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A débil apreensão dos oportunistas sobre o Marxismo



“Se não julgarmos as pessoas pelo brilhante uniforme com que elas próprias se vestiram, nem pelo título pomposo que a si próprias se deram, mas segundo a sua maneira de agir e as ideias que de fato propagam, tornar-se-á claro que a “liberdade de crítica” é a liberdade da tendência oportunista no seio da social-democracia, a liberdade de transformar esta última num partido democrático de reformas, a liberdade de introduzir no socialismo ideias burguesas e elementos burgueses” V. I. Lenin



Não se constitui como operação extraordinária o reconhecimento de que as organizações políticas de "esquerda" oficiais que reivindicam em palavras o marxismo tendem a abordar este como se fosse mais um sistema geral de análise do real como qualquer outro, como mais um amontoado de ideias criadas por homens geniais como quaisquer outras. Podem até mesmo reivindicar em palavras que são "comunistas convictos" e que são adeptos do que eles consideram como materialismo histórico. Mas não podem sê-lo; não possuem nas condições e perspectivas políticas em que estão submetidos, uma crítica política consequente. Sua ação é totalmente limitada ao status quo oficial, não podem ir para além disso; não podem ir para além do que a "esquerda" oficial se propõe a fazer, pois todo seu pseudo-criticismo estaciona diante da legislação burguesa-latifundiária. Não podem ir adiante, pois se forem, tudo aquilo que eles realmente acreditam - e não é na necessidade histórica da revolução e sim, na edificação de "Poder Popular" de "cima para baixo" e que erroneamente compreendem como "via revolucionária" - vai por água abaixo. Como não possuem a liberdade de crítica, buscarão "soluções" cada vez mais conciliadoras, cada vez mais legalistas, cada vez mais submetidas à ordem e, por isso, estranhas aos populares, com aparentes justificativas para tais atos, alegando pragmatismo e "coerência" - coerência só se for com a ordem miserável e atrasada. Sua ação não somente demonstra credibilidade ao Estado, como também expõe totalmente sua dependência umbilical em relação a este: gerenciar o Estado burguês e dirigir todos os esforços para ocupar cadeiras nas Assembleias Legislativas e no Congresso Nacional é tudo, fora disso, não há vida. Não podem perceber que isso que fazem todos os anos de eleições está em contradição direta com o problema nacional se considerado objetivamente. Suas ações demonstram nos fundamentos a maneira de entendimento da realidade das próprias classes dominantes que tanto em palavras fazem sua "crítica". Por sua prática oportunista (e não pode ser outra, nessas condições), seu entendimento acerca do marxismo é de estilo burguês. Não entendem o marxismo como uma nova concepção de mundo mais desenvolvida e avançada do que qualquer outra que já existiu, por isso o apreendem com ecletismo: pegam aspectos que lhes interessam das obras clássicas do marxismo e encaixam na sua fraseologia oportunista, então, transformam tais revolucionários em elementos tão aburguesados quanto eles mesmos e, por isso, torna-se muito fácil ser um "comunista" na "batalha das ideias". Apropriam-se, em alguma medida, é óbvio - nada é feito de maneira consequente, sempre com ecletismo e vacilações - de estética marxista, inserindo em seu meio conceitos e apreensões da realidade estranhas e incongruentes aos próprios clássicos que eles mesmos em palavras reivindicam, sendo que, ao proceder desta maneira, estão castrando a própria essência do marxismo - no lugar de tirar a casca para que se aproveite o fruto, conservam consigo a casca para descartar o fruto; usam da estética e da frase marxista para combater o que há de revolucionário no marxismo. É isso, obviamente com maior rigor, que Lenin dizia sobre os elementos estranhos ao marxismo no seio do próprio marxismo, a quem ele se referiu como revisionistas [1]. O que chamam de aplicar o "marxismo" no contexto nacional, na verdade, é abordar unilateralmente aspectos da realidade social e adaptá-la ao seu arcabouço teórico eclético e aburguesado, com fins de, em forma, demonstrar suposta coerência com a realidade - tal modus operandi não possui quaisquer diferenças reais com o modus operandi das classes dominantes, que se utilizam de seus porta-vozes para combater ideologicamente as classes democrático-revolucionárias do país, encobrindo as contradições encerradas objetivamente na realidade nacional. No interior do campo do marxismo, eles são os elementos que representam as classes decadentes que se chocam contra o único marxismo possível, que envolve as classes revolucionárias em nosso contexto, com a classe operária a frente. Essa contradição sempre existiu desde que o marxismo se constituiu como força revolucionária autêntica no movimento operário internacional. Mesmo Lenin, que o oportunismo atual adora vociferar seu nome e suas citações, em alguma medida, aos quatro quantos, era considerado um elemento "dogmático" e interessado na "ossificação do partido" nos tempos em que prevalecia a orientação oportunista de direita entre a social-democracia europeia. O que Lenin fez, não foi nada mais do que expor ao sol esse oportunismo e lutar consequentemente em defesa e realização da obra de Marx e Engels - a história mostrou a justeza de suas ideias, tendo na Revolução Russa e na Internacional Comunista a comprovação de sua veracidade. Mas como adoram fazer as classes dominantes, os oportunistas, preferem encobrir as contradições existentes dentro do próprio campo do marxismo, que nada tem a ver com seu ecletismo. Quando sua atrasada consciência se esbarra diante da nova concepção de mundo, logo a acusam de ser dogmática. Ora, que os marxistas fazem somente é defender e aplicar seus fundamentos - justamente por isso que podem ser considerados marxistas, de fato - e nada para além disso; ali, só existe a convicção científica e a luta pela realização da verdade histórica. A revisão, por outro lado, não pode revelar a verdade, não possuem liberdade de crítica e por este fator, são eles quem realmente são os dogmáticos; não podem tocar no cerne de sua doutrina quase religiosa de adequação e reboquismo perante à ordem semicolonial. Seu dogma é, em sentido prático, sua crença naquilo que é chamado de Estado democrático - instrumento de opressão de classe da grande burguesia e do latifúndio, ambos elementos mais reacionários e anti-nacionais, responsáveis reais pela miséria das massas populares em nosso país. Dirão eles que são pragmáticos em política; que sua submissão ao processo eleitoral e à política dominante é uma maneira de aproximarem-se das massas para o que chamam de “luta revolucionária”. Mas, ano após ano, sua prática atrasada demonstra total incongruência com seus discursos inflamados de “poder popular”. A história mostrou que não há possibilidade de edificação de uma nova formação social mediante a utilização sistemática dos aparelhos de dominação de classe das classes dominantes; de que tais meios são tutelados por tais classes e seu braço armado, que determinarão, em último caso, pela força das armas, qual a política a ser realizada. Sem iniciar a “fundação da nova sociedade no seio da velha sociedade” com Partido revolucionário de vanguarda, sem o novo braço armado, popular, ou seja, que corresponda aos interesses das classes revolucionárias – unificando-as numa Frente Única Anti-imperialista – é impossível realizar a Ditadura Democrático-popular em âmbito nacional – ou o autêntico Poder Popular Nacional[2].


No campo filosófico, não compreendem o que significa falar em processualidade do desenvolvimento dos fenômenos, que pressupõe-se necessariamente etapas – e isso somente pode ser estranho aos que não ou pouco entende de marxismo –, de graus mais simples aos mais complexos e superiores, cuja força motriz de tal processo é justamente o embate direto entre as forças contraditórias fundamentais que encerram o fenômeno, que se constituem de um lado, nos termos mais gerais, as forças decadentes e reacionárias e de outro lado, as forças progressivas e revolucionárias, estas últimas constituindo o germe de um novo processo, qualitativamente superior às ruínas sobre as quais pôde edificar-se. O que os oportunistas e os revisionistas em nosso país classificam como "etapismo" é, em outras palavras, a concepção de mundo revolucionária do materialismo dialético aplicado ao estudo do desenvolvimento e progresso das formações histórico-sociais - desde as comunidades primitivas, passando pelo escravismo, feudalismo, capitalismo e socialismo - que os marxistas chamam de materialismo histórico. Não perceberam ainda que não é numa universidade ou entre doutores da revisão que compõe em alguma medida seu corpo docente, que poderão apreender sobre a nova concepção de mundo, edificada e desenvolvida pelos cinco grandes professores bastiões da revolução proletária mundial. Na grande fábrica de produção cultural/intelectual das classes dominantes, a juventude democrática e progressista se defrontará cotidianamente com uma luta encarniçada da ideologia dominante, liberal, decadente e reacionária, contra os fundamentos do marxismo e a ascensão do movimento revolucionário – será possível ver aí todas as justificativas possíveis para não radicalizar as lutas, desde as mais direitistas até as aparentemente “razoáveis” de estética marxista que encobrem o legalismo do oportunismo.


A propósito, a linguagem deste pequeno texto é demasiadamente agressiva - esbanja "dogmatismo", como nossos oportunistas dizem, não é? -, então rejeitemos a ditadura democrática do proletariado e de seus aliados, e gritemos: "poder popular"; rejeitemos a contradição intrínseca entre as forças atrasadas pré-capitalistas e as forças democrático-revolucionárias e gritemos: "capitalismo hegemônico plenamente desenvolvido". E não nos esqueçamos de tratar Lenin como uma bela figura sem conteúdo real, falando abstratamente de imperialismo e não de suas semicolônias - que sequer são Nações independentes e sim, são um híbrido contraditório de Nação e colônia - para falarmos de países "desenvolvidos" e "subdesenvolvidos" (ou nem isso). Talvez não tenham compreendido – ou simplesmente ignoram – os ensinamentos de Lenin sobre o sistema imperialista: de que só existem potências imperialistas porque há uma imensidão de países cujo desenvolvimento social é entravado, é impedido de realizar-se por tal dominação. O imperialismo não desenvolve as relações de produção capitalista nas formações coloniais e semicoloniais, mas sim, ao contrário, trunca a acumulação de capital, retraindo esse desenvolvimento.


Denunciar sempre a política oportunista!

A maneira errônea, aburguesada, débil com que os oportunistas abordam o marxismo não é reflexo de ingenuidade; estes darão suas vidas para combater as justas orientações da Internacional Comunista de Lenin e Stalin. E não será possível se esconder: a nova concepção de mundo é imortal enquanto houver o domínio da velha concepção de mundo, que para esta última só lhe resta pregar a tampa de seu caixão. Denunciar o oportunismo é parte constitutiva da condução da luta de classes em nossos tempos; ignorar, subestimar sua relevância, é fazer concessões para ideias estranhas ao marxismo. “A mentira tem perna curta”, assim como os oportunistas, que cedo ou tarde serão totalmente desmascarados pelas massas populares que, fundamentalmente, não podem ser enganadas.



Escrito por I.G.D.


Notas

[1] Ver “Marxismo e Revisionismo” (1908), de V. I. Lenin.

[2] Mao Tse-tung e os três fatores principais para a realização da revolução nacional: “1. Um Partido disciplinado, armado com a teoria de Marx, Engels, Lenin e Stalin, que utiliza o método da auto-critica e é estreitamente lidado às massas; 2. um exército, dirigido por esse Partido; e 3. uma frente única das diversas camadas e grupos revolucionários da sociedade, dirigidos por esse Partido”. Ver “Sobre a Ditadura da Democracia Popular” (1949), de Mao Tse-tung.




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