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"José Martí na Revolução Cubana, 170 anos após seu nascimento"



José Martí, Apóstolo da Independência de Cuba e de Nossa América, segundo o escritor José Lezama Lima, é "aquele mistério que nos acompanha todos os dias e que nos dá força para seguir em frente". Um qualificativo tão insólito do famoso escritor só pode ser compreendido por um estrangeiro que for capaz de perceber a excepcional influência que essa personalidade exerceu sobre o povo e a política cubana por mais de cem anos, fenômeno que promete ser eterno.


Para manter viva a obra de José Martí na memória dos povos, no dia 28 de janeiro será inaugurado no Memorial da América Latina, em São Paulo, um busto do herói, criado pelo escultor cubano Alberto Lescay.


Não há período de nossa história em que as ideias de Martí não tenham sido utilizadas para justificar políticas, elaborar programas educativos e culturais, conceber conteúdos de comunicação, e não raro de forma demagógica. Contrariamente, o processo que levou ao triunfo da Revolução Cubana em 1º de janeiro de 1959, e tudo o que aconteceu desde então na ilha até os dias atuais, caracterizou-se por uma autêntica influência martiana.


O próprio grupo que concebeu o primeiro grande golpe contra a ditadura que governava o país antes do triunfo revolucionário, o assalto ao Quartel Moncada, em 1953, se autodenominava Geração do Centenário, aludindo ao fato de que naquele ano se completavam 100 anos do nascimento do Apóstolo. Em sua defesa, que assumiu pessoalmente perante o tribunal que o julgou por liderar os acontecimentos de Moncada, Fidel se referiu a ele como seu guia e afirmou enfaticamente que "o único autor intelectual do assalto ao Quartel Moncada é José Martí".


A doutrina do Apóstolo tornou-se sustento, exemplo de conduta e encorajamento da necessidade de fazer em Cuba uma revolução pela independência, contra a injustiça, pela honra e dignidade nacional. Em um discurso em janeiro de 1960, um ano após o triunfo, Fidel afirmou: "Finalmente, Maestro, a sua Cuba que você sonhou está se tornando realidade!"


A Revolução Cubana é essencialmente martiana, assim como fidelista e socialista: talvez se deva dizer que é socialista justamente por ser martiana e fidelista.


Procure-se agora em Cuba vestígios de injustiça social, de miséria, de gente morando na rua, de discriminação, de analfabetismo, de fome, de crianças abandonadas, de ignorância, de pessoas sem assistência médica; de dependentes químicos... e o que se encontrará será uma sociedade justa, sã, educada, estável e segura; uma sociedade governada pela doutrina martiana.


Procure-se na Cuba contemporânea sinais de subordinação e humilhação nacional, de políticas mediadas por interesses estrangeiros e encontrará, ao contrário, um povo unido em torno dos firmes princípios soberanos e anti-imperialistas exigidos pelo pensamento de Martí.


Não se pode negar que Cuba paga caro por esta atitude rebelde, suportando mais de seis décadas de agressões e bloqueios por parte dos Estados Unidos, mas somos encorajados e sustentados pelos princípios apresentados pelo Apóstolo: "A liberdade é muito cara, e é necessário ou resignar-se a viver sem ela, ou decidir comprá-la por seu preço. Grandes direitos não se compram com lágrimas", disse ele.


A magnitude da solidariedade internacional cubana não tem precedentes históricos. Expressa-se no apoio à luta pela independência nacional em diversos países e na oferta massiva e fraterna de médicos e educadores pelo mundo. "Pátria é Humanidade", concepção cardinal da doutrina de Martí sobre as relações entre as nações e os povos, está em perfeita coerência com essas políticas.


Os profissionais de saúde cubanos que percorreram o mundo, inclusive o Brasil, com sua conduta beneficente, inspiraram-se nesses valores martianos e não em interesses egoístas, materialistas e comerciais.


Os motivos da presença de Martí em Cuba e na América Latina são muitos, difíceis de apreciar em toda a sua magnitude e impossíveis de relatar plenamente, apesar de sua morte precoce no campo de batalha contra o colonialismo espanhol, aos 42 anos.


O princípio de solidariedade de Martí está intimamente ligado à aspiração de uma América Latina unida, uma região que ele descreveu como Nossa América, ante as potências estrangeiras que a desprezam e procuram dominá-la. "Nossa pátria é uma só, começa no Rio Grande e termina nas montanhas lamacentas da Patagônia."


Quem se assombra com as posições resolutas de Cuba e a capacidade de resistência de seu povo frente às políticas agressivas e ao pretenso domínio dos Estados Unidos deve buscar também as fontes genéticas, a explicação no pensamento e na ação de Martí. Ele foi capaz de vislumbrar que a libertação do jugo do império espanhol era uma forma de "impedir a tempo com a independência de Cuba que os Estados Unidos se espalhassem pelas Antilhas e caíssem, com mais força, em nossas terras da América".


O Apóstolo, e depois a direção do governo revolucionário, sempre confiou na força e nos anseios humanistas: "um princípio justo do fundo de uma caverna pode ser mais que um exército", convicções que orientam nossa luta até hoje.


Por Pedro Monzón, Cônsul-Geral de Cuba em São Paulo


Do Brasil de Fato


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