Violência do latifúndio segue contra os camponeses e quilombolas no Maranhão
Não é de hoje que chamamos a atenção para o nível da violência do latifúndio e da repressão contra os camponeses no estado do Maranhão. Mesmo sob o governo de Flávio Dino, que outrora foi a grande figura do moribundo PCdoB, o cenário não se modificou em nada de forma significativa.
No mês de junho, mais dois acontecimentos confirmam a preocupação dos movimentos e entidades que acompanha a luta pela terra no território maranhense.
No último dia 18, um casal de trabalhadores rurais foi assassinado a tiros, nas proximidades da Comunidade Vilela, em Junco do Maranhão, a 258 km de São Luís. As vítimas foram identificadas como Reginaldo e Maria da Luz Benício de França.
Maria de França era suplente da direção do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) local. Reginaldo teve seus braços quebrados pelos assassinos. E a filha do casal, uma criança de somente 3 anos de idade, ficou em cima do corpo da mãe durante horas até ser encontrada.
Há anos os moradores do Povoado de Vilela, na região conhecida como Gleba Campina, no município de Junco do Maranhão, vivem sob ameaças de um fazendeiro que alega ser o dono legítimo daquelas terras e pede a reintegração de posse.
Vilela é constituída de cerca de 2.258 hectares divididos entre 66 pessoas, e mais de 100 famílias. É neste território que há mais de 20 anos os moradores plantam legumes, milho, feijão, arroz, produzem carvão e madeira para lenha.
A violência é uma ameaça presente diariamente aos camponeses da região. Nos últimos 3 anos, três homens foram assassinados: Antônio, conhecido como Sergipano, vizinho da comunidade, e que prestava auxílio aos sócios de Vilela, e os moradores Raimundo e Benilson.
Há mais de 10 anos as famílias do povoado tentam regularizar a área, mas não obtém resposta positiva da Justiça do Estado. Tampouco os inquéritos dos assassinatos responderam sobre a autoria dos assassinatos citados.
No dia 16, a comunidade Quilombola Cuba, localizada no município de Santa Inês (MA) receberam ameaças de um suposto proprietário, identificado como Felipe Bringel, da terra onde fica localizado o território quilombola.
As intimidações com falas racistas contra as mais de 30 famílias que moram ali há décadas foram realizadas pelo mesmo grupo que invadiu a área dos moradores, duas semanas antes, desmatando a vegetação e ameaçando destruir as casas dos quilombolas.
A comunidade divulgou texto em repúdio à ação de Bringel, em que afirmam “Somos quilombolas de Cuba, Marfim e Onça, juntos formamos um grande território! Não chegamos aqui ontem, nós pertencemos a este lugar desde nossos ancestrais, há séculos, antes mesmo de sua existência! Aqui nós temos nossas raízes fincadas e nossas histórias registradas em cada lugar andado, cultivado e conservado".