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"A dimensão real dos incidentes em Cuba"

Foto do escritor: NOVACULTURA.infoNOVACULTURA.info


Em 11 de julho, foi provocada uma série de manifestações coordenadas em diferentes lugares de Cuba, de alcance limitado, sem impacto político, sem capacidade de desestabilização e sem enraizamento popular.


Estavam estruturadas por um núcleo duro e pequeno de contrarrevolucionários, comprovadamente financiado pelos Estados Unidos, potência que dedica milhões de dólares em tentativas de subverter politicamente à ilha. Essas pessoas, valendo-se das dificuldades provocadas pelo bloqueio econômico, comercial e financeiro estadunidense, e simultaneamente pela pandemia, arrastaram, atrás de si, alguns cidadãos ingênuos, e inclusive revolucionários que estão, certamente, sofrendo com a situação atual.


O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, esteve pessoalmente no lugar onde os distúrbios tiveram início, em San Antonio de los Baños (La Habana), e conversou livre e pacificamente com muitos dos participantes na rua. Na ocasião, trataram, entre outros problemas, das dificuldades para adquirir alimentos, da falta de energia elétrica e do interesse de que as vacinas cubanas cheguem ao município. Os dois primeiros problemas mencionados são resultado do terrível bloqueio o qual o país está submetido; o terceiro ocorre devido a questões relativas à programação das vacinas, que já beneficiou mais de sete milhões de habitantes (somando as três doses que estão sendo aplicadas). O presidente tomou nota, explicou as dificuldades existentes e, depois disso, fez duas apresentações pelos meios de difusão massiva em cadeia nacional.


Nos lugares em que se produziram os fatos, houve ataques à polícia e às pessoas, além dos atos de vandalismo cometidos contra mercados cubanos e um hospital pediátrico. No dia seguinte, e até hoje, a situação de Cuba, como sempre, é normal, estável e pacífica. Não há sinais de revolta, e os revolucionários, isto é, a grande maioria da população, saíram pacificamente às ruas para defender a Revolução, tal e como convocou o presidente e secretário do partido nas suas intervenções públicas.


Quando registramos as causas de tais fenômenos, precisamos considerar a história das relações entre Cuba e Estados Unidos, e, neste momento, os efeitos causados pela pandemia do Covid-19.


A Revolução Cubana teve que suportar mais de 60 anos de agressões múltiplas e diversas, onde foram testadas todas as ferramentas, desde atos de terrorismo, até intervenções armadas e radiofônicas. Além, é claro, de um bloqueio econômico feroz e de alcance extraterritorial.


A tese na qual se apoiou explicitamente esta política foi a de castigar o povo e fazê-lo sofrer, para que sejam insubordinados e ponham fim à Revolução. Assim iriam reimplantar, com mais força do que nunca, o status de país polarizado, humilhado, subordinado aos Estados Unidos; status esse que caracterizou a Cuba desde que intervieram em nossa guerra de independência contra a Espanha nos princípios do século XX.


Como já é de conhecimento, a grande maioria da população cubana nasce e vive sofrendo com o bloqueio. Se os Estados Unidos tivessem obtido êxito neste objetivo de derrubar a Revolução, teriam apagado Cuba como nação, teriam destruído o sistema de justiça social, de promoção e respeito aos direitos humanos tangíveis – repito: tangíveis –, e teriam colocado um fim definitivo à nossa política solidária internacional, o que distingue Cuba depois de 1959.


O bloqueio é uma arma fundamental, mantida por uma política hegemônica, agressiva e de guerra contra Cuba, que começa muito antes da conquista da independência em 1959 e do estabelecimento do socialismo.


Antes do triunfo revolucionário em 1959, o propósito era dominar, explorar e evitar a Revolução. Agora, depois do triunfo e do estabelecimento do socialismo, o objetivo é destruir a Revolução a todo custo, acabar com seus afãs de independência e com o seu legado.


Esse propósito hegemônico há estado integrado por três ferramentas principais paralelas.

Os EUA agridem Cuba com políticas militares e terroristas

Em primeiro lugar, as agressões militares e terroristas. Depois do triunfo da Revolução, Cuba sofreu mais de 500 agressões diretamente do governo e das agências norte-americanas, ou desde seu território, porém com seu patrocínio ativo. Foram produzidas contínuas ações autenticamente terroristas e tentativas de assassinato a nossos líderes (especialmente Fidel, em mais de 630 ocasiões). As infiltrações e invasões armadas em nossas montanhas, os assassinatos a alfabetizadores adolescentes e a invasão à Baía dos Porcos são bem conhecidas.


Tristemente célebre foi a sabotagem e queda em 1976 de um avião cubano em pleno voo carregado de civis. O principal responsável, e autor confesso, morreu de morte natural, em liberdade e homenageado pela ultradireita em Miami.


Em Miami, operaram, e seguem operando, diversas organizações e destacados terroristas com plena liberdade de ação. O governo dos EUA tem conhecimento de suas atividades e as apoiam e protegem através de suas agências subversivas. O ataque à nossa Embaixada em Washington com uma metralhadora, há alguns meses, em relação ao qual o governo dos EUA não se pronunciou, é uma amostra óbvia de cumplicidade. Ignoram a convenção de Viena, as leis internacionais e a ética.


O próprio bloqueio contra Cuba, ademais de suas nefastas consequências concretas de ordens econômicas, comerciais e financeiras, é um recurso forte também para gerar terror na população.


Estas políticas anticubanas do governo dos EUA, por mais de 60 anos, causaram a morte de muitos cidadãos cubanos, sofrimentos, muitas carências materiais, e frearam o desenvolvimento da nossa economia.

Com o bloqueio, os EUA querem incitar o povo contra a Revolução

Em segundo lugar, o bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba, especificamente, junto a todas as agressões diversas, tem praticamente a mesma idade da Revolução Cubana. Foi aplicada desde muito cedo, porque a Revolução significou:


· Uma rejeição à subordinação;

· A imposição de uma política independente, que nega o esquema de dominação dos EUA;

· Um modelo de política social e econômica que demonstra que outro mundo não-capitalista é possível e desejável. Foi uma alternativa, uma demonstração de que a insubordinação é viável, para a América Latina e para o mundo.


O bloqueio foi reforçado e perpetuado com a criação, pelos próprios EUA, de um forte lobby de ultradireita entre cubano-americanos na Flórida. Essa comunidade e seu poder são verdadeiras maquinações ianques, não surgiu por si só.


Todos os anos Cuba apresenta um relatório à Organização das Nações Unidas em que informa os danos causados pelo bloqueio. Bilhões de dólares foram perdidos durante os 60 anos de sua imposição, devido à aplicação das chamadas sanções.