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Lançado o livro "Resistir ao neoliberalismo, ao fascismo e às guerras de agressão" de Joma Sison



No último domingo (7), às 15h (horário de Utrecht, Holanda) foi realizado de forma remota o lançamento do livro mais recente do professor e camarada José Maria Sison, “Resist Neoliberalism, Fascism, and Wars of Aggression” (Resistir ao neoliberalismo, ao fascismo e às guerras de agressão), editado pela camarada Julieta de Lima Sison e publicado pela Rede Internacional de Estudos Filipinos (2021). A página NOVACULTURA.info contou com um representante na atividade, mediada pela poeta e professora Joi Barrios, PhD em Literatura Filipina pela Universidade das Filipinas (Diliman).


Antes da abertura para as falas, foram exibidos vídeos de introdução e saudação do próprio professor José Maria Sison e do camarada Louis Jalandoni, outro histórico dirigente do movimento revolucionário filipino.


Em seguida, foram abertas as falas, nas quais tomaram a palavra eminentes acadêmicos e estudiosos da comunidade filipina do país e ultramar, em uma demonstração do reconhecimento e da legitimidade que a Guerra Popular conduzida há mais de cinquenta anos pelo Partido Comunista das Filipinas possui entre a intelectualidade progressista do país, a despeito das tentativas frequentes dos governos reacionários em apresentar a resistência armada das massas enquanto “terrorismo”.


A professora Lisa Ito, a primeira a receber a palavra, explicou que o livro se trata de uma “extensa compilação de escritos de Sison do ano de 2019: um ano que parece agora tão longe de tudo que aconteceu ou mudou até então, mas que, na realidade, é uma extensão da mesma crise estrutural que sempre enfrentamos”. E prossegue: “O livro, seja em formato digital ou físico, é, portanto, um importante recurso em uma época dominada pela mídia social, e uma reviravolta em tempo real na informação e no conteúdo. É possível que alguém já tenha lido alguns dos textos do livro em ocasiões diferentes, onde foram publicados e disseminados por movimentos populares, pela mídia de massas, ou, ao contrário, por regimes reacionários.”


O professor Peter Chua, pesquisador da Universidade San Jose, da Califórnia, Estados Unidos, e estudioso das condições de existência da comunidade filipina nos Estados Unidos, bem como de diversos outros assuntos relevantes, fez o seguinte comentário a respeito do conteúdo do livro: “Ao analisar a situação mundial, Sison enfatizou a política neoliberal e as incessantes guerras de agressão levadas a cabo pelo imperialismo estadunidense. Sob o presidente Trump, as Estados Unidos adotaram medidas protecionistas ‘EUA em primeiro lugar’, agravaram a guerra comercial contra a China, ao mesmo tempo em que a mantiveram como principal parceira na globalização neoliberal, e mantiveram globalmente o acordo comercial neoliberal. Os Estados Unidos buscaram construir sua força militar e política de forma unilateral, se isolando de antigos parceiros, e levou a cabo o terrorismo de Estado e o fascismo para reprimir os crescentes movimentos de massas nos Estados Unidos.” Ademais, o prof. Chua informou que o livro contém a mensagem enviada pelo prof. Sison para uma palestra realizada pela NOVACULTURA.info e outras políticas no final de 2019, em Recife, a respeito da Revolução Filipina.


Durante seu discurso, a professora Sarah Raymundo, Diretora do Centro de Estudos Internacionais da Universidade das Filipinas, destacou que o último livro de Sison sistematiza um modo de resistência que pode ser muito bem reconhecido como sua contribuição vital para a teoria revolucionária e o internacionalismo proletário.


Após as falas dos professores, o camarada Sison fez, dentre vários outros, os seguintes comentários de destaque:


“O neoliberalismo fracassou redondamente em resolver a crise do sistema capitalista mundial. Ao contrário, agravou-a ainda mais ao longo das últimas quatro décadas. Em uma ganância insaciável pelo lucro privado, a burguesia monopolista está se voltando contra o caráter social das forças produtivas, como o proletariado e uma maior tecnologia, e agravando a crise de superprodução por meio do empobrecimento ainda maior das massas do povo.


“A consequência inevitável da escalada de exploração é a resistência do povo. Mas antes mesmo que o povo possa deflagrar completamente sua resistência, a burguesia monopolista utiliza o Estado para impedi-la, e espalha ventos ultrarreacionários, principalmente o fascismo, como alternativa no caso de os rituais do liberalismo e da socialdemocracia fracassarem em manter a ordem social injusta. As guerras de agressão sem cessar levadas a cabo pelo imperialismo estadunidense sempre nos lembram o quão longe pode ir o capitalismo monopolista em utilizar a violência para oprimir e explorar o povo.


“Ainda assim, vimos em 2019 como as lutas populares anti-imperialistas e democráticas se espalharam pelo mundo, no coração e nos rincões do capitalismo monopolista. A despeito dos efeitos restritivos da pandemia da Covid-19 e dos lockdowns, as lutas de massas contra o imperialismo continuou nas ruas, bem como na mídia eletrônica, no ano de 2020. Na verdade, a pandemia expôs ainda mais o caráter antissocial e anti-meio ambiental do sistema capitalista, ao mesmo tempo em que agravou sua crise.


“Mas mesmo antes do começo da pandemia, a crise econômica e financeira que golpeou o sistema capitalista mundial - iniciada em 2007, e desenvolvendo-se naquilo que foi eufemisticamente chamado de Grande Recessão pelos economistas burgueses - nunca foi resolvida, e se tornou ainda pior. Há um consenso entre os estadistas burguesas de que uma Grande Depressão está em desenvolvimento e que será muito pior que sua antecessora dos anos 1930. Esta gerou o fascismo, a Segunda Guerra Mundial, e o surgimento de vários países socialistas e movimentos de libertação nacional em uma escala sem precedentes.”


Após seu discurso, quando foi aberto um espaço para perguntas, o prof. José Maria Sison assim respondeu à pergunta feita pela NOVACULTURA.info, acerca das diferenças entre a atual tarefa dos revolucionários proletários brasileiros de reorganizar o Partido Comunista do Brasil e aquelas enfrentadas por ele e seus camaradas durante a reorganização do Partido Comunista das Filipinas nos anos 1960:


“Eu penso que, em partidos que foram afligidos pelo revisionismo e desapareceram, assim como em partidos que devem ser novamente construídos, os revolucionários proletários que querem reorganizar o Partido Comunista têm de identificar os erros organizacionais, ideológicos e políticos cometidos, e em que condições tais erros apareceram. De qualquer forma, Lenin, em ‘O que fazer?’, mostrou o caminho fundamental sobre como construir o partido revolucionário proletário como destacamento avançado da classe operária, e Mao fez grandes contribuições à construção do partido, ao promover a retificação enquanto um dos componentes fundamentais do marxismo-leninismo, e isso é o que foi seguido pelos revolucionários proletários nas Filipinas nos anos 1960. Para reorganizar o Partido Comunista das Filipinas foi necessário haver um movimento de retificação, foram necessários estudo, balanço e formulação sobre ‘o que fazer’. Portanto, ‘retificar os erros e reconstruir o partido’ foi um título do documento de retificação. Então, penso que esta é a forma de se reconstruir um partido.


“Claro, como vocês sabem, há partidos comunistas que não estão exatamente apodrecidos. Eles possuem boas características e, em outras palavras, eles podem ser a base para um desenvolvimento qualitativo para o fortalecimento partidário e a reunificação do partido revolucionário proletário. Mas em qualquer caso, o movimento de retificação é a questão principal.”


Sobre o autor


José Maria Canlás Sison nasceu em 8 de fevereiro de 1939 no município de Cabugao, província de Ilocos Sur, nas Filipinas, em uma rica família de fazendeiros. Ainda assim, desde muito jovem, entrou em contato com ideias anti-imperialistas e progressistas que influenciaram decisivamente sua visão de mundo e perspectiva de vida. Ao ingressar na Universidade das Filipinas, no curso de Literatura Inglesa, o país vivia a grande erupção política do pós-guerra e de rebeldia contra o imperialismo norte-americano ocupante. Ao se graduar e adquirir o bacharelado no ano de 1959, Sison viajou para a Indonésia, onde viveu por cerca de um ano, e pôde acompanhar de perto a luta do Partido Comunista da Indonésia (PKI) e algumas das medidas democráticas e anti-imperialistas que vinham sendo aplicadas pelo então governo nacionalista burguês de Sukarno.


Ingressando no revisionista Partido Comunista das Filipinas no ano de 1962, Sison, junto a seus camaradas, se deu conta de erros ideológicos irreversíveis causados, dentre outras razões, pela influência do revisionismo soviético, e concluiu a necessidade de reorganizar o Partido Comunista e retomar o processo revolucionário que havia sido enterrado pelos dirigentes revisionistas ao longo das décadas de 1950 e 1960. Em meados dos anos 1960, ele conduz com seus camaradas o Primeiro Movimento de Retificação, que culminará na reorganização do Partido Comunistas das Filipinas no ano de 1968, possuindo como base ideológica o Marxismo-Leninismo-Pensamento Mao Tsé-Tung, assim como a linha da guerra popular prolongada sob a linha estratégica de cercar as cidades pelo campo, como forma de levar a cabo revolução democrático-popular contra a dominação imperialista e as sobrevivências pré-capitalistas em um país semicolonial e semifeudal como as Filipinas. Em 1969, junto a seus camaradas, funda o Novo Exército Popular (NEP) – “Novo” por reivindicar o legado do antigo “Exército Popular Anti-Japonês” (Hukbalahap), que resistiu à invasão do fascismo japonês e fora dissolvido pelos revisionistas durante a década de 1950 –, que inicia a luta armada na província de Tarlac, com apenas algumas dezenas de guerrilheiros.


No ano de 1977, José Maria Sison é preso pelas forças da ditadura de Ferdinand Marcos, e só seria solto no ano de 1986, após a chamada Primeira Tempestade do Povo, que derrubou o regime de Marcos e deu anistia para os presos políticos. Sison passaria nove anos sob confinamento quase absoluto, em meio a bárbaras torturas e violações de seus direitos democráticos. Após 1986, Sison assume uma série de trabalhos internacionais pela Frente Democrática Nacional das Filipinas, viajando para dezenas de países em nome das forças democráticas filipinas. Em 1988, enquanto se encontrava na Holanda, o governo reacionário de Cory Aquino confiscou seu passaporte, a partir do qual viveu neste país, na prática, como um exilado político, ainda que até os tempos atuais seus direitos de exilado político não estejam plenamente garantidos.

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