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O desemprego no Brasil: as mulheres são as mais afetadas pela crise



De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa média de desocupação da população brasileira para o ano de 2020 foi de 13,5% –, a maior desde 2012, ano em que a pesquisa foi implementada. Se olharmos os dados do último trimestre de 2020, a taxa média de desemprego foi de 13,9%; no trimestre móvel que compreende os meses de novembro de 2020 a janeiro de 2021, a taxa alcançou 14,2%. Isso significa que, até o mês de janeiro, cerca de 14,3 milhões de pessoas estavam desempregadas.


Ainda de acordo com o IBGE, de 2019 para 2020, 7,3 milhões de pessoas deixaram o mercado de trabalho. Segundo Adriana Beringuy, analista da PNAD: “Saímos da maior população ocupada da série, em 2019, com 93,4 milhões de pessoas, para 86,1 milhões em 2020. Ou seja, foi uma queda bastante acentuada e em um período muito curto, o que trouxe impactos significativos nos indicadores da pesquisa. Pela primeira vez na série anual, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país. Em 2020, o nível de ocupação foi de 49,4%”[1].


No caso das mulheres, os números são ainda mais estarrecedores. A taxa média de desemprego entre as mulheres chegou a 16,4% em 2020, enquanto entre os homens chegou a 11,9%, revela o IBGE. Isso indica que a média de desocupação entre as mulheres brasileiras ficou acima da média anual, de 13,5%. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE): “A taxa de desemprego das mulheres negras e não negras cresceu 3,2 e 2,9 pontos percentuais, respectivamente, sendo que a das mulheres negras atingiu a alarmante taxa de 19,8%”[2]. Em números: “Entre o 3º trimestre de 2019 e 2020, o contingente de mulheres fora da força de trabalho aumentou 8,6 milhões, a ocupação feminina diminuiu 5,7 milhões e mais 504 mil mulheres passaram a ser desempregadas, segundo os dados da PNADC”[3].


“No 1º trimestre de 2020, o desemprego já registrava níveis elevados: 17,3% entre as mulheres negras e 11,3% entre as mulheres brancas. A taxa de desemprego das mulheres negras representava mais do que o dobro da dos homens brancos (8,4%). Por outro lado, entre aquelas que se inserem no mundo do trabalho, as condições são desfavoráveis. No 1º trimestre de 2020, 52,1% das mulheres negras e 43,8% das mulheres brancas entraram no mercado de trabalho por meio da informalidade, condição que se refere às pessoas que estão no emprego sem carteira, no emprego doméstico sem carteira e no trabalho por conta própria. Esta condição, na maior parte das vezes, se perpetua durante toda a trajetória laboral”[4], afirmou Marilene Teixeira, economista, pesquisadora do CESIT/IE-Unicamp e presidenta da SOF Sempreviva Organização Feminista.


Além da preocupante taxa de desemprego, a crise econômica, agravada pela crise sanitária, corroborou a desigualdade salarial entre homens e mulheres. Segundo dados da PNAD Contínua, o rendimento médio, por hora, das mulheres negras e não negras, é de R$10,95 e R$18,15, respectivamente; dos homens negros é de R$11,55 e não negros R$20,79. Mesmo as mulheres com ensino superior completo ganham menos que os homens; em 2020, enquanto o salário médio dos homens graduados era cerca de R$6000,00, as mulheres, com a mesmo grau de escolaridade, ganhavam uma média de R$4000,00.


Os setores que mais empregam as mulheres em nosso país são os que oferecem serviços de limpeza, alimentação e comércio. “Em alojamento e alimentação, categoria em que 58% dos profissionais são mulheres, a queda foi de 51%. Nos serviços domésticos, em que 86% dos profissionais ocupados são mulheres, a queda foi de 46%. Em educação, saúde e serviços sociais, a queda foi de 33% – áreas em que 76% dos profissionais são mulheres”[5]. Muito inseridas no trabalho informal – condição em que vive 39,7% dos cerca de 86 milhões de brasileiros ocupados, segundo dados do IBGE referentes ao trimestre encerrado em janeiro do ano corrente –, as mulheres também viram ameaçados seus postos de trabalho na informalidade. No emprego doméstico, por exemplo, o total de 5,8 milhões de mulheres que estavam ocupadas no setor em 2019, caiu para 4,2 milhões em 2020, desse total, 3,1 milhões trabalham sem carteira assinada.


A análise da enquete intitulada “Sem parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia”, parte da constatação de que as condições de inserção e permanência das mulheres, sobretudo no mundo do trabalho, foram bastante fragilizadas com a crise econômica. Essa fragilização foi ampliada com as politicas de austeridade fiscal dos últimos cinco anos. A Emenda Constitucional 95, também conhecida como Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos, e a crise econômica sem precedentes acirraram o desemprego e a desigualdade. Contudo, o fato de as mulheres ficarem sem emprego não significou menos trabalho, mais da metade das brasileiras passou a cuidar de alguém na pandemia e, segundo a enquete citada acima, 57% das mulheres que passaram ao regime de trabalho remoto durante a pandemia declararam que a carga de trabalho doméstico aumentou consideravelmente.


No Brasil, a taxa de mulheres no mercado de trabalho é a menor dos últimos 30 anos e a volta ao trabalho será mais lenta do que para os homens, segundo especialistas entrevistados pela Folha de São Paulo. As condições de obtenção de emprego também são piores devido a dupla jornada e a responsabilidade de cuidar da casa e dos filhos. Esse cenário, faz com que mulheres sejam relegadas a posições inferiores em nossa sociedade, sofrendo mais agudamente as consequências da crise econômica e social que o Brasil atravessa. É necessário que se trave uma ampla luta contra todos os efeitos da ideologia decadente que sustenta a visão de inferioridade da mulher, bem como que estas tomem parte ativa, como lhes cabe de direito, na árdua batalha pela construção de uma nova sociedade.


NOTAS






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