Soong Ching-ling: revolucionária chinesa

Pouco conhecida entre as mulheres comunistas, ela foi uma importantíssima figura durante a revolução chinesa e a construção socialista na China. Soong Ching-ling nasceu em 1893 de uma família de empresários prósperos na velha China. Porém, seus privilégios não predominaram sobre sua ideologia, pois desde nova almejava justiça para a antiga China semi-feudal e semi-colonial. Mesmo com a família se opondo, ela se casou com o revolucionário e fundador da República da China (1911) e do Kuomintang (Partido Nacionalista), Dr. Sun Yat-sen, e se integrou à ala esquerda do Kuomintang em 1919. Quando seu marido falece em 1925, ela é eleita ao Comitê Executivo do Kuomintang, como uma proeminente política e revolucionária. Todavia, após o golpe de Chiang Kai-chek sobre o Kuomintang em 1927 e a conseguinte expulsão dos “vermelhos” do Partido, ela foge para Moscow, acusando o KMT de trair os ideais revolucionários de Sun Yat-sen. Soong Ching-ling retorna à China em 1929. Durante a Guerra de Resistência ao Imperialismo Japonês (1937-1945), ela funda em 1939 a Liga de Defesa da China que arrecadava fundos para o Partido Comunista da China, que agia nas regiões rurais, durante todo o período da Resistência. Em 1946 a Liga é renomeada para Fundo de Assistência da China, a qual continua apoiando e financiando os Comunistas chineses. Durante a Terceira Guerra Civil Revolucionária (1946-1949) ela decide apoiar firmemente os comunistas, o que causa o rompimento com seus laços familiares. Em 1948 ela presidia o Comitê Revolucionário do Kuomintang, uma fração que se dizia a legítima herdeira dos ideais de Sun Yat-sen, de construir uma nova China, democrática, soberana e popular. Com a vitória do Partido Comunista da China na guerra civil, é convocada a Conferência Consultiva Política Popular da China a qual ela compareceu e foi eleita um dos seis vice-presidentes do Governo Popular Central da República Popular da China, a Nova China. Além disso, ela também compôs o Comitê da Associação de Amizade Sino-Soviética. Por ocasião de seu bom trabalho internacional, em 1950 ela recebeu o Prêmio Stálin pela Paz. Por suas contribuições, ela também é às vezes lembrada como “a mãe da China moderna”.
Entre 1949 e 1966, ela compôs e presidiu diversos organismos e instituições de Estado, como um dos grandes nomes do corpo dirigente da Nova China. Ela realizou um exímio trabalho diplomático entre a China e o resto do mundo, viajando para vários países. Entretanto, após o início da Revolução Cultural, grupos esquerdistas dos Guardas Vermelhos a criticaram severamente, o que tornou sua aparição pública bem remota. Em reação a isso, o inestimado camarada primeiro-ministro Zhou Enlai recomendou a coloca-la na “Lista de Quadros a serem protegidos”. O grande camarada Mao Zedong aprovou as recomendações. Desde esse período em que ela foi alvo de desmoralizações públicas desnecessárias, sua atuação de Estado ficou muito limitada. Sua última aparição pública foi em 1981. Mesmo após o fim da Revolução Cultural, ela manteve um trabalho limitado, acompanhado por problemas de saúde. Em 16 de Maio de 1981 ela é aceita ao Partido Comunista da China e é nomeada Presidenta Honorária da República Popular da China. De acordo com uma de suas biografias, ela desejava entrar no Partido Comunista da China desde 1957, porém Liu Shaoqi sugeriu que seria “melhor para a revolução que ela não se junta-se formalmente [ela compunha ainda o Comitê Revolucionário do Kuomintang], mas que ela seria informada, sua opinião ouvida, a respeito de todos os eventos relevante no interior do Partido, não só aqueles envolvendo o governo”. A camarada Soong Ching-ling é um grande exemplo de firmeza de princípios e de patriotismo a todas as mulheres progressistas do mundo!
por Alberto Steffen Neto