Sobre o desavergonhado apoio do governo Bolsonaro ao bloqueio contra Cuba
- NOVACULTURA.info
- 29 de jun. de 2021
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No último 23 de junho, pela 29ª vez, a resolução cubana contra o bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba foi votada e aprovada pela Assembleia Geral da ONU, por 184 votos a favor, dois contra e três abstenções.
Os únicos países que votaram contra a resolução foram Israel e o próprio Estados Unidos. Brasil, Colômbia e Ucrânia se abstiveram.
No caso da Colômbia, velho Estado fantoche dos Estados Unidos e base de apoio do imperialismo ianque na América Latina, e no da Ucrânia, cujo governo fascista depende e presta serviços aos EUA e a OTAN contra o inimigo russo, não é novidade não votarem a favor dessa resolução. Tampouco é necessário explicar o voto de Israel.
Mas o caso do Brasil é importante que detenhamos nossa atenção.
Na votação anterior sobre o tema, realizada em novembro de 2019, O Brasil havia votado contra a resolução, alterando pela primeira vez uma posição diplomática adotada pelo Estado brasileiro desde 1992, quando se votou pela primeira vez pela condenação ao embargo. Na ocasião, o aloprado ex-Chanceler Ernesto Araújo acusou Cuba de ser “principal esteio do regime Maduro na Venezuela”.
O governo Bolsonaro descaradamente tentou se constituir em grande apoiador do governo de Donald Trump para receber a função de fantoche preferencial. Apoiou os Estados Unidos na ONU, fez inúmeros acordos bilaterais contrários ao interesse nacional do nosso país e mesmo tentou servir de cabo eleitoral para as eleições no Império no ano passado.
Contudo, sequer nenhuma migalha mais relevante foi deixada ao servo brasileiro, nem por Trump, e muito menos pelo atual mandatário Joe Biden.
Como em inúmeros outros casos, a diplomacia brasileira se desfez de suas posições anteriores que tendiam a um verniz de neutralidade e agiu para atender todos os interesses do seu amo imperialista, mesmo que não tenha sido recompensado em nada por isso.
A mudança técnica do voto de contrário para abstenção nada muda o caráter subserviente do velho Estado brasileiro diante do imperialismo estadunidense.
A posição da diplomacia do governo serve também para tentar alimentar o discurso anticomunista de Jair Bolsonaro, retórica fundamental para tentar manter algum apoio da parte mais atrasada das massas brasileiras.
A resolução da ONU, votada há tanto tempo, mas sem nenhum resultado prático, mesmo com a pressão da chamada “comunidade internacional” demonstra a completa ineficiência do mecanismo, uma vez que os Estados Unidos não só mantêm o bloqueio, como o recrudesceu como nunca nos últimos anos.
Desde 2020, o contexto da pandemia do novo coronavírus foi utilizado covardemente pelo governo ianque para manter o embargo como eixo central da sua política a respeito de Cuba. As medidas unilaterais afetaram consideravelmente os esforços do país caribenho para combater a pandemia e aliviar os prejuízos econômicos e sociais causados pela COVID-19.
O Ministério das Relações Exteriores da República de Cuba atualizou o relatório "Necessidade de acabar com o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América a Cuba" com as novas cifras deste crime contínuo do imperialismo. “A preços correntes, os prejuízos acumulados em quase seis décadas de aplicação desta política ascendem a 147.853.300 bilhões de dólares. Levando em consideração a desvalorização do dólar em relação ao valor do ouro no mercado internacional, o bloqueio causou prejuízos quantificáveis de mais de US$ 1.377.000.998 trilhão. Somente entre abril e dezembro de 2020, esta política causou prejuízos a Cuba da ordem de 3,5 bilhões de dólares, o que totaliza 9,1 bilhões de dólares se considerado o período de abril de 2019 a dezembro de 2020”, contabiliza o relatório.
Mas mesmo a política genocida do bloqueio não pode impedir Cuba de atender seu povo e garantir a sua saúde. Mesmo com os prejuízos causados, a sabotagem ao acesso de medicamentos e equipamentos de saúde, censura aos meios de comunicação, aplicações extraterritoriais das sanções, entre outras arbitrariedades, o governo do primeiro país socialista da América Latina teve êxito na contenção da pandemia, somando apenas 1.253 mortes e 185 mil casos até aqui, além de ter avançado na fabricação de vacinas próprias contra a COVID-19, que garantirá a imunização de toda sua população até o final do ano.
Como apontou o relatório apresentado pelo Chanceler cubano Bruno Rodríguez Parrilla: “Como o vírus causador da pandemia, o bloqueio separa, sufoca e assedia. Lidar com as vicissitudes que daí decorrem não tem sido uma tarefa fácil. Esta foi uma empreitada em que o papel principal foi desempenhado pela resistência do povo cubano e sua decisão inabalável de defender a Pátria livre, soberana e independente. Todo cubano, dentro e fora do país, experimentou em primeira mão a crueldade injusta e desproporcional do governo de uma nação que não concebe a existência de um modelo alternativo bem debaixo de seu nariz”.
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