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Conflito em Moçambique: entre o terrorismo e os interesses do petróleo



O terrorismo segue sendo um problema crescente em África, como demonstram os exemplos do Al-Shabbab na Somália e o Boko Haram na Nigéria. No começo de abril, segundo declarações oficiais do governo, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) finalizaram as operações de reconquista total da cidade de Palma, província de Cabo Delgado, no norte do país, que havia sido tomada em março pelo grupo Ansar al-Sunna (Seguidores do Caminho Tradicional ou Defensores da Tradição).


Apesar de ter declarado lealdade ao Daesh, o grupo ocupa uma área de nove distritos da província citada, em uma faixa de 250 quilômetros de norte a sul ao longo da costa e até 100 quilômetros para o interior.


A região é habitada pelos Mwani, uma tribo historicamente ligada a Zanzibar, de quem herdaram sua fé muçulmana. Após o início da guerra de independência com Portugal, 1964-1974, os Mwani rapidamente juntaram-se às tropas da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), contribuindo com a luta pela libertação nacional.


Contudo, com o desenvolvimento do país após a independência, Cabo Delgado passou a ser a província marginalizada, onde desde então são registradas as maiores taxas de pobreza, desigualdade e analfabetismo, gerando elevados níveis de pobreza nas gerações seguintes. Por isso, criou-se as bases materiais para um sentimento independentista, que foi explorado pelo Ansar al-Sunna.


Embora as primeiras ações do grupo insurgente tenham sido registradas em 2017, foi no ano passado que passou a ganhar mais terreno. Entre janeiro e setembro de 2020, Ansar al-Sunna realizou cerca de 360 ​​ataques, quase o dobro do número durante o mesmo período em 2019.


Desde 2020, a atividade do grupo terrorista se multiplicou, com inúmeros ataques a população civil, destacamentos militares e centros da administração pública, além da pilhagem das pequenas cidades que são acompanhadas de sequestros e brutais assassinatos em massa - como o ocorrido na aldeia de Xitaxi, quando cerca de 50 moradores foram fuzilados, ou na zona florestal de Muidumbe, quando um grupo de quinze crianças e adolescentes foi chacinado durante uma cerimônia de iniciação.


As ações geraram uma leva grande de refugiados no país, com dezenas de milhares tendo sido obrigados a abandonar diversas cidades ocupadas de Cabo Delgado. Especula-se que dos quase 2,5 milhões de pessoas em Cabo Delgado, ao menos 1/4 tenham abandonado tudo e fugido para áreas mais seguras do país. Em novembro do ano passado, um barco sobrecarregado de refugiados tentando fugir da região naufragou e causou a morte de 40 dos 62 passageiros.


A região é bastante próxima da península Afungi, onde a francesa Total constrói uma planta de gás natural liquefeito com um investimento, em 2019, de 4 bilhões de dólares, por 26,5%, com um horizonte de 15 bilhões, o que está absolutamente estagnado para o que esperavam iniciar embarques em 2024, mas a segurança está se deteriorando nesse objetivo inatingível. Na área do gás de Cabo Delgado, estão a ser negociados mais investimentos com outros seis grupos internacionais, para além da Total, entre eles a italiana ENI e a estadunidense ExxonMobil.


Por isso o governo de Filipe Nyusi, da FRELIMO, tem usado todos os meios para tentar retomar a região e expulsar os terroristas, que ameaçam seus planos econômicos. Nesse processo, tem lançado mão inclusive de forças mercenárias, como a Dyck Advisory Group (DAG), empresa sul-africana dedicada aos “negócios” militares. Tanto Portugal como os Estados Unidos também acenam com apoio material e humano, comprometendo-se a enviar sessenta comandos, além de fuzileiros navais ianques para treinar militares moçambicanos nos próximos meses.


Não à toa, diante dos interesses imperialistas no país, a atuação das forças armadas e dos mercenários estão sendo denunciados por crimes de guerra, como execuções extrajudiciais e bombardeios de civis, e pelo clima de perseguição à população e àqueles que são acusados de “colaborar” com os terroristas.


Diante desse cenário, a população pobre e de maioria muçulmana na região de Cabo Delgado se vê diante de uma guerra, onde os dois lados podem representar ameaças às suas vidas.


Com informações da Línea Internacional


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