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"Mulher ilha"

  • Foto do escritor: NOVACULTURA.info
    NOVACULTURA.info
  • há 5 horas
  • 3 min de leitura
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Ela é ilha dentro desta Ilha, território de resistência que floresce diante da adversidade; abrigo dos necessitados; fuzil em punho; poesia digna de ser cantada.

 

Não carregou a Revolução em discursos; teceu-a entre suas próprias mãos com os fios que lhe brotaram da alma. Depois ergueu portos onde pudessem ancorar os sonhos das meninas de pés descalços.

 

Plantou bandeiras em labirintos “alheios”: a ciência, a investigação, a Agricultura, o Esporte. O Parlamento é uma floresta na qual sua voz cresce – mais de 50 % – como semente em terra fértil.

 

Conseguiu romper fechaduras desde a própria raiz da Revolução, quando apenas era brisa que acariciava no pensamento de seus iniciadores, quando apenas era estandarte no campo de batalha e amparo dos enfermos na manigua. Agora empunha títulos, dirige obras, cura feridas em hospitais, ensina nas salas de aula.

 

É dona de sua inteligência, arquiteta de futuros. Mas em sua casa – revolução adentro – o relógio a persegue. A carga doméstica é sua mochila de pedras invisíveis: cozinha, limpa, cria… trabalha. Sua luta habita na metáfora silenciosa do dia a dia.

 

A economia aperta sua cintura; é ela quem estica a comida para que baste, quem reinventa o cardápio a cada jornada; a que tira seu bocado para que outro coma; a que transforma um vestido velho em moda nova; a que anima sua filha com frases como "Você pode ser mais do que eu".

 

No meio rural, a sombra é mais longa: água que é preciso carregar, semente que plantar enquanto o sol, indomável, lhe curtia a pele. Ali ainda é preciso fazer mais com seu suor, sua dupla jornada diante da terra que não espera.

 

Quer ser raiz que não se dobra, mas a crise, a escassez, a inflação... sacodem-lhe os alicerces, e ainda que o Código das Famílias agora nomeie seus cuidados, a realidade é teimosa: os papéis antigos pesam. Ainda assim ela põe o ombro, as vigílias e o estar ali onde os homens põem, às vezes, apenas o olhar.

 

Hoje, esta mulher ilha escala os castelos do empreendedorismo. Seus sonhos em forma de negócio não estão isentos de muros: quem cuida das crianças? onde está o financiamento? como vencer os preconceitos que dizem que “negócio é coisa de homens”? O machismo disfarçado de tradição ainda respira, a cerca, a persegue. Ela insiste em oferecer a outra face.

 

Apesar de suas conquistas, nem toda mulher ilha consegue ainda caminhar completamente ereta, e por elas há batalhas que não cessam, para acender-lhes o sol no olhar e arrancar-lhes de um só golpe os silêncios tristes.

 

Falta, por exemplo, que as leis não fiquem no papel, que outros também cuidem de quem cuida, e que aprendamos a escutar o grito sufocado da violência machista.

 

Falta que o peso da casa seja compartilhado, que se reconheça seu trabalho incansável também ali, que seu corpo não seja território de assédio, que sua mente possa, enfim, se desfazer de tantos medos.

 

Mas, apesar dos obstáculos, é valente como poucas, e segue airosa, de pé. Há muito tempo aprendeu a dar mais significados à beleza, a não pedir permissão para fazer futuro. É Revolução, de muitas formas, em muitos sentidos. Ergue orgulhosa sua história, o caminho percorrido a autoriza, o que falta percorrer, a anima. Não importa se às vezes faltam as flores, esta mulher ilha está feita para florescer.

 

Do Granma

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