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"Um plano secreto para derrubar a Revolução Cubana"

  • Foto do escritor: NOVACULTURA.info
    NOVACULTURA.info
  • 19 de mar.
  • 4 min de leitura

 

Em 17 de março de 1960, o presidente dos EUA, Dwight Eisenhower, aprovou o projeto subversivo contra Cuba apresentado por Allen Dulles e Richard Bissell, diretor e subdiretor da Agência Central de Inteligência (CIA), respectivamente.

 

A Agência propôs ao mandatário um plano de ações secretas, que incluía a criação, fora da Ilha, de uma organização capaz de incentivar o surgimento de grupos contrarrevolucionários.

 

Por outro lado, a entidade criada deveria aglutinar as forças opositoras à Revolução Cubana, alcançar capacidade de representação perante a opinião pública e o governo dos EUA, e servir, além disso, como fachada para as ações deste.

 

O plano também previa a criação de uma “frente anticastrista” satélite da CIA dentro da maior das Antilhas, embora, formalmente, aparecesse subordinada à organização criada nos EUA.

 

O plano incluía uma forte ofensiva propagandística, principalmente por meio da criação de estações de rádio que dirigiriam suas transmissões para a Ilha.

 

O centro do projeto ianque baseava-se na formação de uma força paramilitar, que teria como objetivo infiltrar-se em Cuba e cumprir tarefas de apoio às operações clandestinas e guerrilheiras.

 

Eisenhower pretendia derrubar o governo de Fidel Castro antes das eleições dos EUA em 1960, para garantir a vitória do republicano Richard Nixon, considerado o “homem forte” capaz de guiar o país na Guerra Fria.

 

Para alcançar isso, estimavam que era necessário eliminar fisicamente o líder cubano, algo que vinham tentando sem sucesso desde o final de 1959. Em julho de 1960, o subdiretor da CIA, Richard Bissell, encarregou o coronel Sheffiel Edwards de entrar em contato com a máfia ítalo-americana para assassinar Fidel.[1]

 

Causar fome, desespero e morte foi o axioma central da ação da Casa Branca contra o povo cubano desde abril de 1960, quando L. D. Mallory, funcionário do Departamento de Estado, definiu, em um memorando dirigido a seus superiores, qual seria a política contra a Ilha rebelde.

 

Deveria ser usado “qualquer meio concebível para enfraquecer a vida econômica da Ilha (...) uma linha de ação que, sendo a mais habilidosa e discreta possível, alcançasse os maiores avanços na privação de dinheiro e suprimentos a Cuba, reduzindo seus recursos financeiros e os salários reais, provocando fome, desespero e a derrubada do governo”.[2]

 

A Operação Pluto

 

Embora se saiba que o Diretor da CIA já havia mencionado a John F. Kennedy, vencedor das eleições presidenciais de 1960, durante a campanha, sobre o golpe que estava sendo preparado contra a maior das Antilhas, o informe oficial da operação foi recebido de Dulles e Bissell em 18 de novembro.

 

Kennedy assumiu o projeto intacto, embora tenha levantado algumas dúvidas, relacionadas principalmente ao envolvimento de seu governo na operação, mas Dulles garantiu ao presidente que “se sentia mais seguro do sucesso do que jamais estivera no caso da Guatemala”.[3]

 

Embora ninguém do governo, nem da administração republicana nem da democrata, tivesse aprovado o uso dos fuzileiros navais na operação, a CIA confiava que a força dos acontecimentos levaria o Pentágono a intervir.

 

Dulles e Bissell acreditavam que o clímax da operação forçaria Kennedy a intervir com as forças armadas e abandonar sua neutralidade oficial, embora ele tivesse prometido várias vezes que isso não aconteceria.

 

A necessidade de evitar que os EUA aparecessem diretamente envolvidos no projeto levou os organizadores a buscar um lugar afastado, menos povoado, para executar o desembarque.

 

Assim, o projeto original, que avançava a todo vapor, sofreu modificações com base nas observações de Kennedy. As forças paramilitares treinadas no exterior cumpririam a tarefa de realizar um desembarque anfíbio em Playa Girón e Playa Larga, ambas na Baía dos Porcos, a cerca de 180 quilômetros a sudeste de Havana.

 

A Operação Pluto, nome dado à ação punitiva “meticulosamente” armada, pensada a partir do menosprezo e da soberba, tomava como exemplo o bem-sucedido operativo da Guatemala, em 1954, quando a CIA derrubou o presidente Jacobo Arbenz. Foi dirigido até mesmo pelo mesmo grupo “elite” da Agência.

 

A Brigada 2506 foi o grupo paramilitar encarregado de realizar a invasão; mais de 10% de seus integrantes eram antigos membros do exército e da polícia da ditadura de Fulgencio Batista.

 

Os treinamentos foram realizados principalmente na Guatemala. A força ficou finalmente integrada por mais de 1.200 homens bem preparados para combates regulares de tropas anfíbias, complementados por equipes de infiltração que deveriam penetrar, antes da invasão, em diferentes regiões de Cuba.

 

Ataques aéreos seriam realizados a partir da Nicarágua, que anulariam as forças aéreas cubanas e que, durante o desembarque, protegeriam as tropas em terra.

 

Os invasores deveriam conquistar uma zona suficientemente extensa, uma cabeça de praia que permitisse desembarcar os integrantes do futuro Governo Provisório (fantoche).

 

Em janeiro de 1961, Kennedy encarregou o Departamento de Defesa de analisar até o último detalhe da operação militar planejada pela CIA. As conclusões dos militares não foram muito animadoras, apenas davam chances de sucesso se ocorresse um levante interno ou se houvesse apoio exterior.

 

Apesar das dúvidas, o plano continuou. O presidente deu instruções para isolar diplomaticamente Cuba e boicotar qualquer atividade da Ilha através da OEA.

 

Em março de 1961, foi criado o Conselho Revolucionário Cubano (CTC), e em abril foi constituído o futuro “governo” que se instalaria na maior das Antilhas.

 

O papel do CTC e do “governo” era muito importante no projeto invasor; ambos dariam legitimidade a uma eventual invasão militar dos EUA; o “Governo” deveria dar passagem à ocupação do país pelas forças estrangeiras.

 

Tudo estava pronto, o resto é bem conhecido: em menos de 72 horas, as forças invasoras foram derrotadas, fator que contribuiu para impedir uma escalada que comprometesse a intervenção direta dos ianques.

 

A lenda da invencibilidade da CIA desapareceu sobre as areias de Playa Girón e Playa Larga, em abril de 1961.

 

Por Raúl Antonio Capote, no Granma

 

NOTAS

[1] Church Committee Report: Alleged Assassination Plots Involving Foreign Leaders. B-Cuba, pp. 74 e 75

[2] Departamento de Estado: Relações Exteriores dos EUA 1958-1960, t.vi, Cuba

[3] Molina, Franchosi, Gabriel: Girón Bahía de Cochinos. O maior erro de Kennedy. Editora Política. Havana. 2011, pp. 6.

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