"Pela Paz, a Independência Nacional e a Democracia"

Camaradas:
Ao examinar a situação de nosso país e suas perspectivas depois das grandiosas lutas da última primavera, e em relação às consequências que, para a Espanha, se derivam da política de guerra e de submissão do governo franquista ao imperialismo ianque, devemos fazer isso compreendendo a Espanha não como um todo isolado e independente, mas sim em estreita relação e dependência da situação internacional.
De distinta índole são os problemas políticos que deveremos examinar para chegarmos a conclusões pertinentes sobre a política que nosso Partido deve seguir.
Problemas de ordem nacional e problemas de ordem internacional, estreitamente ligados ao desenvolvimento da vida política e econômica da Espanha, ligados à sobrevivência da Espanha como país independente e soberano.
Depois da derrota dos hitleristas em 1945, e quando o mundo acreditava haver assegurado a paz, levanta-se sobre os povos a terrível ameaça de uma nova guerra - uma guerra monstruosamente destruidora, uma guerra atômica, ameaça que surge do imperialismo estadunidense, que, embriagado de seu poder e de seu ouro, sonha loucamente em impor ao mundo a sua dominação.
O centro da reação mundial foi transferido da Alemanha hitleriana aos Estados Unidos. Os planos de Hitler, de fazer do mundo uma colônia sua, foram recolhidos pelos imperialistas americanos, que podem desenvolver sua política agressiva apoiados na cumplicidade de governos vassalos que atuam de costas para os interesses de seus povos, renunciam a soberania e a independência de seus países e os colocam a serviço e sob a dependência direta dos incendiários de guerra. Sob a pérfida cobertura do Plano Marshall - que foi desmascarado a tempo pela URSS como um plano de escravização e de guerra - e atualmente com o agressivo Bloqueio Atlântico, os imperialistas americanos submeteram economicamente os países participantes nessas alianças agressivas. Intervém brutalmente nos assuntos internos desses países e apoiam as forças mais reacionárias em todas as partes.
O chamado tratado de paz com o Japão; o rearmamento da Alemanha ocidental; a aliança com a camarilha franquista e a proteção aberta ao Judas Tito e aos fascistas gregos; a continuação da guerra na Coreia; a transformação da ONU em uma oficina de negócios americanos, onde só as vozes da União Soviética e dos países de democracia popular se levantam para defender o direito dos povos e os princípios da Carta das Nações Unidas; as constantes provocações dos americanos e de seus agentes contra a União Soviética e a China, contra as democracias populares e a Alemanha democrática; a criação de bases militares americanas em territórios alheios e a negativa sistemática dos governos americano às proposições soviéticas para um acordo pacífico das discrepâncias existentes sobre diferentes questões mostram claramente o caminho da guerra empreendido pelos imperialistas americanos, que arrastam fatalmente os países cujos governos foram colocados a seu serviço.
Não há dúvida - e a experiência histórica demonstra plenamente - que a política de armamentos conduz à guerra. Mas, nas condições atuais, com a existência da União Soviética, da China Popular, da Alemanha Democrática e das democracias populares que não necessitam da guerra, e que defendem sistematicamente a paz, a guerra pode ser evitada.
A reação internacional e, à sua frente, os imperialistas americanos querem destruir a União Soviética, não porque ela ameace a segurança de algum país, mas sim porque a União Soviética é o primeiro país socialista do mundo. O capitalismo mundial quer destruí-la porque a União Soviética é, para a classe trabalhadora e para as massas oprimidas dos países capitalistas e coloniais, um exemplo vivo de liberdade e democracia, estímulo permanente na luta libertadora contra as suas opressões.
O capitalismo mundial e sua cabeça, o imperialismo americano, odeiam brutal e ferozmente a União Soviética porque a Revolução de Outubro de 1917, dirigida pelo Partido Comunista Bolchevique, pelo Partido de Lenin e de Stalin, subiu ao poder e fez as massas trabalhadoras e camponesas donas de seus destinos, que sob a dominação do capitalismo viviam escravizadas.
Pela primeira vez na história da humanidade os escravos foram livres; o homem deixou de ser o lobo do homem, e com o esforço heroico do povo russo, conduzido pelo Partido Comunista, iluminou o nascimento de uma nova era, a era do Comunismo.
A Grande Revolução de Outubro na Rússia arrancou do sistema capitalista um sexto do mundo.
A Segunda Guerra Mundial, que foi preparada perfidamente pelas forças da reação internacional contra a União Soviética e que se desenvolveu diferentemente de como propuseram seus promotores, agravou e estendeu a crise do capitalismo, debilitando, logicamente, o sistema capitalista como um todo. Com a Primeira Guerra Mundial o capitalismo perdeu o grande império czarista e, assim, surgiu o primeiro Estado proletário; com a Segunda Guerra, o capitalismo perdeu vários países europeus, perdeu a imensa China, e está perdendo a sua influência e debilitando seu poder em todos os países coloniais.
Essa debilidade constante do imperialismo o faz mais agressivo e, por isso, o perigo da guerra está a cada dia mais ameaçador e mais perto de nós. Porém, o problema da paz e da guerra não depende, hoje, exclusivamente dos imperialistas, mas sim das massas, dos povos. O camarada Stalin tem mil vezes razão quando declara que “a paz será mantida e se consolidará se os povos tomarem em suas mãos a causa da manutenção da paz e a defenderem até o fim”.
Se as massas, sem as quais não se pode fazer guerra, dizem “não!” aos planos dos imperialistas e lutam contra a guerra, a paz pode ser salva.
A manutenção da paz é um golpe de morte para os escravizadores dos povos. A paz contribui com o impetuoso desenvolvimento das forças progressivas em todo o mundo, e ajuda a consolidar as conquistas democráticas dos povos, mina os alicerces do imperialismo, fazendo mais profunda a crise do capitalismo, e com isso acelera em grau extraordinário a marcha dos povos até o socialismo. Salvar a paz é salvar a democracia, é destruir todos os planos escravizadores da reação internacional.
É possível que certos dogmáticos e doutrinários, cujas posições, no fim das contas, servem para levar água ao moinho do imperialismo, discordem de nossa afirmação de que a guerra pode ser evitada, dizendo que tal afirmação é contrária ao princípio marxista de que o capitalismo leva em si a guerra como as nuvens levam a tempestade.
Contudo, como não somos dogmáticos nem doutrinários, mas sim marxista-leninistas, somos os primeiros a declarar que: sendo certa em princípio a afirmação de que o capitalismo é gerador de guerras de agressão, de guerras an