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Frantz Fanon, jornalista revolucionário*


Os estudiosos que se debruçaram sobre a Revolução Negra Mundial no século XX não puderam deixar de ler a obra mais consagrada do psiquiatra, filósofo e ensaísta Frantz Fanon: Os condenados da terra (1961). Esta obra ficou conhecida como o guia da Revolução Negra, desde Accra em Gana, até Oakland na Califórnia, Estados Unidos.


Este trabalho é tanto um estudo psicológico (psicopatologia da colonização) como um diagnóstico da natureza do colonialismo francês na Argélia, caracterizando-se como uma obra que deu aos militantes um vasto conhecimento da natureza do imperialismo guiando a resistência na luta contra ele.


Kathleen Nels Cleaver, ex-líder dos Panteras Negras, escreveu que a influência de Fanon sobre os revolucionários negros nos Estados Unidos foi profunda.


Contudo, antes de ser publicada sua obra magna, Os condenados da terra, Fanon escreveu uma série extraordinária de artigos, de forma anônima, para a revista revolucionária argelina El Moudjahid, de setembro de 1957 a janeiro de 1960.


Os ataques de El Moudjahid contra as autoridades políticas, coloniais e militares francesas são excepcionalmente agudas e centradas, refletindo uma visão unificada, tanto psicológica quanto ideológica de Fanon sobre as lutas argelinas e africanas contra o imperialismo.


“Moudjahid” é um termo árabe que mescla a palavra jihad (guerra santa), significa literalmente membro de um exército de libertação dos países muçulmanos, ou genericamente luta**. Aqui percebe-se Fanon em uma potente guerra de palavras que caracteriza a luta contra a ocupação estrangeira na Argélia.


Porém Fanon era muito mais que um guerreiro de palavras. Em sua obra póstuma "Em defesa da Revolução Africana" (1964) encontramos o Fanon crítico, o analista político, o africanista, o internacionalista, o marxista e o anti-imperialista.


Em seus artigos publicados em El Moudjahid, Fanon anonimamente dá voz a Frente de Libertação Nacional (FLN) argelina e zomba dos esforços da França em acusá-lo por estupros, assassinatos e massacres. Também condena os colaboracionistas árabes e africanos, e examina a maneira com que as Forças Armadas francesas utilizaram a tortura para intimidar a resistência argelina.


Fanon escreveu: “A tortura na Argélia não é um acidente, tão pouco um erro ou falha. Não se pode entender o colonialismo sem levar em conta a probabilidade da tortura, das violações e dos massacres”.


Fanon era um jornalista revolucionário, ou melhor, um revolucionário que trabalhava como jornalista. Seu coração estava com todos os movimentos de libertação nacional, anti-imperialistas e revolucionários.


Seu coração estava com seus amigos revolucionários, como Nkrumah de Ghana e Lumumba do Congo.


Seu coração estava com “os condenados da terra” – com os despossuídos do mundo.



Notas

*Trabalhou anonimamente como “jornalista” na revista argelina revolucionária El Moudjahid.


**Como se a revista se propusesse a ser um soldado da luta anticolonial, por isso o jogo de palavras é evidenciado.

25 de junho de 2017

Por Mumia Abu-Jamal

Traduzido por F. Fernandes

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