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Mineradora britânica assedia comunidades quilombolas na Bahia



No estado da Bahia, município de Piatã, as 150 famílias das comunidades quilombolas Mocó e Bocaina têm vivido um verdadeiro pesadelo por conta da presença da companhia mineradora britânica “Brazil Iron” nas proximidades de suas terras.


Os moradores das comunidades estão respirando a poeira do minério de ferro extraído pela empresa, sob risco de contaminação, problemas respiratórios e cardiovasculares. Em razão dos problemas ambientais e da redução relativa da fertilidade do solo por conta da mineração, muitos abandonaram o cultivo das terras, e temem que sejam contaminados rios e afluentes da região por conta dos rejeitos de minério de ferro. Além das nuvens de poeira, barulhos de explosivos e máquinas, que operam 24 horas por dia, têm dificultado o sono dos moradores durante a noite. As explosões inadvertidas já destruíram parte de uma casa e geraram rachaduras em outras. O desdém dos capitalistas britânicos para com os interesses e o bem-estar das comunidades originárias é ultrajante.


No dia 27 de setembro, os moradores das comunidades quilombolas realizaram um protesto contra a presença da empresa mineradora na rodovia estadual BA-148. Munidos de panfletos e megafones, buscaram falar com a população que passava pela rodovia e sensibilizar os operários da Brazil Iron. Contudo, a Polícia Militar do estado, que deveria supostamente garantir a segurança dos manifestantes, reprimiu a ação dos quilombolas, disparando contra eles uma bomba de gás lacrimogêneo.


Esta situação de degradação à qual a companhia referida submete as populações originárias, ao contrário do que se poderia pensar, não ocorre apenas por um sentimento ganancioso por parte de seus donos. Desde 2013, quando a crise capitalista levou ao debacle da cotação do minério de ferro no mercado internacional, os grandes conglomerados da mineração tiveram de encontrar formas de compensar as quedas nos lucros. Para além do meio mais usualmente empregado de intensificar a exploração dos operários da referida cadeia produtiva, têm sido eliminados processos que poderiam garantir a extração mineral de maneira segura, além da pressão e do lobby que as mineradoras têm feito sobre políticos e agências públicas para autorizar da forma mais rápida possível os empreendimentos minerários. Têm aumentado as fraudes de laudos ambientais, avaliações incompletas e demais. [1] Tudo isso para manter os lucros dos conglomerados da mineração e satisfazer a voracidade dos capitalistas estrangeiros pelo minério de ferro brasileiro, mesmo em uma situação de grave crise do sistema capitalista. Não é coincidência que tenham se tornado mais frequentes os casos como o rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana – MG (2015), e da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho – MG (2019), desastres ambientais inéditos para os padrões da humanidade e que, diante da aliança entre os grandes conglomerados e o Estado reacionário brasileiro, dificilmente serão revertidos.


Falando a respeito do assédio praticado pelas companhias mineradoras contra as populações rurais (mencionamos os quilombolas, conforme o título do artigo presente), a crise capitalista após 2013-2014 foi sintomática. Como sabemos, no Brasil, a força de trabalho, matérias-primas e os preços das terras são baixos, fatores estes que ampliam as taxas de lucros dos capitalistas estrangeiros que aqui empregam seus capitais. É fato que estas empresas se aproveitam da precariedade do acesso que quilombolas e indígenas possuem à própria terra (das cerca de 3,2 mil comunidades quilombolas reconhecidas como tal no Brasil, apenas 7% foram tituladas) para cometer todo tipo de arbitrariedades em suas respectivas explorações. Ademais, trata-se de terras mais baratas.

Como podemos ver pela tabela acima, este raciocínio não é mera intuição: no período 2000-2007, as mineradoras foram as principais protagonistas de violência reacionária contra as populações rurais em somente 17 ocasiões. No período 2008-2015, este número dispara para 446 ocasiões. Não por coincidência, período este cujo final é marcado pela queda da cotação do minério de ferro e outros.

Somente mediante o esclarecimento de tais fatos é possível que se compreenda quem são os verdadeiros inimigos das populações rurais brasileiras.


NOTA

[1] É possível verificar esta argumentação na edição de 2019 da publicação “Conflitos no Campo”, disponível no link a seguir: https://cptnacional.org.br/downloads-2?task=download.send&id=14195&catid=41&m=0

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