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"A Expansão da OTAN e por que os povos do Sul Global devem resistir"

  • Foto do escritor: NOVACULTURA.info
    NOVACULTURA.info
  • 9 de jul.
  • 5 min de leitura
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Como paquistanesa, sou testemunha diária da exploração implacável promovida pelo imperialismo ocidental. A vida de trabalhadores e camponeses paquistaneses, assim como a de milhões de pessoas na Ásia, África e América Latina, é marcada por miséria, fome, falta de terras, subemprego e doenças não tratadas — tudo isso resultado do projeto imperialista.

 

As potências imperialistas, lideradas pelos EUA, garantiram que nossas nações permaneçam acorrentadas à dívida, à dependência e à violência. Agora, com a OTAN estendendo seus tentáculos ao Indo-Pacífico sob o disfarce de “segurança”, devemos reconhecer o que isso realmente representa: um projeto de recolonização, camuflado na linguagem da “democracia” e da “estabilidade”.

 

Durante décadas, EUA e OTAN saquearam nossas terras, sustentaram regimes fantoches e travaram guerras — quentes e frias — para manter seu domínio sobre nossos recursos e nosso futuro. A iniciativa OTAN 2030 busca expandir drasticamente o alcance global da aliança, ao mesmo tempo em que designa Rússia e China como ameaças existenciais. O plano prevê aprofundar laços militares com Estados aliados fora da região do Atlântico Norte — da Colômbia ao Kuwait — militarizar o espaço, manter destacamentos avançados agressivos, expandir capacidades nucleares e realizar simulações de guerra cada vez mais provocativas na região Ásia-Pacífico.

 

O conflito entre Irã e Israel, o genocídio na Palestina, o acúmulo militar no Mar do Sul da China, o envio de tropas dos EUA às Filipinas e a própria cúpula da OTAN fazem parte de uma estratégia imperialista coordenada, liderada pelos Estados Unidos e seus aliados, para esmagar os movimentos de libertação e preservar uma ordem global moribunda.

 

Desde o início, os EUA orquestraram essa guerra, armando “Israel” até os dentes, autorizando seus ataques e intervindo quando encontraram um pretexto para lançar finalmente uma agressão direta contra o Irã. Os EUA estão repetindo o mesmo movimento de 2003, quando falsamente alegaram que o Iraque estava desenvolvendo armas nucleares. O que se seguiu foi uma brutal invasão e ocupação, que dilacerou o país, matou cerca de um milhão de pessoas, devastou a infraestrutura — incluindo hospitais e escolas — e deixou o povo iraquiano em um estado de caos político e dependência de empresas estadunidenses de petróleo e “reconstrução” até hoje. Os EUA querem ver o Irã e seu povo sofrerem o mesmo destino.

 

Mas, como aconteceu com o Iraque, os EUA cometeram um ato que os arrastará ainda mais em sua própria espiral de colapso. Sob Trump, os EUA estão atolados em uma profunda crise política e econômica, sobrecarregados e engajados em guerras intermináveis. Esse ataque ao Irã apenas agrava a crise, pois os EUA despejarão ainda mais dinheiro na guerra, seja diretamente, seja armando ainda mais o regime sionista de “Israel” para fazer o trabalho sujo.

 

Isso nos leva à expansão e influência da OTAN na Ásia-Pacífico. Em 2011, Hillary Clinton, então secretária de Estado dos EUA, declarou abertamente o “pivô para a Ásia” do governo Obama, apresentando-o como um reconhecimento da “importância estratégica” da região. Mas sabemos o que “importância estratégica” realmente significa: dominação. Os EUA não se envolvem com a Ásia-Pacífico como iguais; buscam controlá-la. A chamada “Estratégia Indo-Pacífico” nada mais é do que um plano para militarização e extração de recursos.

 

O próprio termo “Indo-Pacífico” é um insulto calculado. Ele une dois aliados fascistas — os EUA e a Índia — sob a bandeira do cerco à China. A Índia, um Estado que massacra seu próprio povo na Caxemira e brutaliza comunidades indígenas em regiões ricas em minerais, é agora o executor favorito de Washington na região. Enquanto isso, os EUA exigem que a Coreia do Norte se desnuclearize, ao mesmo tempo em que estocam milhares de ogivas e realizaram 192 testes nucleares somente no Pacífico. A hipocrisia é estarrecedora.

 

A França, autoproclamada “nação do Pacífico”, não tem nada que se meter em nossas águas, mas mantém presença militar permanente em postos coloniais como Nova Caledônia e Polinésia Francesa, e participa de exercícios de guerra no Pacífico como o RIMPAC no Havaí, Balikatan nas Filipinas e La Pérouse em 9 países do Pacífico. Já os EUA transformaram o Pacífico em um acampamento armado, com instalações em Okinawa, Filipinas, Guam e Palau. Isso prova que a OTAN não tem qualquer interesse em defesa —representa um casamento sangrento entre os imperialistas dos EUA e da Europa e os governos fantoches da Ásia-Pacífico, que executam os desejos do Ocidente.

 

No ano passado, a OTAN deu seu passo mais ousado até agora: a inclusão formal do “Quadro Indo-Pacífico” (Austrália, Japão, Nova Zelândia e Coreia do Sul) em sua cúpula. Foi o culminar de anos de militarização crescente, agora oficializada na Declaração de Washington de 2024, que rotulou explicitamente a China como “facilitadora” da guerra da Rússia na Ucrânia.

 

Isso não é diplomacia — é uma declaração de guerra contra os movimentos de libertação nacional e as nações anti-imperialistas.

 

Dos três principais focos de conflito no mundo hoje, dois estão na Ásia-Pacífico: a guerra fria entre EUA e China, e o genocídio na Palestina acompanhado da agressão dos EUA contra a nação soberana do Irã. E ainda assim, os líderes ocidentais falam de “estabilidade”, enquanto alimentam corridas armamentistas e apoiam regimes de apartheid.

 

A expansão da OTAN liderada pelos EUA é sobre o saque dos nossos recursos — especialmente minerais. Em 2023, a OTAN identificou publicamente 12 minerais críticos para sua máquina de guerra. Quem controla esses minerais? Não é o Ocidente. A China produz 69% do grafite do mundo; a bauxita, principal mineral na produção de alumínio, está concentrada na Austrália, China e Índia.

 

É por isso que as terras indígenas na Índia estão sendo confiscadas. É por isso que comunidades adivasis e rebeldes maoístas estão sendo massacrados — não porque sejam “terroristas”, mas porque se colocam no caminho do roubo corporativo. A mesma lógica se aplica à mineração em águas profundas, a próxima fronteira da destruição ecológica. O Oceano Pacífico, já marcado por testes nucleares, agora está sendo dividido por sua riqueza mineral. Os EUA estão dispostos a afogar ecossistemas inteiros em nome do lucro.

 

A necessidade de resistência global

 

As rachaduras dentro da OTAN — sobre a Ucrânia, sobre Israel — são reais, mas não derrubarão o imperialismo por si sós. Os povos devem forçá-las a se abrir. Já vimos vislumbres desse poder: os milhões que marcharam contra a Guerra do Iraque, as greves de trabalhadores na Índia, a resistência palestina que se recusa a morrer. Mas cartazes e protestos sozinhos não nos salvarão.

 

Devemos nos organizar e lutar, lado a lado com os povos oprimidos e explorados ao redor do mundo. Os colonizadores não abrirão mão do poder voluntariamente. Se a história nos ensinou algo, é que os impérios só caem quando são derrubados pelas massas.

 

A escolha é nossa: submeter-nos a um novo século de horrores coloniais ou nos levantarmos para reconquistar nosso futuro. O momento de resistir é agora.

 

Assinado,

Azra Sayeed, Secretária-Geral da Liga Internacional da Luta dos Povos (ILPS)

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