Notas à “Necessidade da Quarta Teoria Política”

I – O idealismo da quarta teoria política
A Quarta Teoria política é mais uma variante da moda das teorias idealistas burguesas. Ele nega as bases materialistas de análise da história e reduz toda história a mera sucessão de teorias universais: liberalismo, comunismo e fascismo. Dessa maneira as três teorias seriam, de uma certa maneira, idêntica no seu fundo, por serem teorias universais, mas o seu conteúdo de classe pouco importa. O fascismo e o liberalismo não teriam um idêntico conteúdo de classes (burguês), e não se oporiam ao comunismo, igualmente, pelo seu conteúdo de classes. II – O marxismo e a história
Um dos elementos utilizados por Savin para designar o carácter universalista do marxismo é a sua pregação sobre o fim da história. O fim da história é pregado pelo liberalismo, em diversas versões, das quais Leonid Savin relembra a tão conhecida tese de Francis Fukuyama. Acontece que o Marxismo jamais pregou o fim da história. Karl Marx deixa claro em seu prefácio de Introdução à crítica da economia política que o comunismo não representa o fim da história, mas sim o fim da pré-história da humanidade e o começo da sua verdadeira história. III – A quarta teoria política e seu neofascismo A quarta teoria política se apresenta pretensamente como uma teoria política acima das “três teorias universais”, mas na verdade não passa de fascismo requentado. Isso Leonid Savin deixa claro em seu texto para qualquer um que tenha aprendido a ler. Ele afirma que a base do fascismo italiano e do fascismo alemão são as noções de que o fundamento da história está no Estado para um, e na raça para o outro, enquanto a quarta teoria política vê “o sujeito da história no Povo como Ser, com toda sua riqueza de elos interculturais, tradições, características étnicas e cosmovisão.” Ele também se opõe e até vê uma ligação no anti-conservadorismo do marxismo e do liberalismo. É uma evidente reabilitação da “terceira via” fascista e de sua paranoia contra o complô “liberal-marxista”. Os adeptos da quarta teoria política reabilitam o conservadorismo corporativista do fascismo limitando-se a substituir a palavra Estado pela palavra Povo e nem mesmo tem vergonha em reivindicar as mesmas doutrinas racialistas somente substituindo a palavra raça pela palavra etnia mais de acordo com o nosso zeitgeist. IV – A quarta teoria universal, a luta de libertação nacional e a necessidade de reconstruir o movimento comunista internacional Nota-se que L. Savin na última parte de seu artigo faz referências a forças políticas que de fato se opõe ao imperialismo dos EUA, UE e OTAN, como a Jamahirya, a República Islâmica do Irã e o bolivarianismo na América Latina. Ele afirma que esses movimentos restabeleceriam o “Povo” (leia-se Estado) após os resultados das três ondas de globalização, o marxismo, o fascismo e o liberalismo. Dois elementos emergem daí: Em primeiro lugar, nota-se aqui uma significativa incapacidade de compreender a verdadeira dinâmica econômica do imperialismo, ligada ao capital financeiro e as leis da acumulação capitalista; e ainda, em segundo lugar, não se deve negligenciar os riscos implícitos na popularização de uma doutrina que traz tantos elementos fascistas em seu âmago. Hoje, em meio a grande ofensiva geral do imperialismo norte-americano contra os povos do mundo e sua soberania nacional, as forças da burguesia nacional em muitos países da África, Ásia e America Latina, mesmo na Europa oriental, se levantam para combater pelo direito de ser livres e de decidirem dos seus próprios destinos. Essas forças da burguesia, incapazes de avançarem até ao socialismo e consequentemente ao marxismo-leninismo, mas também impossibilitadas de defenderem as mesmices burguesas, dominantes no mundo desde a ofensiva neoliberal da década de 1980, não podem fazer mais do que malabarismo para reabilitar ou desenvolver essa ou aquela nova teoria que não pode ser mais do que ideologia burguesa. No século passado o socialismo reformista e revisionista e os diversos nacionalismos do terceiro mundo jogaram um papel importante em agitar as lutas nacional-libertadoras em diversos países do mundo, mas também levaram suas contribuições ao fracasso do projeto de se ver livres do domínio do imperialismo e a construção da única sociedade realmente livre do capitalismo mundial, a sociedade socialista. O nosso século anuncia a possibilidade da repetição desse mesmo quadro, que sem a reconstrução do movimento comunista internacional, pautado no marxismo-leninismo e no antirrevisionismo será completamente inevitável. Que entre as teorias burguesas “não-alinhadas” tenha surgido uma doutrina fascista como a quarta teoria política é um sinal alarmante da urgência dessa tarefa de reconstruir o MCI e propagandear o marxismo-leninismo. Os comunistas devem defender as lutas de libertação nacional dos povos contra o imperialismo, mas nunca se render ao subjetivismo das teorias idealistas da burguesia nacional, que por vezes se transformam em condutoras dessas lutas, que vão desde as teorias progressistas até as teorias abertamente conservadoras e reacionárias. Pelo contrário, devem manter-se alerta a todo momento, defendendo o marxismo-leninismo e lutando pela sua hegemonia e do proletariado nessas lutas.
por Ícaro Leal Alves