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"Agitação e Propaganda Para Milhões, Fator Decisivo Para a Vitória do Programa do Partido"


Camaradas Delegados Fraternais,

Camaradas Delegados,

Em seu Informe ao IV Congresso, o camarada Prestes arma os membros do Partido para lutar com êxito pelos objetivos do Programa, traça com clareza as tarefas para derrotar as forças reacionárias internas e o opressor imperialista norte-americano. Diz o camarada Prestes: "Na atual situação, ampliar e melhorar a propaganda e a agitação política do Partido é uma questão decisiva para o próprio Partido".

Como estamos enfrentando essa questão decisiva?

Com o lançamento do Programa, a nossa agitação e propaganda ganhou novo estimulo, cresceu cm volume e melhorou em qualidade. O Programa foi editado e difundido em massa através dos jornais da imprensa popular, de folhetos, volantes e palestras e de vários órgãos da imprensa que não estão sob a nossa influência. Nenhum documento do Partido foi tão popularizado e debatido entre o povo como o Programa. Atinge a quase 4 milhões o número de exemplares do Programa até agora editados e divulgados em todo o país. Mais de vinte jornais que representam as mais diferentes forças e correntes políticas, entre os quais se incluem alguns órgãos de imprensa de grande circulação, reproduziram em suas páginas o Programa do Partido.

Inúmeras iniciativas, muitas delas novas e criadoras, surgiram no trabalho de agitação e propaganda após o lançamento do Programa. São milhões e milhões de volantes e boletins com trechos do Programa, são os cartazes e as pinturas sobre o Programa, são as cartas endereçadas a milhares de pessoas apresentando o Programa. Em vários Estados, estações de rádio do interior e serviços de alto-falantes irradiam partes do Programa. Debates, conferências, palestras e sabatinas sobre o Programa foram realizados em grande número entre amplas massas das cidades e do campo. Comandos nas grandes cidades e no interior foram realizados, com visitas de casa em casa para divulgar e explicar o Programa. Na Região de Piratininga, em todas as empresas de mais de 500 operários, o Programa foi distribuído e discutido com plena aceitação da massa. Camaradas do interior do Ceará debateram o Programa com mais de 2 mil camponeses, percorrendo fazenda por fazenda. Numa assembleia da Associação de Camponeses de Nova Fátima, no norte do Paraná, o Programa foi lido para 800 camponeses. O Comitê de Empresa da Prefeitura do Distrito Federal enviou aos funcionários, pelo correio, exemplares do Programa e, posteriormente, controlou o seu recebimento, colhendo as impressões causadas e entabulando discussão sobre as diversas questões suscitadas pelo Programa. Experiência interessante no debate do Programa foi a polêmica travada entre o «Jornal do Povo», de Belo Horizonte, e o jornal do padre da cidade de Diamantina — acontecimento que despertou grande interesse e determinou que o Programa prendesse vivamente a atenção do povo durante várias semanas.

O trabalho de agitação e propaganda concorre, assim, para aumentar a repercussão que o Programa está alcançando entre as mais variadas camadas da população e no país inteiro.

No trabalho de agitação e propaganda do Programa, o papel mais destacado coube à imprensa popular. Após o lançamento do Programa, os jornais da imprensa popular realizaram importante avanço. Em diversos Estados, jornais que estavam sem circulação voltaram novamente a ser editados e em outros Estados foram criados novos órgãos de imprensa. Hoje, a imprensa popular é constituída pela Voz Operária, por cinco periódicos de caráter nacional, por sete diários, doze semanários e inúmeros pequenos jornais de empresa e de setor profissional. Esta rede de jornais é uma arma insubstituível na propaganda do Programa e na luta pela execução das tarefas que o Partido enfrenta.

Com a publicação do Programa do Partido, a imprensa popular vem revelando alguns progressos. Isto diz respeito, particularmente, à Voz Operária e aos diários do Distrito Federal e de São Paulo. Embora lentamente, melhora o conteúdo e a apresentação gráfica, bem como aumenta a circulação da maioria dos jornais da imprensa popular. Com a publicação do Programa, a Voz Operaria teve sua tiragem aumentada em cerca de 80%, sendo que, na capital de São Paulo, a sua circulação cresceu em 5 vezes. O diário Imprensa Popular, que circula no Distrito Federal, aumentou sua vendagem em 100%, sem incluir as vendas através de comandos realizados aos domingos. Em São Paulo, o Hoje, diário de massas, teve também acrescida a sua circulação. No Rio Grande do Sul, o órgão diário da imprensa popular realizou sensíveis progressos. O jornal da Bahia, que tinha sido profundamente golpeado pela reação, voltou a circular diariamente e a sua tiragem foi duplicada. O semanário de Minas Gerais foi transformado em diário. A difusão dos jornais da imprensa popular tem aumentado com a sua venda através dos comandos realizados organizadamente aos domingos. Isto contribuiu para torná-los mais conhecidos das massas. Basta citar o fato de comandos da Imprensa Popular, no Rio, distribuírem, em um domingo, três vezes mais exemplares do jornal do que a quantidade vendida normalmente nas bancas.

Mas, os êxitos obtidos na frente de agitação e propaganda são poucos em relação às exigências da luta para tornar vitorioso o Programa. Ainda não satisfazem, tanto em quantidade como em qualidade, os volantes, boletins, cartazes, faixas e pinturas. É insuficiente o número de comícios, palestras, conferências e sabatinas públicas sobre o Programa, e os oradores e conferencistas deixam muito a desejar. Não fazemos uma agitação e propaganda para milhões de brasileiros. Não nos dirigimos especificamente aos operários, aos camponeses, às mulheres, aos jovens, a cada camada social que pode integrar a frente única antifeudal e anti-imperialista. Nossos folhetos e volantes, na maioria das vezes, são dirigidos a todos os patriotas indistintamente, sem falar das reivindicações particulares de cada camada da população.

Mesmo no terreno da difusão do Programa, estamos atrasados. Não há um só Comitê Regional que tenha superado as cotas de publicação do Programa fixadas pelo Comitê Central no Plano Lênin. O trabalho de divulgação e popularização do Programa ainda não obedece a uma planificação detalhada e permanente, com a determinação das datas e lugares das empresas, fazendas, bairros e ruas que devem ser atingidos. A edição de cerca de 4 milhões de exemplares do Programa é insuficiente para um país como o Brasil, com uma população de 51 milhões de habitantes. Como esclarecer as massas do Rio Grande do Norte e dirigir suas lutas se, naquele Estado, o Comitê Regional só distribuiu cerca de mil exemplares do Programa? Como conquistar os 6 mil mineiros de Morro Velho para as posições políticas do Partido se ali, até agora, foi difundido apenas um milhar de folhetos com o Programa? Não nos podemos contentar com as irrisórias edições do Comitê Regional de Pernambuco, de 75 mil exemplares, para uma população de 3 milhões e 400 mil pessoas. Tampouco satisfaz o trabalho do Comitê Regional do Rio Grande do Sul, com a publicação de 550 mil exemplares, para serem distribuídos entre uma população de cerca de 5 milhões de habitantes.

Temos perdido inúmeras e boas oportunidades para falar ao povo. Por exemplo, não soubemos aproveitar suficientemente, apesar do muito que fizemos, os acontecimentos de 24 e 25 de agosto, quando o povo na rua se mostrava indignado com o imperialismo ianque, para denunciar a decomposição do atual regime e apontar às massas as nossas soluções, as medidas que se incluem no Programa do Partido. Mesmo no curso da campanha eleitoral, não trabalhamos, como era necessário e preciso, entre as diversas camadas do povo com o Programa, explicando-o mais claramente nos comícios, nos comandos e nas palestras. Nossa agitação e propaganda cuida frequentemente da «alta política» sem contacto com a realidade local, sem partir dos problemas da vida cotidiana que mais preocupam as massas. Vejamos um exemplo bastante expressivo: a corrupção dos governantes e os escândalos que caracterizam o atual regime. É uma questão que desperta o maior interesse do povo. Durante a campanha eleitoral a imoralidade que viceja nos círculos políticos das classes dominantes veio à tona. Enquanto politiqueiros venais, declarados agentes dos monopólios norte-americanos, demagogicamente, levantavam a luta contra a corrupção e, assim, ludibriavam as massas, nós, comunistas, que somos inatacáveis e de reconhecida honradez, não fomos suficientemente capazes, no momento oportuno, de desmascarar as roubalheiras e negociatas, de revelar a lama em que chafurda o regime de latifundiários e grandes capitalistas.

É reduzido o nosso trabalho de agitação e propaganda dirigido às massas de analfabetos que constituem a maioria das camadas sociais que precisamos conquistar. Dai a nossa pouca utilização do rádio, do cinema, dos discos, etc, para divulgar e esclarecer o Programa.

Ainda falamos uma linguagem pouco acessível às massas. Usamos em certos casos, as frases feitas e decoradas que constituem a gíria partidária. Este linguajar é uma manifestação sectária, uma vez que sendo incompreensível para o povo dele nos isola.

No trabalho de imprensa, temos a assinalar inúmeras debilidades. Os jornais da imprensa popular avançam lentamente no esclarecimento e educação política do povo. Não explicamos suficientemente nos jornais da imprensa popular o Programa, nem orientamos com segurança o debate público em torno desse documento básico do Partido. As entrevistas, os artigos de esclarecimento, os fatos vivos para a comprovação das teses do Programa, frequentemente aparecem nos jornais da imprensa popular sem continuidade e sem relevo. As respostas às perguntas dirigidas às redações, de um modo geral, são ainda superficiais e sobre questões de detalhe. Muitos jornais da imprensa popular deixaram desaparecer as seções sobre o Programa e outros se limitam a reproduzir as respostas publicadas na «Voz Operária». Algumas respostas às perguntas dos leitores são incompletas e muitas outras não trazem os dados para comprovar as teses defendidas.

Pouco utilizamos na imprensa um meio tão poderoso de esclarecimento e educação do povo como a polêmica. Não respondemos com persistência as teses da imprensa a serviço do imperialismo americano que procura justificar a submissão do pais aos monopólios dos Estados Unidos. Há, ainda, vacilações na defesa das nossas posições e das reivindicações das classes e camadas sociais que são chamadas a integrar a frente democrática de libertação nacional. Embora tenhamos dado alguns passos no que se refere à defesa dos direitos e reivindicações da classe operária, não abordamos com a devida profundidade as questões relacionadas com os interesses da pequena burguesia urbana, da intelectualidade e da burguesia nacional. Os problemas das massas camponesas estiveram ausentes durante um longo período nos jornais da imprensa popular, e ainda hoje subestimamos os assuntos referentes ao trabalho no campo. Assim, não contribuímos na medida do necessário, para impulsionar a organização da frente única antifeudal e anti-imperialista. Nota-se ainda nos jornais da imprensa popular pouca vivacidade e falta de combatividade. Os jornais não refletem inteiramente o descontentamento cada vez maior das massas com relação à política do atual governo. Reagimos lentamente face aos acontecimentos e nem sempre respondemos na ocasião oportuna, e de maneira justa, aos fatos que se sucedem no cenário político. Isto porque os nossos jornalistas ainda não assimilaram de todo o Programa. Em algumas ocasiões os jornais da imprensa popular caem no objetivismo burguês e se deixam influenciar pela imprensa burguesa, pelo seu sensacionalismo, o que significa, na prática, capitular diante da pressão ideológica das classes dominantes e do imperialismo norte-americano. Outro fator que dificulta a melhoria e a expansão dos jornais da imprensa popular é a sua linguagem pouco compreensível ao povo. Embora depois da apresentação do Programa, tenhamos progredido na maneira de redigir e apresentar as matérias, muitas vezes escrevemos como se os jornais da imprensa popular se destinassem unicamente aos comunistas e simpatizantes e não aos milhões de brasileiros. Os jornais da imprensa popular, via de regra, são pouco noticiosos, o que prejudica sua penetração nas amplas massas.