanha e contribuir, portanto, para a consolidação da paz na Europa, a aliança militar dos cinco Estados ocidentais tem em vista menos a Alemanha do que a possibilidade de utilizar o grupo constituído por essas potências ocidentais contra Nações que foram suas aliadas durante a segunda guerra mundial. Encontram-se nas declarações de numerosos homens de Estado dos países ocidentais, assim como na imprensa anglo-americana e francesa, proposições abertamente agressivas, das quais transparece que a União Ocidental foi criada contra a URSS e os Estados de democracia popular, embora a política desses países constitua um fato incontestável, reconhecido por todos. Nessas condições, por mais que se procure velar os verdadeiros objetivos do pacto de Bruxelas, não se pode negar que a criação da União Ocidental nada tem que ver com os interesses da defesa desses Estados.


Por outro lado, desde já transparece claramente que, sob o pretexto de impedir uma situação que poria em perigo a “estabilidade econômica” dos países aderentes a esse pacto, há o propósito de recorrer a medidas militares e repressivas de toda espécie contra a classe operária e as forças democráticas crescentes no interior desses Estados, e também contra o movimento libertador dos povos, que cresce nas colônias e nos países dependentes. Não é por acaso que o pacto de Bruxelas constitui uma aliança concluída entre potências colonialistas, as quais, a fim de conservar seus privilégios seculares nas colônias, tentam utilizar o grupo político e militar, que acaba de ser constituído, para reprimir os movimentos de libertação nacional nessas colônias. Tudo isso não faz mais do que acentuar o caráter antidemocrático, reacionário e agressivo da União Ocidental.


A aliança dos cinco Estados da Europa Ocidental vem completar, no plano militar e político, o grupo econômico dos países europeus, criado para garantir a aplicação do “Plano Marshall” na Europa. Esses dois grupos de países europeus recebem sua orientação dos meios dirigentes do bloco anglo-americano, que não está absolutamente interessado na realização de objetivos realmente nacionais, políticos ou ao menos econômicos, de todos os países componentes desses grupos, mas apenas tem por fim consolidar e ampliar suas possibilidades estratégicas e econômicas.


Da mesma maneira que a aplicação do Plano Marshall não tem como finalidade um verdadeiro renascimento econômico, dos Estados europeus, não passando de um meio de adaptar a política e a economia dos países “marshallizados” aos planos egoístas e estratégicos de dominação anglo-americana na Europa, da mesma maneira a formação do novo